sábado, 29 de março de 2014

Alguma coisa temos de conseguir fazer

 
Estamos a chegar perto das eleições europeias e da data de saída do período de soberania da Troika sobre nós. Estamos pior que no princípio, e, pior, muito pior, que no passado por uma razão muito simples ….. perdemos a perspetiva de futuro. E isso faz toda a diferença.
 
É prática de quem já esteve na ribalta política ter uma frase do tipo “antigamente éramos (ou era) melhor”. Ouvimos isso sobre a política e os políticos, mas a verdade é que é pura mentira. Os políticos de antigamente não eram melhor que os de agora ….. reconheço que eram mais eloquentes pois neste momento o único “animal político” que existe (para mim), é a bicha não assumida que se mantém em lugar cada vez mais de destaque ….. pode ser um comentário homofóbico, e desculpem a quem possa estar a ofender, mas acho que se calhar é por isso mesmo ….. a sua vaidade feminina impõem-lhe manter-se na “ribalta”.
 
São tão fracos e mentirosos os de hoje como os de antigamente, apenas menos populares por serem conhecidos à menos tempo, mas é apenas essa a diferença que consigo identificar. Digam o que disserem, para mim estes políticos não são piores que os anteriores, são apenas os atuais atores políticos. Nem piores nem melhores, apenas atuais.
 
Estamos numa época que depois de tanto desalento, sabemos que o PSD que está no poder é uma desgraça e só afundou o país mais do que já estava, o PS demasiado fraco para ser uma alternativa e todos os demais partidos são uma falácia para fazer número. Atravessamos um túnel num momento que não vislumbramos nenhuma luz lá bem no fundo ….. até pode ser que esteja uma curva qualquer próxima que impossibilite isso, mas esta é a situação atual ….. ao fundo do túnel ….. nada …..
 
É a recriação da história trágica de Pedro e do Lobo. Depois de muitas promessas sabemos hoje claramente que o problema é um estado “monstruoso” que não conseguimos sustentar, que não existe nem dificilmente existirá num futuro próximo alguém com “tomates” para o enfrentar ….. e peço desculpa pela palavra “enfrentar” ….. os lobbies instalados são demasiado fortes para a nossa tacanhez …. e a solução que é usada há 20 anos é sempre a mesma ….. mais impostos. Solução pré-histórica que já vem desde os tempos dos reis e seus impostos, mas perfeitamente atuais. A famosa reforma do estado é tão somente uma frase que vale tanto quando a “no more taxes”. Tal qual uma miss no concurso Miss Universo tem de dizer “eu quero paz mundial”, os nossos políticos têm de dizer “a nossa solução não passa por aumentar impostos” ….. mas vale zero pois desde o 25 de Abril ….. para não recuar mais ….. é apenas uma frase oca …. tem de ser dita pois faz parte do teatro e está no guião ….. mas ninguém na realidade acredita no que ouve ….. apenas faz parte.
 
Já desde os tempos dos romanos que se referiam a nós como aquele povo que “não se governa nem se deixa governar”. A Troika era a nossa esperança alguém viesse de fora e fosse capaz de meter ordem na casa. Eu fui um dos que fiquei triste/contente com o pedido de ajuda ….. triste pelo fracasso que isso representa enquanto país ….. contente por alguém sem compromissos eleitorais e de clientelismo pudesse ser isento e gestor ….. mas já o ditado diz, uma boa ideia de nada vale se a implementação for fraca ….. e foi o que aconteceu. Uma desgraça e ainda a procissão vai no adro.
 
Tivemos o azar dos interlocutores casuais do momento em que tudo aconteceu ….. internos e externos ..... serem uma desgraça ….. acho que pior até podiam ser …… podem sempre ….. mas convenhamos que era difícil.
 
Estamos a chegar a uma época de eleições europeias e nada se ouve de concreto sobre a Europa para podermos decidir em quem votar ….. se é que a Federação Europeia não é apenas uma ilusão. Ao que tudo indica serão umas eleições centradas nos partidos nacionais ….. um role de nomes para exportar com vantagens milionárias para os mesmos ….. claramente por “pagamento” e não por competência ….. e nada mais que isso ….. excepto o eterno discurso nacional de “vamos castigar o partido no poder” …. vão e mesquinho como o somos enquanto povo.
 
