quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Uma missão

Há acontecimentos que não sabemos explicar e pessoas que indiscutivelmente têm uma missão nesta vida.

No dia que o médico da Ana nos disse que a medicina nada mais tinha a oferecer, por ironia do destino no dia dos namorados, vim para a rua chorar e “respirar fundo”. Maldizia Deus e o mundo e tinha uma revolta interna tão grande, que esse sentimento dilacerava-me no interior. Por muita vontade que tivesse de fazer algo ou, no mínimo, trocar de lugar com a Ana, sentia-me do mais impotente que havia no mundo. Esse foi o momento em que o Padre Cruz se juntou à nossa triste jornada.

Apesar de estar de saída, tirou o seu tempo para me ouvir e depois ir falar com a Ana. Ficou connosco mais de 1 hora a conversar, essencialmente com a Ana. A Tranquilidade que aquele encontro nos trouxe, e em especial à Ana, não há dinheiro no mundo que pague, e para sempre estarei em dívida para com ele. Aquele conforto espiritual foi uma bênção a dois corações partidos. Foi até ao fim o nosso amparo espiritual.

Desde esse momento acompanhou todos aqueles dias fatídicos, sempre com uma palavra de carinho e humanidade, com uma forma de falar que nos transmitia uma paz interior imensa. Uma paz que apenas muito poucos o conseguem fazer. E a sua palavra e os seus gestos não se ficaram apenas por nós, estenderam-se igualmente ao João e aos restantes familiares. São momentos de uma dureza tal, que aquelas palavras e a forma como as coloca no seu discurso são como um oásis no deserto.

Hoje em dia, quando vamos à sua missa, o João fica ao seu lado .....

Quando idealizamos um padre no seu sentido mais puro, mais católico, com uma voz capaz de nos tocar no fundo e, uma bondade extrema, essa figura é materializada no Padre Cruz. Quando pensamos numa missa com “alma” que nos cativa e nos aproxima de Deus, essa missa existe, numa pequena e acolhedora capela ..... a do Padre Cruz ..... onde os sermões são para ouvir e apreciar .....

Só alguém muito especial que, entre muitas missões que lhe foram confiadas está o ajudar os outros, tocando, marcando e alterando a sua vida para melhor, pode ser assim. É indiscutivelmente uma pessoa muito especial.

Neste próximo fim-de-semana, mais propriamente no sábado às 19:00 no hospitalcuf descobertas, comemora-se uma cerimónia comemorativa do que é a sua vida e a sua fé.

Bendito seja por tudo o que fez e continua a fazer por nós.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Natal aos 9 anos

Quando chega a esta altura, as crianças acreditem ou não no Pai Natal, escrevem-lhe uma carta ou, no mínimo, vão dizendo uma lista infindável de presentes que gostavam de ter.

Até este ano, é o que tem acontecido com o João.

Este ano tudo está mais complicado. Para além das dificuldades psicológicas que a época transporta, ele já possui uma imensidade de brinquedos e gadgets, de jogos de tabuleiro, filmes e instrumentos musicais. O que poderá mais uma criança querer do ponto de vista material?

Com muita dificuldade já conseguiu sugerir 3 presentes, sendo 2 deles relacionados com wrestling. Mas isto foi com muita dificuldade.

Os 9 anos são efectivamente uma data difícil para as crianças, ou pelo menos para o João. Para além do que já tem, já não é suficientemente criança para querer brinquedos e ainda não é suficientemente crescido para querer prendas de adulto.

O que dar a uma criança de 9 anos que materialmente tem quase tudo? Aceito sugestões!

..... como sinto falta de ti para partilhar estas dúvidas e conversas, meu amor.

sábado, 15 de novembro de 2008

Não há equipa de resista

Imaginem uma equipa bem treinada, bem estruturada, motivada e com muita vontade de ganhar.

Imaginem que fazem parte dessa equipa e que querem mesmo muito ganhar.

Já imaginaram?

Agora imaginem que entram e campo e o jogo começa ..... conseguem recuperar a bola e partem para o ataque ..... toda a equipa em peso se adianta e lançam a bola para os vossos pontas de lança.

Agora imaginem que os pontas de lança são 2 velhinhos com 80 anos .....

Depois de rirem, releiam o texto mas substituam os “2 velhinhos com 80 anos” por “gestores inapropriados independentemente da idade” e pensem nas vossas empresas ou nas nossas PME’s .....

