segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Entre o lume e a frigideira

Dentro em breve iremos ter eleições legislativas e confesso que nesta fase ainda não sei em que irei votar!

Pertenço aquele pequeno grupo de cidadãos politicamente independentes, que em função da situação conjuntural do país, dos partidos e dos programas, tomam o que consideram ser a melhor opção, que pode ser qualquer um dos partidos ou movimentos. Isto obriga a uma meditação superior aos que são dependentes de um partido, pois esses “têm” de votar sempre no mesmo, muitas vezes não questionando rigorosamente nada. É a minha virtude e o meu problema. A minha leitura da situação partidária actual antes de começar a correria eleitora é a seguinte:

PS – Temos um Sócrates cuja honestidade e integridade é no mínimo questionável (licenciatura, freeport, ...) e demonstrou que claudica ao poder do lobbie (saúde, educação, aeroporto, TGV, ...). Começou bem e acaba muito mal. Demonstrou pulso forte na resolução dos problemas, o que é necessário, mas falhou na forma, uma vez que decide e legisla primeiro e fala com os envolvidos depois. Numa expressão mais corriqueira, muita parra e pouca uva. No programa conhecido do PS consta o casamento homosexual, tema para o qual ainda não tenho uma opinião definitiva. Se tiver e for contra, obviamente não posso por uma questão de princípio e coerência votar PS. Eis um belo tema a merecer uma reflexão.

PSD – A Manuela cada vez convence menos, dado que faz questão de se calar muito e cada vez que fala, tem de explicar tudo 3 vezes. Para 1º ministro, é preciso ser assertivo, qualidade que ali não abunda. Tem feito tudo o que de errado podia fazer, nomeadamente ao nível do marketing político onde afirma privilegiar a verdade, quando foi exímia a mentir, como foi o caso do défice (outros tempos, eu sei). Demonstrou não ser coerente e ter pulso fraco nas listas, onde sucumbiu ao Alberto e protegeu figuras como o António Preto (que tromboflebite tão oportuna!) nas saias da Assembleia, ficando no ar a suspeição do pagamento de favores. No caso do António Preto é um dos slogans de campanha levado à letra – “Olhem por quem mais precisa”. Depois de criticar a repressão do Sócrates, copiou o estilo no saneamento político dos seus opositores. Eticamente não me parece nenhum exemplo para 1º ministro.

CDS – Já perdeu a virgindade política pois quando foi governo (coligação com PSD) e não teve capacidade de fazer o que apregoava. Vários são os seus elementos a contas com a justiça e o caso dos submarinos pode emergir a qualquer momento. Possui neste momento os melhores “animais políticos” da actualidade, mas do discurso ao fazer a conversa muda de figura.

BE – É um partido de causas e não de programa ou convicção. Existe para dizer mal de tudo e de todos, e de viver quem nem Dom Quixote na sua luta contra os bancos privados (esqueletos no armário?). Volto a escrever que é o partido das miúdas giras e inteligentes ..... honra lhes seja feita.

PCP – Partido da K7, preso a uma ideologia ou dogma que a sociedade de informação já demonstrou que apenas existe nos livros. Se ao menos os seus lideres lessem o Ensaio sobre a Cegueira de um dos seus mais reputados elementos.

Continuo a ter a convicção de que é meu dever cívico votar, e que devo tomar uma decisão sobre um deles, para o melhor e para o pior ..... mas não está fácil. Como os programas políticos estão a começar a aparecer, veremos o que a campanha trará.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nem todos devem ser pais

Existem duas classificações distintas na palavra pais. Existem os pais biológicos e os pais. Vários são os que apenas encaixam no termo biológicos ou porque os filhos constituíram acidentes de percurso, ou que reconhecidamente não tendo capacidades de criar os filhos, os colocam para adopção. Infelizmente muitos vão parar a lares por abandono ou negligência.

Olhando para uma realidade que me é muito próxima, faz-me confusão os pais que criam laços com os filhos e depois de um momento para o outro, descartam-se totalmente da sua responsabilidade de pais. De um momento para o outro conseguem “apagar” todos os laços afectivos que aparentemente existiam, praticamente não querendo saber dos filhos. Por mais que tente, não consigo perceber.

