Certo dia o meu filhão proferiu uma daquelas frases que
em alguém conhecido se tornaria eternas, ou como se diz nos dias de hoje,
virais ….. Se não gostas da tua via,
muda-a.
Alguns episódios da
nossa vida provocam-nos mudanças profundas. Um nascimento, uma morte, um
acidente, uma doença nossa ou de alguém próximo. São episódios de tal forma
marcantes e que alteram a nossa vida que não temos dúvidas que ela muda. Por
muito que tenhamos exemplos de outros, como tem sido por exemplo a exposição
que o Manuel Ferraz tem tido, a verdade é que as mudanças profundas só as
fazemos quando somos diretamente afetados. A frase do António Feio é linda e
profunda ….. “Aproveitem a vida.
Ajudem-se uns aos outros. Não deixem nado por dizer e nada por fazer.” …..
mas é uma frase pessoal ….. quantos de nós alterámos algo (já para não dizer substancialmente)
a nossa vida à conta dela? Quem efetivamente aproveitou o momento para “Não deixem nada por dizer e nada por fazer”?
As grandes mudanças,
os Tsunamis da nossa vida aparecem
quando menos esperamos e arrebatam-nos por completo. As grandes mudanças são relativamente
fáceis, porque na maioria das vezes não temos sequer hipóteses de as evitar. Somos
arrastados. Não somos tidos nem achados. O difícil são os pequenos nadas que somados
correspondem a muito. Ao que na realidade somos e como vivemos.
Todos os dias nos
deitamos e pensamos no que foi o nosso dia e o que queremos fazer no dia
seguinte. Todos os dias quando nos levantamos nos olhamos ao espelho e o que
vemos somos nós próprios ….. e pelo menos a mim surge-me a pergunta ….. “estás satisfeito contigo mesmo? é isto que
queres? o que vais mudar e quando o vais fazer?”.
Hoje de manhã enquanto
passeava os meus pequenos na praia,
meditava à volta dessa frase. Apesar de guardar para as férias de verão os
pensamentos mais profundos, e as decisões de mudar algo de forma mais
substancial, a verdade é que ao longo do resto do ano as correções são
necessárias. Seja na nossa vida profissional, pessoal ou familiar, existe
sempre algo com o qual não estamos satisfeitos e queremos mudar ….. e é um erro
estar à espera de um qualquer evento para proceder a mudanças ….. quando nos
sentimos preparados, devemos mudar. Ponto.
O verão passado foi um
turbilhão de eventos e pensamentos como já não tinha desde há 5 anos atrás. Foi
a consolidação de ideias profundas e o assistir à destruição de uma ideia que se
calhar era apenas um sonho. De tomar algumas decisões para o resto da minha
vida ….. ou pelo menos até que um evento deveras significativo as altere. Correspondeu
ao impacto profundo. Mas sentia que faltava algo …..
Olhar para o espelho e
reconhecer o que não gostamos em nós não é fácil. As questões físicas são
inevitabilidades que muitas vezes temos de aceitar por não as podermos alterar.
Podemos com capacidade financeira corrigir esteticamente alguns aspetos, havendo
essa capacidade, claro. Somos o que somos e temos de nos aceitar. Não é ficar
contente, mas considerar que são o que são ….. encarar o que vemos como as regras do jogo. Difícil mesmo é o que
não se vê no espelho. A nossa alma. O nosso eu. As nossas atitudes, postura e
comportamento. A nossa pedra filosofal.
Às vezes é preciso
fazer grandes mudanças, é um facto, mas também é preciso ir tratando das
pequenas com igual atenção. Preocuparmo-nos
com o que queremos e não com o que os outros podem dizer. Dar valor ao que
temos, enquanto temos.
Admiro a força de
vontade de algumas pessoas, como era o caso da Ana. Lamento muitas vezes sentir
que no que toca a esse aspeto, sou uma pálida imagem do que ela foi e o que nos
ensinou. E fico envergonhado pela memória do que ela era e da força que tinha. É
tão fácil arranjar pretextos e desculpas para deixar de mudar o que achamos ser
importante ou necessário. É tão fácil não mudar …..
Depois de muito
meditar, tenho bem claro neste momento o que quero mudar. Tal como um alcoólico
ou drogado em recuperação, as pequenas conquistas diárias que quero ter ….. não
todo o meu universo, mas os pequenos grupos de poucos nadas de cada vez. O meu
passeio matinal de hoje foi isso mesmo, uma decisão de corrigir uma série de pequenos
nadas há muito identificados e que me corroíam por dentro por não os mudar. Apesar
de desde á meses andar a resolver vários pessoais e profissionais, a verdade é
que não estava satisfeito com o que “via” quando olhava de manhã ao espelho.
Depois de nos últimos tempos ter assumido as minhas diversas perdas, faltava-me isso, o decidir mudar
alguns temas do meu eu. Voltando a
parafrasear a Nicola, Hoje
é o dia …..
Adicionei uma pergunta
à minha lista matinal: Que vais melhorar,
manter ou corrigir hoje?