domingo, 27 de julho de 2008

Sair ou não do armário

O anonimato tem num lado os filantropos, que dão ou ajudam no anonimato pois o seu único objectivo é ajudar ..... e no extremo oposto temos os cobardes ou os fracos de carácter.

Percebo quando alguém faz uma denúncia anónima numa delegacia, sobre uma situação de maus tratos ou de roubo ..... quando um empregado denuncia um superior ou patrão ..... são situações que podem levar a represálias de alguém com um poder superior, logo, sempre em vantagem.

Por estas razões eu percebo ..... por cobardia não.

É muito fácil criticar ou denegrir alguém, como por exemplo num blog, utilizando o anonimato para cobardemente dizer o que não se tem coragem de dizer. Se se conhece a pessoa e não se diz, considero ainda mais vil e degradante.

As criticas válidas, mesmo que contrárias, são sempre bem vindas, quer o seu visado concorde ou não, quer fique contente ou triste, a verdade é que produzem efeito. Mas ataques de carácter sem substância, para além de vil cobardia, podem denegrir a imagem sem que o visado tenha hipóteses de se defender ..... defender de quê? ..... explicar o quê? ..... o preço da fama e/ou de ser um alvo a abater, seja interna ou externamente onde nos encontramos. Triste e degradante a visão de cidadania de alguns. Alguém já viu uma campanha política sem ofensas pessoais, seja aqui seja nos EUA?

Os blogs são um espaço com várias possibilidades, seja pelo prazer da escrita ou “escape” psicológico, como é o meu caso, seja por direito de informação, espaço de debate livre ou condicionado de ideias, ..... etc ..... etc ..... etc. Regra geral eles possibilitam um espaço para comentários, o que não é o meu caso de forma anónima, onde quem escreve quer ouvir a opinião dos outros ou permitir que comentem, fomentando assim o debate. Mas isso acarreta sempre o perigo do anónimo, isto é, quando se comenta um blog não é preciso identificarmo-nos ..... tanto podemos anonimamente fazer uma critica positiva, a alguém que gostamos ou não, como fazer a maior das críticas ofensivas, e depois de ela ser publicada ligar ao autor do blog e dizer “quem te escreveu não gosta mesmo de ti ..... achas que conheces? ..... se fosse eu partia para a agressão” A Internet proporciona isso.

Embora esteja a focar o tema do anonimato, os pseudónimos podem ter igual utilização. Debaixo da mesma esteira, tanto se pode colocar comentários sobre forma anónima, como colocar outro nome qualquer ..... seja um pseudónimo ou o nome de outra pessoa ..... mesmo alguém que sabemos ser amigo do visado ..... é simples de fazer. Autores consagrados utilizaram e utilizam os pseudónimos para escrever por estilos diferentes, sendo avaliados pela sua escrita nesse âmbito, ou comparativamente com os seus pares no mesmo estilo, mas não com o original ou com outros pseudónimos.

Fica portanto ao critério de cada um, a forma de utilizar a sua liberdade de expressão.

Mas a dúvida que estas situações nos colocam, enquanto sociedade é quais são os reais valores que queremos passar aos nossos filhos?

sábado, 26 de julho de 2008

Lá longe na linha do horizonte

Afirmação: A linha que separa a tristeza da depressão é muito ténue!

Desde que ouvi esta afirmação, não mais consegui parar de pensar nessa fronteira, não só pelo debate filosoficamente muito estimulante como pela aplicação prática que ela comporta ..... a minha realidade.

A frase surgiu no decorrer da conversa com a minha psicóloga, que muito me tem ajudado e a quem agradeço pessoalmente, neste meu espaço público de divulgação restrita. E como sei que ela irá ler este blog, fica aqui o meu Muito Obrigado!

A nossa discussão, filosófica e profilática, centrou-se nos vários tipos de depressão e se um estado desses que dure mais de 6 meses se tratava apenas de um estado de alma, perpetuado no tempo, ou uma forma de depressão.

Estou de luto e, a própria definição de luto aponta para a depressibilidade ao invés da depressão, porém, a minha dúvida é a mesma do princípio do texto ..... onde está a linha de separação e como sabemos que a passámos ..... qual o ponto do horizonte onde entram os cogumelos mágicos?