Talvez por estar mais atento ao tema, tenho visto mães a “largarem” os filhos com os avós e nem ao fim-de-semana fazem um esforço para os verem, mesmo sabendo que eles estão desejosos de uma visita e um carinho. Mesmo quando os filhos sistematicamente pedem apenas uma visita. Pais que de vez em quando se lembram de telefonar aos filhos e mesmo outros que para além de quase não verem os filhos, a pensão de sobrevivência que pagam é porque a mesma foi exigida em tribunal. Pais que se separam e querem tanto “aproveitar” o seu novo estado ou relação que sistematicamente “empanderam” os filhos para casa de familiares ou amigos.

Talvez por ter um sentido de família muito vincado, para além de uma relação excepcional com o meu filhão, não consigo perceber estas atitudes. Todos nós pais já fomos filhos e crianças e sabemos o que é ser pequenino, pelo que não percebo como alguém que faz isto não se coloca no lugar dos filhos e percebe a tristeza e mágoa que lhes está a causar.

Muitos há que não querem ter filhos mas que os têm por uma convenção da sociedade ..... nem todos deviam poder ser pais ..... a bem das crianças.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cheque 200

Uma das políticas que Sócrates trouxe para a nossa actualidade foi o subsidio à natalidade, na forma de um cheque de 200 (duzentos) euros. Se pensarmos que um pacote de fraldas custa 7,97 € (72 unidades para recém nascidos) e que um pacote de toalhitas custa 3,99 € (3x72 unidades), fica a dúvida sobre o que será este cheque.

Tendo conversado nestas semanas com a minha prima que mora na Alemanha, fiquei a saber que o governo alemão possibilita às mães estarem um ano em casa sem perca de regalias, como o posto de trabalho e, caso pretendam mais tempo, o que lhes é garantido é o emprego, em função a definir pela empresa. Por cá, uma proposta destas seria claramente vista como um atentado aos direitos do trabalhador. Nos países do norte da Europa, o tema é levado efectivamente a sério.

O tema da natalidade é muito maior que um mero subsídio. Para que se queira ter filhos é preciso acreditar na estabilidade do país, no mercado de trabalho, na saúde, na segurança e na educação, entre outros. É preciso dar aos Portugueses estabilidade para que eles se sintam confortáveis com o compromisso que assumem para a vida. Como na generalidade dos casos ambos os pais estão a trabalhar, é preciso que o governo garanta a ocupação real das nossas crianças, seja com ATL’s, outro tipo de horários escolares ou qualquer outra medida. Ninguém quer ter filhos para os deixar na rua. É preciso gerar um clima positivo e uma sensação de apoio à natalidade.

Sou da opinião que embora seja uma decisão a dois, a mulher terá sempre um peso superior na decisão e, quanto maior for a segurança e o acompanhamento que a mãe pode fazer, maior será a predisposição para o crescimento da natalidade. Terá de se fazer mais que meras medidas avulso.

Dar um cheque de uma quantia irrisória face aos custos reais de ter um filho só pode ser visto como propaganda. É o mesmo que dar 11 dias de férias para quem casa, ou seja, não são factores que pesam mas sim como um já agora. A percepção do comum cidadão é que a preocupação de Portugal com a natalidade na realidade resume-se a 1.807 unidades de fraldas, sem toalhitas.

Este é sintomaticamente um dos problemas das políticas feitas em Portugal. São medidas apenas de curto prazo e nunca medidas sustentadas numa visão de longo prazo. O que genericamente fazemos são medidas e não programas. Os nossos políticos não têm capacidade para tal, o que é pena, já para não falar que medidas estruturais para o país deveriam ter o consenso de todos os principais partidos para que o seu tempo de vida fosse não de uma legislatura mas sim de várias.

Política ou propaganda?

domingo, 23 de agosto de 2009

O prazer da tertúlia

Nestas férias tivemos vários momentos de convívio com vários amigos. É indiscutivelmente um dos prazeres da vida.