Esta analogia é de um meu colega do PAGE sobre a sua realidade, mas eu achei fabulosa e facilmente transposta a outras realidades!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O outro lado da mesa

Uma mesa é um objecto que pode ter várias utilizações. Desde o permitir que se coloquem pratos na mesa servindo para refeições, passando pelas mesas de estudo das escolas, enfim, são várias as suas funções e utilidades.

Existem várias técnicas negociais que estão estudadas e comprovadas no posicionamento dos intervenientes "à mesa das negociações”. Desde o sentar lado a lado numa atitude de parceria, até ao posicionamento em lados opostos por conveniência ou forma de distanciamento. Existem mesmo técnicas e atitudes distintas no número de participantes que se colocam do lado do cliente para pressionar o fornecedor. Enfim, a lista é vasta.

Seja qual for a posição ou atitude, e se pensarmos numa negociação, existem “sempre” dois lados, em que um acha que o produto ou serviço é caro e do outro lado acha que é barato. São muitas vezes posições antagónicas. Negociáveis se ambas as partes o quiserem, mas quase sempre diferentes.

Na política também é assim. E é igual para todos.

Enquanto o PSD era governo, o PS acusava-os de manipular a comunicação social e as notícias, numa atitude de propaganda. Estavam num dos lados da mesa. O PSD dizia que era manobra política do PS. Estava do outro lado da mesa. Nas últimas eleições, o PS e o PSD trocaram de lado, transitando uns para a oposição e os outros promovidos a governo. Os intervenientes trocaram mas os “lados” ficaram onde estavam. O PSD passou a acusar o governo de manipulação e instrumentalização da comunicação social e o PS a devolver as frases que estava habituado a ouvir de manobras de propaganda sem fundamento.

Por exemplo, imagine-se que o Sócrates foi acusado recentemente de ter telefonado de forma intimidadora a um jornalista, depois deste publicar uma peça menos abonatória ..... acreditam que é verdade ou mentira? ..... honestamente acha que qualquer uma delas é bem plausível .....

Nada de novo. A mesa é a mesma e o discurso é o mesmo, apenas os intervenientes trocam de lugares. A visão que têm é a mesma.

Hoje a MFL inovou. Temos de concordar que para quem não abria muito a boca, a tirada foi fantástica. Devia ser criada uma entidade (que obviamente não seria nem instrumentalizada nem alvo de pressão partidária ..... obviamente) e, espante-se, seria esta entidade a definir as notícias, o tempo dispendido em cada peça e o posicionamento dessas mesmas notícias ..... e este discurso não foi proferido no Hosp. Júlio de Matos! ..... só faltou dizer que era a bem da economia porque se acabava com a direcção editorial, já para não falar na livre opinião e gestão de empresas, que por acaso são da área da comunicação social ..... acreditam?

Tenho a certeza que dada a sua seriedade, seria uma estrutura isenta e longe do governo ..... para além de extremamente estúpida, na minha opinião, o que aconteceria quando ela mudasse de posição na mesa?

Aquele alguém especial

Várias são as pessoas que passam na nossa vida ou que connosco convivem, sejam amigos, colegas de trabalho ou meros conhecidos. Alguns quase não damos por eles, outros não os esquecemos.

Existem pessoas que emanam uma aura que as torna especiais. Que as distingue de todas as outras. Cada gesto, palavra ou acção toma outras proporções quando é dito ou feito por uma destas pessoas. São especiais. Sinceramente não sei o que as torna especiais, apenas pura e simplesmente o são.

Podemos estar 30 pessoas numa sala que esse alguém rapidamente sobressai. Não precisa de fazer nada ..... apenas naturalmente sobressai ..... quando ele ou ela lá está, acontece ..... são pessoas especiais. Todos os outros 29 somos meros figurantes nessa peça.

Posso-me considerar um privilegiado por ter partilhado o tempo que me foi Permitido ter com a Ana. Ela era uma dessas pessoas. Quem a conhecia sabia estar na presença de uma pessoa bonita, sociável e simpática. Quem privou pessoalmente com ela sabia a pessoa inteligente, meiga e fabulosa que ela era. Havia uma aura que a rodeava que a fazia especial e a ninguém deixava indiferente. Ela era isso mesmo ..... especial!

Talvez o que as pessoas mais retenham era a sua força positiva, a sua vontade de viver. Era o espelho da frase com que terminava as suas crónicas ..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida! ..... era um exemplo e uma referência. Ela era isso mesmo ..... especial!

Não quero fazer o corolário de tudo o que a Ana era, pois não é esse o objectivo e este blog não só não tem espaço suficiente, como eu não tenho retórica para o fazer convenientemente. Apenas mais uma vez dizer o que todos sabemos ..... há pessoas especiais ..... e a Ana fazia parte desse grupo.

