terça-feira, 29 de setembro de 2009

Produtividade ou improdutividade

Estamos numa era que a forma de trabalhar é diferente de anos atrás. É necessário conseguir fazer mais que uma tarefa ao mesmo tempo, ou o trabalho acaba por acumular. Por uma questão ou desculpa de custos, cada vez as pessoas que trabalham têm de fazer o que antigamente seriam precisos vários.

Por outro lado, a habituação às novas ferramentas como o messanger, mail e telemóveis permitiu que nós próprios tenhamos mais predisposição a fazer isso mesmo ..... várias tarefas em simultâneo. Até a utilização destes meios para conferenciar com alguém pode ser benéfico, tendo o mesmo efeito de uma pausa mas com o acréscimo da convivência.

Infelizmente isto está a ser muitas vezes levado ao extremo, sendo cada vez mais difícil fazer uma reunião ou sessão de trabalho sem que alguém não atenda um telefonema, envie ou receba um sms ou mesmo troque mensagens (e piadas) com outro elemento que pode até estar na mesma reunião. Ontem estive numa reunião em que contei mais de 10 interrupções ..... num espaço de hora e meia. Não me recordo da última reunião em que alguém não puxou de um destes objectos ..... incluindo-me nesses casos.

Cada vez mais se discute se estas possibilidades e ferramentas promovem a produtividade ou são um dos factores da nossa improdutividade. Muitas empresas bloqueiam sistematicamente ferramentas como o messanger, o twitter, o facebook .....mas aparece sempre outra alternativa, como por exemplo o buddy.

A restrição é quase sempre feita pela utilização de uma determinada ferramenta ao invés da conclusão ou não das respectivas tarefas ou produtividade esperada. Volto a escrever a frase de um anúncio “produtividade não é o número de passos que se dá mas sim o quanto se anda”. É mais importante a criação da cultura da saudável utilização das ferramentas ao dispor dos profissionais, assim como a responsabilização sobre o resultado das suas tarefas.

Ficará sempre uma dúvida do que ajuda ou atrapalha a produtividade.

domingo, 27 de setembro de 2009

A boa ressaca

Quando ouvimos o termo ressaca, o nosso primeiro pensamento é associa-lo a excesso de bebida. Regra geral com sentido pejorativo, a verdade é que o termo pode comportar boas sensações.

Se tivermos a sorte de passar bons momentos, aproveitando o que de bom a vida nos dá, sejam vários anos sejam algumas horas, o termo ressaca por ganhar uma outra dimensão. Ficamos na nossa mente a saborear esses tempos ..... essas sensações ..... relembrando tudo o que de bom aconteceu ..... os momentos ..... os bons momentos ..... o desejo de se repetirem ..... ressacamos.

Nestes casos essa é a melhor parte ..... o saborear novamente as lembranças ..... o agradável das lembranças ..... a ressaca também pode ser boa.

sábado, 26 de setembro de 2009

Sempre em ON

Acabei de fazer uma viagem em trabalho ao Norte. Saí de Lisboa depois do almoço e a meio da viagem descobri que estava a ficar sem telemóvel. Nos tempos de hoje, é muito pior que ficar sem gasolina ..... esse problema resolve-se com um telefonema para a Brisa.

Simpaticamente o telefone hoje só tocada de meia em meia hora ..... um dia de sorte. Mas assim que fiquei sem ele, deixei de ter tranquilidade ..... ao invés de começar o sossego, instala-se a intranquilidade. E se houver um problema com o filhão, e os 50 problemas que estamos a resolver ou então os que tentam nos ligar e já não sabem deixar mensagem porque acham que devemos estar sempre online?

Em termos globais a vida antigamente era efectivamente mais tranquila neste aspecto. Sabíamos que se não se conseguisse falar com alguém, poderíamos ligar para casa à hora do intervalo da telenovela .....picos de gasto de água e telefone. As pessoas podiam ficar a trabalhar até mais tarde mas depois iam para casa, descansado até ao dia seguinte. Hoje não há descanso.