Associo a depressão efectivamente a estados mórbidos e claramente autodestrutivos, porém, fiquei a saber que isso não é exclusivo. Habituado a ver familiares e amigos em estados negativos, fiquei sempre com a ideia que isso sim era depressão ..... há mais por detrás do horizonte .....

Seremos obrigados a não poder estar ou ficar tristes? Se sim, isso será por razões médicas, sociais, de convencionalismos ou apenas porque é eticamente correcto?

Mantendo todas as minhas restantes capacidades e sentimentos intactos ..... acho eu ..... dei o exemplo da constipação e de como mesmo a comida não tendo qualquer sabor, vamos comendo porque sabemos que temos de nos alimentar ..... como psicóloga logo veio o argumento de que quando a constipação dura muito tempo, pode ser algo maior ..... acho que escolhi mal o exemplo! ..... agora que tive tempo para pensar no contraditório, posso sempre argumentar de que muitas pessoas vivem e/ou sobrevivem sem alguns dos sentidos, como a visão, a audição ou qualquer outro sentido, mas continuam a viver ..... já perdi o timming pois é tarde para o efeito da conversa, mas, mesmo assim, acho que é uma boa argumentação ..... fica aqui o registo.

Voltemos à frase. Continuando a levar a vida para a frente, porque não o sei fazer de outra forma e a Ana assim o queria ..... uma realidade e um tributo num dois em um .... como saber se não estamos já a passar a linha? ..... mas se tudo o resto estiver a decorrer “normalmente”, isso fará alguma diferença? ..... temos de estar felizes? ..... sendo um sentimento e uma interiorização que apenas o meu “grilo falante” tem a perfeita consciência da sua extensão ..... como a língua portuguesa ajuda os paradoxos ..... será isso muito relevante?

Como até agora esta tristeza não tem ultrapassado a casca da melancia, estou tranquilamente alerta, profilaticamente atento mas muito intrigado ..... qual a relevância? ..... qual o impacto?

Pesquisei na internet ..... como doente internet positivo que sou ..... e encontrei esta definição na Infopedia:

Quando a pessoa está triste consegue manter algum humor positivo, ter alguma esperança e ver o lado positivo das coisas, ao passo que o deprimido não o consegue fazer, nem consegue ter uma vida normal.

Gosto desta definição ..... faz sentido ..... dá-me jeito ..... em tudo faz-me lembrar o Olhem sempre para o lado FIXE da vida do meu amor ..... como tenho saudades dela .....

..... e a relatividade do tempo entra em acção ..... nunca encontrei nenhum padrão temporal da duração de um luto ..... tique ..... taque ..... tique ..... taque .....

Qual a conclusão deste texto ou ensaio sobre tristeza, depressão e luto? ..... não sei ..... mas é uma boa reflexão .....

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Tribunal de contas

Mais um relatório e mais uma evidência do abuso de poder. Desta vez foi nos hospitais em anos passados, neste caso 2003 e 2004. A soma em dois anos superou 1 M€. Cada vez que o tribunal de contas emite um parecer, alguém fica com as orelhas quentes ..... mas parece-me sempre que é tipo queimadura solar, ou seja, fica vermelho e depois passa.

A verdade é que para os administradores “políticos”, estas questões são sempre pouco relevantes, uma vez que a generalidade não está onde está pela sua qualidade mas sim pelas suas amizades políticas. Ou seja, o tribunal emite um documento, eles são chamados ou não a explicar, e digo explicar porque nos vários documentos que vi, é impossível justificar. E depois tudo passa. Passado um tempo tudo volta ao normal.

Vejamos o caso das Águas de Portugal. Atribui-se 2,3 milhões de prémios a uma empresa com prejuízos de 75 milhões e está tudo bem. Embora o seu presidente diga que quer reter os melhores, a auditoria apontava para a inexistência de avaliações e objectivos. Se o passivo aumenta, premiar o quê?

