domingo, 1 de novembro de 2009

Brandos costumes

Por muito que a sociedade evolua, continuamos a ser um país de brandos costumes. Não nos importamos de saber o que moral ou eticamente até pode ser condenável segundo determinados princípios, mas enquanto não é do domínio público, não há problema. A sociedade continua a ser hipócrita como sempre o foi.

Não nos importamos de saber que os nossos amigos apesar de casados, ambos têm relações paralelas e externas ao casamento. Não nos importamos de ter como líder de um partido um homosexual. Não nos importamos de saber que o presidente do nosso clube de futebol não é honesto. Basicamente não nos importamos com nada disto enquanto não é público. Sabemos e não nos importamos. Até nos pode afectar ou pura e simplesmente podemos não concordar, mas vamos deixando andar.

Recentemente em Itália demitiu-se o governador de Lazio. Tal como acontece com Berlusconi, o assunto envolve sexo, drogas e dinheiro. A diferença é que envolve um transsexual, se isso é diferença nos dias que correm. Apenas se demitiu porque a notícia iria aparecer nos jornais, por acaso do império do Berlusconi. Por acaso fiquei admirado pois um país que já está habituado a escândalos e convive “melhor” com eles, deveria ser mais tolerante. Em França, 67% das pessoas que responderam a um inquérito, não querem a demissão do ministro da cultura que havia admitido turismo sexual com jovens rapazes na Tailândia.

Por cá as coisas não funcionam bem assim. Ainda não funcionam assim. E a razão disso acontecer nada tem a ver com a opinião pessoal, mas sim pelo que as pessoas acham que a sociedade pensa. Fala-se mais pelo que se imagina ser o pensamento reinante que pelo que realmente acreditamos.