quarta-feira, 29 de julho de 2009

A verdade

A verdade é uma das palavras mais "ginasticadas" que existem no nosso dicionário. Um facto é verdade ou mentira dependendo do contexto e informação que acompanha esse mesmo facto ou história. Podemos estar a ser não totalmente honestos sem ferir a verdade, ou seja, contando apenas algumas verdades de um vasto leque de verdades podemos dar a esse facto ou história outra dimensão ou sentido.

Por detrás de cada história existe sempre uma história. Certas histórias não são fáceis de contar. Como dizer a uma criança que a mãe provável ou certamente vai morrer? Como dizer a um filho que o pai ou a mãe não querem saber dele? Como dizer a uma criança que dificilmente voltará a ter uma vida normal? Terá ela ou não direito a saber a “verdade”? Isso irá contribuir para a sua felicidade ou tristeza?

A resposta a esta dúvida moral é algo que cada um que vive estas situações terá de descobrir sozinho. Se tiver sorte, terá um forte apoio nessa decisão, até porque no caso da primeira pergunta é uma tragédia vivida a dois. Como escolher a opção correcta ..... qual é a opção correcta?

No nosso caso, sempre tivemos o entendimento que a verdade deve ser dita, mediante o momento e a situação, mas que as crianças têm sempre o direito de saber a verdade. A forma de a dizer é que deve ser ponderada muito bem. Muitas vezes esquecemo-nos que já fomos crianças e que naturalmente as crianças têm tendência a assumir uma culpa que não é sua, apenas porque não sabendo que não é sua, sabem que ainda são pequenos e cometem muitos erros pois estão a aprender. A assunção de culpa é um percurso curto e lógico de ser feito por elas. Não devemos esquecer isso.

A vida conduz-nos a momentos, situações ou realidades que se pudéssemos nunca as escolheríamos, podendo nesse percurso levar outras almas inocentes atrás, porém, quando somos confrontados com elas é melhor enfrentar que fugir .....

A vida é assim, não vale a pena fugir ..... só depois de resolver essas dilemas ou culpas, podemos seguir as palavras da minha soul-mate ..... Olha sempre para o lado FIXE da vida!

Sem pesadelos ..... não vale a pena ..... são apenas notas ou pensamentos de corredor.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Parece a brincar mas é a sério

Graças às minhas amigas “mães”, fiquei a saber que no site do colégio do filhão já estava a lista de livros para o 5º ano. No seguimento dessa conversa, fiquei também a saber a verba que terei de desembolsar para comprar todos os livros ..... 230,00 € ..... eu repito ..... duzentos e trinta euros ..... apenas para os livros.

Podemos olhar para o parágrafo anterior de várias formas ..... que a nossa constituição diz que a educação deve ser tendencialmente gratuita ..... que corresponde a 51% do salário mínimo nacional de 2009 ......... que a concentração editorial é uma realidade ..... que segundo um estudo recente grande parte das famílias portuguesas vive com cerca de 800,00 € por mês ..... várias formas.

Para além do absurdo do valor, se o enquadrarmos na percepção que temos sobre a nossa educação e os seus resultados, ficamos com uma sensação de desconforto muito mais acentuada. É também na mesma altura que fico satisfeito pelos excelentes resultados escolares do filhão e em como esse dinheiro é bem empregue ..... mas estamos a falar de 230,00 €.

Pelo caminho que os livros e os programa vão, dentro em breve não terei de comprar uma mochila ao filhão ..... e já só compro com rodas ..... mas terei de lhe comprar um carrinho de mão. Se não conseguimos justificar o preço pela qualidade, resta-nos a quantidade ..... de valor, livros e peso.

Parece a brincar, não é?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Se o deixam

Cada vez que o Alberto João Jardim aparece na televisão tenho sempre receio de morrer ou de tanto rir ou de tanta vergonha. Apesar de tudo, estamos perante uma das figuras de topo da democracia portuguesa pelo lugar que ocupa.

É indiscutível que ele tem tido um papel fundamental no desenvolvimento da Madeira, mas muito por via dos rios de dinheiro que consegue para a sua região à medida que vai ameaçando com a independência. É um dos maiores e mais bem conseguidos bluffs de Portugal ..... e com que sucesso.

