sábado, 27 de junho de 2009

Uma semana diferente

Esta semana tem estado a decorrer no Algarve mais um grande encontro de crianças, num ambiente de convívio e competição, mais concretamente um torneio de futebol. São 1.200 crianças que acima de tudo se estão a divertir.

É sempre uma semana diferente, mesmo para aquelas crianças que já estão habitadas a estas andanças, como é o caso do filhão. Deixam os pais à beira da camioneta e fazem uma viagem sozinhos com os amigos ..... que crescidos que eles se sentem. E ficam juntos em grupos de 3 a 5 num quarto de hotel ..... que festa. Vivem as emoções de entrar num estádio a sério e ver uma bancada a chamar pelo seu nome, vibrar com os seus golos, aplaudir no final independentemente do resultado. Basicamente é uma semana de emoções e experiências diferentes.

Pelo meio têm uns jogos carregados de emoção, especialmente para os que participam pela primeira vez. Alguns acusam o momento e tanto pernas como discernimento falham nos momentos chave. Não podendo ganhar todos, acabam por ganhar os mais aptos ou que têm mais sorte, mas isso também faz parte da vida. É uma experiência diferente e que irão recordar para sempre, seja a primeira ou a quinta vez que o fazem. É um torneio “á séria”.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Estrangeiro no meu país

Durante esta semana tenho estado no Algarve a acompanhar o filhão num torneio e confesso que me tenho sentido estrangeiro ..... em Portugal.

Apesar da crise de emprego que se vive por cá, a verdade é que os Portugueses não querem trabalhar a não ser que sejam pagos como altos quadros de empresas e, resultado disso, qualquer pastelaria ou restaurante em que entro são mais as vezes que sou atendido por um estrangeiro que por um Português. E apesar de muito se falar em combater a crise com qualidade de serviço, a verdade é que na generalidade das lojas e restaurantes, muitas vezes parece que os empregados fazem um grande favor ao me estarem a atender ..... sejam eles Portugueses ou estrangeiros. Está-se a perder a atenção ao cliente.

Como estou a voltar ao golf, tenho aproveitado entre os jogos do filhão para ir treinar um pouco nos campos locais e, sem me aperceber, quando saio do campo dou por mim a reflectir que praticamente apenas falei em inglês, seja com o empregado do driving range, o jogador ao meu lado, o professor de golf ..... restam as recepcionistas e os apoios de campo ..... e não seria a primeira vez que sentia uma simpatia de tratamento com o estrangeiro e um desprezo pelo Português, que neste caso me chateia porque sou eu, quando pergunto qual o valor do green fee e se tem acordo com o meu clube (sim, diz-se em Inglês – valor a pagar pela utilização do campo numa partida).

Para atrair os turistas, muitos são os locais em que tudo o que é anunciado está em Inglês ..... e nem uma palavra de Português, excepção feita aos restaurantes que a isso são obrigados ..... e mesmo assim ..... se não soubesse que estava numa terra algarvia, poderia pensar que estava numa qualquer parte do mundo sob o jugo da coroa britânica.

Sou inteiramente a favor da dedicação do nosso turismo aos estrangeiros e à dinamização do turismo em si, assim como sou inteiramente a favor que se dê trabalho a quem quer e tem capacidade de trabalhar, seja de que nacionalidade for, mas isso não pode se sobrepor à nossa identidade enquanto país ..... apesar da colossal dívida externa que temos, Portugal ainda é nosso ..... sort of.

Depois de uma semana nas zonas turísticas do Algarve, anseio por passar para o Alentejo para voltar a sentir que estou em Portugal ..... e eu que adoro o Algarve.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Estamos cercados

Antigamente podíamos circular livremente pelas cidades e pelas estradas de Portugal e apreciar a vista maravilhosa que o nosso pequeno país nos proporcionava. Víamos serras, montes e vales e pequenas povoações ou casas firmemente sós ao longo das estradas. Apreciávamos a vista. Antigamente.

Ao passearmos pelo país, constatamos que a Quercus tem toda a razão quando diz que estamos a ser invadidos pelos Eucaliptos. Não andamos dois quilómetros sem os vermos. Mas essa não é a única invasão que estamos a sofrer. Espalhado por todo o lado temos painéis gigantescos destinados a publicidade. E isso acontece tanto fora como dentro das cidades. Torna-se difícil hoje em dia apreciar o que quer que seja. Somos bombardeados com publicidade.