A pergunta que faço é o  título …. Alguma coisa temos de conseguir fazer ….. sendo que o voto não é a solução, apesar de o fazer por considerar um direito e um dever, fica-me o pensamento para o qual não consigo vislumbrar ideias e agradeço a ajuda de quem tiver uma ideia que seja …..
 
Estamos a chegar ao 25 de Abril ….. onde algo foi feito ….. nos dias que correm não se impõem uma revolução armada ….. claramente ….. mas algo deveria ser possível fazer.
 
….. aceitam-se sugestões.
 

Às vezes tudo muda num instante

 
Esta é uma história igual a milhares de outras, e com um fim aparentemente melhor que outras. Um episódio que pode acontecer a qualquer um.
 
Num ato do mais corriqueiro que existe, uma pessoa descia umas escadas ….. situação banal e que se repete em milhares de pessoas todos os dias a toda a hora ….. só que esta pessoa escorregou num degrau enquanto descia descontraidamente ….. desamparada, caiu para trás e bateu com a cabeça nas escadas. Também aqui é um cenário que acontece a várias pessoas sem consequências de maior, porém, neste caso, resultou num traumatismo craniano. A pessoa em causa está há 2 semanas internada e, depois de passar a fase de risco de vida, corre apenas o risco de nada ser igual ao que era antes. A memória de curto prazo não existe, a memória cognitiva pode estar afetada e outras pequenas/grandes mazelas ainda são uma incógnita que apenas o tempo permitirá aferir.
 
Para esta pessoa e sua família, tudo mudou num instante ….. provavelmente nada mais será como dantes ….. valerá a pena não aproveitar o que se pode?
 
Esta semana conversava como umas amigas e tendo em conta que uma está grávida, relembrei em voz alta o que fazia com a Ana na fase de gravidez em que ela se encontra ….. talvez das melhores fazes da minha vida, em que a perspetiva de um futuro risonho e repleto de felicidade ainda se colocava ….. confesso que me calei pois uma delas mencionou um sentimento em voz alta que, apesar de ser verdade, me deixou constrangido. Tenho de aprender a estar calado sobre algumas coisas, mas ás vezes saem ….. acho que é humano.
 
No final do dia, estes dois episódios isolados no tempo mas no mesmo dia, tiraram-me por completo o sono ….. e na minha cabeça para além dos últimos 6 anos não pararem de me passar “à frente”, com todas as escolhas e consequências dessas escolhas, o pensamento acabava sempre de ir parar ao mesmo sítio ….. ás vezes, tudo muda num instante …..
 
Tudo pode mudar num simples instante ….. todos os desejos mesmo que ilusórios ou novos sonhos de uma vida podem acabar …. num breve instante de tempo tudo pode mudar ou a realidade ser percecionada ….. um único momento ….. aquele momento …..
 


sábado, 15 de março de 2014

As opções da nossa vida

 
Todas as ações e decisões da nossa vida têm consequências. Umas no imediato, outras no futuro. Na prática, reduzindo tudo ao infinito, apenas existem boas e más opções ….. umas pensadas e outras resultantes do momento certo ….. umas com consequências à nossa volta outras apenas com consequências para nós próprios. Todas as opções acarretam consequências.
 
Muito se continua ainda a falar sobre o Fernando Tordo, devido à sua ida para o Brasil e pela carta do seu filho. Muitos têm defendido a família ou se aliado ao protesto, outros têm aproveitado para maldizer o artista e a dedicatória do filho. Depois de muita informação, vamos recapitular. Um artista que ultimamente pouco produzia de novo, num estilo já passado teve uma oportunidade de emprego pela experiencia que tem e aceitou. Por acaso a proposta era para o Brasil ….. e depois?
 
A queixa do próprio era que a reforma é muito pequena e que Portugal não lhe dá o devido valor que ele acha que tem. Vamos então por partes:
 
1.       As reformas são baixas para quem trabalha a vida toda, e com isto estou a falar de quem iniciava o trabalho de manhã e terminava à noite, muitas vezes em parcas medidas de segurança. O artista em causa deverá ter tido em termos de trabalho e horário uma vida privilegiada, mesmo considerando as várias situações de sobrecarga de espetáculos.
 