E pergunta é e agora? Vão fazer os funcionários e administradores devolver o dinheiro ..... não me parece. Vão ser tomadas medidas para que o mesmo não aconteça novamente? ..... não me parece. Aprendeu-se alguma coisa com este incidente ..... nada que seja visível.

O respeito pelas leis de uma sociedade está intrinsecamente ligada ao temor que existe na aplicação de sanções aos seus prevaricadores. Se para os honestos isso é perfeitamente irrelevante, para os demais é fundamental.

O vazio

Esta semana tenho de ir visitar a psicóloga do IPO, e sei que a pergunta principal vai ser “Como está o vazio? Igual, menor ou maior?”

Tenho estado a semana toda a pensar e honestamente não sei a resposta.

A ausência da Ana continua a doer muito ..... mesmo muito ..... na realidade, sinto-me como uma melancia ..... eu explico ..... o normal é olharmos para uma melancia e ela ter um aspecto mais ou menos bonito, porém, só quando se abre a mesma, ou se retira um triangulo e se a prova, é que se sabe o que realmente ela vale ..... e pode ser melhor ou pior que o seu aspecto ..... nunca se sabe ..... quem conhece sabe que é assim, ou seja, o exterior nada tem a ver com o interior ..... sinto-me assim! A continuar a viver a vida como a Ana gostaria que o fizesse mas isso é superficial .....

Na minha visita semanal à minha menina, levei-lhe uma bela rosa salmão ..... linda como ela era ..... tão linda que assim que cheguei ao carro tive vontade de chorar muito ..... a rosa era linda e sei que ela iria adorar recebê-la ..... mas infelizmente não pode ..... nunca mais o poderá fazer ..... esse é talvez o que me custa mais ..... tudo o que de bonito podíamos continuar a desfrutar e agora estou sozinho .....

O vazio que sinto parece-me que está na mesma mas, as saudades que tenho são cada vez maiores ..... olho para as fotografias e parece que a Ana vai sair de dentro delas ..... aquele sorriso era tão fabuloso que parece que ganha vida ..... ela tinha uma força interior tão grande e uma alegria de viver imensa que parece que está viva ..... e esta semana acabei por não resistir ..... depois de 3 longos meses de ausência não consegui aguentar mais ..... tive de pegar no telefone e ligar ao meu amor .....

“Olá, ligou para a Ana Guerra, de momento não posso atender ..... “

como gostava que fosse só de momento .....
como era doce a tua voz .....
tantas saudades que tenho .....
como te amo tanto .....
como tudo devia ter sido diferente ..... merecíamos ..... merecias .....

domingo, 20 de julho de 2008

Happy Hour no Mandu's Bar

Esta semana terminou de forma diferente ….. com um Happy Hour entre amigos, nesse mítico sítio chamado Mandu’s Bar.

Terminado o ATL de arte das crianças, estávamos a falar do que se iria fazer, uma vez que as mulheres iam numa saída só de mulheres ao cinema,..... O Sexo e a Cidade ..... óbvio ..... como a Ana teria adorado ir nessa saída de amigas ..... e, já que nem todos tinham jantar em casa ou queriam ir para casa, decidimos ir jantar todos ..... homens e crianças. Confesso que por momentos as mulheres ficaram preocupadas do que iria acontecer às suas crias ..... pffu!

Como ainda era cedo, decidimos fazer um Happy Hour, indo até ao Mandu’s Bar. De entre as inúmeras opções musicais, a escolha recaiu nos Blues ..... que maravilha ..... o que seria mais próprio para essa sexta-feira .....

Durante as três primeiras cervejas ..... bem fresquinhas ..... fomos apreciando a música e conversando um pouco e, à entrada da quarta cerveja, conversa puxa conversa, decidimos fazer um périplo por outras paragens musicais ..... dueto de banjos, saxofone, música chinesa, etc, etc .... até finalizarmos com música de grande qualidade de Angola ..... fantástico!

O jantar foi animado com muita conversa e boa disposição, quer do lado dos adultos quer das crianças ..... um novo Happy Hour mais alargado ..... como é feliz aquele que tem amigos ..... durante algum tempo, os problemas e as tristezas ficam esquecidos e aprecia-se apenas o momento ..... carpe diem.

