sábado, 31 de janeiro de 2009

Discurso de alcoviteira

Por norma gosto de atitudes positivas e dizer bem do que é nacional, sem com isso hipotecar o meu sentido crítico, porém, momentos há que isso se torna impossível.

Ontem enquanto esperava pelo jantar em casa do meu sogro, aproveitei para ouvir as notícias e houve duas peças completamente antagónicas em termos de atitude que me marcaram substancialmente.

Pela positiva, vi um presidente americano a insurgir-se sobre os prémios obscenos de Wall Street, (quase) epicentro da crise actual. Pode não ter qualquer capacidade de interferência, mas é a voz do presidente. A juntar a isso, e dentro da sua esfera de intervenção, dando outro sinal claro aos primeiros, a informação de que tinha anulado o gasto de milhões de dólares na compra de um avião a uma companhia à qual estava a ser prestado apoio financeiro. Determinação, moralidade e bom senso.

Pela negativa, vi um discurso de alcoviteira do diz que disse. Ao contrário da assertividade anterior, a pessoa em causa falou em algo parecido com “têm me vindo a dizer ...”. O triste desta história é que essa figura não era o presidente americano ..... era o nosso! Como é possível a figura máxima de um estado de direito prestar-se a um papel destes.

Para juntar ao ramalhete, a postura de chacota sobre a lei do divórcio. Apenas 12 dias depois da sua entrada em vigor, ele tem já dados concretos que os novos pobres que surgiram foram por causa desse facto. Impressionante.

Pessoalmente até o considerava um bom presidente até ao momento que a MFL foi eleita presidente do PSD. Depois desse momento, e cada vez mais mal assessorado, tem vindo a falar demais, a escolher mal o timming e o local dos seus discursos, utilizar métodos disparatados, como o “garganta funda” e, no que seria o seu ponto mais forte, a componente económica, a não proferir nenhum discurso.

Espero que dois factos se conjuguem. Por um lado, que ele tenha visto a intervenção do Obama e, por outro lado, que o Contra-Informação faça uma sátira sobre a sua postura.

Eu explico este último ponto. No tempo do seu antecessor, o Jorge Sampaio, ele fazia uns discursos imperceptíveis, cheios de palavras difíceis que tinha de certeza ir ler o seu significado ao dicionário, ou seja, acho que nem ele percebia os seus discursos. O Contra-Informação começou a brincar sistematicamente com isso e, revendo-se naquelas peças, apesar do próprio o ter publicamente negado, começou a ter um discurso mais simples e perceptível. Espero que façam o mesmo ao Cavaco Silva, que eu acredito ter potencialidades para muito mais que esta recente postura de alcoviteira.