quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Porque no te callas

Por muito bem ou mal que o Rei de Espanha tenha feito ou venha a fazer, esta frase será sempre o que nos virá à cabeça quando pensarmos ou falarmos dele. É inevitável. Esta é também a frase que nos distingue e diferencia com os Espanhóis ..... eles defendem o que é deles, nós não! .....

Esta foi igualmente a frase que me veio imediatamente à cabeça quando ouvi ontem um inergume cujo nome não fixei a falar do aumento do salário mínimo nacional. Acho que o mentecapto pertencia a uma organização de patronato de PME’s ou similares. A estupidez deve ter algum limite para não ser considerada demência, o que não foi o caso. Como é possível defender que um aumento de 24,00 €, que não chega a 1,00 € por dia, irá enviar muitas PME’s para a falência?

Seria interessante verificar dos que pensam desta forma, quais os lucros que as suas empresas tiveram e quais os gastos destes elementos que entraram nas contas da sua empresa ..... duas informações que devem ser analisadas em conjunto ..... gostava de ter estes dados. Então uma medida de justiça social tem mais impacto que o aumento dos combustíveis ?

Um dos grandes problemas que Portugal tem é efectivamente ser dependente de PME’s, regra geral empresas criadas por empreendedores que dificilmente resistem à segunda geração. A qualidade moral da generalidade dos nossos empresários é a meu ver lastimável ..... mas felizmente não são todos assim e aos poucos estão a evoluir ..... aos poucos. Estes têm o condão de verem a empresa como um meio de entrarem na lista dos mais ricos de Portugal, achando que os trabalhadores deviam ser todos pagos abaixo de salário mínimo e que o Estado é a principal razão de não possuírem uma frota de Ferraris porque têm de pagar impostos. Não conseguem, e julgo que nunca conseguiram ver que uma empresa é um pequeno ecossistema inserido num ecossistema mais vasto, onde as relações intrínsecas entre todos estes são a base de sustentação do mesmo.

Que um mentacapto tenha estes comentários, é já de si confrangedor, porém, que a MFL defenda o mesmo é para além de patético e desadequado, completamente arrepiante. Ela sabe que é economista e que já teve aspirações a ser Primeiro Ministro?

Apetece mesmo dizer ..... Porque no te callas .....

sábado, 25 de outubro de 2008

Uma ida à escola

As condições sócio económicas já não permitem aos pais o acompanhamento de outros tempos, em que regra geral a mãe estava em casa e as crianças tinham mais atenção ou pelo menos mais supervisão. Hoje ambos os progenitores têm de trabalhar, havendo menos tempo para a família. Esta é maioritariamente a realidade da nossa geração enquanto pais.

A escola é vista por muitos como um local onde nos tempos que correm, infelizmente, muitos pais depositam os seus filhos de manhã e os recolhem à noite. Não só encaram a escola como armazém, como esperam que seja a escola e a professora a educar os catraios, muito para além do que está escrito nos livros. Não sabem nem querem saber o que em detalhe lá se passa.

Factos são factos e efectivamente a generalidade do tempo que as crianças passam acordadas é na escola, interagindo com os professores, auxiliares (o nome varia com a escola) e colegas. A professora passa mais tempo com os nossos filhos que nós. É um facto. È aí que vão aprender ou consolidar coisas simples como a sua cultura geral, as asneiras, a história, a sexualidade, etc. É aí que vão descobrir as coisas mais bonitas da vida como a amizade e o amor. É aí que mais frequentemente vão ser confrontados com a frustração das suas limitações físicas e intelectuais, tendo aí também a oportunidade de aprender a se suplantar.

E em casa não? ..... depende!

Várias serão as famílias que por falta do hábito do diálogo ou pela comodidade passam para a escola as suas responsabilidades, pelo que a resposta será não. Outras, em que existe diálogo e preocupação dos pais em providenciar esses sábios ensinamentos, a resposta é logicamente sim. Depende de cada criança e cada casa.

Sempre existiu e sempre existirá na mente das crianças um espaço que é a escola e outro que é a casa. Cabe-nos a nós, enquanto pais, ir ao encontro do seu mundo, da sua realidade e, porque não dizê-lo, do seu dia-a-dia. Somos nós que temos de lhes perguntar sobre a escola e saber ouvir o que eles disserem. É a nós que cabe a responsabilidade de falar com os professores e não o contrário. Aqui abro uma excepção. Quando existem situações fora do normal, terá de ser a professora a nos envolver e, em resposta, terá de haver a nossa preocupação. O primeiro passo deverá sempre ser dado pelos pais.

Num espírito de envolvimento, a Sandra, professora do João dá-nos a possibilidade de entrar exactamente no mundo dos nossos filhos. Com ela podemos entrar na sua sala de aulas. É como entrarmos no quarto dos nossos filhos, ou seja, somos nós que vamos ao seu encontro no seu espaço e não o contrário. Isso faz toda a diferença. Os pais que assim o quiserem, podem escolher um dia e ir ler uma historia, falar sobre a sua profissão, fazer um teatro, falar sobre um tema ou pura e simplesmente, ir fazer uma brincadeira. A oportunidade está lá, mesmo à mão de quem a quiser aproveitar.

No nosso caso, a primeira fez havia sido a Mãe e a segunda o pai, mas isso no ano passado. Hoje fui novamente à escola. Cabendo-me a mim o privilégio de abrir o ano escolar a estas actividades, fui ler um livro, que por sinal até era composto por duas histórias e, a pedido do João, fui fazer umas pequenas brincadeiras. Honestamente não sei quem gostou mais, se os colegas do João, se o próprio João ou se eu. Obrigado Sandra.

