quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Zangam-se as comadres

Uma particularidade engraçada que a política portuguesa tem é a sazonalidade de alguns temas ..... obviamente pura coincidência. Também por pura coincidência, quando aparece um escândalo grande que afecta figuras de um determinado partido, aparece em paralelo outro escândalo para que outros não possam tirar muito partido politico desse facto.

Se olharmos para as páginas dos jornais e alguns blogs, constatamos que a quantidade de notícias que aparecem sobre o Freeport (Sócrates), o BPN (Dias Loureiro) e agora Braga (Mesquita Machado), em muito suplantam as noticias sobre a crise vigente. E quanto mais se aprofunda um determinado processo, mais aparecem documentos sobre outros, alguns mesmo que ainda não tinham sido noticia.

Em relação ao processo de Dias Loureiro, fui muito céptico em relação ao inquérito parlamentar que está a decorrer, uma vez que a responsabilidade política que o mesmo pode apurar não tem qualquer consequência efectiva. O máximo que pode vir a dizer é “até foste um bom menino” ou “o menino portou-se mal”. Mas efectivamente estava errado, uma vez que o mediatismo do caso, atiçado pela informação privilegiada que alguns conseguem obter e passar para a comunicação social, fará com que o adormecimento que está a ser imposto à nossa justiça, que como é a nossa até não necessitava, faça com que as provas não desapareçam na sua totalidade, como parece ter acontecido com o processo Casa Pia.

Coincidência ou não, a velocidade com que figuras como o Dias Loureiro, Mário Louro (chefe da Divisão do Planeamento Urbanístico na Câmara de Braga) e similares enriquecem é notável. Se em Portugal houvesse um globo para a economia, seriam claramente candidatos. Gostava de uma forma honesta ter a capacidade que estes têm de gerar um património tão significativo em poucos anos. Gostava mesmo.

E a memória selectiva para alguns eventos é tão conveniente. É caso para não esquecer o ditado ..... zangam-se as comadres .....