Depois do jantar voltamos ao lugar do crime, e, como o carteiro toca sempre duas vezes, voltamos aos Blues ..... como o cansaço já era muito ..... para os adultos, obviamente ..... a conversa já foi mais curta mas a música continuou como antes ..... the good old Blues. Vários temas de vários artistas enquanto se desfruta uma bebida ..... para ser mais correcto, várias bebidas mas isso também não interessa ..... novamente convívio e música .....

Quem não gostava de um final de semana assim?

terça-feira, 15 de julho de 2008

A mão Alegre que morde o dono

Para onde caminhas tu, Manuel Alegre?

Olhando para o seu percurso nestes últimos anos, parece-me claramente que está na senda do posicionamento para substituir Cavaco Silva ..... depois da reeleição garantida deste, obviamente.

Há que reconhecer que é um posicionamento Alegremente bem pensado e estruturado ..... depois de uma candidatura de despeito (é a minha opinião), e sabendo que a oposição interna tem um prazo de validade pequeno, muito por via dos jobs para os boys ..... ou a ameaça da sua retirada, por exemplo das listas futuras para a assembleia ou outros órgãos políticos, ele sabia que teria de fazer algo mais para não cair na obscuridade. Aparecer “solto” esporadicamente não é solução ..... faz lembrar um papagaio.

O caminho que muitos analistas apontaram era o mais obvio e evidente ..... o que não quer dizer o mais inteligente ..... mas, aprendendo com o erro do Manuel Monteiro ele resistiu à tentação ..... o seu movimento cívico não virou partido político ..... a pergunta que todos tínhamos na cabeça era ..... e agora?

Um cargo político no governo ou numa câmara estava obviamente vetado, não só por este ter minado a figura historicamente mais relevante do PS, enviando-o praticamente para a sua merecida reforma ..... devia ter sabido sair no momento certo ..... como pela forma de contestação da política do Sócrates ..... acredito no ditado que diz que devemos manter os nossos amigos perto e os inimigos ainda mais perto mas, quando não se tem confiança no cão, não se deixa a mão por perto ..... não é sensato ..... e burrice não é um dos objectivos normalmente utilizados para descrever o Sócrates. O que se seguia?

A posição de comentador é um lugar também de grande notoriedade e visibilidade mas, ou os seus “amigos” não são os correctos para o efeito ou, o desgaste que algumas posições podem causar por via da contestação de outras figuras politicas ou pseudo-intelectuais, podiam-lhe roubar a isenção e “superioridade” que se impõem a um presidente ..... ou candidato a.

A opção de lançar uma revista foi uma jogada muito inteligente. Pode de forma indirecta condicionar toda uma direcção editorial, que iremos com certeza constatar que será paralela à sua doutrina, podendo inclusive com maior ou menor mérito influenciar outras publicações. Aproveitando os momentos chaves, pode falar na 1ª pessoa, tal como o presidente o faz quando acha apropriado. Brilhante!

Este percurso porém, faz-me lembrar um pouco o empresário de sucesso que era um mero funcionário com pouco ou nenhuma iniciativa, quiçá medo, até que, ao ver-se despedido ou “humilhado”, toma coragem para se lançar por conta própria ..... o que teria acontecido se o PS o tivesse escolhido como candidato do partido? Porque esteve calado tantos anos?

Vou acompanhar com interesse este percurso, pois apesar de ter a sensação de que se trata de um posicionamento de despeito de um “conjugue enganado”, estamos perante um cidadão inteligente e mordaz, capaz de com os seus comentários ajudar a melhorar a política e os políticos. Quem não se lembra da inversão do discurso do Jorge Sampaio quando foi caricaturado pelos bonecos do Contra Informação?

Quem vem por bem será sempre bem vindo!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Combate à obesidade na Policia

Por inerência da minha profissão, circulo muitas vezes pela cidade de Lisboa e arredores e, por coincidência ou talvez não, cada vez mais vejo policias a fazer nenhum!

