Fui procurar a descrição da palavra crise nos dicionários (online). No meio de tantos resultados, o que vou apresentar é extraído da Wikipedia, na definição associada à Teoria Sistémica:
“A crise não é necessariamente evolutiva. Define-se como a perturbação temporária dos mecanismos de regulação de um sistema, de um indivíduo ou de um grupo. Esta perturbação tem origem em causas externas e internas.”
Esta última frase é por demais evidente ..... causas externas e internas. Podemos aplicar ao mundo, à Europa, a Portugal, à economia, às finanças, à nossa empresa, etc, etc, etc. Podemos aplicar às famílias Portuguesas. Podemos explicar as dificuldades por motivos de conjuntura, porém, isso não justifica a forma como os orçamentos familiares são elaborados e realizados (gastos).
Gosto das crónicas do António Barreto pois considero que faz uma leitura muito boa do que fomos e somos enquanto sociedade e, se ele fosse fazer uma apreciação dos dias actuais, claramente demonstraria um quadro parecido à situação que irei descrever mais adiante e se torna cada vez mais comum: as nossas famílias que vivem acima das suas possibilidades, não se privando do supérfluo como telemóveis ou andar de carro, e quando o ordenado é depositado, serve para com sorte repor a conta a 0 (isso mesmo, zero) porque a autorização de saque a descoberto já foi utilizada. Como não há poupanças, muito menos rigor e inexplicavelmente uma noção da realidade, quando pretendem comprar algo, recorrem a uma das várias empresas que emprestam sem perguntar muito ..... eu disse uma mas podia muito bem dizer várias. As últimas tendências é falarmos na consolidação de créditos ..... esta era previsível.
Como gosto de analisar e pensar nestes aspectos, sendo uma realidade comum na nossa sociedade actual, de vez em quando dou-me ao trabalho de fazer contas. Acabei de simular num determinada empresa, uma Grande Emprestadora de dinheiro (Money) e, se pedisse 15.000,00 € a 96 meses (8 anos), acabaria por pagar 27.628,80 €, ou seja, quase o dobro. Colocando em números e esquecendo as correcções monetárias de um período de 8 anos, estamos a falar em pagar a mais 12.628,80 € (84,2%). A matemática é uma ciência exacta.
Não consigo perceber como, à luz da realidade de hoje, as famílias são na sua generalidade incapazes de estabelecer para si um orçamento. Claro que existem várias que não o necessitam de fazer, mas essas não são a maioria. É preciso que as pessoas saibam viver dentro das suas possibilidades ou, estejam preparadas para sofrer as consequências. E as contas têm de ser feitas rapidamente pois se há despesas que podem ser cortadas de imediato, outras há que desaparecem mas a factura ainda perdura 1 ou 2 meses. Ao ter sido barbaramente Espoliado do meu amor, isso obviamente também se reflectiu em termos monetários e, como tenho um filho para sustentar e educar a opção foi simples: cortar com o que não faz falta, reduzir ao máximo os empréstimos, definir um novo plano de poupança mais ajustado à nova realidade e, na medida do possível, manter alguns extras como jantar fora com os amigos ou comprar uma revista ou prenda para o João. Na medida do possível. Investi muitas horas a fazer contas e simulações.
É a regra básica de economia. Não posso gastar mais do que ganho, ou seja, ou passo a ganhar mais ou altero as minhas despesas para serem menores, cortando o que não for essencial. Num local de guerra, alguém pensa em construir uma explanada com piscina?
Acabei de transferir 1.000,00 € para uma pessoa que estava aflita. Não vou prejudicar em nada o meu filho, mas vai-me fazer falta. O pedido era até à próxima semana mas, enviei de seguida um SMS a estender o prazo até ao próximo ordenado. Porquê? Garanto que não é por querer ser a Madre Teresa de Calcutá, é porque sei que a pessoa em causa para me pagar para a próxima semana teria de pedir emprestado a outro ou recorrer (e ela recorre) a uma dessas empresas de créditos.
Sabendo o que está do outro lado da linha, não consigo deixar de pensar como foi possível bater no fundo e não ter a cabeça suficiente para largar as grilhetas que prendem ao fundo ..... estou estarrecido.
