quinta-feira, 29 de abril de 2010

Uma história mal contada

Aprecio a intenção que os principais partidos demonstraram de tomar medidas concertadas, combatendo assim o ataque europeu que estamos a sofrer. Independentemente do Passos Coelhos estar a falar a sério ou a marcar uma posição, a verdade é que se saiu muito bem enquanto estadista. Entrou na alta esfera da política com o pé direito.

Mas para eu aceitar o novo ataque a quem não pode fugir aos impostos, existem ainda algumas perguntas que carecem de resposta.

Temos um Socrates que afirmou em tempos que ninguém fez tanto pelo défice como ele ….. e é verdade ….. conseguiu subir o dito num ano de 3 para 9% ….. mais ou menos ponto decimal. Mas nunca nos foi explicado como é que isto aconteceu ….. o próprio ministro ficou publicamente admirado ….. e continua a ser ministro.

Se o nosso governo não sabe a razão do descalabro, o que impede de ele voltar a acontecer apesar destas medidas? Se no passado nada fizemos verdadeiramente pela despesa, limitando-nos a subir a receita de todas as formas possíveis, qual a esperança que podemos ter na nossa economia?

Apesar dos motivos por detrás do ataque europeu não serem estes, percebo o ponto de vista das casas de ratting, ou seja, não existem medidas para estancar os custos (desperdício puro e simples), pelo que a nossa economia está como um sumo de laranja, ou seja, um dia podemos espremer a laranja com toda a força que não sai nem mais uma gota de sumo.

Hoje fala-se em disciplinar o subsídio de desemprego, o que apenas lamento só ser feito agora. Concordo com a sua justiça social, mas terá de ser desenhado para não ter o efeito permissivo que tem hoje em dia. Temos uma taxa de desemprego muito grande, mas muitas pessoas a irem a entrevistas só para terem o carimbo. Enquanto os valores forem próximos do salário mínimo, não existe um motivo para que muitos deixem de viver á conta de quem trabalha ….. e com isto não estou nem de perto nem de longe a concordar com o baixo valor do salário mínimo.

Demagogicamente, os partidos que nunca serão governo tentam ganhar votos com a demagogia, atacando bancos e grandes fortunas. Se estou de acordo com a primeira parte, onde existem vários benefícios em empresas com milhões de lucro, a segunda parte já me parece estúpida. O que os partidos deviam atacar não é quem tem muito dinheiro que são uma pequena minoria, ou seja, o ganho seria baixo ….. excepto em votos que hoje têm com este discurso ….. o que os partidos deviam atacar é a economia paralela que sabemos haver dos profissionais liberais como advogados e outros, que declaram apenas o mínimo que têm por lei de declarar.

Porque razão os partidos não vão atrás destes casos? Será porque a maioria dos deputados está nestas condições? Porque razão nunca de criaram mecanismos de forma a garantir que todas as transacções obriguem á existência de uma factura?

E a pergunta volta a assombrar os meus pensamentos ….. o que impede o défice de passar de 9 para 15% como no passado recente? Porque não se ataca finalmente os gastos e os desperdícios da função pública e empresas controladas ou manietadas pelo estado?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Motivação

O meu amigo Ricardo Fortes da Costa está a fazer um executive survey, que pretende focar-se nas actuais tendências de gestão que potenciam o engagement dos executivos (link). De entre as várias perguntas encontrei esta:

A minha empresa tem noção da importância da motivação para o alcance dos objectivos estratégicos?

Não é preciso ser-se um génio da gestão para apostar que a generalidade irá responder afirmativamente, porém, o que mantém as pessoas motivadas é que merece um pequeno pensamento.

As elaboradas teorias de Recursos Humanos, e perdoa-me Ricardo por o dizer, caem por terra nas pessoas que têm baixos rendimentos. Tal como para correr é preciso saber andar, se os funcionários não poderem ter o básico, não há motivação que resista, pelo menos 365 dias até ao próximo momento de definição da motivação ….. o momento dos aumentos.

Podemos a um número muito reduzido dar responsabilidades acrescidas, mas o descontentamento da generalidade vai-se desenvolvendo. E mesmo a essa elite, é preciso ter em atenção que isso regra geral implica mais trabalho ….. será de pressupor mais vencimento.

