sábado, 23 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos

Está a terminar a nossa participação nos Jogos Olímpicos mais polémicos dos últimos tempos ..... se não mais polémicos, pelo menos os mais demonstrativos do poder económico.

A China, apesar de todas as questões humanitárias recorrentemente faladas e noticiadas, foi escolhida para organizar os JO ..... com a premissa de cumprimento de uma série de factores ..... mas como seria de esperar, vários não foram cumpridos ..... e como seria de esperar, nada aconteceu ..... obviamente que o poder económico da China se sobrepõem aos restantes interesses ..... mas é aí e em qualquer outra parte do planeta ..... e efectivamente do outro lado do planeta, o Hugo Chavez e o Rei de Espanha tinham vontade de andar ao estalo ..... baixinho para ninguém mandar calar ninguém, porém, devido aos interesses financeiros de ambos os países, fizeram as pazes ..... acredito que era o que eles sempre quiseram a nível pessoal ..... pois ......

Em termos nacionais ou nacionalizados, os resultados ficaram muito aquém do esperado, porém, o investimento foi o maior já efectuado ..... por 15 milhões tivemos 1 medalha de ouro, uma de prata e um grande melão ..... por acaso uma medalha a menos que o Benfica que junta a estes seus atletas a medalha de ouro do DiMaria ..... se calhar por metade desse valor comprávamos os Michael Phelps e tínhamos 8 medalhas de ouro ..... se fosse somente uma questão de resultados vs dinheiro investido, essa seria a melhor estratégia ..... mas será isso os JO?

Como em tudo há lados negativos e vamos começar por falar deles. Os comentários dos nossos atletas foram na sua grande maioria, patéticos, descabidos e embora feitos em situação de stress e desilusão, inaceitáveis para quem está a representar o seu país ...... o que mais me custou foi a desculpa financeira ..... € 1.000,00 por mês pode ser pouco mas é mais do dobro do salário mínimo nacional ..... deviam ter isso presente quando aceitaram essas condições ..... só faltava extrapolarem e dizerem que o Blatter tinha razão .....

Se pensarmos bem, os nossos recordes nacionais em várias modalidades não permitem sequer passar as primeiras eliminatórias ..... será que devíamos participar ou mesmo ter essas modalidades? Vários países sem capacidade financeira optaram por essa via ..... a minha questão de fundo é, o que queremos enquanto nação?

Acho que a Vanessa Fernandes foi muito acertiva em algumas das suas afirmações, isto é, um projecto olímpico não pode ser feito somente a pensar nos Jogos, tem de passar por uma série de provas internacionais para preparar os atletas para a alta competição ..... precisamos de nos medir com os melhores para perceber o que nos falta ..... é preciso testar e perceber ..... ter uma estrutura profissional a suportar a evolução, tal como a própria Vanessa ou o Nelson Évora ..... depois podem vir os resultados ..... porém, o ditado popular diz que não se podem pôr todos os ovos no mesmo cesto ..... se só temos um ovo, podemos ter ou não sucesso, se tivermos vários as nossas hipóteses de sucesso são obviamente melhores.

Cada país tem as suas filosofias, ou seja, os países soviéticos investem de forma estatal nos seus atletas, ao passo que, no extremo do capitalismo, temos os EUA que premeiam o sucesso com bolsas de estudo, isto é, quem se evidencia tem os estudos assegurados para quando o desporto acabar ..... pessoalmente gosto mais desta filosofia ..... e nós?

Penso que vivemos o rescaldo do futebol, com a comunicação social a criar uma expectativa demasiado elevada para as nossas reais possibilidades ..... pegaram nas palavras do Presidente do Comité Olímpico e tornaram-nas em manchetes ..... a Lusitânia à conquista do Oriente e do mundo.

Temos de ter a consciência que somos um país de amadores ..... devíamos aproveitar o momento para definir o que se pretende ..... associando uma meta e uma data ..... ou assumir esta estratégia e esperar os pequenos feitos individuais. Não podemos apostar na mediocridade, mas temos de ter noção do nosso ponto de partida ..... esta estratégia não funcionou na totalidade, porque os principais atletas por esta ou aquela razão falharam ..... um acaso que fez ruir a estratégia existente ..... venha a próxima.