Depois da fase de euforia pós-eleições europeias, a Manuela Ferreira Leite tem passado por alguns dissabores, onde de manhã acusa o PS e o Sócrates de algo sobre as suas pessoas é à noite tem de ficar calada e sossegada no seu canto para ver se não se lembram dela. Tem sido assim com o Dias Loureiro, agora é novamente outro barão no mesmo caso e quanto mais próximo tivermos das eleições, mais casos acabarão para vir para a praça pública.

O Alberto e a sua cretinice de dizer que vai proibir o comunismo na Madeira apenas é mais uma acha para ambas as fogueiras. O seu “poder” é tão grande que ele não tem problemas em enfrentar o próprio Cavaco Silva, pois sabe que a Madeira é e será sempre sua, e que não existe poder capaz de o derrubar. E todos acabam por esta ou aquela razão ir ao seu beija-mão.

Costuma-se dizer que o poder dos fortes é dado pelo consentimento dos fracos. E a verdade é que ninguém tem coragem de o enfrentar ..... ele é o nosso Chavez regional ..... a diferença é que ao invés do petróleo temos bananas ..... dá menos dinheiro mas pelo menos somos mais ecológicos.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Caem como moscas

Este tem sido um ano até agora rico em divórcios, separações ou muito pezinho em seara alheia. São o reflexo de uma sociedade cada vez mais individualista.

A vida que levamos hoje em dia não é mais fácil que a que os nossos pais levaram. Apenas é diferente. Se por um lado temos tudo mais facilitado, seja o acesso ao crédito, seja o acesso aos bens essenciais, etc, etc, por outro lado o que se exige é a excelência e o sucesso profissional, o que invariavelmente conduz ao individualismo exacerbado ou, pior que isso, a um estado de cansaço onde os indivíduos acabam por querer algo só para si ..... uma compensação.

Houve uma vez uma pessoa que me explicou de uma forma muito simples o porquê do fim do seu primeiro casamento ..... não havia muito diálogo em casa e quando chegava ao local de trabalho, tinha lá uma pessoa que o ouvia. Nunca esqueci estas palavras. O diálogo honesto e frontal é na minha opinião (e era a opinião da Ana), fundamental e essencial. Isso e tempo “de qualidade” para o casal ..... incluindo sexo ..... puro e duro.

Como a vida nem sempre é fácil, independentemente do estrato social, as pessoas acabam por querer viver melhor do que vivem, muitas vezes por uma razão muito simples ..... não sabem dar o devido valor ao que têm ..... e depois nem sempre as coisas correm como gostavam ..... mas aí já é tarde ..... algumas feridas não podem ser saradas. Outras vezes apenas querem algo diferente, por ser isso mesmo, diferente.

A pressão do sucesso pessoal e profissional, a pressão das contas para pagar, o sonho por uma vida melhor que a actual ou apenas o cansaço do que se conhece têm este ano feito as suas mossas em vários casamentos. É pena.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Consegui papá!

Neste momento sou um pai babado pois terminado o 1º ciclo, o meu filhão cumpriu um dos seus objectivos que muito me orgulha – entrou no Quadro de Honra do seu colégio.

Não constituindo nenhum tipo de ambição nosso, qualquer pai sonha sempre o melhor para o seu filho e deseja que ele seja o melhor, ou pelo menos dos melhores. Foi muito gratificante saber que ele efectivamente se prestou como um dos melhores alunos, como foi maravilhoso ouvir a sua satisfação, dizendo que tinha conseguido atingir um dos seus objectivos. Toda a sua vida futura será baseada nisto, traçar objectivos e lutar para os atingir.

Se o facto em si é já na minha opinião digno de salientar, mais se torna para quem conhece o que o filhão passou nestes últimos 2 a 3 anos. É um orgulho. É preciso ter uma estrutura muito madura e sólida para isso .....

Parabéns filhão ..... não me canso de dizer (pessoalmente) o quanto estou orgulhoso de ti e tenho a certeza que a mamã lá em cima também está ..... ficávamos felizes de qualquer maneira, mas assim ficamos um pouco mais.

..... e um muito obrigado a todos que têm contribuído e ajudado o filhão e o pai do filhão .....