2.       A reforma atribuída é calculada com base nos descontos que são feitos ao logo da vida e, todos sabemos que os artistas enquanto profissionais liberais, descontam o mínimo para não pagar impostos. Se não descontou para o estado, porque deverá agora o estado pagar-lhe algo? A Marina Mota anda às voltas com as Finanças pelo que não descontou e como ela, são vários a correr pagar impostos para poder receber o que lhes é devido, pois não o podem fazer com dívidas fiscais declaradas. E ainda bem que assim é.
 
3.       Ele por gosto e jeito escolheu a vida de artista. Não foi Portugal que lhe pediu para não ser empresário ou assalariado. Ninguém lhe pediu para levar a vida que levou. Foi uma escolha pessoal.
 
4.       A sua carreira é efetivamente de monta e teve inúmeros êxitos de venda. O seu legado ficará na história de Portugal, mas a isso nunca esteve nem está associado uma garantia de reforma ou sustento.
 
5.       Ao contrário de um Gérard Depardieu que decidiu sair de França em protesto pelo excesso de impostos que lhe seriam aplicados, ele teve uma oportunidade de emprego e aceitou. Por acaso era no Brasil. Se tivesse sido em Trás-os-Montes não tinha dado tanto ruído.

O Fernando Tordo não pode agora exigir a Portugal o que Portugal não lhe pediu. Ele escolheu um caminho e uma vida, fez as suas opções ao longo dela e agora está na situação que está. Para efeitos do texto, não é boa nem é má, é a que é. Tem de viver com ela, pois é o resultado de todas as suas opções e contingências momentâneas ao longo dessa mesma vida.
 
É a vida!
 
Quando minha escolha é consciente, nenhuma repercussão me assusta. Quando não é, qualquer comentário me balança” – José Eustáquio
 


terça-feira, 11 de março de 2014

Que ganho eu com isso?

 
A discussão que se tem vindo a formar à volta do concurso das Finanças é mais do mesmo. Depois de anos e anos a investir em campanhas para os contribuintes pedirem fatura, mesmo sem nada receber que não a satisfação de agir corretamente, e como tal sem resultados palpáveis, o governo encontrou uma solução que vai ao encontro da nossa mentalidade ….. responde à pergunta sacramental que mais fazemos ….. Que ganho eu com isso?
 
O ano passado a alteração com o SAFT foi uma tentativa para apanhar as PME, deixando por falta de coragem, lobby ou compadrios as grandes superfícies à margem. Controlasse alguns movimentos, mas não se obriga a emitir fatura ….. ou seja, é como se dizer que se quer ser casado mas sem efetuar o casamento. Nunca percebi o racional por detrás destas decisões, mas certamente foi um ser ou seres iluminados mais que os comuns economistas. O ónus continuou sobre o contribuinte pedir fatura, o que por todos os motivos não o fazia.
 
Este ano o governo decidiu responder à tal pergunta, e lançou um concurso. Ao invés de dar muitos milhões em sede de IRS, como nas cabeleireiras e oficinas, dá uns trocos via concurso. Chamem-lhe euromilhões, rifas de feira como ouvi ontem ou qualquer outra coisa, a verdade é que o número de faturas emitidas cresceu substancialmente. E com isso o valor de impostos arrecadados pelo estado em sede de IVA e IRS. Imensamente muito mais eficaz que apelar ao civismo como outros países fazem. Resultou.
 
Como tudo o que um governo faz por natureza é mau, está uma festa montada sobre o concurso e tudo à volta. Discute-se o acessório e passa-se ao lado do essencial. Com um punhado de moedas os Portugueses passaram a fazer o deviam fazer à muito, porque alguns portugueses atrás do balcão não o faziam, e a questão não é analisar o que passámos a fazer, mas porque é que os mauzões do governo estão a dar carros.
 
O governo limitou-se a responder à pergunta sacramental ….. e com isso aumentou a receita ….. elementar.


domingo, 9 de março de 2014

Violência jurídica

 
Peço desculpas pela associação de imagens mas associo sempre a justiça à imagem da estátua que a simboliza. Uma mulher, de olhos vendados e com uma balança equilibrada numa das mãos. Confesso que me esqueço de forma sistemática que na outra mão se encontra uma espada …..
 
