Várias são as empresas que apregoam a sua responsabilidade social como parte dos seus valores. Não só é socialmente correcto como fica muito bem em termos de marketing e nos relatórios de contas que por esta altura do ano são apresentados.
Mas responsabilidade social é mais do que dar dinheiro a instituições sociais ou obras. É mais do que reduzir custos em prol de poupar árvores ou outros recursos. Responsabilidade social é também desenvolver acções que levem as pessoas a envolver-se mais e passarem das palavras ás acções concretas.
Na passada sexta-feira a minha empresa juntou cerca de 80 altos quadros no que parecia ser um outdoor no Jamor. Tudo apontava para isso. No local estavam 2 camionetas nas quais entrámos para um destino incerto. Foi uma viagem curta até Benfica, onde entrámos na Casa do Lago.
Quando a CPCJP (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo) identifica situações de risco ao ponto de ter de retirar as crianças às suas “famílias”, elas são imediatamente encaminhadas para uma casa de acolhimento temporário, onde deveriam permanecer não mais de 48 horas, em trânsito para a instituição que melhor esteja preparada para lidar com o seu caso. Não mais de 48 horas. Dentro destas várias casas de acolhimento, cada uma está melhor vocacionada para lidar com determinada faixa etária, sexo e a razão que levou à intervenção dos assistentes sociais. A Casa do Lago destina-se a rapazes entre os 14 e os 18 anos e com os casos sociais mais graves, sendo os seus profissionais reconhecidos como pertencendo aos melhores profissionais da área. Alguns permanecem lá anos.
O cenário com que nos deparámos foi uma casa antiga, de aspecto gasto a quem os anos não foram simpáticos. Ao redor da casa, um jardim em que a vegetação permitia não ver ou perceber bem o que lá tinha. Á chegada, uma tenda para onde nos dirigimos e onde recebemos uma t-shrit com uma frase indiciadora da missão que nos aguardava – “Por uma causa”.
Foi-nos explicado o que era a Casa do Lago e as principais dificuldades e angústias dos seus habitantes e dos profissionais que lá trabalhavam. Seguidamente explicaram-nos o que era esperado de nós – ajudar a transformar aquele espaço físico algo degradado num local mais acolhedor. No fundo, dar expressão física à humanidade que os profissionais colocavam no dia-a-dia daqueles jovens.
Fomos separados em 5 equipas, cada uma com uma tarefa a realizar ao longo do dia:
- Exterior – Limpar o jardim e transformar um barracão abandonado num ginásio, criando no exterior uma pequena área de actividades físicas para permitir gastar as energias “a mais”. Para além do referido, esta equipa plantou árvores, colocou bancos e fez caminhos com areia apropriada;
- Refeitório – Era um espaço frio em azulejos, que foi pintado e forrado a madeira, sendo colocados quadros e cortinados novos;
- Sala de Estar – O espaço de convívio estava também muito degradado, tendo sido pintado e arranjado, ganhando uma nova disposição e motivos de interesse;
- Quartos – Um longo corredor que albergava 15 quartos de aspecto similar ao resto da casa e onde a pintura amarela parecia mais um branco sujo. Foram totalmente pintados, com uma parede de cor diferente das restantes três, ganhando um kit novo composto por cortinados, tapetes, colcha e candeeiros. O corredor e as ombreiras das portas foram também pintadas.
- Equipa de Produção – Tinha como missão manter o animo, conduzir entrevistas, assegurar águas e viveres a quem necessitasse e ainda preparar a festa de recepção dos jovens.
O ânimo, entrega e dedicação de todos foi tal que rapidamente a equipa de produção ficou reduzida a 2 pessoas. Os restantes elementos juntaram-se à equipa de exteriores. Pessoas que se tratam no dia-a-dia por você estavam tão empenhadas que, no fervor da entrega, o “você” muitas vezes era substituído pelo “tu”. Pessoas que em casa nada fazem pois têm empregados, pintaram, lavaram chão e janelas, jardinaram, martelaram, etc ..... todos com apenas um objectivo ..... ter tudo pronto a tempo e horas.
