quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fora de horas

Á hora que escrevo este texto estou sentado no bar de um hotel de 4 estrelas no norte. É tarde e tal como em outras noites como esta, não tenho sono e sinto necessidade de escrever. É o meu bálsamo e a muleta do meu desequilíbrio.

O engraçado deste texto é que me imagino na pele daqueles escritores eruditos, observando do seu canto invisível o movimento que a esta hora este local possui. Se fosse o hotel em frente seria parecido ..... isso não é relevante ..... é apenas assim ..... é este hotel ..... estou aqui ..... observo ..... escrevo.

A entrada do hotel mergulha numa tranquilidade imensa, apenas rasgada por ocasionais sons de fugazes passos. Almas errantes de saída para algo fazerem, ou então apenas almas que algo fizeram e agora anseiam por um justo descanso. No bar, os empregados aguardam que o animado grupo decida alegrar outras paragens. No restaurante, agora fechado, um jovem casal discutia as agruras dos deveres profissionais, trocando ideias ou meros lamentos entre a constatação do obvio e a procura de apoio ou justificação do outro lado da mesa. Talvez apenas uma palavra ..... como às vezes esperamos apenas uma simples palavra. Na outra ponta da sala, como parece ser algo normal nestes hotéis, uma bela jovem aguardava sozinha por algo ou alguém ..... hoje não parece ter sorte ..... há dias (ou noites) assim.

A música que há não muito tempo era calma e convidativa, agora é insinuante ...... desapareçam que queremos fechar! A música invade e perturba a minha tranquilidade ..... torna-se num vento que abana a minha pena ..... mas estoicamente resisto ..... continuo a divagar e a observar ..... perdido ..... inebriado ..... ausente ..... e fica uma mensagem suspensa no éter da nossa geração ..... “espero-te

Na internet oiço e volto a ouvir a música “Vida em câmara lenta” que encontrei enquanto procurava algo que nem eu sei que procurava .....