quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quando a culpa é sempre dos outros

Quando as coisas correm bem, nunca falta quem queira recolher os louros, porém, quando os resultados são o inverso, poucos são os que têm a capacidade de reconhecer os seus erros, e desses, não será a totalidade que é capaz de assumir a sua culpa no resultado constatado. Muitos sabem que têm uma responsabilidade individual ou colectiva, porém, também os há que não querem ou não conseguem chegar ás constatações mais obvias ..... pelo menos o que é obvio para todos que não o próprio.

Se estivesse a falar dos recentes casos políticos ou financeiros, este texto assentava como uma luva na nossa actualidade mas, por acaso até nem o estou. E se estivesse, que volto a frisar, não estou, é que assentava mesmo que nem uma luva. Isto é mesmo giro!

Continuando .....

Uma das razões que a meu ver as pessoas fogem um pouco dos psiquiatras ou psicólogos, e a Patricia que me desculpe, é que estes têm a tendência de nos casos de inaptidão pessoal, de culpabilizar o pai, a mãe, os dois, os irmãos, o canário ou o piriquito da vizinha. De várias pessoas com alguns problemas com que falei e que recorreram a estes médicos, estas constatações são quase sempre o resultado das primeiras conversas. É um padrão. E a responsabilidade do próprio?

É uma verdade indiscutível que os pais têm um papel fundamental nas nossas bases e desenvolvimento, porém, quando começamos a pensar, ou como se diz na gíria, começamos a ser “gente”, é sobre nós que recai toda a responsabilidade do que somos ou seremos. Não é preciso ser arquitecto para saber que as bases são fundamentais, porém, somos sempre nós que construímos o que somos ou seremos. Várias são as facilidades ou condicionantes com que nos deparamos ao longo da nossa vida, mas a nossa atitude é preponderante no resultado final.

Tudo o que aprendemos e apreendemos na nossa célula familiar é fundamental ao que seremos, mas volto a frisar o que é a minha opinião. O que seremos dependerá sempre do que quisermos ser.

Enquanto pai, digo muitas vezes ao filhão que sei que farei algumas asneiras ..... poucas espero ..... mas ele terá de fazer o mesmo que eu fiz, ou seja, aprender e melhorar o que considerar os bons exemplos e não repetir os que considerar maus ou inapropriados. O melhor que eu e a Ana podemos fazer enquanto pais é dar-lhe amor e carinho, bases, valores, exemplo e proporcionar os melhores estudos possíveis ..... o resto será sempre com ele. Foi isso que eu e a Ana sempre tentámos fazer. E como temos orgulho na pessoa que o filhão se tem vindo a transformar!

A vida quase nunca é como esperamos e, como descobri da pior forma, nem sempre os nossos sonhos de vida se concretizam ..... dói muito, mas é um facto ..... porém, a vida é o que é.

Infelizmente tenho presenciado de perto o que é culpar todos menos o próprio do insucesso da vida. É triste e faz pena pela pessoa, pelos filhos que sofrem as consequências (e esses não têm mesmo culpa), os pais ou outros entes queridos que acabam sempre por ser os culpados aos olhos de quem não vê o que é mais que obvio ..... é tão fácil quando a pessoa pode por as culpas nos outros ..... é tão difícil reconhecer a sua culpa ..... como é mais fácil ficar a lamentar-se que tomar uma atitude .....

Como dói ver as pessoas à volta a tentarem dar o seu melhor para ajudar, e levarem “coices” a torto e a direito ..... e quando sabemos, e essas pessoas claramente sabem, que estes podem cometer erros ou omissões mas não o fazem de propósito ou por mal ..... é um cenário terrivelmente dantesco .....

Num inquérito recente feito aos condutores Portugueses, 60% considera que os outros são maus condutores. Por coincidência das coincidências, o universo da análise pode ter apanhado apenas os 40% que sabem conduzir ..... pode ter acontecido ..... mas o mais provável é os nossos condutores partilhem desta ideia de que a culpa é sempre dos outros. É tão mais fácil .....

Por a mão na consciência nem sempre é fácil, mas eventualmente terá de acontecer .....