Para quem aufere o vencimento de um quadro, seja director de Recursos Humanos ou outro, ter um aumento de 0% pode ser chato, mas não compromete alguma estabilidade, porém, quem menos ganha tem sempre uma grande parte da sua motivação anexa ao vencimento ….. e acho que isso é descorado nos Recursos Humanos. Sempre achei em todas as empresas em que passei, seja como colaborador seja como consultor. Se a isto juntarmos que as pessoas dificilmente recebem aumentos nas empresas, excepção de funcionários públicos ou carreiras tabeladas por níveis, a generalidade não pode estar devidamente motivada.

Então se a motivação é fundamental, não justificaria isso um decréscimo do EBITA num ano? Para que o EBITA não desça, não estaremos a sacrificar o futuro? Poderá este factor largamente descorado em Portugal contribuir para o elevado número de falências nas nossas empresas?

Isto vem um pouco a propósito da minha empregada doméstica, a quem esta semana disse que a iria aumentar, apesar do meu aumento este ano ser de 0%. A motivação da minha empregada, que se debate com contas por pagar e uma filha para educar, resume-se basicamente a uma motivação ….. pagar as contas. E isso é o que tenho de ter em conta se não quiser procurar outra empregada ou que ele deixe de trabalhar convenientemente, que resulta na procura de outra empregada.

Motivação só pode sobreviver de forma sustentada após o atingir do nível de conforto financeiro do indivíduo.

domingo, 25 de abril de 2010

Corrupção

Este é um tema que dá para escrever um livro em vários tomos. Definir o que é corrupção não é evidente. Existem casos onde não há dúvidas, uma vez que uma das partes obtém por intermédio da outra uma vantagem que de outra forma não teria, pelo menos não de forma garantida.

Quando este fenómeno entra na esfera política e jurídica, tudo se torna muito mais cinzento e menos claro. O Sá Fernandes, aquele que provocou um buraco financeiro á câmara para ter um pouco de publicidade, conseguiu novamente aparecer nos jornais. Desta vez por causa do caso Braga Parques, onde um dos acusados de o tentar subornar com 200 mil euros foi ilibado porque o dito cujo não tinha poderes, limitava-se a fazer de papagaio ….. mas isso já todos sabíamos ….. e não é que o homem foi ilibado?

A nossa justiça que é uma verdadeira vergonha nacional, considera que apesar de um ter oferecido dinheiro a outro, como o último não tinha poderes, não pode ser considerado corrupção. Então como fica o processo do Vara? A corrupção e o tráfico de influências não são o mesmo?

O gesto de ajudarmos alguém, mesmo sem interesse, pode ser visto como corrupção. Mas o mesmo acto também pode ser designado de lobby, bom samaritanismo ou simples simpatia. Depende dos olhos de quem vê.

Para mim corrupção é o acto de dar algo, material ou não, exigindo ou deixando bem claro que se espera um retorno por parte de quem recebe. O resto é o que escrevi atrás, ou seja, lobby e/ou simpatia.

Cabe a quem recebe definir o seu grau de isenção futura em relação a essa pessoa ou organização em função desse acto.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pequenas grandes alegrias

A vida é composta por pequenas alegrias com grande significado. Às vezes pequenas coisas ou gestos tomam para quem recebe proporções muito superiores ao que pensávamos que elas iriam ter. Para quem gosta de presentear os outros, é sempre uma satisfação muito grande ter a noção que isso acontece.

Desde sempre que o filhão se habituou a ter uma festa organizada especialmente para ele, maioritariamente diferente dos restantes amigos, e com algo diferente do que habitualmente se faz. Por mais simples que seja, é algo que é feita especialmente para ele e isso nota-se na satisfação com que aguarda pela festa.

Embora não tenha a capacidade da Ana para ter atenção a todos os pormenores, tenho feito um esforço para que tudo saia perfeito, ou pelo menos, o mais perfeito possível ….. depois de tudo, é o mínimo que posso fazer pelo filhão. É muito bom vê-lo a vibrar com os pequenos pormenores que vai sabendo, e a alegria que transmite pelo que espera vir a ter ….. é maravilhoso.

Ainda hoje dizia a uma amiga que as pequenas alegrias que tenho tido ao longo desta semana têm sido maravilhosas. No meio de todas as preocupações e “arrelias”, alguns momentos são únicos ….. por mais pequenos que sejam, são imensos na alegria que trazem ….. fazem sonhar ….. alimentam o espírito ….. claro que gostaria de ter muito mais, mas ter o que já tenho é muito bom ….. simples.