Um factor conjuntural mas curioso, é que já não é só o governo a sustentar o país devido ao exagerado número de funcionários públicos a quem paga salários. Os nossos partidos decidiram juntar-se ao espírito e devemos ter metade dos painéis publicitários de cariz politico-partidário. É só terem um pouco de atenção e constatam isso. As empresas de publicidade juntaram-se às construtoras como grandes parceiros dos partidos. E em ano de eleição, não creio que ambos queiram perder “o momento”.

Até o Marques de Pombal foi forrado de cartazes, que por acaso eram do PSD. Neste caso tivemos a “sorte” do vereador José Sá Fernandes se aperceber e graças ao seu fabuloso bom gosto, determinar que eles ofendiam já não sei o quê ..... mas como é o Sá Fernandes, isso na realidade também não interessa mesmo para nada ..... obviamente que essa sua decisão foi apenas no interesse maior da cidade de Lisboa ..... obviamente que ele não tinha interesse em prestar vassalagem ao PS ..... pois.

Qualquer prédio em construção ou recuperação que possua andaimes ostenta publicidade. Sinto-me sufocado, cercado. Gostava de poder andar e ver a minha cidade, o campo, a floresta, as serras, enfim, que a poluição publicitária não fosse tão generalizada.

Em Lisboa, tal como nas restantes cidades, fala-se muito em devolver a cidade aos seus cidadãos ..... podem-no fazer sem a embrulharem em papel ..... deixem-nos desfrutar a vista.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Quando as palavras falham

Todos nós passamos situações em casa ou no trabalho em que as palavras falham no momento certo, perdendo-se para todo o sempre. Certas coisas têm um tempo e um local para serem ditas e apenas nessas ocasiões. Sejam positivas ou negativas, ou são ditas no momento certo ou não fazem sentido o serem.

Estou engasgado! ..... capitei quando não o poderia ter feito!

Este fim-de-semana estive com uns primos com quem já não estava fisicamente há muito tempo e, no momento em que me estava a despedir da minha prima, ela disse-me ao ouvido “Tenho muito orgulho de ti” ..... fiquei sem palavras. A razão de ter ficado sem palavras não foi por mim, que obviamente apreciei muito essas palavras de incentivo mas sim por eles ..... eles é que o verdadeiramente merecem ..... e tal foi o meu espanto que a minha garganta ficou seca ..... eu é que deveria ter dito isso ..... eles é que mereciam ouvir ..... perdi essa oportunidade de o dizer.

Os meus primos são pais de duas crianças deficientes e têm dedicado toda a sua vida a eles, tentando educá-los o melhor possível e preparando-os para poderem um dia serem autónomos ..... são em pais como eles que nós nos devemos inspirar ..... tem sido uma vida de entrega e sofrimento.

Tenho o maior dos respeitos e admiração por pais como eles, como tenho por aquele pai que vejo todos os anos no verão na praia a transportar e a cuidar do seu filho que tem uma paralisia total, como outros exemplos de amigos próximos. Como por aquela amiga médica a quem o filho tetraplégico pede que o ajude a acabar o seu sofrimento. Não posso deixar de incluir nesta admiração e respeito avós como são os meus pais, que quando os filhos não podem (ou não querem), se substituem a eles em prol dos netos, da melhor maneira que sabem ou podem.

Um dos filmes que mais me marcou foi o “A Vida é Bela”. Não sei se foi por termos visto o filme quando a Ana já estava (muito) grávida do filhão, se pela dedicação e abnegação daquele pai. Não menosprezando o meu esforço e de todos os bons pais, são pessoas como os meus primos ou os meus pais que merecem o nosso orgulho e respeito. Mal ou bem, dão tudo o que têm e não têm em prol deles ..... e consomem-se internamente a um ritmo vertiginoso.

Mas naquele momento as palavras falharam ..... a voz ficou muda ..... perdi aquela oportunidade de dizer o quanto os considero um exemplo ..... resta-me deixar-lhes aqui a todos eles uma singela (e infelizmente tardia) homenagem.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Tudo tem o seu limite

Não querendo dissecar sobre os resultados das eleições europeias, resta-me opinar sobre a prepotência e a liderança.

