terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Um ombro amigo

Por muito forte que sejamos ou aparentemos ser, todos acabamos por necessitar de falar com alguém. O peso das nossas preocupações ou pensamentos, por mais ridículas que sejam, podem tornar-se grandes demais para carregar sozinhos. É nessas alturas que precisamos de um ombro amigo.

Alguém que nos escute. Alguém com quem sabe bem falar, sem que para isso exista uma razão especial. Pode ser pelo timbre de voz que nos acalma e tranquiliza, pode ser pela serenidade que nos envolve, ou então, sem razão aparente, aquele alguém com algo especial. Aquela pessoa em quem se confia, mesmo não a conhecendo bem. Aquela pessoa a quem dizemos tudo ou quase tudo que nos vai na alma. Aquela pessoa que nos ajuda a libertar o peso ..... não precisa de ter uma solução ou conselho ..... apenas de saber ouvir ..... e calar.

Um ombro amigo não é propriamente um padre para ouvir e dizer amén, é alguém que sabe que há momentos em que tem de ser o nosso grilo falante, a voz que nos chama à razão quando o tem mesmo de fazer, sem juízos de valores ou preconceitos. Acima de tudo isso, alguém que nos ouve e em quem confiamos para o fazer.

Recordo com ternura o meu amigo Neco, o meu pastor alemão que era como um irmão para mim e com quem conversei muito. Tirando a parte de opinar sem juízos de valor ou falsos moralismos, cumpria todos os requisitos de um ombro amigo, tendo a grande vantagem de quando me sentia mais triste e carente, me poder dar uns mimos e lambidelas sem que tal fosse considerado abichanado ou ridículo. Um amigo.

Por mais determinado que sejamos, a vida coloca-nos sempre questões para os quais não existe apenas o sim e o não. Os caminhos por vezes parecem labirintos e não existe sinalética ..... pequenas migalhas no chão ou indícios do caminho certo ..... tão certo como não haver certezas ..... é quando precisamos de um ombro amigo ..... o peso dividido por dois, mesmo que momentaneamente, é bem mais suportável.

Alguns têm a sorte de juntar o ombro amigo ao amante. Outros têm ambos em separado e infelizmente vários não têm um, ambos ou já tiveram e perderam. A primeira versão é bem mais simpática ..... bem mais desejável .....

Porque será que regra geral as pessoas falam melhor com estranhos? Tenho a ideia de que será não por confiança, mas apenas porque em princípio essa pessoa não poderá usar isso contra nós ou contar às outras pessoas com quem convivemos.

Felizes aqueles que têm um ombro amigo em quem confiam para conversar.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Pai Natal

Todos nós começamos por acreditar na magia do Natal quando somos pequenos. Durante muito tempo acreditamos piamente naquele simpático velhote de barba branca e vestes vermelhas que distribui presentes. Vemos as montras iluminadas e luzes por toda a parte, e achamos que o mundo está em festa. Tentamos nos últimos dias não fazer asneiras, ou pelo menos que ninguém perceba que as fizemos para receber presentes.

Algum tempo antes, tentamos meter uma lista infindável de presentes numa única lista para enviar ao Pai Natal, com destino á sua fábrica de brinquedos no Pólo Norte, lá na Lapónia. E depois é a espera ..... a esperança de ao abrir encontrar o que tanto se deseja. O desejo que os pais deixem fazer a lista ..... toda a lista.

Aos 10 anos de idade, o filhão está naquela fase pela qual já todos os adultos passaram. Nesta idade, a generalidade dos miúdos já não acreditam, estão cépticos ou no mínimo desconfiados ..... mas para quê arriscar? No meio de tantos e tantos a dizer que o Pai Natal existe e que não existe, em quem acreditar?

Com o advento das novas tecnologias, grande aliado do deixar tudo para a última, este ano o pedido do filhão foi por mail ..... tal como havia ido no ano passado ..... mais que a forma, o que interessa é o conteúdo. E o mail foi com a lista do pai e do filho.

São os tempos modernos ..... não tarda vamos ter um site do próprio Pai Natal com a lista de compras e onde os pais vão poder colocar as boas e más acções ..... deve estar para breve ..... modernices.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Perguntas idiotas, respostas cretinas

Todos nós temos bons e maus colegas. Alguns têm a sorte de ter excelentes ambientes de trabalho, que facilitam a vida e na minha opinião acabam por beneficiar as organizações. Pessoas felizes são sempre mais produtivas.

Mas todos nós também acabamos sempre por ter cretinos como colegas, ou mesmo colegas que não sendo cretinos, não são bons colegas. E neste rol estou a considerar desde o modesto porteiro ao administrador. Tal como a idade não é um posto, a cretinice não escolhe posição hierárquica. Um mau colega é horrível ..... e quando se julgam engraçados, ainda pior.

Durante o nosso dia de trabalho, acabam sempre por existir momentos em que nos apetece deixar o politicamente correcto. A tentação é muitas vezes grande e temos de nos lembrar que a nossa liberdade termina onde começa a dos outros, mas tudo tem um limite.

Nos dias que correm em que somos bombardeados por mails, alguns roçam o absurdo, havendo por vezes a tentação ..... e a carne é fraca ..... mas boa ..... de acabar por dar a devida resposta ..... a uma pergunta idiota, nada como uma reposta cretina.

Pode não ser bonito ou mesmo ser politicamente incorrecto ..... mas que sabe bem, lá isso sabe!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A crise e o Natal

Pese embora a crise seja ainda uma realidade, a verdade é que os centros comerciais estão cada vez mais cheios. E as pessoas não se limitam apenas a olhar para as montras. Pela visão nos corredores e nas ruas com lojas, parece mesmo que a crise é algo que não existe em Portugal.

Para quem gosta de oferendar, a questão é mais como conseguir dar prendas com o orçamento disponível, esperando que quem recebe atente mais ao acto que ao valor em si. Para quem não gosta de dar prendas, a questão é mais como entrar numa única loja e comprar tudo o que se tem para dar. Várias pessoas num mesmo espaço, cada uma com um objectivo diferente das restantes.

O que mais aprecio destes dias são mesmo as conjecturas das crianças, que na sua eterna dúvida de se o Pai Natal existe ou não, vão elaborando teorias ou frases soltas na esperança de uma afirmação dos pais. A dúvida de se não acreditarem terão ou não prendas. A alegria de pedir prendas ..... o desejo de ter prendas, regra geral muito mais do que vão receber.

É também uma época em que as pessoas em dificuldades cometem o erro crasso do endividamento, regra geral para manter as aparências. Mas a crise é bem visível e global, não havendo razão para tal. Se no resto do ano já o fazem, no Natal essa “necessidade” torna-se ainda maior.

De um momento para o outro a crise desapareceu ..... é Natal!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Separar as águas

Por esta altura temos assistido nos states a mais um deplorável festival de falsos moralismos. Depois de ter conseguido manter a sua vida privada nessa situação durante muito tempo, o Tiger Woods acabou por claudicar.

Os jornais e revistas procuram desesperadamente mulheres com quem ele tenha dormido enquanto era casado. Cada publicação tenta provar se ele dormiu 20 ou 21 vezes com esta e apenas 17 com aquela. Sendo o golf um jogo composto por tacos, bolas e 18 buracos, procura-se usar estas palavras e, enquanto não aparecerem 18 mulheres, acho que as notícias não terminam ..... bom, à data de publicação deste post já está nos segundos 9 buracos ..... e vão 10.

Deixou de interessar o jogador maravilhoso que é ou o seu palmarés. Não interessa as suas acções filantrópicas. É irrelevante que seja uma questão do foro familiar. Estão a denegrir os seus feitos pelas suas acções fora dos relvados. De acordo com o projecto apresentado por Joe Baca, Woods que merecia receber a Medalha de Ouro do Congresso americano, por provar que o golf é um desporto acessível para todas as pessoas, independente de classe social, género, ou raça ..... já não merece. É como se tudo o que tem feito deva ser esquecido porque sendo casado, prevaricou. Pagou o preço de não ser presidente e não o ter feito na sala oval.

Sejamos honestos ..... cada vez isto acontece mais vezes ..... o estilo de vida e sociedade em que vivemos propicia isso. O individualismo e desejo de carreira a todo o custo fomenta estes acontecimentos. Deixou de ser “defeito” ..... nos tempos que correm é “feitio” mesmo. É assim, pura e simplesmente. As pessoas descobrem que podem ser mais felizes “ao lado” ..... ter o afecto, carinho e atenção que merecem ..... e na generalidade das vezes são-nos.

Se por esta altura os religiosos estiverem indignados, pergunto quantos não usam contraceptivos ..... se é para seguir as normas da igreja, que não sejam apenas as que dão jeito ..... ou é ou não é!

Talvez por ser jogador de golf e admirar as qualidades desportivas do Tiger Woods, custa-me muito assistir a este linchamento. Deixou de ser exemplo desportivo segundo vários. Apesar de ao contrário de outros não ter cometido nenhuma ilegalidade no seu desporto, não ter usado substâncias dopantes ou ilegais, está a ser crucificado. Apenas enganou a mulher ..... algo que acontece a cerca de metade dos casais, por acaso. O falso moralismo americano no seu melhor. Segundo os marketers, o facto de ter pedido desculpas públicas do que não especificou, salvou-lhe uns milhões ..... salvou-se o dinheiro ..... ou metade dele.

É preciso saber separar as águas ..... o que é do âmbito do desporto no desporto e o que é pessoal no âmbito pessoal.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Para além do conforto

O poder da internet e das redes sociais é imenso, pois a velocidade de comunicação estonteante e o poder de mobilização podem fazer milagres. A par da comunicação social, quando usadas para o bem, ambas podem efectivamente conseguir milagres.

Periodicamente aparecem campanhas de mobilização para dadores de medula, como foi o caso da Ana ou por estes dias é da Camen de 4 anos (link). A sua única e ténue esperança é encontrar um dador compatível, assumindo que a quimioterapia consegue dar-lhes a esperança de poder usar essa única alternativa de cura. Mas sem um dador não existe futuro ..... não existe esperança ..... o horizonte dos amanhãs vai encurtando ..... a única cura possível está em encontrar esse elixir da vida ..... um dador compatível.

O “palavra-puxa-palavra” pode mobilizar dezenas, centenas ou mesmo milhares de pessoas, mas quando a acção obriga a mais do que reenviar um mail ou numa outra janela fazer um donativo, aí é que muitas vezes a bondade humana termina. Muitos são extremamente solidários mas desde que isso não extravase a sua margem de conforto. Quando toda a sua ajuda está no dedo indicador em cima do rato.

Infelizmente assisti no caso da Ana a várias pessoas, incluindo amigos, que por muito boa vontade demonstrada, ainda hoje não são dadores. A Ana já partiu há quase dois anos e eles ainda aguardam algo para ser dador. Podiam já ter salvo alguém, incluindo a Ana e ..... nada. Terão de viver com esse “peso” na sua consciência. Desta lista estou a excluir os que tentaram e por razões médicas ou de critérios economicistas foram excluídos ..... é horrível querer ajudar e não poder. É frustrante.

Ser solidário e dizer presente é mais que se emocionar com a história de uma criança de 4 anos, fazer uns donativos ou enviar os mails. Ser solidário e humano é saber onde se pode ir ser dador e efectivamente ir lá. Ter esse trabalho. É mais do que enviar um mail a dizer que queremos ser dadores e ficar sentados à espera que as boas acções venham bater à porta.

Estando a decorrer no twitter uma angariação de dadores, a par do artigo da Lux, espero que a Cármen possa ter uma esperança ..... que as pessoas efectivamente façam mais que enviar mails e posts ..... que tenham o trabalho de poder salvar vidas .....

Olhem sempre para o lado FIXE da vida!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A verdade da mentira

Qualquer mentira só é boa numa única situação ..... não ser descoberta. Tudo o resto são meros exercícios de retórica. Para ser consistente convém que tenha dois ingredientes básicos ..... um fundo de verdade e uma superficialidade quanto baste.