Quando digo a fazer nenhum, não é uma critica à sua inércia de funções, é mesmo no sentido estrito do termo, ou seja, é mesmo a não fazer nenhum. Várias são as pequenas obras que estão a ser feitas, quer de carácter correctivo, quer evolutivo, seja em infra-estruturas de saneamento, em telecomunicações, em imobiliário, em gás, etc. Embora estas sejam feitas por empreiteiros, grande parte delas tem um policia a acompanhar ..... parado e estático ao lado do “buraco” pouco afecta o trânsito.

Num país onde o civismo não impera, qualquer cidadão que não ande de carrinho de bebé já se habituou a contornar obstáculos, na generalidade das vezes veículos, que ou estão parados onde não deviam (afectando peões) ou estão parados/estacionados em 2ª e muitas vezes 3ª fila (afectando outros veículos). Uma pequena obra é apenas isso, mais um impedimento à normal circulação. Qual a necessidade de estar um polícia ao lado a olhar para quem trabalha nela?

Tive um episódio de um problema que observei, que em bom rigor não devia ser muito importante porque já não me lembro qual era mas, recordo-me de ter visto um polícia mais à frente, ao lado duma destas obras e fui ter com ele, solicitando a sua actuação enquanto agente da autoridade ..... pura demagogia minha ..... “Se estou a acompanhar esta obra, não posso fazer mais nada!” ..... esta foi a maravilhosa resposta que obtive.

Há que combater a obesidade na Policia! Para não ser um texto em que somente me queixo, vou apresentar uma possível solução:

Temos ouvido falar de como seria importante contratar administrativos para substituir polícias sentados à secretária, em tarefas que qualquer um executa sem precisar do treino específico que estes têm ..... treino esse que é caro ao erário público ..... porém, permite-se também que os polícias fiquem parados e especados a olhar para um buraco ou andaime. Porque não obrigar aos empreiteiros a ter um recurso a fazer o mesmo?

Muitas vezes passo em estradas secundárias que, por falta de visibilidade originada por obras, existem dois funcionários com sinalética específica. Fazem o mesmo trabalho que dois polícias ..... e só com ganhos:
- Não precisam de treino policial;
- Aumenta-se o nº de trabalhadores por necessidade de função;
- Reduz-se o desemprego pela razão anterior;
- Disponibilizam-se polícias para desempenhar as suas funções;
- Dá-se credibilidade aos polícias, não os desmotivando;
- Dá-se melhor utilização ao dinheiro dos contribuintes.

Parece-me simples a mim e a muitos como eu combater a obesidade da polícia ..... mas também me parece simples perceber que devem haver administrativos a fazer o trabalho administrativo da polícia, mas este teima a continuar a ser feito por polícias ..... e os formulários electrónicos já são tão banais que continuo a ficar com dores na alma quando apanho uma multa e o desgraçado do polícia vai escrever a maldita nota de culpa à mão ..... para além de ficar chateado de apanhar a dita cuja, obviamente.

Gosto particularmente da frase “Produtividade não é o nº de passos que damos, é o que andamos” ..... estes ficam parados .....

sábado, 12 de julho de 2008

O ontém, o amanhã e o hoje

Quem já foi ver o filme Kung-fu Panda terá ouvido vários provérbios chineses ..... como todos os provérbios, uns dizem-nos sempre mais que outros ..... tudo depende do nosso estado de espírito.

Por acaso o provérbio que se segue, que tem tanto de simples como de bonito, não tenho a certeza se pertence à sabedoria chinesa se a Eleanor Roosevelt .....mas isso para o efeito também não interessa:

O ontem é história, o amanhã um mistério, o hoje é uma dádiva

Este provérbio é outra forma de dizer carpe diem, ou seja, aproveitem o dia ..... cada dia que cá estamos é efectivamente uma dádiva e, se não o aproveitarmos hoje, amanhã já é história .....

Juntamente com a Ana vivi quase 16 anos de plena felicidade, aproveitando ao máximo o que a vida nos dava, ou pelo menos tentando. Sempre fizemos por desfrutar ao máximo da vida, sem nunca esquecer os nossos planos a médio e longo prazo ..... mas sempre aproveitamos essa dádiva ..... o presente ..... que agora já é história ..... linda como linda era a Ana.

