quarta-feira, 14 de maio de 2008

Arrumar ou não Arrumar – Parte 1

Contextualizando um pouco tão filosofia frase, tudo se resume à cruel decisão de eu próprio arrumar o quarto do meu filho ou esperar que ele o arrume!

Há dois fins-de-semana atrás, tomei dei a incumbência ao João de arrumar o seu quarto que, tal como acontece com um quarto ou escritório, vai ganhando coisas que vêm da rua e nada vai saindo ..... a área ocupada cresce selvaticamente e o espaço livre vai desaparecendo aos poucos, tal qual selva amazónica.

Este sábado, depois de todo este tempo em que nada acontecia, decidi dar uma ajuda de método. Um método que lhe permitisse perceber a dura decisão do que é para arrumar, manter, dar ou deitar fora. Tiramos tudo da secretária, chão ao redor do quarto e móvel e colocámos no chão, em frente do armário ..... tudo do mais espalhado e amontoado que se pode imaginar ..... resultado, um lado do quarto vazio e o outro num caos .... yin e yang na mesma divisão ..... para uma pessoa arrumada como eu, dói de olhar!

O princípio, como todos os princípios foi fácil. Define-se qual a área de estudo e que aí só entra material referente ao estudo. Fácil ..... bem, o básico do estudo sim, mas ainda está muita coisa no chão ..... mas adiante! Depois começa-se a arrumar algumas coisas definindo áreas ..... os problemas começam a surgir ..... ao terceiro “conjunto” com destino veio o primeiro grande embate ..... se olharmos para o chão, ainda podemos perceber a existência de vários “conjuntos” e o espaço já escasseia ..... que nem sobreviventes do Titanic que se afunda e as balsas de salvamento são manifestamente poucas ..... não há espaço para todos .....

Esta constatação apareceu no sábado, ou seja, logo no primeiro dia. Desde essa altura, e já vamos na noite de quarta-feira, tudo permanece inalterado na sua posição de partida ..... estou desesperado!

Aqui entrou a grande decisão ..... arrumar por ele ou colocar pressão?

Dificilmente resistindo à opção de paizão de optar pela mais fácil, decidi optar pela pressão ..... ele tem até domingo para arrumar! O princípio que lhe dei foi, se não sabes ou não queres arrumar, e sabes que tens até domingo para o fazer, é porque não mereces o que tens! Será dado a outro que saiba dar o devido valor ..... queria acabar de dizer isto e depois sair a correr para arrumar por ele ..... não posso!

Sempre achei que ele não ia gostar de ver tudo espalhado no chão, chegando ao ponto de ter dificuldade (potenciada por mim, obviamente) de entrar e sair do quarto ..... engano meu ..... dá menos trabalho assim! Quando o questiono se ele gosta de viver no quarto daquela forma, a resposta felizmente é não, e percebo uma certa mágoa por estar assim ..... mas nada acontece e a brincadeira é sempre melhor ..... fico sem perceber se ele fica constrangido por ele se por me ver triste com a situação ..... gostava mesmo de perceber!

A minha grande dúvida é optar entre ajudar e ficar a ver, pois sei que se por um lado ele precisa de ajuda a decidir o que quer e que não quer, por outro lado sei que, se fizer isso, na realidade não o estou a incentivar a pensar e tomar decisões por ele ..... estou a transmitir que existe sempre uma muleta ...... que o pai vai lá estar sempre para o ajudar a fazer as coisas com ele ou por ele ..... a mãe infelizmente já não está .....

Há data de hoje, decidi manter alguma pressão e ver o que acontece, relembrando-o quantos dias já passaram desde o Apocalipse ...... vá lá vão cinco!

Onde traçar a linha, dado que se trata de um filhão que é um orgulho dos pais e só tem 9 anos? A semana passada vi numa livraria um livro cujo título era “Deixar as crianças ser crianças” ..... apesar de não ter lido o âmbito deste título, fez-me equacionar uma vez mais até que ponto não exijo demais do meu filhão ..... o que me leva à minha grande dúvida filosófica, “Arrumar ou não Arrumar!

È difícil não saber a atitude correcta a tomar ..... Arrumo com ele ou deixo-o enfrentar essa tarefa sozinho ..... entenda-se que sozinho não é abandonado. É ir incentivando e acarinhando ..... mas algo que ele sabe que tem de o fazer.

Quanto mais escrevo e releio mais confusão me faz ele conseguir deixar o quarto naquele caos ..... e mais me capacito que ele tem de ser responsável em manter o seu espaço arrumado ..... e que tem de ter brio nas suas coisas ..... mas é o meu filhão ..... Arrumar ou não Arrumar?