O episódio das escutas do Sócrates tem servido para alimentar várias polémicas, nomeadamente o facto dele saber ou não do negócio da TVI. E isso tem tentado ser utilizado pela Manuela Ferreira Leite, de uma forma pouco inteligente na minha opinião. Mas não tão pouco inteligente como a resposta do PS.

Acho que a fuga de informação dos processos é tanta que ninguém acredita que tudo não se saiba. Como naturalmente se torna previsível, qualquer escuta ao Sócrates interessa especialmente aos seus adversários, especialmente ao PSD ..... parece-me natural. O discurso da Manuela Ferreira Leite tanto pode ser de quem ouviu as escutas como de quem quer insinuar algo. O ridículo foi o partido do governo vir falar no assunto, dando-lhe mais importância do que isso tem ou teria a não ser verídico.

Cada um fez o seu papel institucional, defendendo a sua verdade ou a realidade da sua mentira. Uma prática normal. O estúpido foi o PS na voz do seu porta-voz vir dizer que a MFL falou como falou por ter tido acesso às escutas. Torna-se irrelevante se teve ou não, até porque poucos acreditam no segredo de justiça. O relevante foi essa afirmação em si pelo que ela comporta. Dito daquela forma, isso apenas significa apenas uma coisa ..... o Sócrates falou isso e ficou gravado ..... se assim não fosse o ataque do PS seria “está a inventar uma história” e não “só pode ter tido acesso às escutas” ..... a assim se mata uma mentira.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Uma ultima corrida

O ano está prestes a terminar. Constituindo isso um marco importante, nas nossas cabeças vamos fazendo uma retrospectiva do ano e pensando em tudo o que temos em “aberto”. Surge-nos o ímpeto de terminar com as pontas em aberto para se iniciar um ano novo, e com ele a esperança de uma nova etapa.

Tal como o fazemos na nossa vida pessoal, também nas empresas isso se passa. O orçamento é talvez a face mais visível, onde se tenta fechar os gastos ou vender os projectos que faltam para cumprir os objectivos. O stress deste período é em muitas empresas ou áreas de uma empresa asfixiante. Nota-se isso no comportamento de várias pessoas.

De um momento para o outro o ano está a terminar e faltam poucos dias. As decisões que foram sendo pensadas urgem em ser tomadas, podendo nalguns casos levar a precipitações. Embora seja mais um de doze meses, a existência de feriados a meio da semana, neste ano propicio a “pontes”, assim como uma época de festas como o Natal e a passagem de ano, tornam o mês quase reduzido a 2 semanas ..... encurta.

E começa então o esforço para o final ..... a ânsia de terminar o que achamos que precisa de ser terminado. A nossa última corrida do ano ..... o último esforço.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Correr por gosto

Diz o ditado que “quem corre por gosto, não cansa”. Obviamente que isso não pode ser levado à letra, mas o espírito embebido nesta frase é muito verdadeiro.

Quando fazemos algo por gosto, o empenho e o animo que colocamos é imensamente superior a uma situação normal. O cansaço não afecta tanto, as horas passadas à secretária parecem minutos, os kms parecem metros e por aí fora. Seja no trabalho ou na nossa vida pessoal.

A necessidade pode fazer-nos ir para além do normal, mas o esforço com que isso acontece pode ser incomportável. Esse esforço acaba sempre por ser pago de alguma forma, ou seja, basicamente o inverso de quando é feito por gosto.

Os conceitos de tempo, espaço e esforço tornam-se relativos quando deixam de ser relevantes. Quando as coisas valem a pena, ou pelo menos assim o entendemos, superamos os nossos limites. É quando efectivamente retiramos prazer da nossa vivência ..... do nosso dia-a-dia ..... da nossa actividade profissional ..... de estarmos vivos.

domingo, 22 de novembro de 2009

A isenção da independência

A melhor sensação que existe é sabermos que o que fazemos é porque o quereremos. Que podemos nos dar ao luxo de tomar as atitudes que achamos mais correctas, sem que as consequências nos afectem.

Quando existem laços fortes de dependência, presente ou futura, os nossos actos e acções estão sempre condicionadas. O facto de dependermos do nosso ordenado, irá sempre condicionar a liberdade de decisões, opiniões ou posturas. A dependência dos pais condiciona a relação. A expectativa de uma posição condiciona as opiniões.

Até a um passado recente de semanas, o Marcelo Rebelo de Sousa podia dar-se ao luxo de contestar a Manuela Ferreira Leite a seu belo prazer. Podia chamar-lhe o que quisesse ou insinuar com factos ou opiniões as suas más escolhas. Como em nada dependia do partido, excepto a relação ideológica, opinava livre e fortemente. Tinha opiniões isentas. Hoje não. Perdeu e perdeu-se.

O facto de poder vir a ser um candidato à liderança do PSD, tipo tens 20% de hipóteses de ter 50/50 de hipóteses, amordaçou o seu sentido critico. Já não se pode dar ao luxo de afrontar claramente o partido em criticas à Manuela Ferreira Leite, com o risco de perder apoios necessários no momento de uma possível votação a líder. Os seus comentários sobre o PSD deixaram de ser isentos.

Ter uma dependência é isto mesmo, é voluntária ou involuntariamente condicionador de uma opinião distante e isenta. Em casa, no trabalho, na política ou na vida.

Há tempos dizia a alguém que adorava poder ser honesto em alguns temas. Como fazia e faço as coisas por prazer e não com objectivos menos claros ou segundas intenções, tenho a isenção suficiente para ser honesto. É muito bom ser suficientemente isento para se dizer ou fazer o que se quer ou pensa.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Fraquinhos

Tal como vários, também eu tenho sido muito critico sobre a nossa justiça, especialmente com a nossa magistratura. De mãos dadas pela negativa, perfeitamente equiparada na mediocridade, está grande parte do nosso jornalismo, se é que se pode chamar jornalismo.

Depois de vários bons exemplos de histórias e julgamentos que apenas se têm realizado por insistência dos jornais, ultimamente temos assistido ao descalabro. É o assassinar de todo um historial. É o jornalismo ao serviço não da sua missão de informar o público, mas sim os grupos económicos que os sustentam.

O convencional segredo de justiça não só não é mais respeitado, como é claramente cilindrado. O princípio da inocência é desfeito e dilacerado pela necessidade de notícias para vender. Os interesses encobertos tornam-se evidentes. Os possíveis inocentes são julgados em praça pública. Tal como fazia a Manuela Moura Guedes, e que todos correctamente contestavam, os jornalistas de hoje opinam e tiram conclusões. Para além do velho prontuário, os nossos jornalistas hoje em dia devem ter o compêndio das obras de Conan Doyle ao lado.

No caso do Armando Vara, foi confrangedor ver que depois de todas as notícias e interpretações, afinal não existem as escutas onde ele pedia os 10.000,00 € ..... apenas uma sequência suspeita de escutas e eventos. Mas o que apareceu nos jornais era colocado como certezas. Em momento algum, até hoje, a história foi contada como sequência de eventos suspeitos ..... as acusações eram directas. Eram ..... hoje ficamos a saber que nada efectivamente existia substanciado.

Os nossos magistrados são fraquinhos, é um facto, mas os jornalistas que os acompanham estão claramente ao mesmo nível ..... fraquinhos.

Efeito Pavlov

O nosso parlamento continua como sempre me lembro de o ver ..... uma autêntica feira das vaidades. Quem está no governo considera que tem as melhores ideias e quem está na oposição pensa exactamente o inverso.

Esta questão sobre a avaliação dos professores é bem sintomático. Assim que o PSD e o PS chegaram a um tipo de acordo, toda a oposição se juntou para dizer mal, raiando quase o insulto. Porque será que cada partido acha que é o detentor da solução? O único detentor da solução?

domingo, 15 de novembro de 2009

Segredo de justiça

Ultimamente juntar a palavra “segredo” e “justiça” parece algo tão estranho como azeite e vinagre. Se o visado é detentor de um cargo público ou é uma figura pública, é mais que certo que parte das conversas apareça nalgum ponto da comunicação social. O onde depende apenas do partido visado.

Cada vez que estes episódios acontecem, o que se discute é a legalidade ou não das escutas. Quem é visado, sente-se sempre invadido na sua privacidade, mas uma investigação é isso mesmo. Nesse aspecto a única diferença para as restantes provas é que são mais difíceis de desmentir.

Sobre o manto do direito de informação, vários jornalistas tanto sérios quanto os outros publicam as notícias como querem. Várias são as vezes que mais tarde se percebe que a frase está ou descontextualizada ou incompleta. Mas o estrago inicial e a difamação fica. Estou para ver algumas dessas fontes serem descobertas. Nunca se vai por esse caminho, pois existe o interesse da sua existência.

Sou partidário do segredo de justiça pois só assim se protegem os inocentes. Infelizmente porque a nossa justiça não é nem cega nem imparcial, os não inocentes também saem beneficiados. É o preço a pagar.

Uma vez que a violência doméstica é crime, será que Portugal não está em risco de ser preso por maus tratos à justiça?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A importância da referenciação

Por várias vezes tenho dito e escrito que na vida o importante é ter saúde e amigos. E quando digo amigos, falo dos verdadeiros, não dos que orbitam á volta de dinheiro, sucesso ou interesses.

O caso do Armando Vara é um bom exemplo disso. Não querendo menosprezar as suas capacidades empresariais e de gestão que desconheço, a verdade é que saltou na era rosa de um partido para a administração de grandes empresas com vencimentos a condizer. Não creio que tenham sido os seus comprovados méritos a proporcionar-lhe tamanha epopeia. Um telefonema da pessoa ou pessoas certas fazem maravilhas. O problema foi que ele próprio se pôs a fazer telefonemas ..... quando estava a ser escutado ..... faltou um aviso do ministro da administração pública. Não deve ser amigo de casa.

Todos nós utilizamos a referenciação. Se queremos um bom restaurante que ainda não conhecemos o que fazemos? ..... perguntamos a um amigo que conhece vários ..... quantas pessoas vão à lista telefónica pesquisar e arriscar no desconhecido?

Por detrás de mim encontra-se o presidente de uma empresa ou delegação, o cargo em si não consegui perceber bem, mas é um deles e não é relevante para o texto. Ele estava a fazer um telefonema para um amigo: “... olha, a ..... está à procura de um director geral para uma das empresas algures na Europa e eu recomendei-te. Podes falar com os nossos RH?” Tão simples como isso. Eles até podem ter 500 candidaturas espontâneas, mas vão entrevistar apenas algumas pessoas recomendadas.

Há pouco tempo falei sobre a importância da auto-venda como um dos factores de sucesso ..... hoje é a importância da referenciação para chegar mais longe ..... como se diz nos anúncios que por aí circulam na net ..... podia conseguir o mesmo sem estas ajudas? ..... podia, mas não era a mesma coisa! ..... ou talvez não fosse de todo possível sem esta referenciação. Este amigo que o diga!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Nulidade das escutas

Invariavelmente todas as escutas de processos envolvendo caras conhecidas ou com poder e influência acabam sempre da mesma forma ..... é declarada a sua nulidade. Começo a desconfiar que nos cursos de direito existe uma série de cadeiras sobre como branquear situações.

Esta situação já é recorrente à anos. Acontece várias vezes em vários processos. A lei continua inalterada neste ponto. Ninguém propõe alterações. Continuo a achar que o problema não é nos nossos criminosos ..... o problema está na incompetência dos nossos magistrados e investigadores judiciais.

Neste momento apenas encontro uma utilidade nas escutas ..... material para os jornais usarem e o público ficar a saber o que o tribunal irá esconder. O risco é as escutas irem parar a uma das facções jornalísticas dos envolvidos, acabando por desaparecer por algum tempo ou mesmo de forma definitiva. Pouco ou mais nenhuma utilidade têm ..... do ponto de vista do prevaricador, sempre ganha tempo delas serem ouvidas e transcritas ..... sempre se perde tempo.