Assistir a uma mesa corrida de 20 crianças divertidas, a comer picanha ou barrigas de atum saídas da grelha, por acaso em quantidades industriais, é um regalo para os olhos. Pelo meio batem-se palmas ao cozinheiro, aos amigos, aos cães ..... enfim, a tudo. É lindo! E depois a mesa vazou e voltou a encher com o mesmo número de adultos, enquanto os petizes brincavam entre eles. Não há dinheiro que pague estes momentos. Como a minha menina havia de gostar de estar presente .....

Para além da amizade que se Deus quiser se irá perpetuar para a vida, desde cedo aprendem o prazer do convívio e de ter amigos. No caso do filhão, a primeira tertúlia a que ele foi tinha 2 meses, num ameno jantar em Águeda com música e tudo. A Ana tinha sido operada pela primeira vez à pouco tempo e ainda tinha a cabeça envolta em ligaduras. O filhão apesar do barulho dormia calmamente no seu “ovo”. Depois do stress do que tinha acontecido, foi maravilhoso. Sentíamo-nos vivos!

Esta semana tinha umas coisas programadas para fazer à hora do almoço e recebi um telefonema para almoçar de um amigo ..... está-se mesmo a ver o que fui fazer. Um belo almoço, com quase duas horas de conversa a acompanhar um belo bacalhau ..... só faltou mesmo um belo vinho ou copo de sumo de caju. Não fosse estar cheio de trabalho ..... e serem efectivamente horas de trabalho ..... acho que ficávamos em amena cavaqueira o resto da tarde ..... mas enfim, haverá mais almoços.

Aguardando ainda por um jantar com a Joana Amaral Dias ou com a Marta Rebelo ..... o que não deve ser fácil de acontecer porque não sabem que eu existo e eu não as convido ..... espero que nos próximos tempos tenha oportunidade de almoçar e jantar muitas vezes com os meus amigos e amigas ..... especialmente as amigas ..... preferencialmente giras e inteligentes ..... e participar em diversas tertúlias.

Uma das melhores coisas da vida são os amigos e, quando temos a oportunidade de aproveitá-los em belas tertúlias ..... é uma maravilha ..... ..... que haja muito Mandu’s Bar e churrascos lá em casa!

Comunicar ou algo mais

Aproveitando as férias para por a minha leitura em dia, um dos livros que li e detestei foi As Valquírias do Paulo Coelho. Uma das razões que não gostei foi porque é muito esotérico e sobre a existência de anjos, bruxas e todo um misticismo que não acredito, não concordo e não aprecio. Gosto da forma da escrita dele, não gosto é do conteúdo.

No meu retiro espiritual da semana transacta, por um estranho acaso, ao invés de deixar o telemóvel no carro como é costume, ele ficou esquecido no bolso. Nem me apercebi. Enquanto estava com a minha menina, já depois dos meus desabafos de saudade, pensava no que seriam os próximos tempos e revisitava as minhas decisões de vida pessoal e profissional futura. Coincidência ou não, no mesmo instante que terminava essa parte dos pensamentos, o meu telemóvel tocou, com a música da minha soulmate ..... Always look at the bright side of life. Será coincidência ou uma estranha forma de comunicação?

Amo-te muito, meu amor ..... tenho tantas saudades tuas ..... obrigado!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Retrato de uma geração

Há relativamente pouco tempo passou na televisão um documentário do Álvaro Barreto sobre as alterações na nossa sociedade desde o 25 de Abril (se a memória não me falha). É um trabalho notável e na minha opinião um retrato fiel.

Quando penso mais recentemente na minha geração, as palavras que vêm desde logo à cabeça são salto tecnológico, constituição da união europeia, era da informação, individualismo e realização profissional.

Em relação a esta última palavra, a minha geração apareceu depois da emancipação profissional da mulher, tanto por necessidade como por vontade, e numa altura em que tirando a típica cunha ou laços familiares, os bons empregos (e ordenados) são para os melhores (políticos à parte). A minha geração apareceu depois da fase em que se saía de um emprego e escolhia-se entre as duas ou três alternativas possíveis.