Haverá sempre quem apenas fique feliz com grandes alegrias ou riquezas, outros ficam felizes com pequenas coisas com grande significado ou alegria ….. cada um é feliz á sua maneira.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Na sombra da vaidade

Desde os primórdios da civilização que a fama, o poder e o dinheiro sempre foram os melhores afrodisíacos que existem. A presença de pelo menos um deles e em grande quantidade transforma qualquer pessoa num outro ser muito mais interessante. Sempre assim foi, e sempre assim será.

Em todas as organizações existem sempre os chamados “puxa saco”, que ganham um sorriso de orelha a orelha na presença de alguns elementos ….. detentores obviamente de poder ou capacidade de influência do poder. São figuras que se assemelham aqueles bonecos que se colocavam nos carros e que abanavam a cabeça com os solavancos da estrada. Sempre os houve, e sempre os haverá.

Tenho assistido a duas figuras que tendo na sua génese este modo de operar, o fazem de formas completamente diferentes, obtendo resultados também eles diferentes. Existe um que é tão evidentemente bajulador que essa sua vontade de agradar se acaba por virar contra si, uma vez que me parece que deixa de ser levado a sério. Por mais bem intencionado que seja, é difícil que não acabe por chatear os próprios elementos que tenta impressionar.

A outra figura é mais subtil e focalizada no alvo da “graxa”, sabendo exactamente a quem deve dirigir e centrar a sua atenção ….. ou graxa. Para além de constantes pequenos comentários abonatórios às decisões e opiniões do visado, apoia o mesmo em relação aos demais pares de ambos, granjeando assim alguma “impunidade” ou displicência sobre o resultado do seu trabalho. Magistral.

Obviamente que as pessoas inteligentes que ocupam estes cargos são perfeitamente capazes de detectar os primeiros, porém, o facto de serem em si mesmos inteligentes acaba por os iludir em relação aos segundos, uma vez que a sua própria vaidade sobre as suas capacidades será suficiente para encobrir o evidente. Sempre assim foi e sempre assim o será.

A vaidade do ser humano impede-o de conseguir aperceber-se de algumas evidências á sua volta ….. umas vezes inofensivas e outras nem por isso ..... sempre assim foi, e sempre assim o será.

Na vida das organizações, o poder funciona como um estímulo que tanto pode ser muito benéfico como pernicioso. Cabe a cada organização ganhar a sua maturidade e imunidade a esta inevitabilidade, a fim de poder usufruir dos aspectos positivos que este facto acarreta.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O início da primavera

Finalmente um fim-de-semana de sol e um calor primaveril. Depois de tanta chuva, um tempo agradável que permite desfrutar a natureza. Apreciar algo mais que apenas a casa, seja nossa ou dos amigos.

Para comemorar, deu para inaugurar os churrascos no terraço, correr, andar de bicicleta e fazer desportos radicais ….. e ficar com dores musculares. Foi uma boa forma do filhão terminar as suas férias.

Para sermos um pouco mais originais, fomos até a um parque de aventura (www.adventurepark.pt), o qual recomendo de experimentar. Um pequeno percurso no meio da natureza com actividades radicais, adrenalina e uma vista maravilhosa do alto das árvores. Apesar do esforço até lá chegar, o filhão de bicicleta e eu correndo ….. grande parte do tempo ….. deu para nos divertirmos e chegar a tempo para fazer o churrasco …..

Viva a primavera.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

As 1001 verdades

Nos EUA legalizou-se o lobby, reconhecendo assim que ele existe e irá sempre existir, tendo sido estabelecidas as suas regras para que não se transforme num autêntico Carnaval. Por cá, preferimos fazer de conta que não existe o que todos sabemos existir ….. dada a nossa relação com o Brazil, gostamos de Carnaval.

Depois de todo o dinheiro gasto ao erário público com a comissão parlamentar de ética, tenho dúvidas que alguém ache que ela serve para alguma coisa. O que começou por uma tentativa de instrumentalização de uma comissão, visando naturalmente atacar o governo, vai acabar como as anteriores ….. em nada.

Todos os que lá vão tem uma visão da questão distinta e naturalmente, todos os partidos saem mal na fotografia. Todos contam a sua versão, acusando quem não gostam e distorcendo os factos como lhes convém. É tão natural que não percebo porque alguém ainda estranha.

Obviamente que existe pressão ….. sempre existiu e sempre existirá. A forma como cada um conta a sua versão na comissão é como fazer bacalhau ….. uma das 1001 formas que existem.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Separar o trigo do joio

É sempre um erro tomar a parte como o todo. Historicamente a Igreja católica está cheia de pecados e atentados contra ela própria, tal como foi toda a Santa Inquisição, que constitui uma vergonha para qualquer católico, mas, a essência da Igreja não pode ser medida pelos que em seu nome atentam contra ela.