No caso do Sócrates esta nulidade é-lhe prejudicial. O facto de acontecer depois das suspeições no FreePort apenas vêm adensar a dúvida sobre a sua credibilidade. Se é que ainda tem credibilidade para a população ..... excepção aos empalados que veneram o PS ou o próprio Sócrates. Pode até acontecer que as escutas fossem mais prejudiciais pelo que lá está, independentemente sobre o que é, mas garantidamente o seu “desaparecimento cirúrgico” é altamente incriminatório e difamatório.

Para que servem então as escutas?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Risco de implosão

No judo ensina-se que a melhor forma de derrubar o adversário não é fazer mais força que ele mas sim aproveitar a força dele. Graças aos avanços da engenharia, é já possível reduzir a pó enormes arranha-céus, apenas com pequenas cargas de explosivos, estrategicamente colocadas. O peso do edifício em si é que faz o trabalho todo.

Uma organização tem também os seus pontos nevrálgicos. Por maior que ela seja, existe uma série de áreas ou pessoas que a sustentam. Embora o todo seja mais que a mera soma das partes, a verdade é que esse mesmo todo é um conjunto de partes. A unicidade de cada parte e a função que desempenha é fundamental ao equilíbrio de todo o ecossistema.

Um dos problemas de crescimento das organizações é muitas vezes menosprezar a real necessidade de crescimento orgânico de algumas das suas componentes. Pede-se sempre mais e mais aos recursos pois eles vão respondendo sempre, porém, chega a um determinado ponto que a fissão é inevitável. Todos os corpos apenas podem ser esticados até determinado ponto, a partir do qual a rotura é algo que naturalmente irá acontecer.

O maior problema nem sempre é este evento, pois ele pode em si despoletar uma série de medidas correctivas que o bom senso da prevenção foi alertando e sendo ignorado. O problema é quando várias áreas estão a este nível. O trabalho vai sendo feito mas o custo é demasiado alto em termos organizacionais. Paga-se. Pode demorar um pouco mais, mas a factura é uma inevitabilidade.

As organizações em crise padecem muitas vezes do mesmo mal. A sua viabilidade assenta em várias áreas ou elementos que são levados até ao limite. É como quando a ginástica é mal feita. Se o ritmo for demasiado intenso, o corpo não consome as gorduras e passa logo para o nível seguinte. Essas ficam quase como estavam inicialmente .....a nossa saúde é que não.

O grande problema é que estrategicamente todos conhecem o problema eminente, podendo ou não ter a capacidade de o reconhecer, porém, as empresas destinam-se a remunerar o accionista e poucos são os que têm a visão de reconhecer que os ganhos de hoje podem comprometer o que pode ser o amanhã. Mas se não houver os ganhos esperados hoje, pode também não haver amanhã ..... pelo menos para alguns.

Um empresa é em muitas situações semelhante a um relógio. Para funcionar correctamente, existem uma série de rodas dentadas que têm de cumprir a sua função, porém, se uma ou várias dessas rodas se estragam, o que muitas vezes acontece em simultâneo quando todo o mecanismo é levado ao extremo, todo o mecanismo fica comprometido, podendo mesmo no processo vir a serem destruídas componentes que até estavam a funcionar correctamente.

domingo, 8 de novembro de 2009

Observar a simplicidade

No meio da agitação que é o nosso dia-a-dia, entre o cumprir com as nossas responsabilidades e o viver, nem sempre temos tempo para ficar a observar ..... apenas observar.

Este texto foi escrito ao pé do mar, num pequeno parque de estacionamento. Mesmo à minha frente está um mar bravo e revolto. Ao invés do azul idílico que naturalmente imaginamos, as ondas estão castanhas de todo o turbilhão que vai no seu interior. Violentamente as ondas embatem nas rochas, criando um espectáculo bonito e imponente. E depois de uma onda vem outra ..... e mais outra.

O molho vai sendo reparado, contando com partes novas e outros em que são bem visíveis os sinais da força da natureza. O preço da calma no interior é ali bem vincado. Poucas são as gaivotas que voam ..... o céu apenas está preenchido de nuvens, num grande e enorme degrade em tons de cinzento escuro.

A praia outrora cheia, está agora vazia ..... abandonada ..... deixada só para receber a chuva que tanto aparece como desaparece. A seu lado, um autêntico arco-iris de cores expressa nos barcos de pesca parados.

Após a vaga de calor finalmente é Inverno. A natureza é bonita. Permite-nos extrapolar o que vemos para a nossa vida ou ..... pura e simplesmente ..... ficar a observar.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aos poucos e poucos

Quando a lei de ser proibido conduzir e falar ao telemóvel saiu, demorou um pouco até começar a notar-se que ela estava efectivamente em vigor. Exactamente o tempo de vários apanharem multas. Eu fui um deles.

Durante algum tempo, poucos eram os prevaricadores que se viam na estrada. Os avanços da tecnologia com os dispositivos sem fios vieram ajudar, porém, aos poucos e poucos, cada vez vemos mais condutores de telemóvel na mão. E o número aumenta de dia para dia.

Todos sabemos que dá multa, que existem auriculares e dispositivos de ajuda ..... mas a verdade é que são cada vez mais. Porque será?

domingo, 1 de novembro de 2009

Brandos costumes

Por muito que a sociedade evolua, continuamos a ser um país de brandos costumes. Não nos importamos de saber o que moral ou eticamente até pode ser condenável segundo determinados princípios, mas enquanto não é do domínio público, não há problema. A sociedade continua a ser hipócrita como sempre o foi.

Não nos importamos de saber que os nossos amigos apesar de casados, ambos têm relações paralelas e externas ao casamento. Não nos importamos de ter como líder de um partido um homosexual. Não nos importamos de saber que o presidente do nosso clube de futebol não é honesto. Basicamente não nos importamos com nada disto enquanto não é público. Sabemos e não nos importamos. Até nos pode afectar ou pura e simplesmente podemos não concordar, mas vamos deixando andar.

Recentemente em Itália demitiu-se o governador de Lazio. Tal como acontece com Berlusconi, o assunto envolve sexo, drogas e dinheiro. A diferença é que envolve um transsexual, se isso é diferença nos dias que correm. Apenas se demitiu porque a notícia iria aparecer nos jornais, por acaso do império do Berlusconi. Por acaso fiquei admirado pois um país que já está habituado a escândalos e convive “melhor” com eles, deveria ser mais tolerante. Em França, 67% das pessoas que responderam a um inquérito, não querem a demissão do ministro da cultura que havia admitido turismo sexual com jovens rapazes na Tailândia.

Por cá as coisas não funcionam bem assim. Ainda não funcionam assim. E a razão disso acontecer nada tem a ver com a opinião pessoal, mas sim pelo que as pessoas acham que a sociedade pensa. Fala-se mais pelo que se imagina ser o pensamento reinante que pelo que realmente acreditamos.

Recordar

Recordar é sempre bom. É reviver todos aqueles bons e infelizmente maus momentos. Todos eles juntos fazem a nossa história, o nosso passado. Enquanto recordamos, as pessoas vivem ..... somos a sua memória vida. Vivem em nós e por intermédio de nós.

Alguns partiram porque chegaram ao fim de uma vida, outros barbaramente colhidos no melhor da vida. Todos eles deixaram marcas, vários deixaram saudades ..... todos os dias.

O filhão recentemente este triste pois tinha de escrever uma história. Uma caligrafia sobre umas férias e viagem passada. Ele só se lembrava das viagens feitas com a mãe. A saudade é muita ..... tanta saudade ..... e ele ficou triste. Nessa noite dormiu na minha cama e conversámos durante muito tempo. Ambos expressámos a saudade que sentíamos e, após esse período, disse-lhe exactamente o que aqui escrevi. É bom recordar as boas memórias que temos. É particularmente bom saber que essencialmente as memórias que temos são boas ..... são felizes.

Após ele adormecer enrolado em mim, recordei todos aqueles que já partiram e que deixam saudades ..... e lembrei todos os momentos felizes passados ..... o sorriso nos meus lábios superaram a tristeza da perca. O que levamos da vida e das pessoas é o exemplo e os bons momentos. E por estranho que pareça, senti que aquela conversa tinha sido tão positiva para ele como para mim. Que a vida continua ..... e durante muito tempo fiquei a repetir a frase da Ana ..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida!

Hoje é o dia em que os cemitérios se enchem e os entes são recordados. Que as campas ficam mais limpas e bonitas. Para a generalidade delas, o dia que recebem a única visita do ano, que na realidade é para quem visita e não para quem é visitado, mas isso é um pormenor.

Hoje é um dia de memórias. Felizes os que têm uma boa história para recordar ..... a saudade é algo que se adquire para toda uma vida.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Uma nova novela que se inicia

Mais um empresário que é apanhado nas malhas da lei, assim como várias ramificações vêm a lume. Invariavelmente como em todos os casos anteriores, aparece sempre um ou vários políticos ou ex-políticos.

Volto a lembrar que nos EUA o Maddof que foi apanhado e condenado e que o caso BPN continua ainda no início. Em Portugal não se condena e, mesmo quando existe condenação, as penas efectivas são apenas para o vulgar cidadão. O Isaltino Morais que foi condenado a pena efectiva, apareceu ontem com dois reputados juristas a defender quase sobre honra que ele não poderia cumprir pena. Obviamente não era por estar inocente ..... era pelo crime já ter prescrito ou a forma de apresentar as provas era ilegal. Torna-se irrelevante se os factos são verídicos ou não.

No caso que agora se inicia na “Face Oculta” apanha vários nomes sonantes, muitos com cargos de responsabilidade em empresas que irão sofrer com este processo, seja os intervenientes inocentes ou culpados. Os intervenientes irão ficar presos a esta história durante vários anos ..... e as empresas a que pertencem também.

Dado os presumíveis culpados até agora apresentados, com capacidade de movimentação “por debaixo das saias da justiça”, não acredito que isto tenha uma resolução rápida ..... tipo menos de 10 ano. A procissão ainda está no átrio.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um dia

Por vários motivos ou motivações, várias são as vezes que dizemos um dia. No fundo, é o mesmo princípio associado ao início de uma dieta, que invariavelmente começa sempre na segunda-feira seguinte ..... adiamos sistematicamente decisões, privações ou o medo das nossas próprias decisões.

Um marca de café foi bastante feliz nos seus pacotes de açúcar. Quem quiser pode escreve para lá e eles publicam várias das nossas eternas não decisões ou adiamentos ..... um dia.

Mas a vida é para ser vivida, apreciada e desfrutada. O que nos dá prazer não devia estar aprisionado dentro de uma categoria um dia. Não devia ser um desejo reprimido e impresso num pedaço de papel, por mais doce que ele seja.

Ás vezes é preciso correr o risco do hoje ..... deixar de adiarmos a felicidade ..... deixar de ter medo do que pode trazer prazer ou satisfação ..... terminar os nossos projectos planeados e muitas vezes iniciados mas nunca concluídos. O que estiver incompleto ou não resolvido nunca deixará de ocupar a nossa mente ..... “e se eu ...”. Saborear o doce gosto da realização.

O tempo passa a correr ..... um dia faço ..... um dia ..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida! ..... façam com que HOJE seja o UM DIA.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O homem do leme

Tal como a direcção, performance e conforto de uma viagem de barco é em muito da responsabilidade do homem do leme, também nas nossas empresas isso acontece.

O estilo de gestão do CEO, administradores e mesmo directores de primeira linha condiciona muito mais que a estratégia e os resultados da empresa. Afecta a vida de quem lá trabalha a todos os níveis, e consequentemente afecta a vida das pessoas ligadas por laços familiares ou de amizade a essas pessoas.

Recentemente estive a conversar com um amigo que, no âmbito de uma reunião interna sobre a égide de recursos humanos, motivação e desmotivação, voltou a relembrar os seus superiores de um problema que lá se vive, tal como se vive em várias outras empresas, que é o facto de “quando existe um problema, procura-se primeiro um culpado e depois logo se vai resolver o problema ..... assim não há motivação que resista”. Esta é uma frase que faz sentido tanto na empresa dele como em várias. É um problema cultural português que é sabido, comentado e debatido mas que se mantém.

