Um dos filmes mais
marcantes do ano passado foi o “Mestres
de Ilusão”, onde encontramos uma frase que é uma das máximas da ilusão – quanto mais perto estás, menos vez. É assim
na magia e é assim na política.
A concentração intensa
numa determinada tarefa retira ao nosso cérebro a devida atenção ao que nos
rodeia. Christopher Chabris e Daniel Simons demonstraram isso muito bem com a
experiência do Gorila. Duas equipas de jogadores de basquete trocam passes
entre si. Uma equipa de equipamento branco e uma de equipamento preto. Os
espetadores são instruídos a contar o número de passes efetuados por uma das
equipas, e ignorar a outra á medida que ambas se vão misturando numa
coreografia de passes. A atenção exigida aos espetadores e a instrução de
ignorar algo é absorvente de toda a sua atenção. A meio do vídeo aparece por
breves segundos um gorila que pára no meio, bate no peito e sai de cena do lado
contrário ao que entrou. Não mais de 9 segundos.
Grande parte das
pessoas que assiste ao vídeo não só não se apercebem da presença do macaco,
como lhes custa a aceitar que não se tenham apercebido de um facto tão
marcante. Dois factos que definem a nossa mente: não só podemos ser cegos ao
óbvio como também somos cegos à nossa própria cegueira.
Passos Coelho usou a
candidatura à Presidência da República que sabia que associariam ao Marcelo
Rebelo de Sousa com um propósito claro distrair as atenções. A vergonha que se
passou na nossa Assembleia da República nada mais foi que a aplicação clara deste
princípio ….. um grande truque de ilusão
….. e conseguiu.
A história do pseudo-referendo
é um compêndio da realidade política, ética e de cidadania dos nossos dias: um
tema polémico trazido por um partido que não no governo é para matar; os
deputados faltam demais e os partidos são por isso muitas vezes apanhados com
as calças na mão; a presidente da Assembleia Assunção Esteves não é uma agente
de conciliação e garante da democracia mas sim maquiavelicamente uma
manipuladora dos seus interesses, ou do partido; um objeto como o referendo que
tem um custo brutal pode ser definido por um único partido e usado no seu
interesse e não no da nação; os boys
como os jotas fazem os que lhe mandam para um dia virem a ter jobs; os deputados são carneiros
obedientes, mesmo que em consciência sejam contra ….. e se é sobre isto é sobre
tudo …..
Por momentos deixou de
se falar na vergonha que é a Assembleia da República, órgão de soberania que
deveria defender os cidadãos do país ….. que nos deveria defender a nós.
The closer you look …..
the less you see