De referir que para além de nós, estavam também presentes a empresa de eventos de recursos humanos e dois técnicos contratados (os nossos especialistas). A missão social e o emprenho de todos foi tal que, rapidamente estas pessoas para além da função para a qual foram contratados se juntaram à força de trabalho e passaram a ser mais alguns braços a trabalhar. Todos deram o seu melhor ..... todos!
No final do dia, com alguma vergonha à mistura, os “donos” da casa foram-se juntando do lado de fora. Para além dos actuais, os responsáveis convidaram também antigos casos de sucesso, o que nos permitiu assistir ao carinho com que foram brindados pelos técnicos e o sentimento com que retribuíram esse afecto. Foi em conjunto que entraram no seu espaço e foram recebidos por uma comitiva que lhes explicou o porquê do aparato e o que tínhamos feito para eles.
Na comitiva de recepção estava também o antigo capitão do Benfica e referência da nossa selecção Veloso que, num espírito altruísta de realçar, não só se juntou ao evento e acompanhou os jovens, como ainda lhes ofereceu bilhetes para o Benfica-Marítimo.
Ver aqueles jovens com histórias de vida muito complicadas a visitar o seu espaço com um sorriso de orelha-a-orelha, maravilhados pela transformação visionada é uma imagem que nenhum de nós vai esquecer tão brevemente. Para além de sorrisos houve vários abraços de genuína felicidade. A parte mais emotiva foi indiscutivelmente a visita aos quartos, espaço onde no final do dia eles acabam por ficar sozinhos na percepção da sua dura realidade ..... longe da “família” ..... longe do futuro ..... no momento mais difícil de quem sofre ..... houve lágrimas e choro ..... tanto deles como nosso ..... uma imagem vale mais que 1000 palavras .....
E depois de um pequeno lanche e palavras de agradecimento diversas, cerca de oitenta pessoas voltaram cansadas e doridas para o autocarro de volta ao seu ambiente e a uma realidade bem diferente, mas com um sentido de realização muito grande. Conscientes que deixamos uma realidade diferente do que tínhamos encontrado. Um lugar mais acolhedor e humano.
Isto também é Responsabilidade Social ..... e posta em prática.
Mas responsabilidade social é mais do que dar dinheiro a instituições sociais ou obras. É mais do que reduzir custos em prol de poupar árvores ou outros recursos. Responsabilidade social é também desenvolver acções que levem as pessoas a envolver-se mais e passarem das palavras ás acções concretas.
Na passada sexta-feira a minha empresa juntou cerca de 80 altos quadros no que parecia ser um outdoor no Jamor. Tudo apontava para isso. No local estavam 2 camionetas nas quais entrámos para um destino incerto. Foi uma viagem curta até Benfica, onde entrámos na Casa do Lago.
Quando a CPCJP (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo) identifica situações de risco ao ponto de ter de retirar as crianças às suas “famílias”, elas são imediatamente encaminhadas para uma casa de acolhimento temporário, onde deveriam permanecer não mais de 48 horas, em trânsito para a instituição que melhor esteja preparada para lidar com o seu caso. Não mais de 48 horas. Dentro destas várias casas de acolhimento, cada uma está melhor vocacionada para lidar com determinada faixa etária, sexo e a razão que levou à intervenção dos assistentes sociais. A Casa do Lago destina-se a rapazes entre os 14 e os 18 anos e com os casos sociais mais graves, sendo os seus profissionais reconhecidos como pertencendo aos melhores profissionais da área. Alguns permanecem lá anos.
O cenário com que nos deparámos foi uma casa antiga, de aspecto gasto a quem os anos não foram simpáticos. Ao redor da casa, um jardim em que a vegetação permitia não ver ou perceber bem o que lá tinha. Á chegada, uma tenda para onde nos dirigimos e onde recebemos uma t-shrit com uma frase indiciadora da missão que nos aguardava – “Por uma causa”.
Foi-nos explicado o que era a Casa do Lago e as principais dificuldades e angústias dos seus habitantes e dos profissionais que lá trabalhavam. Seguidamente explicaram-nos o que era esperado de nós – ajudar a transformar aquele espaço físico algo degradado num local mais acolhedor. No fundo, dar expressão física à humanidade que os profissionais colocavam no dia-a-dia daqueles jovens.
