terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ética no desporto

Sendo a ética um tema em voga, que pode significar tudo e nada, a chamada de Brasileiros à selecção nacional de futebol faz-me meditar sobre o assunto.

Houve um jogador que a propósito da entrada do primeiro Brasileiro colocou a questão no seu enquadramento correcto – algo do género “Cantar o hino e sentir o hino nacional são coisas diferentes”. Concordo.

A selecção nacional tem uma palavra que a distingue inequivocamente de um clube – “Nacional”. A ânsia de vencer a qualquer preço está a colocar lá jogadores que só o fazem porque não têm lugar na sua selecção, e sabem que estas são um trampolim para grandes clubes e ordenados ainda mais milionários. Não se confunda mercantilismo com nacionalismo.

Recentemente o Benfica entrou em campo sem um único Português. Longe vão os tempos em que metade da nossa selecção provinha desta equipa. Se os nossos clubes não apostam mais em jogadores Portugueses, então iremos acabar com uma selecção nacional sem Portugueses. Causa-efeito.

Mas se não há jogadores nacionais na selecção, então a vitória não pode ser vista como uma vitória de um povo. Para os que por esta altura valorizam a vitória a qualquer preço, e que pensam em outras modalidades que não o futebol cheias de estrangeiros, o texto aplica-se ipsis verbis. Não altero uma virgula que seja.

A ética é também ser fiel aos princípios. Não é por estarmos a cumprir regras ou regulamentos, que por acaso até foram sendo sucessivamente alterados à medida das conveniências, que estamos a ser eticamente correctos. Que estamos a ser verdadeiros com nós próprios enquanto povo e nação. Estamos tão somente a ser cumpridores.

A vitória a qualquer custo não é vitoria, é somente um ganho para figurar nas estatísticas.