Um tempo em que se reúnem estas condições é um tempo em que desde cedo sabemos que temos de ser ambiciosos e mentalizamo-nos para dar o máximo e procurar sempre mais. E queremos sempre mais.

Chegando à casa dos 40, mais ou menos 5, altura que noutra geração de emprego para a vida se ficaria “sentado” a viver da situação mais ou menos confortável que atingimos, estamos tão formatados para este “mind set” que não conseguimos parar. Continuamos a querer mais. Mais desafios, mais carreira e obviamente, mais remuneração.

Já não temos a ânsia e vontade que caracteriza a juventude e não sabemos aguardar calmamente a reforma que ainda está muito longe. Queremos mudar e continuar a avançar, mas a idade para outros empregadores e a segurança financeira para a nossa família não são meras superficialidades.

Mediante a nossa vida pessoal e familiar, alguns podem “acalmar” temporariamente para consolidar situações, mas o “mind set” está formatado e cedo ou tarde se fará sentir. Como o emprego é uma relação entre nós e uma organização, e só deve ser mantido enquanto for benéfica para ambos, este espírito pode gerar benefícios, seja pelo aproveitamento interno, seja pela energia associada a uma mudança. Tendencialmente as mudanças acabam por ser positivas. A organização que apenas tenha acomodados, será sempre menos eficiente. Este é o retrato da minha geração.

Mais um mero pensamento de introspecção exteriorizado.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O maior hobbie Português

Se formos a olhar para os currículos dos nossos licenciados ou candidatos a um emprego, constatamos o mesmo que lendo uma revista a um qualquer elemento do jet7 ou figura pública – todos têm por hobbie a leitura, e muitos dizem que têm dois ou três livros em cima da mesa de cabeceira.

Num país de grande iliteracia, parece que para se ser inteligente ou culto tem de se ter por hobbie a leitura. É um grande estigma que carregamos. Por exemplo, tenho um amigo que foi para a fila de uma livraria só para ser dos primeiros a comprar um livro de um autor Português da moda. O destino deste livro não foi sequer a mesa de cabeceira, foi um lugar perdido no meio de outros tantos livros que ele nunca leu.

O Marcelo Rebelo de Sousa e outros como tal, todas as semanas são capazes de se referir de uma forma maravilhosa a vários livros, que não acredito que tenham tido oportunidade de o lerem. Mas dizem maravilhas e recomendam vivamente. Várias são as revistas que semanalmente fazem exactamente o mesmo.

Poucas são as pessoas que reconhecem que não gostam de ler ..... porque será?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Um mural

Hoje coloquei no meu Facebook um álbum de fotografias da Ana ..... para que os amigos a possam recordar melhor ..... aquele sorriso inesquecível ..... aquela alegria e vontade de viver!

Aquele exemplo de vida!

Tenho tantas saudades tuas, meu amor ..... tantas .....

Ética no desporto

Sendo a ética um tema em voga, que pode significar tudo e nada, a chamada de Brasileiros à selecção nacional de futebol faz-me meditar sobre o assunto.

Houve um jogador que a propósito da entrada do primeiro Brasileiro colocou a questão no seu enquadramento correcto – algo do género “Cantar o hino e sentir o hino nacional são coisas diferentes”. Concordo.

A selecção nacional tem uma palavra que a distingue inequivocamente de um clube – “Nacional”. A ânsia de vencer a qualquer preço está a colocar lá jogadores que só o fazem porque não têm lugar na sua selecção, e sabem que estas são um trampolim para grandes clubes e ordenados ainda mais milionários. Não se confunda mercantilismo com nacionalismo.

Recentemente o Benfica entrou em campo sem um único Português. Longe vão os tempos em que metade da nossa selecção provinha desta equipa. Se os nossos clubes não apostam mais em jogadores Portugueses, então iremos acabar com uma selecção nacional sem Portugueses. Causa-efeito.

Mas se não há jogadores nacionais na selecção, então a vitória não pode ser vista como uma vitória de um povo. Para os que por esta altura valorizam a vitória a qualquer preço, e que pensam em outras modalidades que não o futebol cheias de estrangeiros, o texto aplica-se ipsis verbis. Não altero uma virgula que seja.