O nosso menino conseguiu o que queria mamã ..... se ao menos pudesses estar aqui para abraçar o teu menino..... amo-te muito, amor! ..... para todo o sempre!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Gestão do risco

O alastramento da gripe A está finalmente a chegar em força a Portugal. Era inevitável.

A ministra da saúde tem sabido gerir esta crise de uma forma inteligente, tanto ao nível das acções efectuadas como ao nível da comunicação. Mas estamos prestes a atingir os 100 casos, marco que irá mudar a forma como as acções são tomadas. Brevemente iremos deixar de ter capacidade de investigar convenientemente todos os casos, procurando, isolando e medicando os que estiveram em contacto com os infectados. Isso inevitavelmente acabará por conduzir a uma proliferação de casos. É inevitável.

Embora sejamos um país com um número muito elevado de baixas fraudulentas, a verdade é que também existe um número muito significativo de pessoas que não podem prescindir de parte do seu vencimento, indo trabalhar quando deviam estar de baixa. Há quem não se possa dar a esse “luxo”.

Preocupa-me a posição que à luz da nossa legislação o governo irá ter respeitante à “quarentena” que esta pandemia exige. Vários têm sido os juristas a defender que a lei protege o trabalhador e que este não irá ser prejudicado financeiramente mas, existem também juristas a afirmar que isso representa 25% do ordenado. Como na generalidade dos casos, a nossa lei permite todas interpretações possíveis.

Se os últimos estiverem correctos, vários serão os trabalhadores que irão exercer as suas funções doentes, contagiando os seus colegas e ajudando o alastramento desta doença. Como todas as sociedades, também a nossa é composta por pessoas conscientes e inconscientes. Relacionado com esta pandemia já tivemos um casal que foi para o México, epicentro da crise e, mesmo vindo daí e estando o filho com febre, colocaram-no na escola em contacto directo com outras crianças. Essa é a nossa realidade que em nada é diferente de outras.

Espero que na linha de informação que a nossa ministra tem seguido, brevemente venha a público esclarecer este tema, tomando uma decisão clara e inequívoca.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Antevisão

Tenho pena que as eleições legislativas não sejam já. Neste momento vivemos aquela sensação de que estamos a ver um filme mau ou enfadonho e queremos que ele avance para a parte interessante, ou pelo menos não monótona.

Depois de todos os “tiros no pé” que o actual governo tem dado ..... e isso é o que os eleitores irão recordar no momento de votar, chegamos a uma fase eleitoral que o importante não é governar mas sim trabalhar para a imagem.

Todas e quaisquer decisões ficaram em suspenso para a próxima legislatura, o que significa que durante no mínimo 6 meses nada será feito ou decidido em Portugal. Ele é a interferência em negócios como o da TVI (que eu continuo a acreditar que o governa sabia de antemão), ele é o TGV, ele é a OTA, enfim, ele é tudo o que a oposição possa questionar ..... mas governar é ter a coragem de tomar decisões difíceis. É para isso que o governo foi eleito.

Sou dos que considera que em Portugal apenas governa quem tiver maioria absoluta, pois a nossa classe política é tão fraca e mesquinha que nunca será capaz de apoiar uma boa ideia de outro partido ..... pensam que lhes tiraria força ..... o partido antes de Portugal. É só vermos o caso da outrora sozinha Manuela Ferreira Leite que agora precisa de um autocarro para transportar todos os que se juntaram a ele ao mínimo cheiro a poder.

Desconfio portanto que nas próximas legislativas vamos ter um governo PS ou PSD sem maioria e nada irão conseguir fazer. Depois disso, iremos acabar por ficar tão cansados que iremos eleger um deles em maioria, faltando apenas saber qual, que desconfio será mais por fruto de situações presentes que perspectivas de futuro. Somente aí será possível começar a ter decisões sobre Portugal ..... e entretanto já terá passado muito tempo desde a data de publicação deste texto.

Não estou preocupado com obras como o TGV ou o novo aeroporto pois são obras que irão demorar vários anos até estarem prontos e irão perdurar muito e muitos anos. Estou preocupado com as decisões de curto prazo que nos afectam directamente nos tempos mais próximos.

Mas infelizmente chegamos aquela fase política em que o parecer é mais importante que o ser.

domingo, 12 de julho de 2009

Uma pausa

Quando somos pequenos e não temos obrigações, queremos é crescer e ser grandes e, quando isso eventualmente acaba por acontecer, damos por nós muitas vezes a querer voltar ao tempo onde não tínhamos obrigações e responsabilidades.

