sábado, 18 de janeiro de 2014

Panteão Nacional

 
Embora o título seja um dos nossos monumentos nacionais, porventura o mais falado e comentado nas últimas semanas, este texto não é sobre o monumento em si ou se o Eusébio devia ou não ir para lá. A minha dúvida existencial é sobre critérios ….. quais os critérios para ir para lá?
 
Esta semana como seria de esperar o nosso Parlamento decidiu votar de acordo com “a voz do povo”. Como seria de esperar face ao movimento cívico amplamente difundido pela comunicação social, os nossos políticos limitaram-se a seguir o populismo de “ir com a corrente”, ou mais concretamente, não ficarem vistos como aqueles que votaram contra. Independentemente de concordarem ou não, acho que nenhum poderia para seu futuro político votar de outra forma. O “peso” e o carinho dos Portugueses não permitiam que fosse de outra forma.
 
O que não se ouviu falar foi sobre quais os critérios que levam alguém a poder fazer parte de tão famoso monumento. Lá encontramos acima de tudo antigos presidentes e escritores, porém, não temos por exemplo nenhum dos nossos prémios Nobel. O que leva então a que sejam consideradas estas figuras e não outras com feitos dignos de realce e distinção?
 
Estabelecer critérios torna-se fundamental para clarificar e apoiar as decisões. Quando existem regras ou critérios, todos sabem com o que podem contar, como devem “jogar” ou o que podem ambicionar. Se quando os critérios são os apropriados, nomeadamente nas empresas, os resultados são sempre melhores, potenciando a criação de valor ou a excelência dos resultados. Quando isso não acontece, o clientelismos ou interesses desviantes produzem resultados desastrosos. É muitas vezes a opção entre a ordem e o caos.
 
Voltando entretanto ao Panteão e aos critérios inexistentes ou não comunicados. Como alguém me dizia recentemente, se fosse apenas por levar o nome de Portugal além fronteiras, devíamos desde já guardar lugar para o Cristiano Ronaldo, para o Carlos Lopes e para a Rosa Mota ….. ou seja, desportistas. Se formos por este princípio, e na linha de quem lá está, teremos de considerar o Mário Soares, o Durão Barroso e o António Guterres. Onde definir a fronteira?
 
Já que estamos a falar da ida para tal monumento, algumas notas sobre o mesmo. Para além da beleza arquitetónica do edifício, do que mais se tem falado é do relevo que é dado a algumas personalidades, algumas delas os seus restos mortais encontram-se lá, outras nem por isso. Entre estes últimos, vamos encontrar Camões, Vasco da Gama, D. Nuno Álvares Pereira, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e o Infante D. Henrique. Destas figuras podemos vislumbrar cenotáfios (ou seja, monumentos fúnebres sem a presença dos restos mortais).
 
Entre os que para além da referência efetivamente repousam lá, vamos encontrar antigos presidentes (Manuel de Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Pais e Teófilo Braga), escritores (Almeida Garrett, Guerra Junqueiro, João de Deus e a última aquisição Aquilino Ribeiro), sendo os wild card a Amália Rodrigues e o Humberto Delgado.
 
Qual o critério que distingue estes dos demais Portugueses de relevo na nossa história? Porquê estes e porque não outros?
 
Uma curiosidade. O tumulo mais visitado encontra-se em más condições, num cemitério em França mas quem lá está não é nenhuma figura da sua história. O túmulo mais visitado do mundo pertence a Jim Morrison.