Segundo notícias recentes, o próprio Ratzinger escondeu crimes ….. ou melhor, deixou de os investigar ….. tal como outros no seio da Igreja, com vista a “proteger” uma ideia da Igreja livre de crimes e de pecados ….. algo que todos sabemos não existir.

O maior problema da Igreja foi e sempre será os seus representantes. Aqueles que devem espalhar a mensagem de Deus ….. ironia do destino. Mas tomar a parte como o todo é errado. Algumas maças podres não fazem uma árvore podre ….. apenas que têm de ser extraídas para que não contaminem as demais.

São tempos conturbados que os católicos vivem, debaixo dos holofotes de uma opinião pública ávida de podres e polémica ….. que existem ….. mas isso não pode ser generalizado ….. a fé não é isso ….. a palavra de Deus não é essa.

A Igreja também tem padres muito bons, como o é por exemplo o Padre José Cruz. Padres dedicados e que correspondem em bondade ao que idealizamos da Mensagem que devemos receber. A eles um reconhecimento pelo que são.

Passado, presente e futuro

Grande parte dos livros de histórias começa com Era uma vez ….. e regra geral termina de forma positiva. Como a vida não é um livro, o fim muitas vezes não é o que queríamos que fosse. Ao virar da esquina, descobrimos que o caminho termina ….. a estrada está interrompida.

Independentemente de isso ser certo ou errado, temos de aceitar que isso é assim. Pode levar uns segundos, dois anos ou uma eternidade ….. mesmo não querendo aceitar, sabemos que é com o que contamos.

Muitas pessoas vivem com apenas metade de si ….. um rim ….. um pulmão ….. um braço ….. apenas metade ….. e aprendem a viver. Nunca esquecem a parte de si que perderam, mas sabem que a vida tem de continuar. O nosso cérebro muitas vezes actua como se essa parte ainda estivesse no seu lugar, mas rapidamente voltamos á realidade, tentando viver e sendo felizes com o que sobrou ….. metade é melhor que nada. Ter somente uma perna não impede de andar, apenas que se anda de forma diferente.

A vida é feita de fases ou etapas, e é preciso saber que o passado ficou para trás ….. o futuro a Deus pertence, e o presente é para viver ….. um dia de cada vez.

Olhem sempre para o lado FIXE da vida ….. hoje inicio uma nova fase! ….. propositadamente escolhida neste dia ….. hoje.

sábado, 3 de abril de 2010

Ponderar caminhos diferentes

É importante sabermos o que queremos e para onde pretendemos ir, porém, os nossos caminhos não são meras rectas mas percursos com momentos sinuosos. Traçamos uma rota ou destino, mas pelo meio aparecem cruzamentos e entroncamentos. Que fazer?

Quando somos confrontados com um desafio, podemos ficar na nossa zona de conforto ou ponderar seriamente o e se?

Quando desafiados, existem sempre várias perguntas que nos colocamos a nós próprios, para além do desafio em si:
- O desafio é suficientemente aliciante para o ponderar?
- Serei capaz de o abraçar?
- É melhor, pior ou somente diferente do que pretendia?
- Serei a pessoa mais indicada?
- Tenho coragem de o aceitar?
- Qual o impacto desta mudança na minha vida e da minha família?

Esta última pergunta é para mim uma das mais importantes, uma vez que o trabalho nada mais é que um meio para atingir um fim ….. ser feliz. Esta é a pergunta que será sempre ….. para mim, obviamente ….. um dos factores que podem bloquear o risco do incerto.

Quando o desafio é grande, podemos optar por dois caminhos distintos após assumir que se trata de uma epopeia: esquecer ou ponderar cuidadosamente. Quanto mais complicado parece ser, maior deve ser a análise que se faz. Manda a prudência que se reveja os cenários possíveis, constrangimentos e impactos.

Nestas alturas lembro-me sempre dos filmes de lutadores onde muitas vezes aparecem frases como “é bom ter medo … faz-nos ficar alertas!” ….. respeitar um desafio é dar-lhe o seu devido valor.

Na vida certas oportunidades apenas aparecem uma vez, quando muito. Não quer isto dizer que por esse motivo devam ser aceites, mas que se depois de pensarmos acharmos que têm viabilidade, se não o forem, iremos sempre nos questionar sobre a opção que tomámos frente a isso.