O executivo que vai para casa, para além de poder receber telefonemas a qualquer hora, pode igualmente receber mails e afins. Acaba o seu sossego pois sabe que o emissor conta com uma resposta, assim como assume que o receptor está sempre com atenção à mensagem que entra. Acabou o descanso.

Admiro aquelas pessoas que conseguem desligar dos problemas. Admiro.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Teoria da conspiração

Não sei se fruto da época eleitoral próxima se por outro qualquer motivo, ultimamente apenas ouvimos falar em conspirações, fugas premeditadas ou orquestradas de informação e saneamentos diversos. Temos asneiras para todos os gostos.

Não percebo esta última polémica com o Cavaco. Como não sou partidário do PSD (ou qualquer outro partido), tenho uma visão muito critica da actuação do mesmo nestes últimos tempos, achando que ele não consegue resistir à intriga política, chegando mesmo a incentivar a mesma. Quer da uma mãozinha à MFL e ao PSD ..... parece evidente.

Se o PR achasse que estava a ser vigiado, teria de tomar medidas imediatamente. O facto de ser um assessor seu a passar uma linha de orientação para um jornal, por acaso do PSD, que por sua vez guarda a notícia até ao ano seguinte de eleições não é normal. Basta isto para saber que é intriga e não facto. Factos obrigavam a agir de outra forma ..... mas o mail é esclarecedor. O mail e o seu conteúdo não foram desmentidos e isso é hoje evidente face à demissão do Fernando Lima. O Cavaco parecia uma criança apanhada a fazer travessuras e tem de dar uma desculpa qualquer estúpida ..... a primeira que lhe vem à cabeça ..... "depois das eleições vou investigar" ..... deixando nas entrelinhas que haveria conspiração ..... patético.

Isto não é asfixia ..... é estupidez pura e simples.

Ao contrário da comunicação social, não considero que o cargo de PR seja uma vaca sagrada que não pode ser questionado. Se ganhou dinheiro de forma ilícita no BPN basta dizer que não o fez para passar a ser assunto fechado e não mais investigado? ..... não me parece. Se diz que existe escutas elas passam a existir?

A Presidência da República é um cargo de representação e como tal responde perante o país pelos seus actos. Acho bem que vete o que tem de vetar, mesmo que bata todos os recordes de uma presidência ..... isso é irrelevante, desde que o tribunal constitucional continue a dar-lhe razão tal como tem acontecido. É para isso que ele lá está, e efectivamente tem lá estado. O papel de alcoviteira fica-lhe tão mal.

A arma política que tem existido está centrada na construção de teorias da conspiração que, mal urdidas como são, acabam por cair por terra por si ou, como infelizmente para o Cavaco/PSD foi o caso, acabam por vir a público porque alguém em Portugal acaba sempre por falar demais. Recentemente foi o caso da TVI e da Manuela Moura Guedes. Na minha opinião ela não é jornalista séria e aquilo não era informação. Tinha de acabar. Sou da opinião que o share que a MMG tinha se devia ao Euromilhões e não a ela ..... a única razão que aquilo durou tanto tempo foi porque só há dois tipos de homens ..... os que fazem tudo o que a mulher manda e os mentirosos ..... mas diga-se em abono da verdade que pode muito bem ter havido mão por detrás ..... não ficava nada admirado ..... mesmo nada.

O problema da teoria da conspiração é quando o tiro sai pela culatra e depois já ninguém sabe o que fazer. Acontece. Volto a dizer, é estupidez e não factos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Doce acordar

Cada pessoa tem um acordar próprio e uma rotina. Há quem acorde sem acordar, e há os que acordam e parece que tomaram Red Bull. É uma característica engraçada porque não existe forma de estereotipar com base no aspecto ou personalidade da pessoa.

A forma de acordar também tem o seu quê. Poucos acordam sempre à mesma hora e sem recurso a ajuda. A generalidade necessita de uma ajuda suplementar, chegando ao extremo para alguns de quase ser preciso a casa ir a baixo para acordarem. Infelizmente vejo ou sei que muitos acordam com panos molhados na cara ou gritos para despachar. Forma violenta de iniciar um dia ..... não pode deixar de condicionar a atitude, tranquilidade e o equilíbrio. Tem de causar algum tipo de transtorno.