No momento em que é celebrado o dia da mulher, não consigo dissociar o que se passa na nossa justiça com os abusos, violência doméstica e violação que continuam a existir sobre as mulheres. As notícias que têm vindo a surgir ultimamente fazem a colagem perfeita da justiça á imagem que faço dela. É bonita, mas está sempre a apanhar tareia.
 
Infelizmente temos a ideia de que existe uma justiça para ricos e outra para pobres. Que existe uma justiça para a pequena criminalidade e outra para os crimes de colarinho branco. E as notícias que continuam a aparecer apenas fortalecem essa ideia.
 
No caso dos submarinos, apesar de na Alemanha haver condenações por suborno em Portugal e Grécia, cá não existem corrompidos. Não existe sequer ida a tribunal para fachada, mesmo havendo um mail da empresa vencedora 2 meses antes da decisão para a Alemanha a comunicar esse facto. Na justiça desportiva, o caso apito dourado tem de voltar ao início depois de 10 anos porque as escutas não podiam mesmo ser utilizadas. O Jardim Gonçalves é absolvido pelo comum neste tipo de crime ….. prescreveu. E o resto dos envolvidos tem já a estratégia de mão beijada para se livrar do problema.

Recentemente um homem viu a sua vida destruída por uma falsa denúncia, esteve preso e conseguiu provar a sua inocência ….. pelo tempo preso e a vida destruída recebeu da justiça 15.000 € ….. quem não perceber o porquê de tão baixo valor para a vida de uma pessoa é porque não viu a entrevista do visado na televisão ….. dá para ver que era um emigrante e que era de raça negra. Pobre, emigrante e preto, uma combinação terrível para a nossa justiça.

Não tenho a mínima dúvida que existem muitos juízes honestos, mas cada vez mais acreditamos que estão guardados numa prateleira ou tribunal menor para que não causem embaraços aos nossos políticos. Muito se fala á anos de alterar o sistema jurídico em Portugal, mas os resultados visíveis são nulos para o comum do cidadão. É um facto inquestionável e indesmentível. Tirando o Tribunal Constitucional, que certo ou errado nos tem defendido à luz do que é a nossa Constituição, onde andam as notícias que nos permitam ter alguma fé na nossa justiça?
 
Mas mesmo este ….. e desculpem terminar de forma negativa ….. é como a mulher corno ….. acreditou no Passos que disse que os cortes eram temporários, e agora descobre que afinal sempre foram definitivos ….. corno mesmo!
 
A justiça é um dos pilares da civilização moderna ….. quando vamos tratar a miúda com o respeito que ela merece?
 


Corrigir o rumo

 
Certo dia o meu filhão proferiu uma daquelas frases que em alguém conhecido se tornaria eternas, ou como se diz nos dias de hoje, virais ….. Se não gostas da tua via, muda-a.
 
Alguns episódios da nossa vida provocam-nos mudanças profundas. Um nascimento, uma morte, um acidente, uma doença nossa ou de alguém próximo. São episódios de tal forma marcantes e que alteram a nossa vida que não temos dúvidas que ela muda. Por muito que tenhamos exemplos de outros, como tem sido por exemplo a exposição que o Manuel Ferraz tem tido, a verdade é que as mudanças profundas só as fazemos quando somos diretamente afetados. A frase do António Feio é linda e profunda ….. “Aproveitem a vida. Ajudem-se uns aos outros. Não deixem nado por dizer e nada por fazer.” ….. mas é uma frase pessoal ….. quantos de nós alterámos algo (já para não dizer substancialmente) a nossa vida à conta dela? Quem efetivamente aproveitou o momento para “Não deixem nada por dizer e nada por fazer”?
 
As grandes mudanças, os Tsunamis da nossa vida aparecem quando menos esperamos e arrebatam-nos por completo. As grandes mudanças são relativamente fáceis, porque na maioria das vezes não temos sequer hipóteses de as evitar. Somos arrastados. Não somos tidos nem achados. O difícil são os pequenos nadas que somados correspondem a muito. Ao que na realidade somos e como vivemos.
 
Todos os dias nos deitamos e pensamos no que foi o nosso dia e o que queremos fazer no dia seguinte. Todos os dias quando nos levantamos nos olhamos ao espelho e o que vemos somos nós próprios ….. e pelo menos a mim surge-me a pergunta ….. “estás satisfeito contigo mesmo? é isto que queres? o que vais mudar e quando o vais fazer?”.
 