Acho que o segredo para a nossa felicidade foi a conjugação de vários factores, desde o facto de sermos soulmates, passando pelo respeito e compreensão mútua, o vivermos para o nós ao invés do eu e, principalmente, vivendo o melhor possível, um dia de cada vez.

Numa sociedade cada vez mais individualista, onde o sucesso é cada vez mais efémero e as exigências cada vez maiores, temos tendência a preocuparmo-nos muito com o que virá, na esperança de manter o que foi e, muitas vezes, deixamos de aproveitar o hoje ..... ponham a mão na consciência e respondam a estas simples perguntas:

- estou feliz?
- estou a aproveitar bem o que tenho? (família, amigos, recursos .....)
- se desse o que tenho a outro, como aproveitaria ele?
- se não tivesse a minha cara-metade ou filhos, tinha-lhes dito e feito tudo o que queria fazer?

E para ajudar enquanto pensam, termino com a frase do meu amor, o meu belo anjo, na realidade, a mais bela estrela do firmamento .....

Olhem sempre para o lado FIXE da vida!

Lugares que doem

Voltamos à Piscina da Praia das Maças ..... foi muito difícil ..... mesmo muito difícil .....

Todos os anos tínhamos dois locais que visitávamos, como uma espécie de retiro espiritual ..... a Fuzeta, onde eu fazia férias e a Piscina da Praia das Maças onde a Ana fazia férias ..... era o local da mamã .....

Viver na nossa casa é fácil e difícil ..... eu explico ..... é fácil porque foi a casa que sempre quisemos, escolhida e mobilada com muito amor pelos dois e era o nosso feliz lar ..... fácil ..... é difícil como qualquer casa sempre será difícil porque a Ana não está cá ..... difícil ..... mas qualquer casa sempre terá a parte difícil e somente esta tem a fácil ..... e que felizes fomos aqui

..... mas visitar aquele espaço foi muito difícil .....

A Piscina é diferente ..... era um espaço que era da Ana e que ela gostava muito. Em Setembro tirávamos sempre 1 ou 2 semanas para lá estar. Era um local de diversão e tranquilidade, num microclima muito próprio que se aprende a gostar ..... e como ela gostava de Sintra e da Praia das Maças. Quando lá íamos sentíamos que estávamos a partilhar um pouco do seu espaço ..... que ela nos acolhia no seu santuário e nos dava guarita ..... como apreciávamos em conjunto aqueles magníficos pores-do-sol ..... como foi difícil estar ali sem a minha soulmate ..... amo-te tanto, meu amor .....

Foi igualmente difícil para o João ..... também ele sabe que aquele era o espaço da mãe ..... as saudades foram tantas que ele se abriu como já não o fazia à uns dias ..... reconhecendo que tinha muitas saudades ..... que lhe custa ver os outros meninos com suas mães e ele não ter a sua adorada mãe ..... as saudades que ele sente dos seus sábios conselhos ..... dos seus mimos e carinhos ..... que pobres que nós ficámos .....

Foi mais um daqueles momentos de plena solidão com pessoas à minha volta ..... como é estranha a mente humana ..... tantos lugares cheios de histórias e foi exactamente naquele que mais nos doeu ..... a mim e ao filhão ..... porque será?

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O ciclo da vida

Hoje é um dia feliz ..... temos mais duas princesas na família. Parabéns a todos, mas em especial à mãe que não teve uma gravidez fácil.

Hoje é um dia difícil para mim ..... mais uma vez a Ana estava certa ..... ela sempre disse que tinha um feeling em como não estaria cá para assistir ao nascimento das gémeas ..... porque tinhas de ter razão, meu amor?

A vida é assim, uns vão nascendo, outros partindo ..... tenho saudades tuas, meu amor ..... amo-te muito!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A apologia da desgraça

Vamos entrar em período pré eleitoral ..... e numa altura complicada em que o petróleo está em alta e as bolsas em baixa ..... como está em baixa a confiança dos portugueses.