O meu acordar hoje em dia nada tem a ver com o de antigamente ..... esse é história. A Ana acordava muito cedo para ter o seu tempo, e depois de preparar a bacia para eu fazer a barba vinha acordar-me com beijos e mimos. E ficávamos abraçados um pouco ..... era um doce acordar ..... era.

No caso do filhão, excepção feita ás poucas vezes que não ouço o despertador, acordo-o suavemente, deitando-me com ele na cama e dando-lhe beijos e festas ..... mimo mesmo! Ficamos um pouco sossegadamente juntos até sair da cama ..... regra geral sobre a ameaça de eu levar um beijo na testa. Aí já podemos tomar o tal Red Bull ..... e é o que fazemos.

A nossa boa ou má disposição dependerá sempre de termos tido uma noite tranquila ou agitada. Como fazemos essa transição ditará também o resto do dia. Quanto mais tranquilos estivermos, melhor encaramos as diversas situações e vicissitudes do dia-a-dia, uma vez que a emoção costuma sobrepor-se à razão. A tranquilidade da mente é a essência do raciocínio calmo e ponderado.

Pelo dia que hoje é, este seria um acordar especialmente doce ..... seria.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Por uma causa maior

Vou começar este post de uma forma diferente, agradecendo a todos os amigos que hoje se recordaram da Ana, e em especial aqueles que com telefonemas, sms, msn e mails me ajudaram a ultrapassar o dia. Um obrigado especial pelos mimos que ao longo do dia fui recebendo.

Existe um filme fabuloso do Roberto Benigni sobre a história de um pai judeu que é enviado juntamente com o seu filho para um campo de concentração. Determinado a poupar o filho aos horrores da situação, inventa uma brincadeira para esconder a realidade do petiz e tudo faz para que ele sobreviva. É uma história comovente de abnegação pessoal para com o filho.

Ao longo desta semana lembrei-me muitas vezes deste filme. O filhão, no ano passado tinha dito que gostaria de saber deste dia, porém, pelo peso que o mesmo tem e a tristeza que relembrar assim causa, optei por nada lhe dizer. Passei toda a semana a remoer esta situação, na plena convicção de que o melhor para ele é não o lembrar. E voltei de Braga para dormir em casa não fosse ele se lembrar ou alguém lhe dizer, regressando no dia seguinte de manhã novamente para Braga. Independentemente do cansaço, o filhão poderia precisar de mim ..... porque será que mesmo assim me sinto culpado?

Num mês com duas datas tão marcantes como este, visitar uma tia em fase terminal não é fácil. A nossa mente utiliza o que vê para relembrar o que tentamos apagar da memória. Mas isso está muito vincado. É o que somos hoje em dia. Durante muito tempo disse a mim mesmo que não conseguiria visitá-la ..... é doloroso demais pelas memórias que trás ..... mas novamente me lembrei do filme ..... fazer algo que nos custa por demais, dilacerando-nos completamente por dentro, mas que para quem recebe é muito bom. Lembrei-me igualmente como a Ana gostava de receber visitas ..... os amigos que se preocupavam em ir aquele sítio difícil visitá-la ..... e depois de muita hesitação, efectuei visitas nos dois dias ..... incluindo o dia de hoje ..... hoje.

Toda a nossa vida é baseada em decisões, sendo sempre mais fácil virar a cara ao que é mais difícil e optar pelo fácil. Era fácil vir-me embora sem visitar ninguém ..... era compreensível ..... mas e para quem pode beneficiar do nosso “sacrifício”? ..... e se fosse eu do outro lado? ..... revi na Ana a satisfação de uma simples visita, por curta que fosse .....

Não quero com este texto “armar-me” em santo, pois estou muito longe disso. Não pretendo insinuar que nos devemos sacrificar em prol dos outros, apenas por isso mesmo. Nada disso. Não é isso que este texto significa. O ser humano tem a capacidade única de ponderar as situações e, o que estou a dizer é que por vezes podemos ou devemos fazer pequenos ou grandes sacrifícios por uma causa maior ..... ás vezes.

