sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Correr por gosto

Diz o ditado que “quem corre por gosto, não cansa”. Obviamente que isso não pode ser levado à letra, mas o espírito embebido nesta frase é muito verdadeiro.

Quando fazemos algo por gosto, o empenho e o animo que colocamos é imensamente superior a uma situação normal. O cansaço não afecta tanto, as horas passadas à secretária parecem minutos, os kms parecem metros e por aí fora. Seja no trabalho ou na nossa vida pessoal.

A necessidade pode fazer-nos ir para além do normal, mas o esforço com que isso acontece pode ser incomportável. Esse esforço acaba sempre por ser pago de alguma forma, ou seja, basicamente o inverso de quando é feito por gosto.

Os conceitos de tempo, espaço e esforço tornam-se relativos quando deixam de ser relevantes. Quando as coisas valem a pena, ou pelo menos assim o entendemos, superamos os nossos limites. É quando efectivamente retiramos prazer da nossa vivência ..... do nosso dia-a-dia ..... da nossa actividade profissional ..... de estarmos vivos.

domingo, 22 de novembro de 2009

A isenção da independência

A melhor sensação que existe é sabermos que o que fazemos é porque o quereremos. Que podemos nos dar ao luxo de tomar as atitudes que achamos mais correctas, sem que as consequências nos afectem.

Quando existem laços fortes de dependência, presente ou futura, os nossos actos e acções estão sempre condicionadas. O facto de dependermos do nosso ordenado, irá sempre condicionar a liberdade de decisões, opiniões ou posturas. A dependência dos pais condiciona a relação. A expectativa de uma posição condiciona as opiniões.

Até a um passado recente de semanas, o Marcelo Rebelo de Sousa podia dar-se ao luxo de contestar a Manuela Ferreira Leite a seu belo prazer. Podia chamar-lhe o que quisesse ou insinuar com factos ou opiniões as suas más escolhas. Como em nada dependia do partido, excepto a relação ideológica, opinava livre e fortemente. Tinha opiniões isentas. Hoje não. Perdeu e perdeu-se.

O facto de poder vir a ser um candidato à liderança do PSD, tipo tens 20% de hipóteses de ter 50/50 de hipóteses, amordaçou o seu sentido critico. Já não se pode dar ao luxo de afrontar claramente o partido em criticas à Manuela Ferreira Leite, com o risco de perder apoios necessários no momento de uma possível votação a líder. Os seus comentários sobre o PSD deixaram de ser isentos.

Ter uma dependência é isto mesmo, é voluntária ou involuntariamente condicionador de uma opinião distante e isenta. Em casa, no trabalho, na política ou na vida.

Há tempos dizia a alguém que adorava poder ser honesto em alguns temas. Como fazia e faço as coisas por prazer e não com objectivos menos claros ou segundas intenções, tenho a isenção suficiente para ser honesto. É muito bom ser suficientemente isento para se dizer ou fazer o que se quer ou pensa.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Fraquinhos

Tal como vários, também eu tenho sido muito critico sobre a nossa justiça, especialmente com a nossa magistratura. De mãos dadas pela negativa, perfeitamente equiparada na mediocridade, está grande parte do nosso jornalismo, se é que se pode chamar jornalismo.

Depois de vários bons exemplos de histórias e julgamentos que apenas se têm realizado por insistência dos jornais, ultimamente temos assistido ao descalabro. É o assassinar de todo um historial. É o jornalismo ao serviço não da sua missão de informar o público, mas sim os grupos económicos que os sustentam.

O convencional segredo de justiça não só não é mais respeitado, como é claramente cilindrado. O princípio da inocência é desfeito e dilacerado pela necessidade de notícias para vender. Os interesses encobertos tornam-se evidentes. Os possíveis inocentes são julgados em praça pública. Tal como fazia a Manuela Moura Guedes, e que todos correctamente contestavam, os jornalistas de hoje opinam e tiram conclusões. Para além do velho prontuário, os nossos jornalistas hoje em dia devem ter o compêndio das obras de Conan Doyle ao lado.

No caso do Armando Vara, foi confrangedor ver que depois de todas as notícias e interpretações, afinal não existem as escutas onde ele pedia os 10.000,00 € ..... apenas uma sequência suspeita de escutas e eventos. Mas o que apareceu nos jornais era colocado como certezas. Em momento algum, até hoje, a história foi contada como sequência de eventos suspeitos ..... as acusações eram directas. Eram ..... hoje ficamos a saber que nada efectivamente existia substanciado.