A questão está mesmo aqui ..... acabando o Euro, acabou em parte o sentimento de positividade da população ..... voltámos ao povo taciturno que somos.

No passado recente tivemos um candidato a primeiro ministro que pintou um cenário tão negro que depois ficou algemado a ele ..... até cortar as amarras e fugir para Bruxelas ..... foi difícil passar essa fase porque num período complicado a mensagem negativa passa sempre melhor .....

É com preocupação que assisto a dois fenómenos que não deixam de estar relacionados ..... o governo reduz insignificantemente o IVA, por acaso num dia de aumentos ..... por acaso ..... não capitalizando o esforço de todos para, por exemplo, pagar aos seus fornecedores e assim revitalizando a economia ..... ensaiando claramente uma estratégia eleitoralista ..... e, do lado da principal oposição, o discurso que deve parar tudo porque não há dinheiro para nada .....

Sendo as ideias do Sócrates e da Ferreira Leite semelhantes, ambos vão ter de construir um discurso de diferença ..... e devem ter um staff grande já a pensar nisso ..... esperemos que não seja pela negativa ..... isso sim, seria uma diferença!

Internamento os nossos políticos de medíocre que são, cancelam acordos feitos entre eles, dando o dito pelo não dito, apenas porque muda a cabeça de cartaz ..... é tão mais fácil destruir que construir .....

My sweet angel .... My soulmate

Está a acabar de dar o filme City of Angels ..... estou a fazer um esforço para me aguentar ..... será o meu amor um anjo que me acompanha sem eu saber ..... será o anjo que ajuda o João a justificar o provérbio Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo .... onde estás tu, meu amor ..... minha soulmate?

Propositado ou não, existem filmes que nos marcam ..... este é um dos que me marcou ..... vimo-lo já depois do tumor e sempre me fez questionar ..... tal como a figura interpretada pelo Nicolas Cage, também eu abandonaria tudo para me juntar ao meu amor ..... e tal como no filme, tive de sobreviver ao desaparecimento desse sweet angel, o meu amor ..... mas não consigo encarar o resto da vida da mesma forma ..... não consigo .....

Será que existe mesmo vida depois da morte?
Será o meu amor neste momento um anjo?
Estará a minha soulmate à espera quando Deus me permitir juntar a ela?

Enquanto a Ana era viva, a nossa existência foi fantástica ..... antes do tumor, costumávamos dizer um ao outro que éramos tão felizes que até tínhamos medo do que poderia acontecer ..... que tal felicidade e amor era tão grande e genuína que tínhamos medo que algo acontecesse para estragar tudo ..... o resto já se sabe ..... tal como no filme, o que é bom acaba depressa ..... Deus não devia a ter levado a ela ..... não a ela .....

Não posso deixar este texto chegar ao fim sem falar de outro anjo, a minha moça, a minha avó Paulina. Quase tudo de “bom” que tenho e sou para com os outros aprendi com ela ..... não havia ninguém que privasse com ela que não tivesse uma grande admiração por ela ..... era a personificação do que achamos que é uma pessoa boa ..... se as boas almas viram anjos, tenho a certeza que ela recebeu a Ana ..... tenho saudades ..... muitas .....

For Dawn ..... and for my love, my sweet soulmate ..... I’ll always love you!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

E lá se foi mais um

Este definitivamente não está a ser um bom ano. Depois da Ana e da mãe, hoje foi-se o antigo namorado na minha irmã, que tinha saído lá de casa à pouco tempo ..... definitivamente não está a ser um ano bom.

Embora não fosse uma pessoa com quem tivesse afinidade, longe disso, não deixa de ser uma pessoa e que estava ligada à nossa família ..... filho de alguém ..... pai de uma jovem ..... amigo de alguém. Era mais uma daquelas pessoas cujos pais são excelentes pessoas e por eles em especial, lamento a perca ..... novamente uns pais a verem um filho desaparecer .....

Com todos os problemas que os meus sobrinhos têm, este evento não facilita ..... a imponderabilidade da vida de forma tão repetida não pode deixar de lhes trazer insegurança .....

Esta pode ser uma visão fria e “afastada”, mas já são muitas em cima ..... mais um que ganhou o descanso eterno .....