Amo-te muito, meu Amor, minha Soul-Mate. Tenho muitas saudades tuas .....

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Harakiri

O espírito de grupo é algo que não se impõem, não se ensina, não se obriga. É algo que ou existe ou não existe. Constrói-se ao longo de um determinado período de tempo, mais ou menos fortalecido pela relação directa e pessoal dos seus interveniente e, muito fruto da vontade destes e das vivências positivas e negativas de vários factores e episódios endógenos ou exógenos.

É algo que demora o seu tempo a construir mas que pode ser destruído muito rapidamente. É algo que nasce e cresce da vontade de um grupo de pessoas e, como tal, apenas subsiste enquanto essas pessoas assim o entenderem. Em si só nada é ou reflecte, porém, é indiscutivelmente um factor suplementar para o sucesso de uma equipa motivada e competente.

Deixar que o stress e a pressão desenfreada de resultados minem uma equipa ou organização é pura estupidez e, a longo prazo, o caminho certo para o insucesso. Quando tanto se fala que numa época e sociedade do conhecimento há que incentivar e proteger os nossos recursos, pois são o nosso maior activo, cada vez mais vejo exactamente o inverso.

Dando um exemplo. Proteger o erro inteligente é dar a abertura à equipa para continuar a correr riscos ..... é gerar um factor diferenciador internamente ..... é o contrário do que tenho visto desde a realidade mais próxima à mais distante. Invariavelmente isto acaba com a frase “o dinheiro não é meu mas o cu é!”. Se o profissionalismo imperar, continuam a existir resultados, porém, não existe excelência. A diferença em si pode não ser muita, mas poderá ser a suficiente para que a empresa não cumpra um dos seus papeis principais, remunerar monetariamente o accionista.

Se olharmos um pouco para a Pirâmide das Necessidades de Maslow, vemos o que constitui a base de todos nós. Quando vejo organizações minarem por completo essa estrutura, com actos mal comunicados ou percebidos, sinceramente fico a duvidar se algumas pessoas sabem o que é gerir. Quando vejo departamentos saberem da insatisfação dos seus recursos e continuarem sem os valorizar, havendo já provas dadas, sujeitando-se a deixá-los sair e correndo o risco que um novo elemento acarreta para a equipa, área, unidade ou mesmo organização, deixo de duvidar que saibam o que é gerir. Passo a ter a certeza que são elementos que ocupam um cargo de chefia por pura incompetência de quem os nomeou. É como ver um bêbado a conduzir, ou seja, ficamos com pena da sua família e de todos os que involuntariamente a vida ele coloca em perigo ou estraga. Não temos pena do bêbado.

Quando o trabalho de alguém depende de um grupo de pessoas que lhe reportam, directa ou indirectamente, e ainda por cima os bons resultados estão intrinsecamente ligados à qualidade dessa equipa, é estranho ver desbaratar esse património! Liderar uma equipa, departamento, unidade ou divisão é ter noção que o nosso trabalho é o resultado do trabalho dessa união de pessoas com qualidades, qualificações, vivências, personalidades e expectativas distintas. Uma andorinha não faz a primavera!

Desbaratar este património é mais que pura estupidez, é cometer Harakiri.

domingo, 2 de novembro de 2008

O esforço é para os outro

Descodificar siglas e anagramas é uma brincadeira que pode ser muito engraçada. É uma forma de passar o tempo, exercitar a mente ou rir com os amigos. Em muitos filmes é a forma de desvendar o mistério ou descobrir o tesouro. Por exemplo, OE2009 pode ser:

- Orçamento do Estado para 2009;
- Orçamento Eleitoralista para 2009;
- Orçamento Especulativo sobre 2009;
- etc ...

Quando a coisa é um pouco mais a sério, cada um escolhe meticulosamente as suas palavras para o que mais lhe convier. A política é para os seus intervenientes mais uma arma de arremesso que um desígnio Nacional. É a qualidade dos políticos que temos ..... que não difere dos outros países, diga-se. No caso do OE, a leitura do documento suscita-nos dúvidas e comentários e cada partido “lê” o seu texto como quiser passar a sua mensagem.

Como seria de prever, a oposição em peso categorizou o Orçamento de Estado de 2009 como um exercício de propaganda eleitoralista do PS. No computo geral não o considero de todo, uma vez que a nossa crise é tal que não há margem para o governo se poder desviar muito, porém, existem alguns aspectos que não percebo à luz do razoável. Mas dizer que no seu global não é um mau orçamento, não quer dizer que concorde com ele.