Hoje de manhã enquanto passeava os meus pequenos na praia, meditava à volta dessa frase. Apesar de guardar para as férias de verão os pensamentos mais profundos, e as decisões de mudar algo de forma mais substancial, a verdade é que ao longo do resto do ano as correções são necessárias. Seja na nossa vida profissional, pessoal ou familiar, existe sempre algo com o qual não estamos satisfeitos e queremos mudar ….. e é um erro estar à espera de um qualquer evento para proceder a mudanças ….. quando nos sentimos preparados, devemos mudar. Ponto.
 
O verão passado foi um turbilhão de eventos e pensamentos como já não tinha desde há 5 anos atrás. Foi a consolidação de ideias profundas e o assistir à destruição de uma ideia que se calhar era apenas um sonho. De tomar algumas decisões para o resto da minha vida ….. ou pelo menos até que um evento deveras significativo as altere. Correspondeu ao impacto profundo. Mas sentia que faltava algo …..
 
Olhar para o espelho e reconhecer o que não gostamos em nós não é fácil. As questões físicas são inevitabilidades que muitas vezes temos de aceitar por não as podermos alterar. Podemos com capacidade financeira corrigir esteticamente alguns aspetos, havendo essa capacidade, claro. Somos o que somos e temos de nos aceitar. Não é ficar contente, mas considerar que são o que são ….. encarar o que vemos como as regras do jogo. Difícil mesmo é o que não se vê no espelho. A nossa alma. O nosso eu. As nossas atitudes, postura e comportamento. A nossa pedra filosofal.
 
Às vezes é preciso fazer grandes mudanças, é um facto, mas também é preciso ir tratando das pequenas com igual atenção. Preocuparmo-nos com o que queremos e não com o que os outros podem dizer. Dar valor ao que temos, enquanto temos.
 
Admiro a força de vontade de algumas pessoas, como era o caso da Ana. Lamento muitas vezes sentir que no que toca a esse aspeto, sou uma pálida imagem do que ela foi e o que nos ensinou. E fico envergonhado pela memória do que ela era e da força que tinha. É tão fácil arranjar pretextos e desculpas para deixar de mudar o que achamos ser importante ou necessário. É tão fácil não mudar …..
 
Depois de muito meditar, tenho bem claro neste momento o que quero mudar. Tal como um alcoólico ou drogado em recuperação, as pequenas conquistas diárias que quero ter ….. não todo o meu universo, mas os pequenos grupos de poucos nadas de cada vez. O meu passeio matinal de hoje foi isso mesmo, uma decisão de corrigir uma série de pequenos nadas há muito identificados e que me corroíam por dentro por não os mudar. Apesar de desde á meses andar a resolver vários pessoais e profissionais, a verdade é que não estava satisfeito com o que “via” quando olhava de manhã ao espelho. Depois de nos últimos tempos ter assumido as minhas diversas perdas, faltava-me isso, o decidir mudar alguns temas do meu eu. Voltando a parafrasear a Nicola, Hoje é o dia …..
 
Adicionei uma pergunta à minha lista matinal: Que vais melhorar, manter ou corrigir hoje?


sábado, 8 de março de 2014

Dia da Mulher

 
Parabéns e desculpas.
 
Parabéns pelo Dia da Mulher, e todo o que ele ainda representa. Desculpas pelo Dia da Mulher por considerar que é acima de tudo uma data comercial. Quando tanto se defende a igualdade dos géneros, a existência de um dia destes não se justifica, porém, quando recentemente foi anunciado o número de mulheres que são ainda vítimas de violência doméstica e sabemos que as mutações genitais são ainda práticas existentes, teremos de aceitar que talvez ainda se justifique.
 
Tenho tido o privilégio de conviver com mulheres fabulosas, algumas delas numa categoria especial ….. giras e inteligentes ….. e desculpem se é uma classificação machista. Tenho sido um privilegiado. A todas os meus parabéns pelo seu dia, sem qualquer conotação a tudo o que escrevi ou que é dito ….. apenas parabéns pelo seu dia. Como tenho uma princesa cá em casa, os parabéns ao género feminino em geral.
 