Faz parte da cultura da empresa que é assimilada ao longo do tempo devido ao factor humano de quem a dirige. Depende acima de tudo das pessoas que dirigem. Quando se diz que uma organização é feita pelas pessoas que a constituem, isso tanto se aplica ao bem como ao mal. Que diga o colaborador que na semana anterior se tornou no 25 suicida em 18 meses na France Telecom. Se o director ou administrador tiver atitudes similares, dificilmente o ambiente de trabalho poderá ser saudável ..... e invariavelmente isso reflecte-se nos resultados da organização.

Um clima de desconfiança permanente e pressão desmesurada numa será positivo. O espírito de culpabilização e repressão por erros presentes ou passados mina toda e qualquer vontade de arriscar ou mesmo resolver. Cria-se um clima em que ao invés de espírito de ajuda, as pessoas estão em primeira instância a tentar “empurrar” assuntos e problemas. Locais de trabalho como o descrito na Yahoo, Microsoft ou outras empresas de sucesso são similares ..... não me parece ser uma mera coincidência.

Ao pensar neste texto lembrei-me também de uma empresa por onde passei que teve uma impulsão gigante sobre a gestão de um determinado CEO. Ele aproveitou tudo o que de bom fez para comercializar a sua imagem ..... e com sucesso, diga-se ..... mas a empresa indiscutivelmente era mais prospera e os seus colaboradores viviam num clima organizacional positivo. Após 3 sucessões falhadas, o quadro por lá não é animador. Novamente uma situação em que mais que a organização, são os homens que a dirigem que marcam a sua existência.

O homem do leme é responsável por mais do que a estratégia e os resultados. Ele é responsável por vidas. Invariavelmente os destinos das empresas, estados e afins está ligado aos homens e mulheres que as dirigem e que marcam essas mesmas organizações com o seu punho pessoal. A todos os níveis.

domingo, 25 de outubro de 2009

A arte das palavras

Nem sempre conseguimos dizer o que queremos, a quem queremos e no momento que queremos. Muitas vezes a pessoa já não está, outras não pode estar e outras apenas não se proporciona estar. O espaço e o tempo são duas variáveis que nem sempre coincidem. Os momentos de conjugação devem ser aproveitados ao máximo, tanto em gestos como em palavras.

É bom ser natural e dizer com honestidade o que pensamos. É bom não ter vergonha de nos expressarmos e dizer o que pensamos ou sentimos, especialmente as partes positivas, as palavras de encorajamento, o ombro amigo, o elogio ..... o mimo.

A frase certa no momento certo é mais do que meras palavras juntas numa frase com maior ou menor eloquência. A arte está em sabê-las dizer ou escrever com paixão ..... com significado ..... conseguir transferir para uns meros rabiscos um conjunto de emoções ou sensações. Saber dizer o que muitas vezes é uma banalidade ..... pode ser uma banalidade ..... mas é a verdade ..... transporta emoção ..... faz vibrar quem ouve ..... é bom.

Muitas vidas são vazias por todos aqueles momentos de silêncio que se instalam. Embora o silêncio em certas ocasiões seja melhor que a frase mais eloquente ou mesmo impregnada de emoção, ele não pode e não deve ser uma constante.

A mestria mundana das palavras é mais do que um Nobel da literatura, um best seller ou frases bem sucedidas de um engate. As palavras são a matéria prima para a felicidade de alguém ..... são originadoras de momentos especiais ..... são o cimento das boas memórias que guardamos das pessoas ou acontecimentos. As palavras ditas e por dizer da nossa história irão sempre marcar essa mesma história.

Muitas vezes não sabemos o que dizer ou não conseguimos expressar o que queremos dizer. Muitas vezes invejamos pessoas como por exemplo o Paulo Coelho pela genialidade e simplicidade com que descreve os seus pensamentos. As frases bem construídas conseguem ultrapassar a clarividência do que lá está escrito. O poder das palavras é imenso. A boa escrita é uma arte.

Uma imagem até pode valer mais do que mil palavras ..... mas o poder da palavra ou frase certa, no momento certo, vale mais do que qualquer imagem ou gesto.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A arte da auto-venda

Certas pessoas têm uma vocação especial para vender o que quer que seja, ou pela mestria como apresentam os produtos ou pela mestria que levam os outros a querer comprar o que eles têm para vender ..... e que até podem nem necessitar. São os chamados comerciais natos.

Mas para além destes verdadeiros profissionais, existem em todas as organizações elementos que têm uma apetência especial para se auto-venderem. Independentemente de fazer ou não as tarefas que lhes competem, conseguem sempre que a sua imagem seja valorizada no final. E como em grande parte das coisas na vida, na sociedade e nas organizações, depois de ouvirmos várias vezes o mesmo isso torna-se a norma. Mesmo que não seja, acreditamos que seja.

Nas organizações muito hierarquizadas o grau de sucesso mede-se de várias formas e, muitas vezes, a ascensão profissional é mais ditadas pela imagem que se constrói que por qualquer outro facto. A separação e o distanciamento entre níveis leva a que a ideia sobre as capacidades profissionais de um elemento sejam construídas pela sua capacidade de networking e influenciadores. Muitas vezes o seu trabalho é irrelevante, especialmente se não fizer publicidade disso.

Quando estamos numa organização é preciso perceber as “regras do jogo” específicas dessa organização, ficando depois ao nosso critério o jogar ou não. É preciso saber que a auto-venda é uma realidade ..... há sempre alguém, quando não vários, a fazer isso. Quem achar que o seu trabalho é suficiente para o que quer que seja, ou sabe que tem um posto com uma exposição, visibilidade e/ou impacto que lhe permite isso ou então está perfeitamente enganado. Pode criar uma imagem positiva durante algum ou muito tempo mas, nas alturas de problemas, quando a competência ou êxitos passados de nada contam, é a imagem que se conseguiu criar ou vender que ditará tudo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O poder da confiança

Quando nos deparamos com um desafio ou uma dificuldade, a nossa capacidade de superar essa adversidade está directamente relacionada com a nossa confiança. Se acreditarmos em nós, conseguimos ultrapassar montanhas, porém, se os níveis de confiança forem baixos, até uma simples parede pode parecer tão intransponível como o Everest.

Talvez a face mais visível no exterior seja uma equipa de futebol. Se os jogadores estão com baixos níveis de confiança, os resultados e as exibições são regra geral paupérrimas, porém, se a confiança abunda, mesmo pequenas equipas conseguem se bater com as grandes ..... e algumas vezes até ganham.

Ás vezes essa confiança, ou a sua falta, existe na nossa vida privada da mesma forma que existe na vida profissional. Outras vezes estamos confiantes numa dessas vertentes e lastimavelmente fracos na outra. Conseguir estar bem nas duas é um factor decisivo de sucesso ..... a todos os níveis.

A confiança é fundamental para obter algo simples ..... o melhor de nós. Somos nós que conseguimos ultrapassar um obstáculo ou conquistar uma mulher lindíssima ..... somos nós que conseguimos passar ao lado do sucesso ou da felicidade ..... apenas nós.

Um amigo meu tinha como slogan na campanha política “É preciso acreditar, é preciso votar” ..... que não foi suficiente para ganhar ..... mas foi esse acreditar que o levou a superar-se. É verdade que não conseguiu ..... mas hoje sabe melhor do que é capaz ..... tem a confiança suficiente para não temer um desafio semelhante (ou não) ..... pode ter dúvidas sobre questões estratégicas, o que é positivo pois meditará melhor nas próximas ..... mas sabe que é capaz de estar à altura dos desafios ..... acredita nele ..... e isso é o mais importante.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Definir fronteiras

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deliberou ontem sobre a suspensão do Jornal Nacional de Sexta (e consequentes pedidos de demissão da Direcção de Informação da TVI e da chefia de redacção). Não é um deliberação de preto e branco mas sim uma palete de cinzentos.

Por um lado é difícil definir se aquilo era jornalismo, um telejornal, um palco de vaidades ou um programa de opinião. Vários eram apreciadores do estilo da sua apresentadora, sendo que grande parte desses odiavam o Sócrates ..... razão mais que suficiente para gostarem do programa. De várias pessoas com que falei, muitas consideram que efectivamente não se deveria chamar jornalismo ao que ali era feito, mas que o papel que ela desempenhava era relevante.

O nível de audiências que o programa tinha e largamente utilizado como galões pela apresentadora também não era consensual. Numericamente não discuto o valor, deixando isso para quem de direito, porém, a coincidência em termos de grelha de programação de estar antes do Euromilhões não é de menosprezar. Se por acaso o Euromilhões mudasse de canal, as audiências iriam ficar iguais?

Os programas e a forma de os apresentar são o que define um canal. Resultante desses programas e identificação dos espectadores com eles, resultam os shares que são uma das medidas de referência de notoriedade e como tal factor de captação de publicidade, porém, mediante a imagem percepcionada do canal, as marcas podem ou não querer associar-se a essa imagem. Mas um canal de televisão é uma empresa com accionistas e como tal visa a geração de lucro, remunerando o accionista pelo seu investimento. Se o accionista considera que em termos estratégicos um determinado programa não se adequa à imagem que pretende transmitir não estará no seu direito de o terminar? ..... a administração da TVI havia já em 2003 e 2004 manifestado a sua preocupação com o “formato assumidamente opinativo” do Jornal Nacional e a sua compatibilidade com o Estatuto Editorial da TVI.

Percebo que do ponto de vista dos jornalistas seja levantada a bandeira da liberdade de expressão. Deve ter demorado não mais de 1 segundo para essa expressão passar logo na cabeça deles. Mas a deliberação da administração não foi condicionar directamente essa liberdade de expressão ou liberdade redactorial ..... mas obviamente que condiciona pois os próximos programas sabem que podem terminar por motivos semelhantes.

Este caso parece um pouco o recriar da condenação do Al Capone. A ERC não contestou o conteúdo do programa ou o direito da administração a suspender o programa. Toda esta questão que irá fazer correr tinta ..... muitos amigos da MMG e opositores de Sócrates se iram encarregar disso ..... resume-se a se a administração podia fazer o que fez ou tinha de mandar um subalterno fazer. Patético.

domingo, 11 de outubro de 2009

Fiquei estarrecido .....há 1 ano atrás

Completa hoje exactamente 1 ano desde que emprestei dinheiro a alguém pela última vez (link). O pedido era tão somente durante o fim-de-semana, tendo eu posteriormente prorrogado o prazo até ao final do mês para que a pessoa em causa não fosse contrair um empréstimo qualquer para honrar a sua palavra ..... triste ingénuo que fui ..... acreditava que a pessoa em causa iria honrar a sua palavra.

Durante o decorrer deste ano, para além de nunca ter obviamente recebido um cêntimo que seja, várias foram as oportunidades que a pessoa em causa teve para dizer alguma coisa ..... nem que fosse “ainda não pude pagar, mas irei fazê-lo” ..... gesto tão simples de puro respeito e consideração ..... nada!

Hoje o filhão quis comprar um boneco ..... daqueles que as crianças querem e quando chegam a casa tanto pode ir parar ao lixo como para a gaveta que o efeito é o mesmo ..... dificilmente será usado novamente. Como ele já tem a sua semanada, achei que não lhe devia comprar e utilizar isso como lição de gestão do seu dinheiro, dos seus recursos. Depois de fazer contas, chegou à conclusão que ainda não tinha dinheiro suficiente ..... o que é natural pois somente agora começou a receber semanada.

A sequência de instintos foi a de qualquer adulto ..... 1º) Não me podes oferecer para eu não gastar o meu dinheiro? ..... 2º) Emprestas-me dinheiro que eu pago quando receber? (futuro) ..... 3º) Emprestas-me dinheiro?