Para começar, como é possível que alguém decida por livre arbítrio alterar o que não pode e não deve ser alterado desta forma? Aquela usurpação da lei do financiamento dos partidos é claramente a tentativa de voltar a tornar mais obscuro o tema, e visa permitir encobrir o que não se quer mostrar e, a longo prazo, perpetuar a corrupção e o enriquecimento indevido de membros do governo. É o PS a dizer claramente que quer fazer batota. É inverter o caminho de transparência que se tinha iniciado, quando a linha de partida ainda está dois passos a trás e a linha de meta a perder de vista. É triste e só não teve mais impacto porque os restantes começam a fazer contas do que podiam ganhar.

A parte má do orçamento na minha opinião é continuarmos a ter medo de fazer as reformas que devem ser feitas. O Estado tem de fazer (à séria) três percursos que tarda em começar: acabar com a barbaridade de funcionários públicos que tem; sair das empresas/economia e, reduzir os seus custos para valores aceitáveis. A nossa economia tem de deixar de trabalhar para sustentar o Estado e começar a trabalhar para o Pais. Num ano de eleições, já sabíamos que assim seria ..... e assim será.

Um exemplo claro de que a mensagem que passa é de que são os outros devem fazer o esforço? – a dotação orçamental para despesas de deslocação. Pede-se à economia para conter a despesa e depois não se limitam os próprios deputados? Temos sorte de não haver Euro, Mundial ou Jogos Olímpicos ..... não há dinheiro para investimento e existe para ESTA despesa .....

Todos sabemos que os deputados viajam muito ..... em trabalho ..... a bem da nação ..... essa história de deputados que vivem em Lisboa e recebem ajudas de custo é boato ..... difamação pura ..... só pode, porque isso não seria sério .....

Se vamos fazer um esforço, então que seja para todos. Se há menor verba, que se utilize a que há de uma forma mais racional. Uma situação de crise é isso mesmo, gerir melhor os recursos que temos .....

Aumentar o salário mínimo ou as pensões, eu apoio ..... esta despesa não percebo.

sábado, 1 de novembro de 2008

Pessoas que nos marcaram

Se sou hoje melhor pessoa do que era antes, é graças a todas as pessoas que já passaram na minha vida. É graças a todos aqueles que serviram de exemplo pela positiva e pela negativa. Com todos aprendi, mas só me recordo dos bons. Esses deixaram a sua marca no meu coração e na minha alma.

As boas memórias irão perdurar para sempre em mim. Nunca me esquecerei de todas as histórias que a minha avó me contou, todos os barcos que com meu avô construí, todo o amor e momentos que com a Ana vivi ..... são vivências que constituem o que sou ..... a bondade que aprendi com meus avós e tudo o que aprendi com a Ana ..... tanto e tanto ..... eu sou isto tudo.

A vida é feita de pequenos episódios que nos marcam e nos moldam. É feita de maus momentos onde sofremos e bons momentos que é para o que vivemos. Aquela brincadeira com o pai ou mãe em criança que marcou, aquela travessura ao amigo, aquele primeiro beijo, todas as longas conversas à beira mar ..... tudo o que está para trás ..... tudo isso.

Todos nos marcam, de uma forma ou outra, mas a generalidade está por cá para o continuar a fazer ..... hoje é dia para pensarmos nos outros.

Somos mais ricos pelo que nos deixaram e muito mais podres por já nos terem deixado.

Amo-te tanto, mas mesmo tanto, meu amor, minha Soul-Mate ..... tenho tantas saudades tuas ..... como te queria ao pé de mim ..... como te continuo a amar tanto ..... amo-te!

República das bananas

Embora o título possa indicar que vou falar do Alberto, não é bem assim. Estas duas últimas semanas foram pródigas no desrespeito pela autoridade. E nem foi preciso o Alberto abrir a boca.

Percebo o descontentamento de alguns sectores ou grupos, simpatizando com algumas das suas causas, porém, perdem toda a razão quando a forma de protesto atinge os níveis que temos vindo a assistir. Quando assim é, podem ter toda a razão do mundo, mas deixo de querer saber se têm ou não razão ..... qual é a sua causa ..... é irrelevante ..... quero é saber porque ninguém actua sobre a sua forma de manifestação.

Como é possível num estado de direito um imbecil venha dizer que ou fazem o que ele quer, ou não renova contratos a mais ninguém. Como é possível que outro imbecil com uma fatiota a imitar uma farda, insinue uma revolução ou, no mínimo, uma insubordinação .....

Isto ainda não é a República das Bananas!