Brincar ao especialista

As organizações possuem muitas vezes processos de selecção extremamente criteriosos, procurando o profissional perfeito para uma determinada função. De forma a potenciar o sucesso pretendido, muitas chegam a envolver empresas especializadas no assunto. Procura-se a excelência. Paga-se uma pretensa excelência.

Quando esses quadros definem estratégias e traçam objectivos, ou pura e simplesmente cumprem a sua função, a empresa está a utilizar o seu melhor recurso para a função. Alguém que estudou o assunto e sabe do que fala e se compromete com os resultados. Alguém que percebe do assunto específico em causa.

O que muitas vezes se assiste é que depois, no momento de decidir, muitas vezes todos ganham opinião e opinam. Falam por exemplo do que se devia fazer em marketing e associam apenas a um ou outro factor. O especialista apresenta uma floresta e é confrontado com toda a gente a escolher arvores soltas para lá colocar. Deve ser frustrante.

É certo que as organizações, e em especial quem define o rumo, devem ter uma opinião sobre a “floresta” como um todo ou a extensão (€) da mesma, porém, opinar sobre pequenos detalhes e desvirtuar estratégias com base em opiniões ou leitura de revistas é brincar ao especialista, e a um nível que pode causar danos à organização.

Sou da opinião que devemos contratar os melhores para a função. Estar rodeado dos melhores é uma “dor de cabeça” positiva, como é prática ser dito pelos treinadores das grandes equipas. São os especialistas.

Uma organização deve saber tirar partido deste tipo de recursos que tem, ou então pura e simplesmente não os ter, uma vez que a relação custo/benefício fica comprometido.

Hoje

38 ..... hoje .....

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sem querer

Cada um de nós tem temas a que é mais sensível. Pode ser o aspecto, a educação, o estatuto social, a idade ou qualquer outro tema. Pode ser qualquer um. São os nossos graus de desconforto, receio ou insegurança. São os nossos.

Acontece que numa normal conversa ou brincadeira, podemos sem querer dizer algo que acaba por sensibilizar a outra pessoa muito mais do que esperávamos. Sem querer, acabamos por colocar a nossa irrelevância pessoal no tema, mas do outro lado isso pode acabar por sensibilizar ou magoar.

Um exemplo clássico é por exemplo a idade de uma senhora. A partir de determinada idade, mesmo que ela esteja óptima, só para não dizer normal ou maravilhosa, só o facto da constatação que os 20 anos já passaram pode ser devastador. Como este clássico, há vários similares.

A questão que se coloca nestes cenários é o depois, ou seja, apercebemo-nos que sem querer dissemos algo que foi percepcionado com outro sentido, e se tentarmos explicar que o que a outra pessoa percebeu não foi nada do que dissemos, isso ainda poderá complicar mais a situação. Em certos momentos, a explicação pode ser pior que nada dizer, o que levanta um problema moral ..... se não tentamos “reparar o estrago”, a pessoa pode achar que queríamos dizer o que ela percebeu e, por outro lado, se tentamos explicar, podemos agravar a percepção com que ela ficou. Nestes casos, é escolher entre o fogo e a frigideira.

Estes são aqueles momentos que queríamos poder voltar a trás e fazer ou dizer as coisas de forma diferente ..... mesmo um simples comentário em jeito de brincadeira ..... especialmente estes.

Dito por outras palavras, mais cedo ou mais tarde todos nós acabamos por perder boas ocasiões para estar calado!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Para quem sabe

Ontem tive oportunidade de fazer mais um almoço relaxado com um amigo, e vou usar uma expressão usada por ele, que achei uma bela descrição:

“... tanto quanto podemos classificar como amigo alguém que aprendemos a respeitar e a estimar pelo estímulo e desafio intelectual que sistematicamente nos coloca, pelo apreço colocado nas tertúlias havidas (seja pessoalmente, seja à distância), mesmo que, na verdade, não nos conheçamos lá muito bem (não somos visitas de casa um do outro, nem nenhuma outra dessas agradáveis mundanidades que ritualizam o processo de reconhecimento social e apreço mútuo).