“A crise não é necessariamente evolutiva. Define-se como a perturbação temporária dos mecanismos de regulação de um sistema, de um indivíduo ou de um grupo. Esta perturbação tem origem em causas externas e internas.”
Esta última frase é por demais evidente ..... causas externas e internas. Podemos aplicar ao mundo, à Europa, a Portugal, à economia, às finanças, à nossa empresa, etc, etc, etc. Podemos aplicar às famílias Portuguesas. Podemos explicar as dificuldades por motivos de conjuntura, porém, isso não justifica a forma como os orçamentos familiares são elaborados e realizados (gastos).
Gosto das crónicas do António Barreto pois considero que faz uma leitura muito boa do que fomos e somos enquanto sociedade e, se ele fosse fazer uma apreciação dos dias actuais, claramente demonstraria um quadro parecido à situação que irei descrever mais adiante e se torna cada vez mais comum: as nossas famílias que vivem acima das suas possibilidades, não se privando do supérfluo como telemóveis ou andar de carro, e quando o ordenado é depositado, serve para com sorte repor a conta a 0 (isso mesmo, zero) porque a autorização de saque a descoberto já foi utilizada. Como não há poupanças, muito menos rigor e inexplicavelmente uma noção da realidade, quando pretendem comprar algo, recorrem a uma das várias empresas que emprestam sem perguntar muito ..... eu disse uma mas podia muito bem dizer várias. As últimas tendências é falarmos na consolidação de créditos ..... esta era previsível.
Como gosto de analisar e pensar nestes aspectos, sendo uma realidade comum na nossa sociedade actual, de vez em quando dou-me ao trabalho de fazer contas. Acabei de simular num determinada empresa, uma Grande Emprestadora de dinheiro (Money) e, se pedisse 15.000,00 € a 96 meses (8 anos), acabaria por pagar 27.628,80 €, ou seja, quase o dobro. Colocando em números e esquecendo as correcções monetárias de um período de 8 anos, estamos a falar em pagar a mais 12.628,80 € (84,2%). A matemática é uma ciência exacta.
Não consigo perceber como, à luz da realidade de hoje, as famílias são na sua generalidade incapazes de estabelecer para si um orçamento. Claro que existem várias que não o necessitam de fazer, mas essas não são a maioria. É preciso que as pessoas saibam viver dentro das suas possibilidades ou, estejam preparadas para sofrer as consequências. E as contas têm de ser feitas rapidamente pois se há despesas que podem ser cortadas de imediato, outras há que desaparecem mas a factura ainda perdura 1 ou 2 meses. Ao ter sido barbaramente Espoliado do meu amor, isso obviamente também se reflectiu em termos monetários e, como tenho um filho para sustentar e educar a opção foi simples: cortar com o que não faz falta, reduzir ao máximo os empréstimos, definir um novo plano de poupança mais ajustado à nova realidade e, na medida do possível, manter alguns extras como jantar fora com os amigos ou comprar uma revista ou prenda para o João. Na medida do possível. Investi muitas horas a fazer contas e simulações.
É a regra básica de economia. Não posso gastar mais do que ganho, ou seja, ou passo a ganhar mais ou altero as minhas despesas para serem menores, cortando o que não for essencial. Num local de guerra, alguém pensa em construir uma explanada com piscina?
Acabei de transferir 1.000,00 € para uma pessoa que estava aflita. Não vou prejudicar em nada o meu filho, mas vai-me fazer falta. O pedido era até à próxima semana mas, enviei de seguida um SMS a estender o prazo até ao próximo ordenado. Porquê? Garanto que não é por querer ser a Madre Teresa de Calcutá, é porque sei que a pessoa em causa para me pagar para a próxima semana teria de pedir emprestado a outro ou recorrer (e ela recorre) a uma dessas empresas de créditos.
Sabendo o que está do outro lado da linha, não consigo deixar de pensar como foi possível bater no fundo e não ter a cabeça suficiente para largar as grilhetas que prendem ao fundo ..... estou estarrecido.