quinta-feira, 4 de junho de 2009

O custo da inoperância

Muitas vezes somos confrontados nos nossos locais de trabalho com “agendas diferentes”, sejam elas entre pessoas, departamentos ou mesmo a própria empresa. O mero caderno de intenções ou a estratégia do momento acabam muitas vezes por criar objectivos ou políticas antagónicas, com claro prejuízo para as instituições e para a credibilidade de propostas futuras.

O problema é quando por vários e diversos motivos, tudo não passa de meras intenções. Muitas vezes estas acções ou intenções são o resultado do investimento de largas somas de recursos em serviços de consultoria, que acabam por ser tão somente isso, meras intenções. Como resultado, gera-se na organização uma expectativa que não se cumpre de forma sucessiva e reiterada, o que aos poucos e poucos vai dizimando a confiança numa política real e sustentada que não é tão somente apresentada. E tal como na história do Pedro e o Lobo, o problema é quando as pessoas dentro da organização deixam de acreditar.

Mais importante do que ter várias ideias ou lançar vários projectos, torna-se imperativo para as empresas lançar poucas mas boas ideias e, acima de tudo, concretizar o que promete, se compromete ou assume. De nada serve definir conjuntos de acções e marcar reuniões por tudo e qualquer coisa para depois fazer somente algumas reuniões, quando muito, e depois não haver resultados para apresentar. O comprometimento das pessoas acaba invariavelmente por desaparecer, pois sabem que em pouco tempo haverá “outra moda” e o foco da atenção será desviado.

Esta inoperância desgasta e cansa, não só porque diverge a atenção dos recursos do que é essencial e do seu dia-a-dia que custe o que custar tem de ser assegurado, como cria um clima de descrédito nas acções ou políticas da empresa. Pode-se justificar o porquê de cada uma delas não se ter realizado, mas dificilmente haverá uma explicação para o resultado final.

Estando por exemplo muito na moda a preocupação com os Recursos Humanos, várias são as empresas que apresentam acções ou planos para dinamizar essas políticas e os seus quadros, muitas delas preocupando-se ..... e bem ..... com a possibilidade de sucessão/substituição aos actuais detentores de posições de relevância por outros. O que se verifica depois na prática é que essas pessoas sentem-se preparadas e motivadas mas não têm oportunidade, pois a “vaga” acaba por não existir, muitas vezes porque o próprio departamento de Recursos Humanos não levou até ao fim a política que tentou implementar. Quase sempre a história termina com a saída dos mais aptos, não aproveitando assim a empresa todo o investimento que fez, para além de ter de o voltar a fazer.

Mais do que tentar, é crucial que as empresas façam. A credibilidade das ideias não advém tão somente de quem as apresenta mas na confiança de que existe uma cultura organizacional de realização.