A verdade é que o líder é aquela pessoa carismática que mesmo não sabendo, convence os outros a segui-lo. Se estiver rodeado de uma boa equipa que o apoie tecnicamente, nem precisa de ser um expert no assunto ou empresa que lidera, se bem que a diferença entre saber e apenas liderar pode ser abismal. Qualquer treinador de futebol sabe que por muito bom líder seja e por melhor que seja a sua equipa, se não obtiver resultados, o seu destino é tão somente um.

Muitas vezes confunde-se liderança com prepotência. A famosa frase do Cavaco “nunca me engano e raramente tenho dúvidas” gerou uma nova geração que acha que se “encher” o peito e falar como se fosse dona do mundo, consegue tudo o que quer ..... e que isso só por si é sinónimo de resultados ..... puro engano.

Tenho assistido de perto a alguns exemplos do que é ser prepotente sem resultados, até porque o saber muito sobre um determinado negócio não é sinónimo de saber gerir esse mesmo negócio. E fazendo uso da comparação com o mundo do futebol, acrescento que ser líder então é de outra divisão.

E ser prepotente acima do que é razoável então é do pior que há. Não sei se o PS perdeu as eleições europeias porque as pessoas quiseram castigar os últimos 8 meses de perfeitos disparates do governo, autênticos “tiros no pé”, ou se perderam porque estava na altura de perder, mas uma coisa tenho certeza, e isso é que a prepotência do Vital Moreira extravasou o politicamente correcto e aceitável ..... se ele pensava que era um Deus ..... enganou-se. Apenas obteve os votos dos que sempre votam no PS, independentemente de tudo, todos e em qualquer circunstância. Os detentores de um cartão do partido que pouco mais vêm para além do que o presidente do partido diz.

Tudo na vida deve ter um equilíbrio, e os excessos nunca são positivos de uma forma duradoura e sustentada.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O custo da inoperância

Muitas vezes somos confrontados nos nossos locais de trabalho com “agendas diferentes”, sejam elas entre pessoas, departamentos ou mesmo a própria empresa. O mero caderno de intenções ou a estratégia do momento acabam muitas vezes por criar objectivos ou políticas antagónicas, com claro prejuízo para as instituições e para a credibilidade de propostas futuras.

O problema é quando por vários e diversos motivos, tudo não passa de meras intenções. Muitas vezes estas acções ou intenções são o resultado do investimento de largas somas de recursos em serviços de consultoria, que acabam por ser tão somente isso, meras intenções. Como resultado, gera-se na organização uma expectativa que não se cumpre de forma sucessiva e reiterada, o que aos poucos e poucos vai dizimando a confiança numa política real e sustentada que não é tão somente apresentada. E tal como na história do Pedro e o Lobo, o problema é quando as pessoas dentro da organização deixam de acreditar.

Mais importante do que ter várias ideias ou lançar vários projectos, torna-se imperativo para as empresas lançar poucas mas boas ideias e, acima de tudo, concretizar o que promete, se compromete ou assume. De nada serve definir conjuntos de acções e marcar reuniões por tudo e qualquer coisa para depois fazer somente algumas reuniões, quando muito, e depois não haver resultados para apresentar. O comprometimento das pessoas acaba invariavelmente por desaparecer, pois sabem que em pouco tempo haverá “outra moda” e o foco da atenção será desviado.

Esta inoperância desgasta e cansa, não só porque diverge a atenção dos recursos do que é essencial e do seu dia-a-dia que custe o que custar tem de ser assegurado, como cria um clima de descrédito nas acções ou políticas da empresa. Pode-se justificar o porquê de cada uma delas não se ter realizado, mas dificilmente haverá uma explicação para o resultado final.

Estando por exemplo muito na moda a preocupação com os Recursos Humanos, várias são as empresas que apresentam acções ou planos para dinamizar essas políticas e os seus quadros, muitas delas preocupando-se ..... e bem ..... com a possibilidade de sucessão/substituição aos actuais detentores de posições de relevância por outros. O que se verifica depois na prática é que essas pessoas sentem-se preparadas e motivadas mas não têm oportunidade, pois a “vaga” acaba por não existir, muitas vezes porque o próprio departamento de Recursos Humanos não levou até ao fim a política que tentou implementar. Quase sempre a história termina com a saída dos mais aptos, não aproveitando assim a empresa todo o investimento que fez, para além de ter de o voltar a fazer.