Os nossos magistrados são fraquinhos, é um facto, mas os jornalistas que os acompanham estão claramente ao mesmo nível ..... fraquinhos.

Efeito Pavlov

O nosso parlamento continua como sempre me lembro de o ver ..... uma autêntica feira das vaidades. Quem está no governo considera que tem as melhores ideias e quem está na oposição pensa exactamente o inverso.

Esta questão sobre a avaliação dos professores é bem sintomático. Assim que o PSD e o PS chegaram a um tipo de acordo, toda a oposição se juntou para dizer mal, raiando quase o insulto. Porque será que cada partido acha que é o detentor da solução? O único detentor da solução?

domingo, 15 de novembro de 2009

Segredo de justiça

Ultimamente juntar a palavra “segredo” e “justiça” parece algo tão estranho como azeite e vinagre. Se o visado é detentor de um cargo público ou é uma figura pública, é mais que certo que parte das conversas apareça nalgum ponto da comunicação social. O onde depende apenas do partido visado.

Cada vez que estes episódios acontecem, o que se discute é a legalidade ou não das escutas. Quem é visado, sente-se sempre invadido na sua privacidade, mas uma investigação é isso mesmo. Nesse aspecto a única diferença para as restantes provas é que são mais difíceis de desmentir.

Sobre o manto do direito de informação, vários jornalistas tanto sérios quanto os outros publicam as notícias como querem. Várias são as vezes que mais tarde se percebe que a frase está ou descontextualizada ou incompleta. Mas o estrago inicial e a difamação fica. Estou para ver algumas dessas fontes serem descobertas. Nunca se vai por esse caminho, pois existe o interesse da sua existência.

Sou partidário do segredo de justiça pois só assim se protegem os inocentes. Infelizmente porque a nossa justiça não é nem cega nem imparcial, os não inocentes também saem beneficiados. É o preço a pagar.

Uma vez que a violência doméstica é crime, será que Portugal não está em risco de ser preso por maus tratos à justiça?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A importância da referenciação

Por várias vezes tenho dito e escrito que na vida o importante é ter saúde e amigos. E quando digo amigos, falo dos verdadeiros, não dos que orbitam á volta de dinheiro, sucesso ou interesses.

O caso do Armando Vara é um bom exemplo disso. Não querendo menosprezar as suas capacidades empresariais e de gestão que desconheço, a verdade é que saltou na era rosa de um partido para a administração de grandes empresas com vencimentos a condizer. Não creio que tenham sido os seus comprovados méritos a proporcionar-lhe tamanha epopeia. Um telefonema da pessoa ou pessoas certas fazem maravilhas. O problema foi que ele próprio se pôs a fazer telefonemas ..... quando estava a ser escutado ..... faltou um aviso do ministro da administração pública. Não deve ser amigo de casa.

Todos nós utilizamos a referenciação. Se queremos um bom restaurante que ainda não conhecemos o que fazemos? ..... perguntamos a um amigo que conhece vários ..... quantas pessoas vão à lista telefónica pesquisar e arriscar no desconhecido?

Por detrás de mim encontra-se o presidente de uma empresa ou delegação, o cargo em si não consegui perceber bem, mas é um deles e não é relevante para o texto. Ele estava a fazer um telefonema para um amigo: “... olha, a ..... está à procura de um director geral para uma das empresas algures na Europa e eu recomendei-te. Podes falar com os nossos RH?” Tão simples como isso. Eles até podem ter 500 candidaturas espontâneas, mas vão entrevistar apenas algumas pessoas recomendadas.

Há pouco tempo falei sobre a importância da auto-venda como um dos factores de sucesso ..... hoje é a importância da referenciação para chegar mais longe ..... como se diz nos anúncios que por aí circulam na net ..... podia conseguir o mesmo sem estas ajudas? ..... podia, mas não era a mesma coisa! ..... ou talvez não fosse de todo possível sem esta referenciação. Este amigo que o diga!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Nulidade das escutas

Invariavelmente todas as escutas de processos envolvendo caras conhecidas ou com poder e influência acabam sempre da mesma forma ..... é declarada a sua nulidade. Começo a desconfiar que nos cursos de direito existe uma série de cadeiras sobre como branquear situações.

Esta situação já é recorrente à anos. Acontece várias vezes em vários processos. A lei continua inalterada neste ponto. Ninguém propõe alterações. Continuo a achar que o problema não é nos nossos criminosos ..... o problema está na incompetência dos nossos magistrados e investigadores judiciais.