Como poderíamos ter ido almoçar a qualquer lado, e por nenhuma razão em especial, fui eu ter com ele. Dado o local de encontro, acabámos por ir ao Espelho de Água por cima do Parque Eduardo VII, local que eu gosto muito e ele não conhecia. É um espaço tão agradável que nos esquecemos que estamos no meio de Lisboa. Especialmente para quem tem o prazer da tertúlia como nós, o tempo acaba por passar sem darmos por ele. Foi um belo almoço. Num dia agitado, vivido a 200 à hora, é um bálsamo à nossa mente.

Lisboa está cheio de pequenos locais como este, conhecidos de vários mas não de tantos para que estejam superlotados. Recentemente estive com uma amiga à noite no miradouro do Bairro Alto a apreciarmos Lisboa ..... Alfama, Mouraria, Castelo, etc. A nossa cidade tem locais maravilhosos para quem conhece. Maravilhosos.

Um outro local também com uma beleza especial é o Porto. Tem sítios lindos, apesar de pessoalmente gostar mais do lado de Gaia, uma vez que à noite naqueles bares e restaurantes temos uma vista fabuloso ..... o Porto à noite todo iluminado ..... parece tirado de um postal ..... espectacular. Acredito que quase todas as cidades tenham os seus lugares de encanto, esperando que sejam visitados e apreciados.

Podemos olhar para uma cidade e ver apenas o seu transito, os seus prédios bonitos ou degradados, o que quer que seja, mas existem sempre locais que parecem ter sido perdidos ali ..... prontos a ser apreciados.

O que é belo deve ser apreciado ..... deve ser desfrutado. Vale a pena conhecer a nossa cidade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

As longas saias do parlamento

Depois de um breve período em que alguns dos nossos políticos, mais especificamente os menos honestos, se preocuparam com as consequências dos seus actos, estamos a voltar ao tempo da impunidade.

Tirando o único desgraçado que foi considerado culpado, tendo de (eventualmente) cumprir pena efectiva .....por acaso o que mais obra tem ..... os restantes estão com pena suspensa. E para além das demoras que legalmente o nosso sistema de justiça já permite, agora ainda podem (e fazem-no) alegar imunidade em tempo de eleições. É sempre a somar tempo ..... até à tão desejada prescrição.

Mais do que uma justiça, o que nós temos é um sistema. Um sistema judicial que embora até possa ter sido pensado para proteger o inocente, o seu lado visível é sem margem para dúvida a protecção dos culpados. O recurso não inocenta, apenas adia ou altera a sentença ..... se o advogado não tiver a arte e o engenho de arranjar uma qualquer falha da lei ou do processo para o fazer terminar.

Este ano assistimos a um avanço ..... pela negativa ..... de todo este sistema. O PSD, e acredito não ser o único, coloca elementos que serão julgados por vários crimes, não um ou dois refira-se, em lugares elegíveis no parlamento. Para além da imunidade e paragem das investigações enquanto durar as eleições, depois de serem eleitos apenas terão de responder se o parlamento autorizar.

Onde está a Verdade nestes processos? Onde fica a ética dos partidos, todos eles, na recorrência destas situações?

Será que não podemos copiar a justiça americana? O Maddoff já cumpre os seus 150 anos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Reduzir tudo a um numero

Recentemente estive numa discussão teórica sobre indicadores de avaliação de desempenho de uma área. A discussão foi decorrendo naturalmente até ao aparecimento de um indicador diferente dos restantes. Era um indicador qualitativo.

Um dos grandes “entraves” à inteligência e desenvoltura humana são os pressupostos. Formatada a mente para um determinado enquadramento, ela tende a ficar presa aquela realidade e a não se conseguir “soltar”. Dá-se voltas e voltas, mas os pressupostos de partida acabam sempre por ser idênticos, o que condiciona irremediavelmente o resultado final.

Quando se materializa tudo de forma numérica, como os resultados operacionais, o nível de concretização, o volume de vendas, etc, a nossa mente fica presa ao lado numérico. No caso das empresas, isso é fácil de acontecer devido à área de estudos dos seus quadros (matemáticas). Se aparece um indicador qualitativo, a tendência humana (ou de gestor), será tentar converter isso em algo numérico. Materializar um sentimento. Reduzir a um número algo subjectivo. Cometer um erro.

