sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Uma vida no caixote

Esta semana aproveitei o facto do filhão estar no Algarve para fazer algo que ninguém podia fazer por mim ..... arrumar a arrecadação ..... guardar as memórias num caixote ..... psicologicamente devastador .....

O princípio era fácil ..... os livros e manuais profissionais que eram da Ana e que ninguém mais irá utilizar vão para os recicláveis ..... as centenas e centenas de fotografias numa caixa para mais tarde recordar ..... é só o que me resta ..... as dezenas e dezenas de postais e cartas noutra caixa ..... um princípio simples ..... mas tão difícil ..... depois de termos sido espoliados pela vida, ter de fechar tudo num caixote ..... passar a vista em vários desses momentos e reviver histórias e momentos de felicidade que não mais se irão repetir ..... não desejo nem ao meu pior inimigo ..... e a mesma pergunta vem-me vezes e vezes sem conta à cabeça ..... Porquê?

Terminada a tarefa, olho para os caixotes, ordeiramente empilhados no fundo da arrecadação ..... não sei quanto tempo fiquei a chorar ..... não tenho palavras para descrever o meu estado de alma ..... toda uma vida ali fechada ..... primeiro o caixão, segundo o pote das cinzas no ossário, agora as nossas memórias num caixote ..... isto não devia estar a acontecer ..... a Ana não merecia ..... de todas as pessoas no mundo, não o meu amor ..... amo-te tanto, minha linda .....

Antes de tudo se iniciar no longínquo ano de 1999, dizíamos que éramos tão felizes que até tínhamos medo do que poderia acontecer ..... infelizmente sou eu que sei agora o quê ..... a felicidade pode ser fechada num caixote ..... o princípio inverso da caixa de Pandora ..... aconteceu!

Tenho de dizer para mim mesmo essas maravilhosas palavras e ensinamentos ..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida! ..... mas digo e não as consigo concretizar ..... desculpa meu amor ..... desculpa.

Amo-te muito, minha Soul-Mate ..... amo-te muito!