A ética é também ser fiel aos princípios. Não é por estarmos a cumprir regras ou regulamentos, que por acaso até foram sendo sucessivamente alterados à medida das conveniências, que estamos a ser eticamente correctos. Que estamos a ser verdadeiros com nós próprios enquanto povo e nação. Estamos tão somente a ser cumpridores.

A vitória a qualquer custo não é vitoria, é somente um ganho para figurar nas estatísticas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A beleza da simplicidade

Embora esteja um pouco triste com a qualidade dos serviços de turismo prestados no Algarve, que não pode ser explicado apenas por serem trabalhadores temporários, assisti recentemente a um episódio simplesmente notável pela sua simplicidade.

Decidimos ir jantar a Cacela Velha, que possui dentro da sua pequena povoação dois restaurantes e uma vista linda. O manjar para os olhos é uma visão sobre a Ria Formosa que no final do dia é simplesmente maravilhosa. Marcámos mesa num desses restaurantes depois de um grupo de 14 pessoas, no fim de uma já longa lista de espera e ela continuou a crescer depois de nós. Foi um longo período de espera, uma vez que todos estavam calmamente a apreciar o jantar e na conversa depois de muito provavelmente um longo dia de praia. A espera foi tanta que dos 10 que éramos, o cansaço de alguns miúdos fez-nos ficar reduzidos a 6.

Quando finalmente foi a nossa vez, o empregado começou a preparar a mesa para onde nos dirigimos. Como nem todos sabem esperar, logo apareceu um cliente com muito maus modos a dizer que era o próximo, que não havia respeito e outras frases habituais nestas situações. Assisti a um exemplo de simplicidade e excelência de serviço. O empregado, que sabia perfeitamente que éramos nós a seguir, pegou na lista ao pé do cavalheiro e fez uma simples pergunta:

“O senhor é o .......?”

O constrangimento do cavalheiro foi muito maior que a sua arrogância e má educação ..... limitou-se a dizer em tom envergonhado que não era ele ..... e recuar para onde tinha vindo. Sem se chatear ou sem mais qualquer problema, o empregado resolveu a situação e não creio que o senhor tenha voltado a criar dificuldades nessa noite.

A vida é muito mais simples quando não a complicamos. Tão mais simples!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Uma questão de consciência

Cada vez que falamos em campanhas políticas e em promessas, lembro-me sempre de um slogan que um Brasileiro utilizou – “Roubo mas faço!”. Será moralmente correcto?

Tenho a ideia de que mesmo que os cidadãos cheguem à política “puros”, o gosto do poder e a tentação do momento acabam muitas vezes por fazer esquecer os valores e levarem-nos a pensar no slogan supra mencionado. Isto obviamente para quem detém determinados lugares. A minha homenagem ás excepções que existem.

Os casos recentes de Braga, Felgueiras e Oeiras são bem exemplificativos. Fiquei abismado com os recentes comentários do Isaltino Morais e da Fátima Felgueiras. O primeiro é condenado a pena efectiva (estava sem protecção do partido) e recorre, podendo legalmente candidatar-se ..... moralmente é outra conversa ..... e a segunda foi condenada com pena suspensa (estava protegida pelo partido) e teve a falta de vergonha de afirmar “O país deve a Felgueiras e a mim própria o reconhecimento de que andou dez anos a espalhar mentiras” ..... e é obviamente candidata. Alguém aposta que infelizmente não vão ser eleitos?

Apenas posso falar da obra de Isaltino Morais por Oeiras, que é indiscutivelmente uma referência. Mas no processo a sua conta bancária acumulou cerca de 1 (um) milhão de euros, que ele por acaso não se lembra como. Será que não era possível conseguir o mesmo sem este enriquecimento pessoal? Valerá o desenvolvimento do concelho este valor? Este é talvez o político que me vem à cabeça quando me lembro do tal slogan. No caso da Fátima, fico revoltado sempre que penso que uma foragida à justiça Portuguesa vivia no Brasil com uma reforma dada pelo mesmo estado. E que a justiça claudicou nos seus princípios a quando do seu regresso, tendo mesmo a câmara (estado) pago a sua defesa pessoal. No caso da Fátima Felgueiras, senti mais uma vez vergonha da justiça do meu país. Muita vergonha mesmo.