Nas nossas organizações tem de haver espaço para as perguntas e os indicadores de SIM e NÃO. Substanciados em critérios o mais definidos possíveis, mas às vezes apenas isso.

Uma organização não pode ser gerida por números.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Presos ao devia

Com a proximidade das eleições, temos assistido a debates e entrevistas aos partidos com assento da AR. Como é natural nestas andanças, o governo enaltece os seus feitos como inequívocos e a oposição como desastrosos. É o normal e o espectável.

A oposição de esquerda, presa aos seus dogmas, continua a defender os chavões que fazem parte de si e que os seus apoiantes não perdoariam se fosse de outra maneira. Sem novidades. Entre estas, está a questão da complementaridade do combate às listas de espera por entidades que não os hospitais públicos. A sua repudia é tão grande que nem a sugestão de se iniciar com as Misericórdias pelo CDS/PP é acolhida.

Se todos assumimos que a entidade oficial não é capaz de satisfazer a necessidade, porque razão não se complementa o que falta de outra forma .....pode ser por pouco ou muito tempo, mas é o necessário neste momento. Parece-me obvio.

Porque ficar preso ao devia?

sábado, 5 de setembro de 2009

Procura-se “Amante”

Recebi de uma amiga um texto do psicólogo Jorge Bucay intitulado de Procura-se “Amante” que considero magistral e que com a permissão dela, o transcrevo para este espaço.

“Muitas pessoas têm um amante, e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que tinham e perderam. Geralmente são estas últimas que vêem ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insónia, apatia, pessimismo, crises de choro, ou as mais diversas dores.

Elas contam-me que as suas vidas correm de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar o tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente a perder a esperança. Antes de me contarem tudo isto, já tinham estado noutros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão"... além da inevitável receita do anti-depressivo do momento. Assim, depois de as ouvir atentamente, eu digo-lhes que elas não precisam de nenhum anti-depressivo. Digo-lhes que o que elas precisam é de um Amante!

É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem o meu conselho. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa destas?!".

Há também as que, chocadas e escandalizadas, despedem-se e não voltam nunca mais. Às que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico-lhes o seguinte: Amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de adormecermos, e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso Amante é o que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.

Às vezes encontramos o nosso amante no nosso parceiro, outras vezes, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no desporto, no trabalho, na necessidade de nos transcendermos espiritualmente, numa boa refeição, no estudo, ou no prazer obsessivo do nosso passatempo preferido...

Enfim, Amante é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir vivendo". E o que é "ir vivendo"?

"Ir vivendo" é ter medo de viver. É vigiar a forma como os outros vivem, é o deixarmo-nos dominar pela pressão, andar por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastarmo-nos do que é gratificante, observar decepcionados cada ruga nova que o espelho nos mostra, é aborrecermo-nos com o calor ou com o frio, com a humidade, com o sol ou com a chuva. "Ir vivendo" é adiar a possibilidade de viver o hoje, fingindo contentarmo-nos com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.

Por favor, não se contentem com "ir vivendo". Procurem um amante, sejam também um amante e um protagonista da vossa vida.

Acreditem que o trágico não é morrer, porque afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver, por isso, e sem mais delongas, procurem um amante.

A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental: - Para se estar satisfeito, activo, e sentirem-se jovens e felizes, é preciso namorar a vida. ”

Eu perdi a minha “Amante” e com ela o prazer da vida ..... dura realidade e facto irreversível ..... mas aos poucos e poucos vou tentando incutir em mim a frase com que a Ana mais nos brindava ..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida!

A vida tem estranhos acasos ..... ontem relia este texto, vi um spot (link) e acabei na televisão a colocar-me do “corpo” do Nicolas Cage no filme Cidade dos Anjos ..... tudo num único dia. Coincidência de eventos ou intervenção da mais bela estrela no firmamento ..... não sei .....mas também não é relevante .....