Mais do que tentar, é crucial que as empresas façam. A credibilidade das ideias não advém tão somente de quem as apresenta mas na confiança de que existe uma cultura organizacional de realização.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Jobs for the boys?

Depois de um ano após o seu términos previsto, Nascimento Rodrigues bateu com a porta. Não havendo entendimento entre os vários partidos políticos com assento parlamentar, o agora ex-Provedor da Justiça entregou a renuncia ao cargo. Acabou.

Estou de acordo com ele em como esta é a única forma de passarmos a ter um novo Provedor ..... talvez os nossos políticos tenham vergonha na cara e ponham de lado os seus interesses pessoais ou partidários e coloquem os interesses de Portugal em primeiro lugar ..... gostávamos.

Deixo-vos o texto que o próprio apresenta no site da Provedoria:

"O Provedor de Justiça é, na essência, um elo de ligação entre os cidadãos e o Poder. Não tem poderes de decisão - por isso, não manda, não impõe, não constrange os poderes públicos. Mas, sugere, convence pela força da razão, persuade pela boa fundamentação das posições assumidas em defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos. Por isso, o seu dever é estar, sempre e esforçadamente, ao lado daqueles cujas queixas e reclamações são suportadas pelo Direito ou estribadas pela Justiça.

Assim deve proceder por imperativo legal, por comando de consciência e por dever de solidariedade para com todos os portugueses.


Sendo um cargo de regulação e não deliberativo, é para mim estranho o “apetite” que ele desperta, mas a verdade é que desperta.

Se pensarmos de uma forma “torcida” com base nos Traços Característicos Fundamentais desta Instituição (“O poder de recomendar comportamentos aos poderes públicos com vista à reparação de ilegalidades ou injustiças, a par do exercício de outros meios informais”), e como actua com base em queixas de cidadãos, podemos pensar que seria montado um “esquema” pelos partidos na oposição poderem investigar e criar dificuldades pela emanação de relatórios mas que me lembre, isso nunca aconteceu.

Então porquê o apetite dos vários partidos ao cargo? A única razão que me ocorre é a ocupação do cargo por “um dos seus”, com o poder de nomear depois “vários dos seus” para o extenso organograma da instituição e outras na sua proximidade política ou institucional. Será?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A minha professora

Este não é um texto sobre a minha professora mas sim a do meu filhão. Termina assim em breve a fase do 1º ciclo e com ele 4 longos anos que passaram juntos. Foi com ela que aprenderam a ler e a escrever, a história de Portugal e muitos outros temas. Foi ela que lançou as bases da forma como eles irão encarar os estudos no futuro.

Este fim de semana fizemos uma pequena festa de homenagem à Sandra, demonstrando assim o agradecimento sincero de crianças e dos pais. Com a conivência do marido (Tiago), obviamente, conseguimos que a Sandra fosse ter ao Teatro Aberto, onde foi recebida por um coro das “suas” crianças a cantarem a música que tanto ensaiaram para a última festa de Natal ..... “Over the Rainbow” ..... lindo e comovente ..... com direito a lágrimas da Sandra e dos pais.

Como recordação deste dia e dos últimos 4 anos, os meninos ofereceram um livro com a sua fotografia e uma dedicatória ..... cada um deles ..... ficámos em dívida à Mª. Helena pelo trabalho. Como todos queriam ser eles a oferecer, teve de se fazer um sorteio para ver quem iria oferecer mas, depois disso, cada um dos meninos leu a sua dedicatória à Sandra ..... e houve quem ficasse em lágrimas tal era a comoção.

Nestes últimos 4 anos foi com ela que eles passaram grande parte do seu tempo. Ela foi professora, amiga e confidente. Foi em muitos momentos a educadora e a disciplinadora ..... mas sempre sua grande amiga. Numa turma de mais de 20 crianças, obviamente que todos são diferentes mas todos em conjunto criaram um ambiente de saudável camaradagem que é um exemplo para os crescidos.

Do ponto de vista pessoal, a Sandra foi fundamental para que o filhão conseguisse passar por tudo o que passou de uma forma equilibrada, ou pelo menos com o mínimo desgosto e trauma possível. Não tenho palavras para agradecer tudo o que ela e o resto dos profissionais do colégio fizeram.

Como pai apenas me resta dizer ..... Obrigado Sandra.