A verdade é que o povo vota com o coração e não com a cabeça. Estas personagens “alegadamente” roubam ..... a palavra foi sugerida pelo meu advogado ..... e o povo acha bem e vota neles ..... mas depois sai da mesa de voto e vai para o café chamar cafageste ao Sócrates e ao Dias Loureiro ..... a consciência popular anda de mãos dadas com os ditados populares ..... nos outros é defeito, nos meus é feitio.

Será moralmente correcto aceitar que alguém que provadamente nos rouba seja eleito para posições onde o pode voltar a fazer? Que moral têm estas pessoas para apontar o dedo aos restantes políticos?

Que juízo de valores fazer de um povo que admite e pactua com isto?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Miúdas giras

Por muito que se apregoa a igualdade entre os homens e as mulheres, é um facto indesmentível que os primeiros ainda dominam. Poucas são as profissões em que as mulheres auferem valores superiores aos homens ou que detêm um poder decisório superior, por exemplo.

Na política, tem de se falar em quotas para que exista igualdade e fica-se sempre pela conversa. Embora não exista nenhuma lei ou normativo, a verdade é que os cargos são escolhidos por homens que por norma escolhem homens. Tem sido assim desde sempre.

Em termos de figuras políticas femininas, a direita tem levado uma valente tareia da esquerda, isto em termos de binómio inteligência/beleza ..... estou obviamente a ignorar as figuras do PCP ou CDU, pois a excepção confirma a regra ..... as bonitas não são inteligentes e as inteligentes claramente não são bonitas.

Não estou a ver uma única deputada ou figura feminina da direita com quem gostasse de ter uma conversa a acompanhar um jantar, o que já não é verdade à esquerda, uma vez que aceitaria de muito bom grado um jantar com a Joana Amaral Dias ou com a Marta Rebelo. Para além de miúdas giras parecem ser inteligentes ..... embora a JAD não tenha feito jus a isso recentemente na trapalhada do convite do PS ..... mas pelo menos deu ao Francisco Louça mais 15 minutos de fama ..... não creio que a ela isso sirva para alguma coisa, mas foi uma boa tentativa.

Olhando para a recente proposta do PSD, quase não vi senhoras ..... e nas televisões, jornais ou blogs, não se vê nada digno de realçar. Quase parece dizer que a direita afasta a beleza inteligente ..... e não creio que as tendências do PP possam apresentar diferenças .....

Aguardemos então as listas do BE para ver senhoras nas listas que para além de inteligentes são também giras ..... já que os deputados pouco mais são que carneiros do partido e do líder parlamentar, pelo menos que possamos ver caras bonitas ..... e a quem ofender, peço desculpa pelos meus gostos ..... miúdas inteligentes ..... de preferência giras.

Boa semana de trabalho a quem não está de férias.

domingo, 9 de agosto de 2009

Raul Solnado

Apesar de não ser por demais velho, ainda sou do tempo que apenas havia a RTP 1 e depois a RTP 2. E assistia-se ao desaparecimento da mira e o início das emissões.

Nesses tempos ao rádio era dedicada quase tanta atenção como à televisão, e as viagens de carro eram quase sempre com o auto-rádio ligado. Sendo tempos difíceis, para a realidade daquela época, havia alguns pequenos rasgos de humor que alegravam um pouco a nossa realidade. Que nos afastavam da ideia de triste fado do Português. Eram também os ainda bons tempos do teatro e da revista que nós não podíamos assistir. O Raul foi responsável por muitas gargalhadas de doce inocência e profunda alegria.

Os primeiros nomes que me lembro desses tempos, e como tal ficarão perpetuados para sempre na minha memória, são sem ordem especial os Parodiantes de Lisboa, o Vasco Santana, o Raul Solnado, a Ivone Silva, o Herman José (desses tempos) ..... várias e várias vezes ouvia no nosso pequeno gira-discos o vinil do Solnado – “A Guerra de 1908”.