..... Olhem sempre para o lado FIXE da vida ..... começo a acreditar nisso, meu amor .....mas tenho tanta saudades tuas .....

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A primeira mesada

Em breve o filhão irá entrar no 5º ano e tal como prometido, terá direito à sua mesada ou semanada. É algo que ele anseia pois mais que a necessidade, dá-lhe a sensação de já ser crescido (o tal pré-adolescente que uma amiga minha falava). Permite-lhe poder comprar algumas coisas quando quiser e algo que não pode ser descorado, permite-lhe ter o mesmo que os seus amiguinhos. O mesmo que é possível dentro da nossa condição económica, obviamente.

Muitos são os pais que tal como o meu próprio pai, são contra as crianças andarem com dinheiro, seja para não fazerem asneiras como comprar tabaco ou droga, seja para não serem roubados ou tão simples para que o dinheiro não lhes suba à cabeça. É uma opinião válida e que tem os seus fundamentos, mas que para já não irei seguir. Estou a prever várias lições de moral nos próximos tempos.

No caso do filhão a opção é dar-lhe a semanada para os seus gastos, responsabilizando-o por ele juntar para o que quiser. Ou seja, passa a receber mesada mas depois os seus pedidos ficam condicionados à sua gestão, no que fizer sentido. Acho fundamental que ele comece a dar valor desde já ao dinheiro e que não é só querer e comprar, é preciso saber gerir e poupar. Embora a minha irmã pense de maneira diferente, eu considero que os pais não são a Santa Casa da Misericórdia ..... é bom que o meu filhão perceba já isso desde o início.

Como considero fundamental saber poupar, o filhão terá a sua semana com um esquema de poupança associado. No fim-de-semana, todo o montante em sobra da semana que ele colocar no mealheiro da poupança, o pai irá colocar lá idêntico valor. Haverá um segundo mealheiro que é para ele juntar dinheiro para comprar algo que queira mais tarde, ou que necessite de juntar semanadas. Se se habituar a poupar desde já, serão hábitos e princípios que irão perdurar para a sua vida, com vantagem para ele.

Estou curioso para perceber a relação do filhão com o dinheiro e a gestão que fará do mesmo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fora de horas

Á hora que escrevo este texto estou sentado no bar de um hotel de 4 estrelas no norte. É tarde e tal como em outras noites como esta, não tenho sono e sinto necessidade de escrever. É o meu bálsamo e a muleta do meu desequilíbrio.

O engraçado deste texto é que me imagino na pele daqueles escritores eruditos, observando do seu canto invisível o movimento que a esta hora este local possui. Se fosse o hotel em frente seria parecido ..... isso não é relevante ..... é apenas assim ..... é este hotel ..... estou aqui ..... observo ..... escrevo.

A entrada do hotel mergulha numa tranquilidade imensa, apenas rasgada por ocasionais sons de fugazes passos. Almas errantes de saída para algo fazerem, ou então apenas almas que algo fizeram e agora anseiam por um justo descanso. No bar, os empregados aguardam que o animado grupo decida alegrar outras paragens. No restaurante, agora fechado, um jovem casal discutia as agruras dos deveres profissionais, trocando ideias ou meros lamentos entre a constatação do obvio e a procura de apoio ou justificação do outro lado da mesa. Talvez apenas uma palavra ..... como às vezes esperamos apenas uma simples palavra. Na outra ponta da sala, como parece ser algo normal nestes hotéis, uma bela jovem aguardava sozinha por algo ou alguém ..... hoje não parece ter sorte ..... há dias (ou noites) assim.

A música que há não muito tempo era calma e convidativa, agora é insinuante ...... desapareçam que queremos fechar! A música invade e perturba a minha tranquilidade ..... torna-se num vento que abana a minha pena ..... mas estoicamente resisto ..... continuo a divagar e a observar ..... perdido ..... inebriado ..... ausente ..... e fica uma mensagem suspensa no éter da nossa geração ..... “espero-te

Na internet oiço e volto a ouvir a música “Vida em câmara lenta” que encontrei enquanto procurava algo que nem eu sei que procurava .....