Como não acedi a nenhum dos argumentos, ele obviamente ficou triste, facto que naturalmente me deixou triste também, mas aparentemente o objectivo em parte foi atingido. Ficou a pensar quanto ainda teria de poupar para conseguir comprar o boneco. Ficava mais feliz se o tivesse visto a pensar se queria mesmo aquele brinquedo e por aquele preço, mas isso é outra história. Mesmo assim, quando chegou a casa ainda separou o que tinha poupado entre as suas poupanças e o dinheiro para enviar para o banco. Está a começar a habituar-se a poupar, o que me deixou extremamente feliz.

Com a excepção dos poucos felizardos que têm mais dinheiro do que vão conseguir gastar na vida, para os restantes não é fácil. Saber poupar, seja para uma necessidade seja para aproveitar o que de bom se pode ter na vida, é um imperativo. É mais fácil habituarmo-nos a viver com mais do que com menos.

Conseguir balancear entre poupar e gastar não é fácil, especialmente porque não sabemos o que a vida nos trás, mas é melhor depender apenas de nós do que da bondade alheia. É algo que tanto serve de lema na nossa vida pessoal como nas nossas empresas.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pressão

Recentemente a France Telecom afastou o seu “numero dois” devido ao elevado número de suicídios nos últimos meses. Para ser mais concreto, na FT houve 24 funcionários que tomaram esta opção nos últimos 18 meses. Qualquer coisa como 1,3 colaboradores por mês. Faz-nos pensar.

A pressão a que estamos sujeitos nos empregos e a responsabilidade financeira em casa são “fardos” que têm de ser carregados. Faz parte da vida. A verdade é que nos tempos difíceis que vivemos, cada vez a pressão é maior. Cada ano que passa por esta altura é preciso fazer o orçamento para o ano seguinte e a indicação (ou expectativa) do accionista é sempre a mesma: mais receita e menos custos.

Mas ao sistematicamente se reduzirem custos, entramos numa zona em que é muito complicado fazê-lo. Por outro lado, depois de se passarem anos a reduzir, a expectativa é essa mesma e se tal não for verificado o veredicto é quase sempre rápido e directo: este já deu o que tinha a dar ..... temos de ir buscar outro.

Do lado da receita é em tudo parecido. Existe a pressão para que se verifique um crescimento preferencialmente a dois dígitos. Que se consiga fazer ainda mais com menos pessoas, elo sempre mais fraco nestes casos, apesar de naturalmente todas as empresas terem nos seus valores frases do tipo “os nossos melhores recursos são os nossos recursos humanos”.

O exemplo das grandes multinacionais onde os seus directores ganham grandes prémios e anos mais tarde se percebe como, quase sempre com prejuízo para a empresa, é sempre visto como os problemas do dia-a-dia ..... só acontece aos outros. As empresas tornam-se máquinas de devorar recursos que depois vão para outros locais e nova “carne” irremediavelmente aparece. É o ciclo da vida.

A pressão é portanto algo tão natural como o pc para trabalhar ou o carro para nos deslocarmos. É por natureza positiva, pois faz com que demos o nosso melhor, muitas vezes para além do “ir fazendo”, porém, quando passa o limite do eticamente correcto, pode destruir pessoas e famílias ..... destrói indivíduos onde eles são facilmente substituíveis.

O director-geral adjunto da FT encarregue das operações em França foi afastado ..... A diferença no EBITA e nas acções resultado desta pressão justifica este preço? Será que ele consegue dormir tranquilo?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Produtividade ou improdutividade

Estamos numa era que a forma de trabalhar é diferente de anos atrás. É necessário conseguir fazer mais que uma tarefa ao mesmo tempo, ou o trabalho acaba por acumular. Por uma questão ou desculpa de custos, cada vez as pessoas que trabalham têm de fazer o que antigamente seriam precisos vários.

Por outro lado, a habituação às novas ferramentas como o messanger, mail e telemóveis permitiu que nós próprios tenhamos mais predisposição a fazer isso mesmo ..... várias tarefas em simultâneo. Até a utilização destes meios para conferenciar com alguém pode ser benéfico, tendo o mesmo efeito de uma pausa mas com o acréscimo da convivência.

Infelizmente isto está a ser muitas vezes levado ao extremo, sendo cada vez mais difícil fazer uma reunião ou sessão de trabalho sem que alguém não atenda um telefonema, envie ou receba um sms ou mesmo troque mensagens (e piadas) com outro elemento que pode até estar na mesma reunião. Ontem estive numa reunião em que contei mais de 10 interrupções ..... num espaço de hora e meia. Não me recordo da última reunião em que alguém não puxou de um destes objectos ..... incluindo-me nesses casos.

Cada vez mais se discute se estas possibilidades e ferramentas promovem a produtividade ou são um dos factores da nossa improdutividade. Muitas empresas bloqueiam sistematicamente ferramentas como o messanger, o twitter, o facebook .....mas aparece sempre outra alternativa, como por exemplo o buddy.

A restrição é quase sempre feita pela utilização de uma determinada ferramenta ao invés da conclusão ou não das respectivas tarefas ou produtividade esperada. Volto a escrever a frase de um anúncio “produtividade não é o número de passos que se dá mas sim o quanto se anda”. É mais importante a criação da cultura da saudável utilização das ferramentas ao dispor dos profissionais, assim como a responsabilização sobre o resultado das suas tarefas.

Ficará sempre uma dúvida do que ajuda ou atrapalha a produtividade.

domingo, 27 de setembro de 2009

A boa ressaca

Quando ouvimos o termo ressaca, o nosso primeiro pensamento é associa-lo a excesso de bebida. Regra geral com sentido pejorativo, a verdade é que o termo pode comportar boas sensações.

Se tivermos a sorte de passar bons momentos, aproveitando o que de bom a vida nos dá, sejam vários anos sejam algumas horas, o termo ressaca por ganhar uma outra dimensão. Ficamos na nossa mente a saborear esses tempos ..... essas sensações ..... relembrando tudo o que de bom aconteceu ..... os momentos ..... os bons momentos ..... o desejo de se repetirem ..... ressacamos.

Nestes casos essa é a melhor parte ..... o saborear novamente as lembranças ..... o agradável das lembranças ..... a ressaca também pode ser boa.

sábado, 26 de setembro de 2009

Sempre em ON

Acabei de fazer uma viagem em trabalho ao Norte. Saí de Lisboa depois do almoço e a meio da viagem descobri que estava a ficar sem telemóvel. Nos tempos de hoje, é muito pior que ficar sem gasolina ..... esse problema resolve-se com um telefonema para a Brisa.

Simpaticamente o telefone hoje só tocada de meia em meia hora ..... um dia de sorte. Mas assim que fiquei sem ele, deixei de ter tranquilidade ..... ao invés de começar o sossego, instala-se a intranquilidade. E se houver um problema com o filhão, e os 50 problemas que estamos a resolver ou então os que tentam nos ligar e já não sabem deixar mensagem porque acham que devemos estar sempre online?

Em termos globais a vida antigamente era efectivamente mais tranquila neste aspecto. Sabíamos que se não se conseguisse falar com alguém, poderíamos ligar para casa à hora do intervalo da telenovela .....picos de gasto de água e telefone. As pessoas podiam ficar a trabalhar até mais tarde mas depois iam para casa, descansado até ao dia seguinte. Hoje não há descanso.

O executivo que vai para casa, para além de poder receber telefonemas a qualquer hora, pode igualmente receber mails e afins. Acaba o seu sossego pois sabe que o emissor conta com uma resposta, assim como assume que o receptor está sempre com atenção à mensagem que entra. Acabou o descanso.

Admiro aquelas pessoas que conseguem desligar dos problemas. Admiro.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Teoria da conspiração

Não sei se fruto da época eleitoral próxima se por outro qualquer motivo, ultimamente apenas ouvimos falar em conspirações, fugas premeditadas ou orquestradas de informação e saneamentos diversos. Temos asneiras para todos os gostos.

Não percebo esta última polémica com o Cavaco. Como não sou partidário do PSD (ou qualquer outro partido), tenho uma visão muito critica da actuação do mesmo nestes últimos tempos, achando que ele não consegue resistir à intriga política, chegando mesmo a incentivar a mesma. Quer da uma mãozinha à MFL e ao PSD ..... parece evidente.

Se o PR achasse que estava a ser vigiado, teria de tomar medidas imediatamente. O facto de ser um assessor seu a passar uma linha de orientação para um jornal, por acaso do PSD, que por sua vez guarda a notícia até ao ano seguinte de eleições não é normal. Basta isto para saber que é intriga e não facto. Factos obrigavam a agir de outra forma ..... mas o mail é esclarecedor. O mail e o seu conteúdo não foram desmentidos e isso é hoje evidente face à demissão do Fernando Lima. O Cavaco parecia uma criança apanhada a fazer travessuras e tem de dar uma desculpa qualquer estúpida ..... a primeira que lhe vem à cabeça ..... "depois das eleições vou investigar" ..... deixando nas entrelinhas que haveria conspiração ..... patético.

Isto não é asfixia ..... é estupidez pura e simples.

Ao contrário da comunicação social, não considero que o cargo de PR seja uma vaca sagrada que não pode ser questionado. Se ganhou dinheiro de forma ilícita no BPN basta dizer que não o fez para passar a ser assunto fechado e não mais investigado? ..... não me parece. Se diz que existe escutas elas passam a existir?

A Presidência da República é um cargo de representação e como tal responde perante o país pelos seus actos. Acho bem que vete o que tem de vetar, mesmo que bata todos os recordes de uma presidência ..... isso é irrelevante, desde que o tribunal constitucional continue a dar-lhe razão tal como tem acontecido. É para isso que ele lá está, e efectivamente tem lá estado. O papel de alcoviteira fica-lhe tão mal.

A arma política que tem existido está centrada na construção de teorias da conspiração que, mal urdidas como são, acabam por cair por terra por si ou, como infelizmente para o Cavaco/PSD foi o caso, acabam por vir a público porque alguém em Portugal acaba sempre por falar demais. Recentemente foi o caso da TVI e da Manuela Moura Guedes. Na minha opinião ela não é jornalista séria e aquilo não era informação. Tinha de acabar. Sou da opinião que o share que a MMG tinha se devia ao Euromilhões e não a ela ..... a única razão que aquilo durou tanto tempo foi porque só há dois tipos de homens ..... os que fazem tudo o que a mulher manda e os mentirosos ..... mas diga-se em abono da verdade que pode muito bem ter havido mão por detrás ..... não ficava nada admirado ..... mesmo nada.

O problema da teoria da conspiração é quando o tiro sai pela culatra e depois já ninguém sabe o que fazer. Acontece. Volto a dizer, é estupidez e não factos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Doce acordar

Cada pessoa tem um acordar próprio e uma rotina. Há quem acorde sem acordar, e há os que acordam e parece que tomaram Red Bull. É uma característica engraçada porque não existe forma de estereotipar com base no aspecto ou personalidade da pessoa.

A forma de acordar também tem o seu quê. Poucos acordam sempre à mesma hora e sem recurso a ajuda. A generalidade necessita de uma ajuda suplementar, chegando ao extremo para alguns de quase ser preciso a casa ir a baixo para acordarem. Infelizmente vejo ou sei que muitos acordam com panos molhados na cara ou gritos para despachar. Forma violenta de iniciar um dia ..... não pode deixar de condicionar a atitude, tranquilidade e o equilíbrio. Tem de causar algum tipo de transtorno.

O meu acordar hoje em dia nada tem a ver com o de antigamente ..... esse é história. A Ana acordava muito cedo para ter o seu tempo, e depois de preparar a bacia para eu fazer a barba vinha acordar-me com beijos e mimos. E ficávamos abraçados um pouco ..... era um doce acordar ..... era.

No caso do filhão, excepção feita ás poucas vezes que não ouço o despertador, acordo-o suavemente, deitando-me com ele na cama e dando-lhe beijos e festas ..... mimo mesmo! Ficamos um pouco sossegadamente juntos até sair da cama ..... regra geral sobre a ameaça de eu levar um beijo na testa. Aí já podemos tomar o tal Red Bull ..... e é o que fazemos.