Partiu hoje mais um grande nome ..... a quem felizmente foram feitas várias homenagens em vida ..... foi para junto da minha menina .....

Obrigado Raul pelos vários momentos de gargalhadas e boa disposição ..... o pano baixa mas a obra fica.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Hoje é sexta

Ao ler algumas das notícias sobre a saída do Moniz da TVI, ficam-me os seguintes pensamentos:

1. Há belas indemnizações – o que é válido por ter colocado a TVI onde a colocou, quer se goste ou não;
2. O timming e a relação com a fusão com a PT é estranha;
3. Os comentários sobre a isenção quer dos canais directamente tutelados por apoiantes do PSD quer pelo aparelho do governo é algo preocupante;
4. A falta de comentários dos partidos da oposição é estranha ..... devem estar de férias;
5. O negócio com a PT poderá avançar, ou o facto de estar lá a MMG ainda não irá permitir coragem ao governo para deixar o mercado ditar as suas regras?

E o mais estranho é que a Manuela Moura Guedes continua a achar que o que ela faz é jornalismo ..... é que está mesmo convencida disso!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Inversão dos valores públicos

Ontem foi dada nova “machadada” na lógica/coerência pública. O clientelismo somou nova e estrondosa vitória.

A nossa função pública é do mais anacrónico que conheço. Para se ser funcionário público tem de se ser quase licenciado e ter um cadastro imaculado, porém, para chefiar esta turma e por e dispor de milhões de euros, qualquer um o pode fazer, mesmo tendo processos judiciais e ter sido condenado. Parece lógico, certo?

Depois de meses do governo apregoar os méritos e virtudes da avaliação de desempenho, tendo mesmo havido uma guerra com a actual ministra da educação que não acabou com a sua exoneração apenas por teimosia do Sócrates, foi decretado que os dirigentes não precisam de ser avaliados. Têm progressão automática garantida. Também me parece lógico.

Todos têm de ser avaliados menos os que dirigem e avaliam. No fundo, quem é responsável pela gestão e progresso é que não precisa de ser avaliado, ficando esta nobre função para quem segue ordens. Fica a dúvida se eles serão tão bons que a avaliação é perfeitamente dispensável, ou se, são tão incompetentes que o melhor é nem os avaliar.

Ouvia a explicação de um alto responsável que era uma forma de promover a carreira ..... sem margem para dúvidas ..... é do género “temos falta de gente, junta-te à boa função pública do antigamente!”.

Esta postura é o inverso do que necessitamos, pois para os cargos que mais impacto têm, é onde efectivamente é preciso avaliar para ficarmos com os melhores. O que foi dito é que podem ser medíocres que serão automaticamente promovidos ..... e até podem brincar às avaliações de desempenho, avaliando a vossa equipa, mesmo não sabendo o que é isso por nunca terem sido avaliados ..... façam de conta.

A minha dúvida é se esta definição foi feita por alguém sem pensar ..... que há muitos assim no governo ..... se foi feita por alguém cheio de pressa para ir de férias, ou se será o governo quase demissionário a pagar o preço “devido” na hora da sua saída.

Mais um tiro no pé pelo engenheiro! Na batalha naval, isto seria um autêntico tiro num barco de 3 canos!

Relações de confiança

Todos nós pais sonhamos com uma relação perfeita com os nossos filhos, sabendo de antemão que os erros acontecem, e de ambas as partes. O importante é conseguir estabelecer as fronteiras e a confiança.

Por estes dias o filhão estava na brincadeira com os amigos na água e começaram a nadar em direcção a uma bóia, deixando de “ter pé”. Sem avisar e sem supervisão. Brincadeira puxa brincadeira e alguém se lembrou disso. São crianças, acontece.

Felizmente estava como de costume um pai com atenção e mandou-os todos de castigo para a toalha falar com os pais. Foi um filhão constrangido que chegou ao pé de mim e que ouviu a história que me contaram. No fim, perguntei ao filhão se sabia o que tinha feito de errado e o meu porquê do que não podia fazer devido aos perigos que isso acarretava. No final dei-lhes as alternativas e fiz apenas uma simples pergunta:

Posso ficar descansado que isto não mais se repete?