Fomos separados em 5 equipas, cada uma com uma tarefa a realizar ao longo do dia:
- Exterior – Limpar o jardim e transformar um barracão abandonado num ginásio, criando no exterior uma pequena área de actividades físicas para permitir gastar as energias “a mais”. Para além do referido, esta equipa plantou árvores, colocou bancos e fez caminhos com areia apropriada;
- Refeitório – Era um espaço frio em azulejos, que foi pintado e forrado a madeira, sendo colocados quadros e cortinados novos;
- Sala de Estar – O espaço de convívio estava também muito degradado, tendo sido pintado e arranjado, ganhando uma nova disposição e motivos de interesse;
- Quartos – Um longo corredor que albergava 15 quartos de aspecto similar ao resto da casa e onde a pintura amarela parecia mais um branco sujo. Foram totalmente pintados, com uma parede de cor diferente das restantes três, ganhando um kit novo composto por cortinados, tapetes, colcha e candeeiros. O corredor e as ombreiras das portas foram também pintadas.
- Equipa de Produção – Tinha como missão manter o animo, conduzir entrevistas, assegurar águas e viveres a quem necessitasse e ainda preparar a festa de recepção dos jovens.
O ânimo, entrega e dedicação de todos foi tal que rapidamente a equipa de produção ficou reduzida a 2 pessoas. Os restantes elementos juntaram-se à equipa de exteriores. Pessoas que se tratam no dia-a-dia por você estavam tão empenhadas que, no fervor da entrega, o “você” muitas vezes era substituído pelo “tu”. Pessoas que em casa nada fazem pois têm empregados, pintaram, lavaram chão e janelas, jardinaram, martelaram, etc ..... todos com apenas um objectivo ..... ter tudo pronto a tempo e horas.
De referir que para além de nós, estavam também presentes a empresa de eventos de recursos humanos e dois técnicos contratados (os nossos especialistas). A missão social e o emprenho de todos foi tal que, rapidamente estas pessoas para além da função para a qual foram contratados se juntaram à força de trabalho e passaram a ser mais alguns braços a trabalhar. Todos deram o seu melhor ..... todos!
No final do dia, com alguma vergonha à mistura, os “donos” da casa foram-se juntando do lado de fora. Para além dos actuais, os responsáveis convidaram também antigos casos de sucesso, o que nos permitiu assistir ao carinho com que foram brindados pelos técnicos e o sentimento com que retribuíram esse afecto. Foi em conjunto que entraram no seu espaço e foram recebidos por uma comitiva que lhes explicou o porquê do aparato e o que tínhamos feito para eles.
Na comitiva de recepção estava também o antigo capitão do Benfica e referência da nossa selecção Veloso que, num espírito altruísta de realçar, não só se juntou ao evento e acompanhou os jovens, como ainda lhes ofereceu bilhetes para o Benfica-Marítimo.
Ver aqueles jovens com histórias de vida muito complicadas a visitar o seu espaço com um sorriso de orelha-a-orelha, maravilhados pela transformação visionada é uma imagem que nenhum de nós vai esquecer tão brevemente. Para além de sorrisos houve vários abraços de genuína felicidade. A parte mais emotiva foi indiscutivelmente a visita aos quartos, espaço onde no final do dia eles acabam por ficar sozinhos na percepção da sua dura realidade ..... longe da “família” ..... longe do futuro ..... no momento mais difícil de quem sofre ..... houve lágrimas e choro ..... tanto deles como nosso ..... uma imagem vale mais que 1000 palavras .....
E depois de um pequeno lanche e palavras de agradecimento diversas, cerca de oitenta pessoas voltaram cansadas e doridas para o autocarro de volta ao seu ambiente e a uma realidade bem diferente, mas com um sentido de realização muito grande. Conscientes que deixamos uma realidade diferente do que tínhamos encontrado. Um lugar mais acolhedor e humano.
Isto também é Responsabilidade Social ..... e posta em prática.