Aos seus pais e filha, os meus sentimentos ..... ao Diogo, que descanse em paz

Férias - ATL vs Avós

Esta sempre foi uma época muito complicada para nós. Por um lado temos o João que gosta muito de participar em ATL’s ..... por outro temos os avós que querem aproveitar para estar mais tempo com o neto ..... complementaridade ou concorrência?

No meu tempo as férias grandes eram de 4 meses e eu fugia para o Algarve, para junto dos meus avós, cães, praia, barcos ..... enfim, para junto da liberdade que na cidade não se pode ter ..... até esquecia que tinha vida para além daquela pequena e deliciosa vila, a Fuzeta ..... como os meus pais trabalhavam era a única opção ..... que fácil que era.

Os tempos mudam, a segurança já não é a mesma, o período de férias já não é tão longo e existem os ATL’s ..... combinação explosiva para uns pais ..... muito mais complicada quando se é só um, tentando dar o seu melhor .....

Sempre tentámos que o João ficasse 2 semanas com cada um dos avós ..... acreditem eles ou não, sempre fizemos o possível para que o tempo com cada um fosse equivalente ..... acreditem eles no que quiserem acreditar ..... os ATL’s são uma boa complementaridade para o resto do tempo ..... havendo disponibilidade financeira, obviamente ..... é juntar o útil ao agradável ..... o João faz as actividades que gosta e conseguimos “equidade”.

Por norma o João sempre passou pelo Jardim Zoológico, pelo Oceanário e pela Fersport. Este ano, talvez para poder variar, a escolha foi pela Fersport, pelo ténis porque poderia fazê-lo com o seu amigo Vasco (o que não veio a ser possível) e ainda um curso de vela ..... foi a novidade este ano. Em Smir (Marrocos), o João adorou andar de catamaran mas, quando se conseguiu convencer o monitor português a ensiná-lo, o vento acabou por completo ..... ficou tão triste que lhe encontrei um ATL de vela ao qual o João disse logo que queria ir.

Ao voltarmos de Marrocos, estando a uma semana do final das aulas, tratei de marcar os arranjar os ATL’s que o João queria fazer, uma vez que muitos esgotam logo no princípio de Junho, ou seja, o tempo esgotava-se. Programou-se uma semana de férias com uns avós, que no momento eram as que se podiam programar e duas com os outros mais para a frente ..... tudo parecia encaixar, com excepção da semana de diferença, que me questionava quando a poderia fazer para “repor a igualdade” ..... depois tudo se precipitou .....

O meu sogro vai apenas de férias uma semana e logo na primeira de duas semanas do curso de vela ..... podia ser na semana anterior que era a do ténis ..... tinha sido mais fácil, acho eu. Este é o problema ..... por um lado o João está com muita vontade de aprender a andar de barco à vela ..... por outro, o avô precisa muito de estar com os seus dois netos ..... e agora?

Aqui começam as minhas incertezas ..... que deveria fazer eu? ..... tomar o partido do avô que precisa mas ao mesmo tempo estaria a dar mais uma desilusão ao meu filho, num período de muitas desilusões seguidas, ou, esperar que o avô como adulto compreenda a escolha do João ..... e a escolha do João foi a vela ..... terei agido correcto? ..... claramente aqui os ATL’s entraram em conflito com os avós .....

Sempre deixamos e incentivamos o João a tomar as suas decisões, não deixando ser outros, mesmo os outros sendo os pais, a escolher por ele ..... ele sempre escolheu o que quis fazer ..... certo ou errado, sempre que colocámos as opções sem as contextualizar em demasia para não o condicionar ..... certo ou errado, essa sempre foi a nossa postura ..... mas esta situação “mexeu” comigo ..... por um lado o meu filho que quer fazer algo que nunca fez ..... por outro, o avô que precisa dele ..... como conciliar os dois quereres? ..... porque não calhou na semana de ténis que o João possivelmente faria outra escolha .....

..... como me faz falta a minha metade para estas decisões que sempre foram ponderadas a dois ..... como te amo e sinto a tua falta, meu amor ....