domingo, 22 de novembro de 2009

A isenção da independência

A melhor sensação que existe é sabermos que o que fazemos é porque o quereremos. Que podemos nos dar ao luxo de tomar as atitudes que achamos mais correctas, sem que as consequências nos afectem.

Quando existem laços fortes de dependência, presente ou futura, os nossos actos e acções estão sempre condicionadas. O facto de dependermos do nosso ordenado, irá sempre condicionar a liberdade de decisões, opiniões ou posturas. A dependência dos pais condiciona a relação. A expectativa de uma posição condiciona as opiniões.

Até a um passado recente de semanas, o Marcelo Rebelo de Sousa podia dar-se ao luxo de contestar a Manuela Ferreira Leite a seu belo prazer. Podia chamar-lhe o que quisesse ou insinuar com factos ou opiniões as suas más escolhas. Como em nada dependia do partido, excepto a relação ideológica, opinava livre e fortemente. Tinha opiniões isentas. Hoje não. Perdeu e perdeu-se.

O facto de poder vir a ser um candidato à liderança do PSD, tipo tens 20% de hipóteses de ter 50/50 de hipóteses, amordaçou o seu sentido critico. Já não se pode dar ao luxo de afrontar claramente o partido em criticas à Manuela Ferreira Leite, com o risco de perder apoios necessários no momento de uma possível votação a líder. Os seus comentários sobre o PSD deixaram de ser isentos.

Ter uma dependência é isto mesmo, é voluntária ou involuntariamente condicionador de uma opinião distante e isenta. Em casa, no trabalho, na política ou na vida.

Há tempos dizia a alguém que adorava poder ser honesto em alguns temas. Como fazia e faço as coisas por prazer e não com objectivos menos claros ou segundas intenções, tenho a isenção suficiente para ser honesto. É muito bom ser suficientemente isento para se dizer ou fazer o que se quer ou pensa.