quinta-feira, 18 de junho de 2009

Estamos cercados

Antigamente podíamos circular livremente pelas cidades e pelas estradas de Portugal e apreciar a vista maravilhosa que o nosso pequeno país nos proporcionava. Víamos serras, montes e vales e pequenas povoações ou casas firmemente sós ao longo das estradas. Apreciávamos a vista. Antigamente.

Ao passearmos pelo país, constatamos que a Quercus tem toda a razão quando diz que estamos a ser invadidos pelos Eucaliptos. Não andamos dois quilómetros sem os vermos. Mas essa não é a única invasão que estamos a sofrer. Espalhado por todo o lado temos painéis gigantescos destinados a publicidade. E isso acontece tanto fora como dentro das cidades. Torna-se difícil hoje em dia apreciar o que quer que seja. Somos bombardeados com publicidade.

Um factor conjuntural mas curioso, é que já não é só o governo a sustentar o país devido ao exagerado número de funcionários públicos a quem paga salários. Os nossos partidos decidiram juntar-se ao espírito e devemos ter metade dos painéis publicitários de cariz politico-partidário. É só terem um pouco de atenção e constatam isso. As empresas de publicidade juntaram-se às construtoras como grandes parceiros dos partidos. E em ano de eleição, não creio que ambos queiram perder “o momento”.

Até o Marques de Pombal foi forrado de cartazes, que por acaso eram do PSD. Neste caso tivemos a “sorte” do vereador José Sá Fernandes se aperceber e graças ao seu fabuloso bom gosto, determinar que eles ofendiam já não sei o quê ..... mas como é o Sá Fernandes, isso na realidade também não interessa mesmo para nada ..... obviamente que essa sua decisão foi apenas no interesse maior da cidade de Lisboa ..... obviamente que ele não tinha interesse em prestar vassalagem ao PS ..... pois.

Qualquer prédio em construção ou recuperação que possua andaimes ostenta publicidade. Sinto-me sufocado, cercado. Gostava de poder andar e ver a minha cidade, o campo, a floresta, as serras, enfim, que a poluição publicitária não fosse tão generalizada.

Em Lisboa, tal como nas restantes cidades, fala-se muito em devolver a cidade aos seus cidadãos ..... podem-no fazer sem a embrulharem em papel ..... deixem-nos desfrutar a vista.