Uma das frases que se tornaram célebres foi a escrita num dos primeiros episódios do homem-aranha, quando o tio lhe diz “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Para quem tem de trabalhar arduamente para pagar as contas todos os meses e tem filhos para educar, essa é uma frase que sintetiza muito do que fazemos no dia-a-dia. Ganha ainda mais peso no caso de haver filhos quando somos o único pai que existe ou se preocupa.

Essa é a nossa realidade. E aos poucos e poucos vamo-nos esquecendo de nós enquanto pessoas ..... enquanto seres humanos ..... enquanto alguém que também merece uma pausa ..... por muito recompensador que sejam os filhos, acabamos por sentir que precisamos de um espaço e um tempo para nós, seja em termos individuais seja em termos de casal ..... uma pausa.

Para as pessoas que são conscientes, o atirar tudo para trás das costas não é uma opção, mas como o nem 8 nem 80 é uma frase correcta, podemos sempre arranjar um meio termo. Tirar um pequeno tempo para nós, sejam umas horas, uma noite, um fim-de-semana ou qualquer outra porção da nossa vida ..... fazer uma pausa no nosso dia-a-dia ..... fazer tudo o que nos passar pela cabeça ..... dentro da legalidade, obviamente ..... e apenas desfrutar o momento ..... não tendo complexos, preocupações ou preconceitos com o que os outros possam achar ou pensar, apenas fazer o que nos apetece ..... ser criança em corpo de crescido.

Aproveitando as férias do filhão, fiz exactamente o que acabo de descrever – uma pausa. Fui á discoteca com amigos, jantei muito bem acompanhado, fui ao cinema, conheci uma praia nova, apreciei uma paisagem paradisíaca ..... viver apenas aquele momento em particular e apenas aquele momento ..... mas como a vida não é perfeita, devia também ter experimentar os Kartts, mas uma noite não dormida por causa de uma paragem de digestão adiou essa experiência ..... mas até isso foi positivo pois fez-me tomar consciência novamente que a vida é assim, feita de imponderáveis, seja no dia-a-dia, sejam na fuga a esse mesmo dia-a-dia ..... e que tenho de dormir mais para que o cansaço não de faça deixar de fazer o que quero .....

Hoje dormi até as 10:30 e fiquei na cama quase até às 15 ..... mas sinto a cabeça limpa e pronta para voltar à minha realidade na segunda-feira, tendo deixado para trás toda aquela pressão ou stress acumulado ao longo destes vários e vários meses ..... para não dizer anos ..... recuperei mesmo a vontade e o gosto de escrever, coisa que se estava a perder ..... estou vivo!

Uma pausa ..... viver outra realidade que não a nossa por uns breves instantes ..... dar a nós a atenção que constantemente damos aos outros.

Resumindo em poucas palavras ..... uma pausa ..... carpe diem.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A justiça que temos

Enquanto nos EUA o esquema de pirâmide do Maddof foi descoberto e o mesmo julgado e condenado a 150 anos de prisão, nós por cá conseguimos fazer umas reuniões no parlamento e ouvir o Dias Loureiro. É a diferença entre justiça e bostiça.

A comissão que se destinava a determinar responsabilidades políticas terminou exactamente como todos sabíamos que iria terminar, ou seja, o PS a tentar defender o Constâncio e os restantes partidos a tentar crucificar o homem. A única coisa que a comissão acabou por conseguir foi promover o Nuno Melo e colocar o Dias Loureiro publicamente exposto ao que parece obvio. Destinos diferentes. O Nuno Melo conseguiu aguentar o smart do PP e o Dias Loureiro ficou tão exposto que teve de se demitir, possibilitando assim a sua audição pelo MP ..... que saiu também muito mal na fotografia ..... todos podem ser logo ouvidos, mas o todos é relativo.

A velocidade entre estes processos é tão gritante que quanto mais penso nisso, mais triste e envergonhado fico com o nosso país. Todos sabemos que o nosso sistema é mau e ainda ontem vieram a público as notícias sobre os problemas no Porto ..... mas isto é comparar o dia com a noite.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Cavalheirismo

Independentemente do que as mulheres digam, pelo menos nos povos latinos, não há nada como um bom velho gesto de cavalheirismo.