Neste momento apenas encontro uma utilidade nas escutas ..... material para os jornais usarem e o público ficar a saber o que o tribunal irá esconder. O risco é as escutas irem parar a uma das facções jornalísticas dos envolvidos, acabando por desaparecer por algum tempo ou mesmo de forma definitiva. Pouco ou mais nenhuma utilidade têm ..... do ponto de vista do prevaricador, sempre ganha tempo delas serem ouvidas e transcritas ..... sempre se perde tempo.

No caso do Sócrates esta nulidade é-lhe prejudicial. O facto de acontecer depois das suspeições no FreePort apenas vêm adensar a dúvida sobre a sua credibilidade. Se é que ainda tem credibilidade para a população ..... excepção aos empalados que veneram o PS ou o próprio Sócrates. Pode até acontecer que as escutas fossem mais prejudiciais pelo que lá está, independentemente sobre o que é, mas garantidamente o seu “desaparecimento cirúrgico” é altamente incriminatório e difamatório.

Para que servem então as escutas?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Risco de implosão

No judo ensina-se que a melhor forma de derrubar o adversário não é fazer mais força que ele mas sim aproveitar a força dele. Graças aos avanços da engenharia, é já possível reduzir a pó enormes arranha-céus, apenas com pequenas cargas de explosivos, estrategicamente colocadas. O peso do edifício em si é que faz o trabalho todo.

Uma organização tem também os seus pontos nevrálgicos. Por maior que ela seja, existe uma série de áreas ou pessoas que a sustentam. Embora o todo seja mais que a mera soma das partes, a verdade é que esse mesmo todo é um conjunto de partes. A unicidade de cada parte e a função que desempenha é fundamental ao equilíbrio de todo o ecossistema.

Um dos problemas de crescimento das organizações é muitas vezes menosprezar a real necessidade de crescimento orgânico de algumas das suas componentes. Pede-se sempre mais e mais aos recursos pois eles vão respondendo sempre, porém, chega a um determinado ponto que a fissão é inevitável. Todos os corpos apenas podem ser esticados até determinado ponto, a partir do qual a rotura é algo que naturalmente irá acontecer.

O maior problema nem sempre é este evento, pois ele pode em si despoletar uma série de medidas correctivas que o bom senso da prevenção foi alertando e sendo ignorado. O problema é quando várias áreas estão a este nível. O trabalho vai sendo feito mas o custo é demasiado alto em termos organizacionais. Paga-se. Pode demorar um pouco mais, mas a factura é uma inevitabilidade.

As organizações em crise padecem muitas vezes do mesmo mal. A sua viabilidade assenta em várias áreas ou elementos que são levados até ao limite. É como quando a ginástica é mal feita. Se o ritmo for demasiado intenso, o corpo não consome as gorduras e passa logo para o nível seguinte. Essas ficam quase como estavam inicialmente .....a nossa saúde é que não.

O grande problema é que estrategicamente todos conhecem o problema eminente, podendo ou não ter a capacidade de o reconhecer, porém, as empresas destinam-se a remunerar o accionista e poucos são os que têm a visão de reconhecer que os ganhos de hoje podem comprometer o que pode ser o amanhã. Mas se não houver os ganhos esperados hoje, pode também não haver amanhã ..... pelo menos para alguns.

Um empresa é em muitas situações semelhante a um relógio. Para funcionar correctamente, existem uma série de rodas dentadas que têm de cumprir a sua função, porém, se uma ou várias dessas rodas se estragam, o que muitas vezes acontece em simultâneo quando todo o mecanismo é levado ao extremo, todo o mecanismo fica comprometido, podendo mesmo no processo vir a serem destruídas componentes que até estavam a funcionar correctamente.

domingo, 8 de novembro de 2009

Observar a simplicidade

No meio da agitação que é o nosso dia-a-dia, entre o cumprir com as nossas responsabilidades e o viver, nem sempre temos tempo para ficar a observar ..... apenas observar.

Este texto foi escrito ao pé do mar, num pequeno parque de estacionamento. Mesmo à minha frente está um mar bravo e revolto. Ao invés do azul idílico que naturalmente imaginamos, as ondas estão castanhas de todo o turbilhão que vai no seu interior. Violentamente as ondas embatem nas rochas, criando um espectáculo bonito e imponente. E depois de uma onda vem outra ..... e mais outra.

O molho vai sendo reparado, contando com partes novas e outros em que são bem visíveis os sinais da força da natureza. O preço da calma no interior é ali bem vincado. Poucas são as gaivotas que voam ..... o céu apenas está preenchido de nuvens, num grande e enorme degrade em tons de cinzento escuro.

