quarta-feira, 28 de abril de 2010

Motivação

O meu amigo Ricardo Fortes da Costa está a fazer um executive survey, que pretende focar-se nas actuais tendências de gestão que potenciam o engagement dos executivos (link). De entre as várias perguntas encontrei esta:

A minha empresa tem noção da importância da motivação para o alcance dos objectivos estratégicos?

Não é preciso ser-se um génio da gestão para apostar que a generalidade irá responder afirmativamente, porém, o que mantém as pessoas motivadas é que merece um pequeno pensamento.

As elaboradas teorias de Recursos Humanos, e perdoa-me Ricardo por o dizer, caem por terra nas pessoas que têm baixos rendimentos. Tal como para correr é preciso saber andar, se os funcionários não poderem ter o básico, não há motivação que resista, pelo menos 365 dias até ao próximo momento de definição da motivação ….. o momento dos aumentos.

Podemos a um número muito reduzido dar responsabilidades acrescidas, mas o descontentamento da generalidade vai-se desenvolvendo. E mesmo a essa elite, é preciso ter em atenção que isso regra geral implica mais trabalho ….. será de pressupor mais vencimento.

Para quem aufere o vencimento de um quadro, seja director de Recursos Humanos ou outro, ter um aumento de 0% pode ser chato, mas não compromete alguma estabilidade, porém, quem menos ganha tem sempre uma grande parte da sua motivação anexa ao vencimento ….. e acho que isso é descorado nos Recursos Humanos. Sempre achei em todas as empresas em que passei, seja como colaborador seja como consultor. Se a isto juntarmos que as pessoas dificilmente recebem aumentos nas empresas, excepção de funcionários públicos ou carreiras tabeladas por níveis, a generalidade não pode estar devidamente motivada.

Então se a motivação é fundamental, não justificaria isso um decréscimo do EBITA num ano? Para que o EBITA não desça, não estaremos a sacrificar o futuro? Poderá este factor largamente descorado em Portugal contribuir para o elevado número de falências nas nossas empresas?

Isto vem um pouco a propósito da minha empregada doméstica, a quem esta semana disse que a iria aumentar, apesar do meu aumento este ano ser de 0%. A motivação da minha empregada, que se debate com contas por pagar e uma filha para educar, resume-se basicamente a uma motivação ….. pagar as contas. E isso é o que tenho de ter em conta se não quiser procurar outra empregada ou que ele deixe de trabalhar convenientemente, que resulta na procura de outra empregada.

Motivação só pode sobreviver de forma sustentada após o atingir do nível de conforto financeiro do indivíduo.