Podem argumentar que já não existem cavalheiros, que a emancipação da mulher tornou isso obsoleto, que isso já não se usa, enfim, uma série de argumentos mas, são gerações de genes de actos de cavalheirismo. Se a isto juntarmos uma sociedade cada vez mais individualista, são pequenos gestos de carinho, atenção ou afecto que fazem a diferença.

Gestos tão simples como o deixar passar à frente, o abrir a porta do carro, o dar o casaco quando têm frio, enfim, vários e vários exemplos. Digam-me o que disserem, é impossível não apreciar ..... e é tão simples.

Fiquei abismado quando esta semana uma amiga me disse que os amigos nunca lhe abriam a porta e outra que achava que isso de cavalheirismo não existia mais ..... mas ambas apreciaram o simples gestos de lhes abrir a porta do carro ..... apenas um gesto de atenção sem segundas intenções.

No caso da primeira e depois de lhe dizer que fazia isso várias e várias vezes à Ana, ela insinuou que os amigos não faziam isso porque não tinham essas ideias ..... duas conclusões imediatas me ocorreram ..... primeiro é que os amigos dela são ou burros ou cegos e segunda que não percebem nada disto. O cavalheirismo não é uma arte de sedução, é uma arte de atenção.

Felizmente o filhão está a apreender a fazer estes pequenos gestos ..... continuam a existir, as senhoras gostam e é tão simples ..... e mesmo as amigas dele naquela tenra idade já apreciam ..... qual a senhora que não aprecia sentir-se mimada?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Desportos de ricos

Lembro-me do meu tempo de miúdo em que assistia de fora aos jogos de ténis, uma vez que eram apenas para quem tinha posses. O material era muito caro e as aulas necessárias para aprender ainda mais. O aluguer dos poucos campos que existiam atingia valores que não eram comportáveis para a maioria da classe trabalhadora, onde nós nos encontrávamos. Isto há sensivelmente 25 anos atrás.

Ouvíamos também falar das grandes famílias ou os chamados novos ricos que iam para as estâncias de esqui, assim como se encontravam para umas partidas de golfe. Estes e outros desportos, como por exemplo a equitação, eram na altura apenas possíveis para alguns. Poucos eram os felizardos que podiam usufruir do prazer que eles proporcionam.

Decorridos vinte e poucos anos e apesar de ainda não ser para todos, muitas famílias já planeiam as suas férias de inicio do ano na neve. Os campos de ténis são muito comuns e existem mesmo zonas urbanas com parques e campos. Com a globalização e evolução que se assistiu, um par de ténis ou uma raquete não são mais artigos quase de luxo mas sim artigos comuns.

Os antigos desportos de elites são cada vez mais desportos generalizados, ou pelo menos, muito mais acessíveis. Mas apesar de serem já muito mais acessíveis, continuam a ser percepcionados como desportos de ricos ..... ou pelo menos alguns deles como é o caso do golfe.

Com o recente culto do corpo e da ginástica, muitos são os ginásios que foram abertos e criados. Para combater a sazonalidade típica do negócio, a generalidade exige jóia, inscrição ou mesmo o pagamento por anuidades. Estamos a falar de valores desde 25 €/mês a mais de 100 ..... pois é, uma anuidade num campo de golfe fica a cerca de 70 – 90 €/mês ..... e de acesso ilimitado ..... se pensarmos que uma partida pode ficar a 25 € e dura 5 horas, dá uma média de 5 €/hora ..... mas a ideia de ser um desporto de ricos continua a assustar muito as pessoas.

Durante anos tinha uma vontade muito grande de aprender golfe, o que só foi possível há cerca de 10 anos, muito por insistência e força do meu amor. Durante a parte final da gravidez, as nossas manhãs eram passadas no Parque Eduardo VII com o seguinte programa: aulas de golf para mim, a que o filhão assistia na barriga da mãe, seguido de uma aula de preparação para o parto e depois, a aula de hidroginástica e por fim um almoço na varanda do clube onde tudo isto acontecia.

Como todos os desportos, podemos investir muito em material ou apenas o essencial ..... mas quando se cria um estigma, às vezes é difícil ultrapassar.