A nossa boa ou má disposição dependerá sempre de termos tido uma noite tranquila ou agitada. Como fazemos essa transição ditará também o resto do dia. Quanto mais tranquilos estivermos, melhor encaramos as diversas situações e vicissitudes do dia-a-dia, uma vez que a emoção costuma sobrepor-se à razão. A tranquilidade da mente é a essência do raciocínio calmo e ponderado.

Pelo dia que hoje é, este seria um acordar especialmente doce ..... seria.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Por uma causa maior

Vou começar este post de uma forma diferente, agradecendo a todos os amigos que hoje se recordaram da Ana, e em especial aqueles que com telefonemas, sms, msn e mails me ajudaram a ultrapassar o dia. Um obrigado especial pelos mimos que ao longo do dia fui recebendo.

Existe um filme fabuloso do Roberto Benigni sobre a história de um pai judeu que é enviado juntamente com o seu filho para um campo de concentração. Determinado a poupar o filho aos horrores da situação, inventa uma brincadeira para esconder a realidade do petiz e tudo faz para que ele sobreviva. É uma história comovente de abnegação pessoal para com o filho.

Ao longo desta semana lembrei-me muitas vezes deste filme. O filhão, no ano passado tinha dito que gostaria de saber deste dia, porém, pelo peso que o mesmo tem e a tristeza que relembrar assim causa, optei por nada lhe dizer. Passei toda a semana a remoer esta situação, na plena convicção de que o melhor para ele é não o lembrar. E voltei de Braga para dormir em casa não fosse ele se lembrar ou alguém lhe dizer, regressando no dia seguinte de manhã novamente para Braga. Independentemente do cansaço, o filhão poderia precisar de mim ..... porque será que mesmo assim me sinto culpado?

Num mês com duas datas tão marcantes como este, visitar uma tia em fase terminal não é fácil. A nossa mente utiliza o que vê para relembrar o que tentamos apagar da memória. Mas isso está muito vincado. É o que somos hoje em dia. Durante muito tempo disse a mim mesmo que não conseguiria visitá-la ..... é doloroso demais pelas memórias que trás ..... mas novamente me lembrei do filme ..... fazer algo que nos custa por demais, dilacerando-nos completamente por dentro, mas que para quem recebe é muito bom. Lembrei-me igualmente como a Ana gostava de receber visitas ..... os amigos que se preocupavam em ir aquele sítio difícil visitá-la ..... e depois de muita hesitação, efectuei visitas nos dois dias ..... incluindo o dia de hoje ..... hoje.

Toda a nossa vida é baseada em decisões, sendo sempre mais fácil virar a cara ao que é mais difícil e optar pelo fácil. Era fácil vir-me embora sem visitar ninguém ..... era compreensível ..... mas e para quem pode beneficiar do nosso “sacrifício”? ..... e se fosse eu do outro lado? ..... revi na Ana a satisfação de uma simples visita, por curta que fosse .....

Não quero com este texto “armar-me” em santo, pois estou muito longe disso. Não pretendo insinuar que nos devemos sacrificar em prol dos outros, apenas por isso mesmo. Nada disso. Não é isso que este texto significa. O ser humano tem a capacidade única de ponderar as situações e, o que estou a dizer é que por vezes podemos ou devemos fazer pequenos ou grandes sacrifícios por uma causa maior ..... ás vezes.

Brincar ao especialista

As organizações possuem muitas vezes processos de selecção extremamente criteriosos, procurando o profissional perfeito para uma determinada função. De forma a potenciar o sucesso pretendido, muitas chegam a envolver empresas especializadas no assunto. Procura-se a excelência. Paga-se uma pretensa excelência.

Quando esses quadros definem estratégias e traçam objectivos, ou pura e simplesmente cumprem a sua função, a empresa está a utilizar o seu melhor recurso para a função. Alguém que estudou o assunto e sabe do que fala e se compromete com os resultados. Alguém que percebe do assunto específico em causa.

O que muitas vezes se assiste é que depois, no momento de decidir, muitas vezes todos ganham opinião e opinam. Falam por exemplo do que se devia fazer em marketing e associam apenas a um ou outro factor. O especialista apresenta uma floresta e é confrontado com toda a gente a escolher arvores soltas para lá colocar. Deve ser frustrante.

É certo que as organizações, e em especial quem define o rumo, devem ter uma opinião sobre a “floresta” como um todo ou a extensão (€) da mesma, porém, opinar sobre pequenos detalhes e desvirtuar estratégias com base em opiniões ou leitura de revistas é brincar ao especialista, e a um nível que pode causar danos à organização.

Sou da opinião que devemos contratar os melhores para a função. Estar rodeado dos melhores é uma “dor de cabeça” positiva, como é prática ser dito pelos treinadores das grandes equipas. São os especialistas.

Uma organização deve saber tirar partido deste tipo de recursos que tem, ou então pura e simplesmente não os ter, uma vez que a relação custo/benefício fica comprometido.

Hoje

38 ..... hoje .....

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sem querer

Cada um de nós tem temas a que é mais sensível. Pode ser o aspecto, a educação, o estatuto social, a idade ou qualquer outro tema. Pode ser qualquer um. São os nossos graus de desconforto, receio ou insegurança. São os nossos.

Acontece que numa normal conversa ou brincadeira, podemos sem querer dizer algo que acaba por sensibilizar a outra pessoa muito mais do que esperávamos. Sem querer, acabamos por colocar a nossa irrelevância pessoal no tema, mas do outro lado isso pode acabar por sensibilizar ou magoar.

Um exemplo clássico é por exemplo a idade de uma senhora. A partir de determinada idade, mesmo que ela esteja óptima, só para não dizer normal ou maravilhosa, só o facto da constatação que os 20 anos já passaram pode ser devastador. Como este clássico, há vários similares.

A questão que se coloca nestes cenários é o depois, ou seja, apercebemo-nos que sem querer dissemos algo que foi percepcionado com outro sentido, e se tentarmos explicar que o que a outra pessoa percebeu não foi nada do que dissemos, isso ainda poderá complicar mais a situação. Em certos momentos, a explicação pode ser pior que nada dizer, o que levanta um problema moral ..... se não tentamos “reparar o estrago”, a pessoa pode achar que queríamos dizer o que ela percebeu e, por outro lado, se tentamos explicar, podemos agravar a percepção com que ela ficou. Nestes casos, é escolher entre o fogo e a frigideira.

Estes são aqueles momentos que queríamos poder voltar a trás e fazer ou dizer as coisas de forma diferente ..... mesmo um simples comentário em jeito de brincadeira ..... especialmente estes.

Dito por outras palavras, mais cedo ou mais tarde todos nós acabamos por perder boas ocasiões para estar calado!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Para quem sabe

Ontem tive oportunidade de fazer mais um almoço relaxado com um amigo, e vou usar uma expressão usada por ele, que achei uma bela descrição:

“... tanto quanto podemos classificar como amigo alguém que aprendemos a respeitar e a estimar pelo estímulo e desafio intelectual que sistematicamente nos coloca, pelo apreço colocado nas tertúlias havidas (seja pessoalmente, seja à distância), mesmo que, na verdade, não nos conheçamos lá muito bem (não somos visitas de casa um do outro, nem nenhuma outra dessas agradáveis mundanidades que ritualizam o processo de reconhecimento social e apreço mútuo).

Como poderíamos ter ido almoçar a qualquer lado, e por nenhuma razão em especial, fui eu ter com ele. Dado o local de encontro, acabámos por ir ao Espelho de Água por cima do Parque Eduardo VII, local que eu gosto muito e ele não conhecia. É um espaço tão agradável que nos esquecemos que estamos no meio de Lisboa. Especialmente para quem tem o prazer da tertúlia como nós, o tempo acaba por passar sem darmos por ele. Foi um belo almoço. Num dia agitado, vivido a 200 à hora, é um bálsamo à nossa mente.

Lisboa está cheio de pequenos locais como este, conhecidos de vários mas não de tantos para que estejam superlotados. Recentemente estive com uma amiga à noite no miradouro do Bairro Alto a apreciarmos Lisboa ..... Alfama, Mouraria, Castelo, etc. A nossa cidade tem locais maravilhosos para quem conhece. Maravilhosos.

Um outro local também com uma beleza especial é o Porto. Tem sítios lindos, apesar de pessoalmente gostar mais do lado de Gaia, uma vez que à noite naqueles bares e restaurantes temos uma vista fabuloso ..... o Porto à noite todo iluminado ..... parece tirado de um postal ..... espectacular. Acredito que quase todas as cidades tenham os seus lugares de encanto, esperando que sejam visitados e apreciados.

Podemos olhar para uma cidade e ver apenas o seu transito, os seus prédios bonitos ou degradados, o que quer que seja, mas existem sempre locais que parecem ter sido perdidos ali ..... prontos a ser apreciados.

O que é belo deve ser apreciado ..... deve ser desfrutado. Vale a pena conhecer a nossa cidade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

As longas saias do parlamento

Depois de um breve período em que alguns dos nossos políticos, mais especificamente os menos honestos, se preocuparam com as consequências dos seus actos, estamos a voltar ao tempo da impunidade.

Tirando o único desgraçado que foi considerado culpado, tendo de (eventualmente) cumprir pena efectiva .....por acaso o que mais obra tem ..... os restantes estão com pena suspensa. E para além das demoras que legalmente o nosso sistema de justiça já permite, agora ainda podem (e fazem-no) alegar imunidade em tempo de eleições. É sempre a somar tempo ..... até à tão desejada prescrição.

Mais do que uma justiça, o que nós temos é um sistema. Um sistema judicial que embora até possa ter sido pensado para proteger o inocente, o seu lado visível é sem margem para dúvida a protecção dos culpados. O recurso não inocenta, apenas adia ou altera a sentença ..... se o advogado não tiver a arte e o engenho de arranjar uma qualquer falha da lei ou do processo para o fazer terminar.

Este ano assistimos a um avanço ..... pela negativa ..... de todo este sistema. O PSD, e acredito não ser o único, coloca elementos que serão julgados por vários crimes, não um ou dois refira-se, em lugares elegíveis no parlamento. Para além da imunidade e paragem das investigações enquanto durar as eleições, depois de serem eleitos apenas terão de responder se o parlamento autorizar.

Onde está a Verdade nestes processos? Onde fica a ética dos partidos, todos eles, na recorrência destas situações?

Será que não podemos copiar a justiça americana? O Maddoff já cumpre os seus 150 anos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Reduzir tudo a um numero

Recentemente estive numa discussão teórica sobre indicadores de avaliação de desempenho de uma área. A discussão foi decorrendo naturalmente até ao aparecimento de um indicador diferente dos restantes. Era um indicador qualitativo.

Um dos grandes “entraves” à inteligência e desenvoltura humana são os pressupostos. Formatada a mente para um determinado enquadramento, ela tende a ficar presa aquela realidade e a não se conseguir “soltar”. Dá-se voltas e voltas, mas os pressupostos de partida acabam sempre por ser idênticos, o que condiciona irremediavelmente o resultado final.

Quando se materializa tudo de forma numérica, como os resultados operacionais, o nível de concretização, o volume de vendas, etc, a nossa mente fica presa ao lado numérico. No caso das empresas, isso é fácil de acontecer devido à área de estudos dos seus quadros (matemáticas). Se aparece um indicador qualitativo, a tendência humana (ou de gestor), será tentar converter isso em algo numérico. Materializar um sentimento. Reduzir a um número algo subjectivo. Cometer um erro.

Nas nossas organizações tem de haver espaço para as perguntas e os indicadores de SIM e NÃO. Substanciados em critérios o mais definidos possíveis, mas às vezes apenas isso.

Uma organização não pode ser gerida por números.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Presos ao devia

Com a proximidade das eleições, temos assistido a debates e entrevistas aos partidos com assento da AR. Como é natural nestas andanças, o governo enaltece os seus feitos como inequívocos e a oposição como desastrosos. É o normal e o espectável.