Este ano em particular estou mais sensível à importância da mulher, não por mim mas sim pelo que vejo no meu filhão ….. privado da presença da mulher fabulosa que foi a mãe, noto cada vez mais o que a falta de uma presença feminina de forma assídua acarreta. Os pedidos que ele faz e que infelizmente não os posso proporcionar. Este fim-de-semana fomos ao Algarve tratar das férias (nossas, dele e de outros) e isso foi notório. Apesar do muito que nos divertimos os 2 ….. ou os 4 porque os irmãos peludos também foram ….. notei claramente isso. Felizmente tivemos junto de amigos, maioritariamente mulheres, mas senti muito isso nele ….. talvez seja da data que se aproxima, talvez por algumas outras razões que não posso escrever, talvez ….. noto claramente a importância que um convívio regular ….. mesmo quando era pouco frequente ….. se reflete nele. É a vida.
 
Obrigado em especial ás minhas vizinhas com quem ele convive cada vez mais, por lhe proporcionarem o que infelizmente lhe foi retirado e que não irei substituir. Felizmente ele tem isso ….. parca consolação, é um facto, mas sempre é melhor que nada. Obrigado meninas!
 
Como no último post já fiz referência ao texto de Paulo Coelho, que é uma ode à mulher, não o irei repetir apesar de me apetecer. Acho que o melhor que consigo após estas linhas são mesmo apenas estas linhas, e tudo o que por detrás do que está escrito se depreende.
 
Parabéns e desculpas.
 


segunda-feira, 3 de março de 2014

Se calhar não é somente uma cara gira


Um destes dias fui almoçar com uma pessoa amiga e, quando estávamos no restaurante entrou uma daquelas mulheres ….. daquelas de tudo parar à sua volta quando ela passa. Os homens ficam com água na boca, e as mulheres ficam vermelhas de inveja. Daquelas mulheres que fazem desejar que as que se encontram acompanhadas, rezem para que o seu companheiro não as vejam. Não era muito bonita, mas tinha um corpo escultural, muito bem tonificado e uma indumentária de realçar todas aquelas magnificas curvas. Em palavras de homem, uma brasa.

Naturalmente achei que com aquela beleza toda certamente estaria acompanhada, o que aconteceu não ser verdade. Dei por mim a rir por ter assumido esse lugar comum ….. uma mulher gira nunca está sozinha. Não na vida, e certamente não num restaurante. Aguardei para ver quem seria o modelo ou velho rico que se sentaria na mesa ….. outro lugar comum … e mais me ri de mim mesmo por todas essas suposições tradicionais e lugares comuns. Está provado, sou igual ao resto da humanidade! LOL.
 
Apesar de continuar no meu almoço, em conversa muito agradável, não me contive de tempos a tempos observar semelhante beldade ….. discretamente, é certo, mas sempre fui dando uma troca de olhares. E na minha imaginação fui pensando o que poderia levar uma mulher tão bonita a estar sozinha, olhando à sua volta ….. incluindo para mim diversas vezes …… como se pedisse para que alguém fosse falar com ela ….. para não comer sozinha ….. dizendo que a sua beleza não era uma redoma de vidro com alarme ….. pelo menos na minha imaginação, era isso que ela dizia.
 
Pensei na conversa que tinha tido recentemente com um amigo, exatamente sobre a vergonha ou coragem de falar com desconhecidas ….. numa conversa entre homens naturalmente falávamos dessa forma ….. e pensei várias vezes para comigo ….. será que tinha coragem de pura e simplesmente me levantar e ir perguntar “parece sozinha ….. posso lhe fazer companhia a almoçar?” ….. não naquele dia porque estava a almoçar acompanhado, mas noutro qualquer dia em que tivesse sozinho ….. será que era capaz? No meu caso a dúvida não era se seria ou não capaz de o fazer, a dúvida era se correria eu o risco de ouvir um não.
 
Fiquei vários dias a meditar no assunto ….. de passarmos a fase do desconhecido ou não …… novamente o mesmo tema dos meus últimos posts, de ultrapassar os nossos medos e receios, e se calhar, ficarmos surpresos com o que encontramos. Isto vendo pela positiva, que o resto não interessa.
 
