sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O outro lado da mesa

Uma mesa é um objecto que pode ter várias utilizações. Desde o permitir que se coloquem pratos na mesa servindo para refeições, passando pelas mesas de estudo das escolas, enfim, são várias as suas funções e utilidades.

Existem várias técnicas negociais que estão estudadas e comprovadas no posicionamento dos intervenientes "à mesa das negociações”. Desde o sentar lado a lado numa atitude de parceria, até ao posicionamento em lados opostos por conveniência ou forma de distanciamento. Existem mesmo técnicas e atitudes distintas no número de participantes que se colocam do lado do cliente para pressionar o fornecedor. Enfim, a lista é vasta.

Seja qual for a posição ou atitude, e se pensarmos numa negociação, existem “sempre” dois lados, em que um acha que o produto ou serviço é caro e do outro lado acha que é barato. São muitas vezes posições antagónicas. Negociáveis se ambas as partes o quiserem, mas quase sempre diferentes.

Na política também é assim. E é igual para todos.

Enquanto o PSD era governo, o PS acusava-os de manipular a comunicação social e as notícias, numa atitude de propaganda. Estavam num dos lados da mesa. O PSD dizia que era manobra política do PS. Estava do outro lado da mesa. Nas últimas eleições, o PS e o PSD trocaram de lado, transitando uns para a oposição e os outros promovidos a governo. Os intervenientes trocaram mas os “lados” ficaram onde estavam. O PSD passou a acusar o governo de manipulação e instrumentalização da comunicação social e o PS a devolver as frases que estava habituado a ouvir de manobras de propaganda sem fundamento.

Por exemplo, imagine-se que o Sócrates foi acusado recentemente de ter telefonado de forma intimidadora a um jornalista, depois deste publicar uma peça menos abonatória ..... acreditam que é verdade ou mentira? ..... honestamente acha que qualquer uma delas é bem plausível .....

Nada de novo. A mesa é a mesma e o discurso é o mesmo, apenas os intervenientes trocam de lugares. A visão que têm é a mesma.

Hoje a MFL inovou. Temos de concordar que para quem não abria muito a boca, a tirada foi fantástica. Devia ser criada uma entidade (que obviamente não seria nem instrumentalizada nem alvo de pressão partidária ..... obviamente) e, espante-se, seria esta entidade a definir as notícias, o tempo dispendido em cada peça e o posicionamento dessas mesmas notícias ..... e este discurso não foi proferido no Hosp. Júlio de Matos! ..... só faltou dizer que era a bem da economia porque se acabava com a direcção editorial, já para não falar na livre opinião e gestão de empresas, que por acaso são da área da comunicação social ..... acreditam?

Tenho a certeza que dada a sua seriedade, seria uma estrutura isenta e longe do governo ..... para além de extremamente estúpida, na minha opinião, o que aconteceria quando ela mudasse de posição na mesa?