A oposição de esquerda, presa aos seus dogmas, continua a defender os chavões que fazem parte de si e que os seus apoiantes não perdoariam se fosse de outra maneira. Sem novidades. Entre estas, está a questão da complementaridade do combate às listas de espera por entidades que não os hospitais públicos. A sua repudia é tão grande que nem a sugestão de se iniciar com as Misericórdias pelo CDS/PP é acolhida.

Se todos assumimos que a entidade oficial não é capaz de satisfazer a necessidade, porque razão não se complementa o que falta de outra forma .....pode ser por pouco ou muito tempo, mas é o necessário neste momento. Parece-me obvio.

Porque ficar preso ao devia?

sábado, 5 de setembro de 2009

Procura-se “Amante”

Recebi de uma amiga um texto do psicólogo Jorge Bucay intitulado de Procura-se “Amante” que considero magistral e que com a permissão dela, o transcrevo para este espaço.

“Muitas pessoas têm um amante, e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que tinham e perderam. Geralmente são estas últimas que vêem ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insónia, apatia, pessimismo, crises de choro, ou as mais diversas dores.

Elas contam-me que as suas vidas correm de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar o tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente a perder a esperança. Antes de me contarem tudo isto, já tinham estado noutros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão"... além da inevitável receita do anti-depressivo do momento. Assim, depois de as ouvir atentamente, eu digo-lhes que elas não precisam de nenhum anti-depressivo. Digo-lhes que o que elas precisam é de um Amante!

É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem o meu conselho. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa destas?!".

Há também as que, chocadas e escandalizadas, despedem-se e não voltam nunca mais. Às que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico-lhes o seguinte: Amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de adormecermos, e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso Amante é o que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.

Às vezes encontramos o nosso amante no nosso parceiro, outras vezes, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no desporto, no trabalho, na necessidade de nos transcendermos espiritualmente, numa boa refeição, no estudo, ou no prazer obsessivo do nosso passatempo preferido...

Enfim, Amante é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir vivendo". E o que é "ir vivendo"?

"Ir vivendo" é ter medo de viver. É vigiar a forma como os outros vivem, é o deixarmo-nos dominar pela pressão, andar por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastarmo-nos do que é gratificante, observar decepcionados cada ruga nova que o espelho nos mostra, é aborrecermo-nos com o calor ou com o frio, com a humidade, com o sol ou com a chuva. "Ir vivendo" é adiar a possibilidade de viver o hoje, fingindo contentarmo-nos com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.

Por favor, não se contentem com "ir vivendo". Procurem um amante, sejam também um amante e um protagonista da vossa vida.

Acreditem que o trágico não é morrer, porque afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver, por isso, e sem mais delongas, procurem um amante.

A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental: - Para se estar satisfeito, activo, e sentirem-se jovens e felizes, é preciso namorar a vida. ”

Eu perdi a minha “Amante” e com ela o prazer da vida ..... dura realidade e facto irreversível ..... mas aos poucos e poucos vou tentando incutir em mim a frase com que a Ana mais nos brindava ..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida!

A vida tem estranhos acasos ..... ontem relia este texto, vi um spot (link) e acabei na televisão a colocar-me do “corpo” do Nicolas Cage no filme Cidade dos Anjos ..... tudo num único dia. Coincidência de eventos ou intervenção da mais bela estrela no firmamento ..... não sei .....mas também não é relevante .....

..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida ..... começo a acreditar nisso, meu amor .....mas tenho tanta saudades tuas .....

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A primeira mesada

Em breve o filhão irá entrar no 5º ano e tal como prometido, terá direito à sua mesada ou semanada. É algo que ele anseia pois mais que a necessidade, dá-lhe a sensação de já ser crescido (o tal pré-adolescente que uma amiga minha falava). Permite-lhe poder comprar algumas coisas quando quiser e algo que não pode ser descorado, permite-lhe ter o mesmo que os seus amiguinhos. O mesmo que é possível dentro da nossa condição económica, obviamente.

Muitos são os pais que tal como o meu próprio pai, são contra as crianças andarem com dinheiro, seja para não fazerem asneiras como comprar tabaco ou droga, seja para não serem roubados ou tão simples para que o dinheiro não lhes suba à cabeça. É uma opinião válida e que tem os seus fundamentos, mas que para já não irei seguir. Estou a prever várias lições de moral nos próximos tempos.

No caso do filhão a opção é dar-lhe a semanada para os seus gastos, responsabilizando-o por ele juntar para o que quiser. Ou seja, passa a receber mesada mas depois os seus pedidos ficam condicionados à sua gestão, no que fizer sentido. Acho fundamental que ele comece a dar valor desde já ao dinheiro e que não é só querer e comprar, é preciso saber gerir e poupar. Embora a minha irmã pense de maneira diferente, eu considero que os pais não são a Santa Casa da Misericórdia ..... é bom que o meu filhão perceba já isso desde o início.

Como considero fundamental saber poupar, o filhão terá a sua semana com um esquema de poupança associado. No fim-de-semana, todo o montante em sobra da semana que ele colocar no mealheiro da poupança, o pai irá colocar lá idêntico valor. Haverá um segundo mealheiro que é para ele juntar dinheiro para comprar algo que queira mais tarde, ou que necessite de juntar semanadas. Se se habituar a poupar desde já, serão hábitos e princípios que irão perdurar para a sua vida, com vantagem para ele.

Estou curioso para perceber a relação do filhão com o dinheiro e a gestão que fará do mesmo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fora de horas

Á hora que escrevo este texto estou sentado no bar de um hotel de 4 estrelas no norte. É tarde e tal como em outras noites como esta, não tenho sono e sinto necessidade de escrever. É o meu bálsamo e a muleta do meu desequilíbrio.

O engraçado deste texto é que me imagino na pele daqueles escritores eruditos, observando do seu canto invisível o movimento que a esta hora este local possui. Se fosse o hotel em frente seria parecido ..... isso não é relevante ..... é apenas assim ..... é este hotel ..... estou aqui ..... observo ..... escrevo.

A entrada do hotel mergulha numa tranquilidade imensa, apenas rasgada por ocasionais sons de fugazes passos. Almas errantes de saída para algo fazerem, ou então apenas almas que algo fizeram e agora anseiam por um justo descanso. No bar, os empregados aguardam que o animado grupo decida alegrar outras paragens. No restaurante, agora fechado, um jovem casal discutia as agruras dos deveres profissionais, trocando ideias ou meros lamentos entre a constatação do obvio e a procura de apoio ou justificação do outro lado da mesa. Talvez apenas uma palavra ..... como às vezes esperamos apenas uma simples palavra. Na outra ponta da sala, como parece ser algo normal nestes hotéis, uma bela jovem aguardava sozinha por algo ou alguém ..... hoje não parece ter sorte ..... há dias (ou noites) assim.

A música que há não muito tempo era calma e convidativa, agora é insinuante ...... desapareçam que queremos fechar! A música invade e perturba a minha tranquilidade ..... torna-se num vento que abana a minha pena ..... mas estoicamente resisto ..... continuo a divagar e a observar ..... perdido ..... inebriado ..... ausente ..... e fica uma mensagem suspensa no éter da nossa geração ..... “espero-te

Na internet oiço e volto a ouvir a música “Vida em câmara lenta” que encontrei enquanto procurava algo que nem eu sei que procurava .....

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Entre o lume e a frigideira

Dentro em breve iremos ter eleições legislativas e confesso que nesta fase ainda não sei em que irei votar!

Pertenço aquele pequeno grupo de cidadãos politicamente independentes, que em função da situação conjuntural do país, dos partidos e dos programas, tomam o que consideram ser a melhor opção, que pode ser qualquer um dos partidos ou movimentos. Isto obriga a uma meditação superior aos que são dependentes de um partido, pois esses “têm” de votar sempre no mesmo, muitas vezes não questionando rigorosamente nada. É a minha virtude e o meu problema. A minha leitura da situação partidária actual antes de começar a correria eleitora é a seguinte:

PS – Temos um Sócrates cuja honestidade e integridade é no mínimo questionável (licenciatura, freeport, ...) e demonstrou que claudica ao poder do lobbie (saúde, educação, aeroporto, TGV, ...). Começou bem e acaba muito mal. Demonstrou pulso forte na resolução dos problemas, o que é necessário, mas falhou na forma, uma vez que decide e legisla primeiro e fala com os envolvidos depois. Numa expressão mais corriqueira, muita parra e pouca uva. No programa conhecido do PS consta o casamento homosexual, tema para o qual ainda não tenho uma opinião definitiva. Se tiver e for contra, obviamente não posso por uma questão de princípio e coerência votar PS. Eis um belo tema a merecer uma reflexão.

PSD – A Manuela cada vez convence menos, dado que faz questão de se calar muito e cada vez que fala, tem de explicar tudo 3 vezes. Para 1º ministro, é preciso ser assertivo, qualidade que ali não abunda. Tem feito tudo o que de errado podia fazer, nomeadamente ao nível do marketing político onde afirma privilegiar a verdade, quando foi exímia a mentir, como foi o caso do défice (outros tempos, eu sei). Demonstrou não ser coerente e ter pulso fraco nas listas, onde sucumbiu ao Alberto e protegeu figuras como o António Preto (que tromboflebite tão oportuna!) nas saias da Assembleia, ficando no ar a suspeição do pagamento de favores. No caso do António Preto é um dos slogans de campanha levado à letra – “Olhem por quem mais precisa”. Depois de criticar a repressão do Sócrates, copiou o estilo no saneamento político dos seus opositores. Eticamente não me parece nenhum exemplo para 1º ministro.

CDS – Já perdeu a virgindade política pois quando foi governo (coligação com PSD) e não teve capacidade de fazer o que apregoava. Vários são os seus elementos a contas com a justiça e o caso dos submarinos pode emergir a qualquer momento. Possui neste momento os melhores “animais políticos” da actualidade, mas do discurso ao fazer a conversa muda de figura.

BE – É um partido de causas e não de programa ou convicção. Existe para dizer mal de tudo e de todos, e de viver quem nem Dom Quixote na sua luta contra os bancos privados (esqueletos no armário?). Volto a escrever que é o partido das miúdas giras e inteligentes ..... honra lhes seja feita.

PCP – Partido da K7, preso a uma ideologia ou dogma que a sociedade de informação já demonstrou que apenas existe nos livros. Se ao menos os seus lideres lessem o Ensaio sobre a Cegueira de um dos seus mais reputados elementos.

Continuo a ter a convicção de que é meu dever cívico votar, e que devo tomar uma decisão sobre um deles, para o melhor e para o pior ..... mas não está fácil. Como os programas políticos estão a começar a aparecer, veremos o que a campanha trará.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nem todos devem ser pais

Existem duas classificações distintas na palavra pais. Existem os pais biológicos e os pais. Vários são os que apenas encaixam no termo biológicos ou porque os filhos constituíram acidentes de percurso, ou que reconhecidamente não tendo capacidades de criar os filhos, os colocam para adopção. Infelizmente muitos vão parar a lares por abandono ou negligência.

Olhando para uma realidade que me é muito próxima, faz-me confusão os pais que criam laços com os filhos e depois de um momento para o outro, descartam-se totalmente da sua responsabilidade de pais. De um momento para o outro conseguem “apagar” todos os laços afectivos que aparentemente existiam, praticamente não querendo saber dos filhos. Por mais que tente, não consigo perceber.

Talvez por estar mais atento ao tema, tenho visto mães a “largarem” os filhos com os avós e nem ao fim-de-semana fazem um esforço para os verem, mesmo sabendo que eles estão desejosos de uma visita e um carinho. Mesmo quando os filhos sistematicamente pedem apenas uma visita. Pais que de vez em quando se lembram de telefonar aos filhos e mesmo outros que para além de quase não verem os filhos, a pensão de sobrevivência que pagam é porque a mesma foi exigida em tribunal. Pais que se separam e querem tanto “aproveitar” o seu novo estado ou relação que sistematicamente “empanderam” os filhos para casa de familiares ou amigos.

