Que as comissões de
inquérito dos deputados da Assembleia da República eram uma fantochada, todos
sabíamos. Que serviam como pretensa arma de arremesso político, também. Que não
têm consequência nenhuma, excepto enaltecer o ego dos participantes, também.
Esta semana a presidente da PGR veio oficialmente confirmar tudo isso. E se
este entendimento é oficial, então deve estar tudo bem ….. se calhar é mesmo
suposto ser assim.
Um ministro foi a uma
comissão de inquérito e mentiu deliberadamente. Todos os presentes sabiam,
mesmo antes dele abrir a boca. Depois disso, os partidos da maioria enalteceram
o homem por qualquer coisa irrelevante ….. nem me recordo o que foi, mas também
isso era mesmo irrelevante ….. e a oposição atacou a mentira, como se fossem
virgens arrependidas e não fossem capazes do mesmo ….. ou não o tivessem já
feito noutras ocasiões. Cada um fez o seu teatrinho. Masturbação mental para os
presentes que serve para se sentirem que estão a fazer algo por alguma coisa ……
tipo eu quando apanho as fezes do meus cães no seu passeio matinal, achar que
estou a construir um mundo mais limpo ….. no essencial e na substância é o
mesmo.
A presidente da PGR
veio reconhecer que o ministro mentiu, mas como é amigo não há problema porque
não alterou nada ….. o que é normal nas peças de teatro. Quando acaba aquela
irá mais tarde começar outra e o mundo continua a girar. Fez-me lembrar a
sentença do Parque Mayer que não houve corrupção porque a pessoa que estava a
ser corrompida não tinha poder. E depois achamos estranho porque os
estrangeiros não investem mais em Portugal ….. os honestos, claro.
Somos mesmo um país
diferente. Na Alemanha há quem cumpra pena por se ter provado que corrompeu
políticos em Portugal e na Grécia. Na Grécia um ex-ministro cumpre pena de
prisão por ter sido corrompido. Em Portugal não só nada acontece, como o
ministro da altura é vice-presidente do governo, e a sua saída irrevogável do
governo que nos custou 2.000 milhões de euros afinal era brincadeira. Não temos
corruptos, por mais que os alemães se esforcem. E nada acontece ….. duas ou
três peças nas notícias e alguém garante que a atenção muda e nada mais é
publicado ou referido. Por acaso o Relvas voltou a um cargo de relevo, mas isso
também certamente é um acaso.
Volto a escrever o
mesmo ….. tenho pena que a comunicação social em Portugal cada vez mais cumpra
menos o seu papel de isenção ….. algo que não poderemos certamente dissociar da
crise e da tentativa de manterem o seu posto de trabalho ….. tornam-se
carneiros, é um facto, mas carneiros com erva para comer ….. é pena que assim
seja.
Sempre dizemos que
somos um país de brandos costumes, mas cada vez mais o que fomos extravasa os
brandos costumes, estamos mesmos transformados em bananas.