Naturalmente não fui ter com a rapariga, até por estar acompanhado, mas os pensamentos sobre falar com alguém desconhecido ….. neste caso de uma beleza de outro campeonato ….. não saíam da minha cabeça. Atenção que com isto não me estou a menosprezar, pois vivi no passado momentos muito bons com mulheres fora de série, desse mesmo campeonato ….. num paraíso até à poucos anos e até muito recentemente, tinha o prazer de partilhar bons momentos com outra mulher dessas, lindíssima e fabulosa, mas a vida é mesmo assim ….. mas não consigo deixar de no meu subconsciente associar a outro campeonato …..
 
A semana passada não resisti a um impulso …… cruzei-me com uma colega que é lindíssima, uma autêntica boneca, sentada numa mesa a escrever no computador e perguntei se me podia sentar ….. tinha 5 minutos enquanto esperava que me fizessem a conta, mas não resisti. E os meus 5 minutos rapidamente passaram a muitos mais, pois além de muito bonita ela é muito simpática. Falámos durante algum tempo sobre dois ou três assuntos, numa conversa muito agradável, mas uma reunião já agendada não me permitia demorar mais tempo. Cordialmente me despedi e cada um seguiu a sua vida.
 
Saí com um sorriso nos lábios, não por imaginar algo mais no futuro, como certamente está a passar na cabeça do leitor, mas pela situação em si, recordando-me da brasa do outro restaurante e da situação em si. Uma cara gira não precisa de ser apenas uma cara gira.
 
Estarão as duas histórias interligadas? Quem sabe …..


domingo, 2 de março de 2014

Brandos bananas ..... perdão, costumes

 
Que as comissões de inquérito dos deputados da Assembleia da República eram uma fantochada, todos sabíamos. Que serviam como pretensa arma de arremesso político, também. Que não têm consequência nenhuma, excepto enaltecer o ego dos participantes, também. Esta semana a presidente da PGR veio oficialmente confirmar tudo isso. E se este entendimento é oficial, então deve estar tudo bem ….. se calhar é mesmo suposto ser assim.
 
Um ministro foi a uma comissão de inquérito e mentiu deliberadamente. Todos os presentes sabiam, mesmo antes dele abrir a boca. Depois disso, os partidos da maioria enalteceram o homem por qualquer coisa irrelevante ….. nem me recordo o que foi, mas também isso era mesmo irrelevante ….. e a oposição atacou a mentira, como se fossem virgens arrependidas e não fossem capazes do mesmo ….. ou não o tivessem já feito noutras ocasiões. Cada um fez o seu teatrinho. Masturbação mental para os presentes que serve para se sentirem que estão a fazer algo por alguma coisa …… tipo eu quando apanho as fezes do meus cães no seu passeio matinal, achar que estou a construir um mundo mais limpo ….. no essencial e na substância é o mesmo.
 
A presidente da PGR veio reconhecer que o ministro mentiu, mas como é amigo não há problema porque não alterou nada ….. o que é normal nas peças de teatro. Quando acaba aquela irá mais tarde começar outra e o mundo continua a girar. Fez-me lembrar a sentença do Parque Mayer que não houve corrupção porque a pessoa que estava a ser corrompida não tinha poder. E depois achamos estranho porque os estrangeiros não investem mais em Portugal ….. os honestos, claro.
 
Somos mesmo um país diferente. Na Alemanha há quem cumpra pena por se ter provado que corrompeu políticos em Portugal e na Grécia. Na Grécia um ex-ministro cumpre pena de prisão por ter sido corrompido. Em Portugal não só nada acontece, como o ministro da altura é vice-presidente do governo, e a sua saída irrevogável do governo que nos custou 2.000 milhões de euros afinal era brincadeira. Não temos corruptos, por mais que os alemães se esforcem. E nada acontece ….. duas ou três peças nas notícias e alguém garante que a atenção muda e nada mais é publicado ou referido. Por acaso o Relvas voltou a um cargo de relevo, mas isso também certamente é um acaso.
 
Volto a escrever o mesmo ….. tenho pena que a comunicação social em Portugal cada vez mais cumpra menos o seu papel de isenção ….. algo que não poderemos certamente dissociar da crise e da tentativa de manterem o seu posto de trabalho ….. tornam-se carneiros, é um facto, mas carneiros com erva para comer ….. é pena que assim seja.
 
Sempre dizemos que somos um país de brandos costumes, mas cada vez mais o que fomos extravasa os brandos costumes, estamos mesmos transformados em bananas.