Talvez por ter um sentido de família muito vincado, para além de uma relação excepcional com o meu filhão, não consigo perceber estas atitudes. Todos nós pais já fomos filhos e crianças e sabemos o que é ser pequenino, pelo que não percebo como alguém que faz isto não se coloca no lugar dos filhos e percebe a tristeza e mágoa que lhes está a causar.

Muitos há que não querem ter filhos mas que os têm por uma convenção da sociedade ..... nem todos deviam poder ser pais ..... a bem das crianças.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cheque 200

Uma das políticas que Sócrates trouxe para a nossa actualidade foi o subsidio à natalidade, na forma de um cheque de 200 (duzentos) euros. Se pensarmos que um pacote de fraldas custa 7,97 € (72 unidades para recém nascidos) e que um pacote de toalhitas custa 3,99 € (3x72 unidades), fica a dúvida sobre o que será este cheque.

Tendo conversado nestas semanas com a minha prima que mora na Alemanha, fiquei a saber que o governo alemão possibilita às mães estarem um ano em casa sem perca de regalias, como o posto de trabalho e, caso pretendam mais tempo, o que lhes é garantido é o emprego, em função a definir pela empresa. Por cá, uma proposta destas seria claramente vista como um atentado aos direitos do trabalhador. Nos países do norte da Europa, o tema é levado efectivamente a sério.

O tema da natalidade é muito maior que um mero subsídio. Para que se queira ter filhos é preciso acreditar na estabilidade do país, no mercado de trabalho, na saúde, na segurança e na educação, entre outros. É preciso dar aos Portugueses estabilidade para que eles se sintam confortáveis com o compromisso que assumem para a vida. Como na generalidade dos casos ambos os pais estão a trabalhar, é preciso que o governo garanta a ocupação real das nossas crianças, seja com ATL’s, outro tipo de horários escolares ou qualquer outra medida. Ninguém quer ter filhos para os deixar na rua. É preciso gerar um clima positivo e uma sensação de apoio à natalidade.

Sou da opinião que embora seja uma decisão a dois, a mulher terá sempre um peso superior na decisão e, quanto maior for a segurança e o acompanhamento que a mãe pode fazer, maior será a predisposição para o crescimento da natalidade. Terá de se fazer mais que meras medidas avulso.

Dar um cheque de uma quantia irrisória face aos custos reais de ter um filho só pode ser visto como propaganda. É o mesmo que dar 11 dias de férias para quem casa, ou seja, não são factores que pesam mas sim como um já agora. A percepção do comum cidadão é que a preocupação de Portugal com a natalidade na realidade resume-se a 1.807 unidades de fraldas, sem toalhitas.

Este é sintomaticamente um dos problemas das políticas feitas em Portugal. São medidas apenas de curto prazo e nunca medidas sustentadas numa visão de longo prazo. O que genericamente fazemos são medidas e não programas. Os nossos políticos não têm capacidade para tal, o que é pena, já para não falar que medidas estruturais para o país deveriam ter o consenso de todos os principais partidos para que o seu tempo de vida fosse não de uma legislatura mas sim de várias.

Política ou propaganda?

domingo, 23 de agosto de 2009

O prazer da tertúlia

Nestas férias tivemos vários momentos de convívio com vários amigos. É indiscutivelmente um dos prazeres da vida.

Assistir a uma mesa corrida de 20 crianças divertidas, a comer picanha ou barrigas de atum saídas da grelha, por acaso em quantidades industriais, é um regalo para os olhos. Pelo meio batem-se palmas ao cozinheiro, aos amigos, aos cães ..... enfim, a tudo. É lindo! E depois a mesa vazou e voltou a encher com o mesmo número de adultos, enquanto os petizes brincavam entre eles. Não há dinheiro que pague estes momentos. Como a minha menina havia de gostar de estar presente .....

Para além da amizade que se Deus quiser se irá perpetuar para a vida, desde cedo aprendem o prazer do convívio e de ter amigos. No caso do filhão, a primeira tertúlia a que ele foi tinha 2 meses, num ameno jantar em Águeda com música e tudo. A Ana tinha sido operada pela primeira vez à pouco tempo e ainda tinha a cabeça envolta em ligaduras. O filhão apesar do barulho dormia calmamente no seu “ovo”. Depois do stress do que tinha acontecido, foi maravilhoso. Sentíamo-nos vivos!

Esta semana tinha umas coisas programadas para fazer à hora do almoço e recebi um telefonema para almoçar de um amigo ..... está-se mesmo a ver o que fui fazer. Um belo almoço, com quase duas horas de conversa a acompanhar um belo bacalhau ..... só faltou mesmo um belo vinho ou copo de sumo de caju. Não fosse estar cheio de trabalho ..... e serem efectivamente horas de trabalho ..... acho que ficávamos em amena cavaqueira o resto da tarde ..... mas enfim, haverá mais almoços.

Aguardando ainda por um jantar com a Joana Amaral Dias ou com a Marta Rebelo ..... o que não deve ser fácil de acontecer porque não sabem que eu existo e eu não as convido ..... espero que nos próximos tempos tenha oportunidade de almoçar e jantar muitas vezes com os meus amigos e amigas ..... especialmente as amigas ..... preferencialmente giras e inteligentes ..... e participar em diversas tertúlias.

Uma das melhores coisas da vida são os amigos e, quando temos a oportunidade de aproveitá-los em belas tertúlias ..... é uma maravilha ..... ..... que haja muito Mandu’s Bar e churrascos lá em casa!

Comunicar ou algo mais

Aproveitando as férias para por a minha leitura em dia, um dos livros que li e detestei foi As Valquírias do Paulo Coelho. Uma das razões que não gostei foi porque é muito esotérico e sobre a existência de anjos, bruxas e todo um misticismo que não acredito, não concordo e não aprecio. Gosto da forma da escrita dele, não gosto é do conteúdo.

No meu retiro espiritual da semana transacta, por um estranho acaso, ao invés de deixar o telemóvel no carro como é costume, ele ficou esquecido no bolso. Nem me apercebi. Enquanto estava com a minha menina, já depois dos meus desabafos de saudade, pensava no que seriam os próximos tempos e revisitava as minhas decisões de vida pessoal e profissional futura. Coincidência ou não, no mesmo instante que terminava essa parte dos pensamentos, o meu telemóvel tocou, com a música da minha soulmate ..... Always look at the bright side of life. Será coincidência ou uma estranha forma de comunicação?

Amo-te muito, meu amor ..... tenho tantas saudades tuas ..... obrigado!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Retrato de uma geração

Há relativamente pouco tempo passou na televisão um documentário do Álvaro Barreto sobre as alterações na nossa sociedade desde o 25 de Abril (se a memória não me falha). É um trabalho notável e na minha opinião um retrato fiel.

Quando penso mais recentemente na minha geração, as palavras que vêm desde logo à cabeça são salto tecnológico, constituição da união europeia, era da informação, individualismo e realização profissional.

Em relação a esta última palavra, a minha geração apareceu depois da emancipação profissional da mulher, tanto por necessidade como por vontade, e numa altura em que tirando a típica cunha ou laços familiares, os bons empregos (e ordenados) são para os melhores (políticos à parte). A minha geração apareceu depois da fase em que se saía de um emprego e escolhia-se entre as duas ou três alternativas possíveis.

Um tempo em que se reúnem estas condições é um tempo em que desde cedo sabemos que temos de ser ambiciosos e mentalizamo-nos para dar o máximo e procurar sempre mais. E queremos sempre mais.

Chegando à casa dos 40, mais ou menos 5, altura que noutra geração de emprego para a vida se ficaria “sentado” a viver da situação mais ou menos confortável que atingimos, estamos tão formatados para este “mind set” que não conseguimos parar. Continuamos a querer mais. Mais desafios, mais carreira e obviamente, mais remuneração.

Já não temos a ânsia e vontade que caracteriza a juventude e não sabemos aguardar calmamente a reforma que ainda está muito longe. Queremos mudar e continuar a avançar, mas a idade para outros empregadores e a segurança financeira para a nossa família não são meras superficialidades.

Mediante a nossa vida pessoal e familiar, alguns podem “acalmar” temporariamente para consolidar situações, mas o “mind set” está formatado e cedo ou tarde se fará sentir. Como o emprego é uma relação entre nós e uma organização, e só deve ser mantido enquanto for benéfica para ambos, este espírito pode gerar benefícios, seja pelo aproveitamento interno, seja pela energia associada a uma mudança. Tendencialmente as mudanças acabam por ser positivas. A organização que apenas tenha acomodados, será sempre menos eficiente. Este é o retrato da minha geração.

Mais um mero pensamento de introspecção exteriorizado.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O maior hobbie Português

Se formos a olhar para os currículos dos nossos licenciados ou candidatos a um emprego, constatamos o mesmo que lendo uma revista a um qualquer elemento do jet7 ou figura pública – todos têm por hobbie a leitura, e muitos dizem que têm dois ou três livros em cima da mesa de cabeceira.

Num país de grande iliteracia, parece que para se ser inteligente ou culto tem de se ter por hobbie a leitura. É um grande estigma que carregamos. Por exemplo, tenho um amigo que foi para a fila de uma livraria só para ser dos primeiros a comprar um livro de um autor Português da moda. O destino deste livro não foi sequer a mesa de cabeceira, foi um lugar perdido no meio de outros tantos livros que ele nunca leu.

O Marcelo Rebelo de Sousa e outros como tal, todas as semanas são capazes de se referir de uma forma maravilhosa a vários livros, que não acredito que tenham tido oportunidade de o lerem. Mas dizem maravilhas e recomendam vivamente. Várias são as revistas que semanalmente fazem exactamente o mesmo.

Poucas são as pessoas que reconhecem que não gostam de ler ..... porque será?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Um mural

Hoje coloquei no meu Facebook um álbum de fotografias da Ana ..... para que os amigos a possam recordar melhor ..... aquele sorriso inesquecível ..... aquela alegria e vontade de viver!

Aquele exemplo de vida!

Tenho tantas saudades tuas, meu amor ..... tantas .....

Ética no desporto

Sendo a ética um tema em voga, que pode significar tudo e nada, a chamada de Brasileiros à selecção nacional de futebol faz-me meditar sobre o assunto.

Houve um jogador que a propósito da entrada do primeiro Brasileiro colocou a questão no seu enquadramento correcto – algo do género “Cantar o hino e sentir o hino nacional são coisas diferentes”. Concordo.

A selecção nacional tem uma palavra que a distingue inequivocamente de um clube – “Nacional”. A ânsia de vencer a qualquer preço está a colocar lá jogadores que só o fazem porque não têm lugar na sua selecção, e sabem que estas são um trampolim para grandes clubes e ordenados ainda mais milionários. Não se confunda mercantilismo com nacionalismo.

Recentemente o Benfica entrou em campo sem um único Português. Longe vão os tempos em que metade da nossa selecção provinha desta equipa. Se os nossos clubes não apostam mais em jogadores Portugueses, então iremos acabar com uma selecção nacional sem Portugueses. Causa-efeito.

Mas se não há jogadores nacionais na selecção, então a vitória não pode ser vista como uma vitória de um povo. Para os que por esta altura valorizam a vitória a qualquer preço, e que pensam em outras modalidades que não o futebol cheias de estrangeiros, o texto aplica-se ipsis verbis. Não altero uma virgula que seja.

A ética é também ser fiel aos princípios. Não é por estarmos a cumprir regras ou regulamentos, que por acaso até foram sendo sucessivamente alterados à medida das conveniências, que estamos a ser eticamente correctos. Que estamos a ser verdadeiros com nós próprios enquanto povo e nação. Estamos tão somente a ser cumpridores.

A vitória a qualquer custo não é vitoria, é somente um ganho para figurar nas estatísticas.