Graças à relação que conseguimos estabelecer com ele, o Sim que ouvi foi tudo o que precisava de ouvir ..... o que não quer dizer que não me mantenha alerta, mas sei que não mais terei este problema ..... estas férias, obviamente. Ele sabe que a liberdade que tem é fruto dessa relação de confiança por ele conquistada e o cumprimento de algumas regras básicas.

O nosso filhão é um orgulho, meu amor!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A camada de ozono

Tal como o nosso planeta, também nas nossas empresas existe uma “camada” que impede uma visão clara e isenta da administração para o que se passa mais ao nível do terreno. E tanto pode ser ao nível dos directores como dos administradores nomeados pelos accionistas. Se isso é bom ou mau, já é outro post para um dia mais tarde. Um dia.

Muitas vezes dizemos que determinado elemento é demasiado “fraco” para ocupar o lugar que ocupa na organização, porém, muitas vezes acontece que quem está hierarquicamente em cima ou mesmo o próprio CEO não tem a mesma opinião. Às vezes não é um, mas sim vários.

As razões da existência destas situações são na maioria dos casos por puro desconhecimento da realidade, muitas meramente por questões de amizade, e outras ainda por falta de capacidade de arriscar fazer o que seria correcto do ponto de vista da organização. O facto é que acontece acharmos que as nossas empresas são geridas por elementos sem visão estratégica e/ou sem capacidade de gestão ..... que honestamente não sei o que é pior ..... e essa opinião é algo consensual mas em off-the-record ..... vulgo conversa entre colegas ..... mas a cúpula das empresas tem quase sempre uma ideia diferente. Várias vezes pergunto-me porque será assim?

O problema é que dependemos dos nossos empregos para pagar as nossas dívidas e educar os nossos filhos e, quando um CEO nos pergunta se tudo está bem, quem tem a coragem de dizer a sua opinião sobre a organização? Quem pode cometer o suicídio organizacional dizendo que determinado director ou administrador é na sua opinião incompetente? Como provar isso? Ainda há não muito tempo tive a experiência do receio das pessoas em dar a sua opinião. No dia anterior um colega meu fartou-se de dizer mal de uma coisa e quando lhe perguntaram sobre isso disse apenas ..... “acho que está encaminhado” ..... confrangedor do ponto de vista organizacional. Por receio de represálias (reais!), acaba-se sempre por alimentar essa camada de ozono.

Podemos até dar umas pistas, mas o CEO diz que vai assistir a uma reunião e para além dela existir, tudo corre bem, com acta e tudo. O episódio passa e tudo volta à normalidade ..... e o CEO não só não volta a repetir a experiência, como não pede as actas das outras reuniões para acompanhar ..... alguém iria ter muito trabalho a escrever contos se assim não fosse! Nas actas que efectivamente há, se ele fosse olhar para as acções a realizar que sistematicamente estão por realizar/terminar, também teria a sua piada.

Nas empresas dos nossos tempos, o que importa na realidade são os resultados, por muito que se apregoe outra coisa e, se mal ou bem esses elementos conseguem obtê-los, a coisa vai andando à boa moda portuguesa ..... no deixa andar. Para além disto, reconheço que é muito complicado que “lá em cima”, exista uma visão clara e isenta, até porque a realidade que conhecem é a que lhes é transmitida na maioria das vezes ou por estes elementos.

Em termos organizacionais o problema é o desgaste e a desmotivação dos restantes elementos, o que invariavelmente será prejudicial à organização. A dúvida é como é que se pode furar esta camada de ozono ..... e que coragem haverá de mudar algo se isso acontecesse .....

É como olhar para uma revista e ver um país pelas fotografias que nos mostram ..... a situação real não se conhece assim.

Um grande obrigado à minha musa inspiradora, esperando que as nossas tertúlias da hora do almoço continuem, e um obrigado ao meu amigo Ricardo Costa pelos elogios aos meus posts ..... considera isto mais uma provocação!