A praia outrora cheia, está agora vazia ..... abandonada ..... deixada só para receber a chuva que tanto aparece como desaparece. A seu lado, um autêntico arco-iris de cores expressa nos barcos de pesca parados.

Após a vaga de calor finalmente é Inverno. A natureza é bonita. Permite-nos extrapolar o que vemos para a nossa vida ou ..... pura e simplesmente ..... ficar a observar.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aos poucos e poucos

Quando a lei de ser proibido conduzir e falar ao telemóvel saiu, demorou um pouco até começar a notar-se que ela estava efectivamente em vigor. Exactamente o tempo de vários apanharem multas. Eu fui um deles.

Durante algum tempo, poucos eram os prevaricadores que se viam na estrada. Os avanços da tecnologia com os dispositivos sem fios vieram ajudar, porém, aos poucos e poucos, cada vez vemos mais condutores de telemóvel na mão. E o número aumenta de dia para dia.

Todos sabemos que dá multa, que existem auriculares e dispositivos de ajuda ..... mas a verdade é que são cada vez mais. Porque será?

domingo, 1 de novembro de 2009

Brandos costumes

Por muito que a sociedade evolua, continuamos a ser um país de brandos costumes. Não nos importamos de saber o que moral ou eticamente até pode ser condenável segundo determinados princípios, mas enquanto não é do domínio público, não há problema. A sociedade continua a ser hipócrita como sempre o foi.

Não nos importamos de saber que os nossos amigos apesar de casados, ambos têm relações paralelas e externas ao casamento. Não nos importamos de ter como líder de um partido um homosexual. Não nos importamos de saber que o presidente do nosso clube de futebol não é honesto. Basicamente não nos importamos com nada disto enquanto não é público. Sabemos e não nos importamos. Até nos pode afectar ou pura e simplesmente podemos não concordar, mas vamos deixando andar.

Recentemente em Itália demitiu-se o governador de Lazio. Tal como acontece com Berlusconi, o assunto envolve sexo, drogas e dinheiro. A diferença é que envolve um transsexual, se isso é diferença nos dias que correm. Apenas se demitiu porque a notícia iria aparecer nos jornais, por acaso do império do Berlusconi. Por acaso fiquei admirado pois um país que já está habituado a escândalos e convive “melhor” com eles, deveria ser mais tolerante. Em França, 67% das pessoas que responderam a um inquérito, não querem a demissão do ministro da cultura que havia admitido turismo sexual com jovens rapazes na Tailândia.

Por cá as coisas não funcionam bem assim. Ainda não funcionam assim. E a razão disso acontecer nada tem a ver com a opinião pessoal, mas sim pelo que as pessoas acham que a sociedade pensa. Fala-se mais pelo que se imagina ser o pensamento reinante que pelo que realmente acreditamos.

Recordar

Recordar é sempre bom. É reviver todos aqueles bons e infelizmente maus momentos. Todos eles juntos fazem a nossa história, o nosso passado. Enquanto recordamos, as pessoas vivem ..... somos a sua memória vida. Vivem em nós e por intermédio de nós.

Alguns partiram porque chegaram ao fim de uma vida, outros barbaramente colhidos no melhor da vida. Todos eles deixaram marcas, vários deixaram saudades ..... todos os dias.

O filhão recentemente este triste pois tinha de escrever uma história. Uma caligrafia sobre umas férias e viagem passada. Ele só se lembrava das viagens feitas com a mãe. A saudade é muita ..... tanta saudade ..... e ele ficou triste. Nessa noite dormiu na minha cama e conversámos durante muito tempo. Ambos expressámos a saudade que sentíamos e, após esse período, disse-lhe exactamente o que aqui escrevi. É bom recordar as boas memórias que temos. É particularmente bom saber que essencialmente as memórias que temos são boas ..... são felizes.

Após ele adormecer enrolado em mim, recordei todos aqueles que já partiram e que deixam saudades ..... e lembrei todos os momentos felizes passados ..... o sorriso nos meus lábios superaram a tristeza da perca. O que levamos da vida e das pessoas é o exemplo e os bons momentos. E por estranho que pareça, senti que aquela conversa tinha sido tão positiva para ele como para mim. Que a vida continua ..... e durante muito tempo fiquei a repetir a frase da Ana ..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida!

Hoje é o dia em que os cemitérios se enchem e os entes são recordados. Que as campas ficam mais limpas e bonitas. Para a generalidade delas, o dia que recebem a única visita do ano, que na realidade é para quem visita e não para quem é visitado, mas isso é um pormenor.

Hoje é um dia de memórias. Felizes os que têm uma boa história para recordar ..... a saudade é algo que se adquire para toda uma vida.