segunda-feira, 2 de março de 2009

Brincadeiras do meu tempo

Á medida que os tempos vão evoluindo, também as próprias brincadeiras das crianças se vão modificando. As brincadeiras dos nossos filhos nada têm a ver com as nossas, tal como as nossas nada tiveram a ver com as dos nossos pais. São diferentes. O mundo está diferente.

No tempo dos meus pais, para se poder jogar à bola era preciso construir uma com meias, o que nem sempre era possível. No meu tempo, quem tinha uma bola era quase um rei e mandava no jogo e na forma como jogavamos. O Filhão tem um cesto cheio de bolas de futebol (mais de dez!).

O Filhão andava já há dias por vários motivos a solicitar mais atenção e brincadeiras conjuntas, não se contentando apenas com o visionamento de filmes e televisão em conjunto. Como o tempo ainda não permite passeios de bicicleta ou outras actividades ao ar livre, andava a pensar no que poderiamos fazer de diferente e ontem, finalmente conseguimos fazer algo.

Como fomos visitar as obras de construção dos meus cunhados, ao olhar para todos os materiais que existem sempre nas obras, lembrei-me de uma brincadeira que faziamos no inverno. Pegavamos em pequenos ferros e desenhavamos no chão de terra mole um grande circulo que representava o mundo. Um jogador de cada vez atira o ferro para dentro do circulo, juntando os pontos de embate por meio de uma linha até formar pequenas porções de terra fechadas. Para que a jogada seja válida, o ferro tem de ficar espetado na terra e a uma distância inferior a um palmo da anterior. Caso estas condições não se verifiquem, o jogador perde a jogada em curso, mantendo apenas os terrenos já “fechados”. No fim, ganha quem tiver mais terreno conquistado. Na prática, esta era uma evolução do jogo do prego do tempo dos meus pais. Este foi o jogo que desafiei o filhão a jogar.

Após lhe explicar as regras e lhe mostrar como se fazia, passamos cerca de duas horas de grande camaradagem e divertimento, atirando um simples pedaço de ferro ao chão e a conquistar terreno um ao outro, aproveitando para brincar pelo meio das jogadas, e rindo-nos um do outro. Durante essas duas horas voltei aos meus tempos de criança, mas com o bónus de levar comigo o meu grande amigão, ou seja, o meu filhão. Foi uma maravilha e, tal qual crianças, ainda tivemos de fugir por breves instantes da chuva e tudo. Uma tarde diferente.

Apesar de ser uma criança do tempo das PlayStations, a sua adaptação ao jogo foi rápida e, como qualquer criança, no final já me ensinava e discutia novas regras e a sua grande experiência. Estava tão divertido com a simplicidade e divertimento do jogo que me fez lembrar as crianças que recebem brinquedos (caros ou baratos) mas que se divertem mais com a caixa onde eles vêm. E no fim ainda ouvi aquela frase bem demonstrativa de quem gostou .....”Quando é que voltamos a jogar outra vez?”