segunda-feira, 23 de junho de 2008

Indignação – A falta de humanidade das regras

As regras tanto podem ser benéficas como completamente desprovidas de um pingo de humanidade ..... este é claramente um caso de falta de humanidade e respeito pela condição humana ..... e quando falta a dignidade, falta tudo.

Há pouco mais de dois meses, perdi a minha bela esposa, após 17 meses de luta contra uma leucemia secundária, fruto de um tumor no cérebro detectado no longínquo ano de 1999 ..... ela era metade do meu ser e, nessa mesma fatalidade, o meu filho perdeu a sua carinhosa e maravilhosa mãe e o meu sogro perdeu a sua filha ..... como é terrível um pai assistir à partida de um filho ..... mesmo tendo uma dor tão grande, como grande era o nosso amor, não consigo sequer imaginar essa perca.

Duas semanas depois, a minha sogra deu entrada no Hospital Amadora-Sintra, que serve a área onde eles moram, Massamá. Depois de quase um mês de análises e exames, finalmente apareceu o veredicto ..... cancro nos pulmões ..... com metástases em vários órgãos do corpo ..... sobreviveu apenas mais um mês .....

Depois de suportar a perca de uma filha, o meu sogro teve de acompanhar o sofrimento da mulher ..... e acreditem que sei o que ele sofreu ..... para tudo terminar hoje, um mês após completar 60 anos .....

E aqui começa a sua, que é a nossa revolta. Para poder sepultar a mulher ao lado da filha, que por opção quis ser cremada, ele optou pela cremação ..... tudo simples até a burocracia Portuguesa começar!

Segundo informação obtida, por indicação do vereador Sá Fernandes, todos os falecidos fora dos hospitais de Lisboa, têm de ser cremados fora de Lisboa ..... sem excepção nem análise da situação actual ..... como o crematório dos arredores de Lisboa está inoperacional, a minha sogra que faleceu na segunda-feira, apenas pode ser cremada na sexta-feira (1 semana!) em Ferreira do Alentejo ..... esta é a sua e a nossa revolta!

Onde está a dignidade desta situação ..... as regras têm de ter em conta as situações conjunturais e particulares ..... neste caso, não faz sentido que apenas havendo o crematório do Alto de Sº João operacional, que este não substitua o outro que está inoperacional ..... se o primeiro ministro não puder governar, ninguém governa?

Como é possível que alguém que perde uma filha, se veja na situação de ter de esperar quase uma semana para sepultar a mulher, tendo de para o efeito ir de Lisboa a Ferreira do Alentejo ......

..... como é possível?