É maravilhoso poder ler uma história a um grupo de crianças em que temos a percepção que temos toda a sua atenção. Para tornar a experiência mais agradável, peguei na história e fiz um pouco de teatro, com gestos, vozes e expressões. Pequenos detalhes mas que eles valorizam. É giro olhar para todos eles e vermos as diferentes posturas, desde o que “bebe” todas as nossas palavras, ao que espera uma piada, etc. É maravilhoso olharmos e perceber o que um professor diz e sente quando afirma que é muito recompensador ensinar crianças.

A parte da brincadeira pode ser também ela muito gira. Pegar numa qualquer rábula ou brincadeira de lógica, embrulhar numa história e apresentar como uma vivência nossa e um desafio à turma, solicitando a sua ajuda a resolver o problema. A receptividade e participação deles é fabulosa. A associação de ideias que fazem é muito engraçada e, aos poucos e poucos, vão em conjunto chegando à conclusão ou resultado. Quando termina, vem-nos a cabeça o sorriso que o Colombo deve ter tido ao ouvir o “Ah, assim também eu!”. Volto a dizer, não sei quem se diverte mais. Volto a dizer, obrigado Sandra.

O João valoriza muito, mesmo muito, esta participação e acredito que faz com que os pais e a escola estejam mais próximos. Eu acho.

Para quem estiver a ler este espaço e não pertencer à realidade do colégio do João, deixo um desafio. Desçam do vosso pedestal de pais e vão ao encontro dos vossos filhos desta forma. Não quero dizer que as outras formas não são boas ou que esta é melhor. Nada disso. Apenas que é diferente e pode ser uma experiência muito boa para ambos.

De que mais se lembram da vossa infância senão de actos ou brincadeiras que vos marcaram por ser muito boas ou diferentes? Atrevam-se a ir ao espaço deles.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Há momentos assim

Há dias que o vazio da tua falta é imenso ..... parece que foi ontem ..... tanta saudade ....

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A irrelevância insular

As eleições em Portugal têm sempre alguma previsibilidade de resultados, sabendo-se quase sempre à partida quem ganha, ficando a emoção apenas em saber se existe maioria absoluta ou não, ou, se existe segunda volta ou não. Resultados como o de Rui Rio ou do Manuel Alegre são um mero acidente de percurso, uma pedrada no charco.

Outra previsibilidade é nos comentários pós resultados, em que todos os partidos vêm dar os parabéns a quem ganhou e fazer um discurso de vitória, focando este ou aquele aspecto dos resultados. É impressionante como ninguém perde uma eleição em Portugal desde que há eleições livres!

As eleições nos Açores são os preliminares para o que aí vem e, como seria de esperar, ninguém veio a terreno dizer que perdeu. Cada um analisa os resultados como pretende, tentando demarcar-se de quem apoiou e focando o assessório em detrimento do principal. Quem ganhou fala no absoluto e não no peso relativo de quem votou. Voltamos a ter apenas vencedores, mas, honestamente para mim é perfeitamente irrelevante pois são análises de uma inutilidade total e absoluta.

Discordo da generalidade dos analistas políticos ou politólogos como agora gostam de ser chamados. Na verdade não considero as eleições na Madeira e nos Açores relevantes pois são feudos em que o senhor feudal ganha. Tão simples como isso. Podem concorrer com as cores de um partido nacional ou com a bandeira feita pela mulher ..... ganham sempre. As votações nas nossas ilhas são como ir a um casino viciado.

Que análise se pode tirar face a isso ..... nenhuma!

O passo seguinte poderia ser falar de Gondomar, Felgueiras ou Oeiras, mas prefiro falar do famoso Orçamento do Queijo Limiano (2005). Alguém se lembra?

A semana passada li que era das poucas câmaras que nada deve aos seus fornecedores, honrando assim os seus compromissos. Parabéns ao Daniel Campelo e sua equipa pelo bom exemplo que deveria ser mais vezes referido por ser exactamente isso, um exemplo digno de boa gestão autárquica.

Que pena ser a excepção e não a regra!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A minha primeira história

Hoje não contei nenhuma história ..... pela primeira vez, o João quis ser ele a contar uma história!

Como já referi anteriormente, todas as noites conto uma história diferente, algo que nunca tinha contado. A generalidade das personagens varia entre pessoas, animais ou objectos e não possuem nomes. Existem pequenas excepções como a tartaruga Rita, o menino Pedro ou o cão Pantufas. Este último tem indiscutivelmente o recorde de histórias. É sobre um cão que só gosta de pregar partidas, seja ao seu dono, principal alvo, o gato da vizinha, seu principal inimigo ou o cão da rua com quem disputa a namorada ..... mais ou menos namorada, pois o namoro nunca foi assumido ..... love is only in the air.

A história de hoje foi sobre a vez que o Pantufas decidiu pregar uma partida ..... claro ..... ao seu velho dono meio cegueta ..... trocou-lhe os tacos de golf por tacos de madeira com bombas de Carnaval, daquelas de mau cheiro e, adivinhem o que aconteceu quando ele chegou ao campo ..... isso mesmo!

Hoje tive a minha primeira história ..... estou muito contente mamã!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Antes masmorra, agora SPA

A grande cruzada da maioria das pessoas é a sua educação, com a qual ganham a sua independência e posteriormente a sua satisfação pelo atingir dos seus objectivos.

O nosso legado aos nossos filhos é, entre muitos outros, o nível de vida que lhes proporcionamos, os valores que lhes transmitimos, o carinho e amor que os conforta e, seguindo a mesma linha de raciocínio, o incentivo para a sua própria cruzada. Feitas bem as contas, pelo menos um terço da nossa vida é gasto ou investido na nossa educação. O termo utilizado obviamente varia mediante a nossa vontade e predisposição para.

Todos nós enquanto estudantes, tivemos pressa de começar a trabalhar para sermos auto-suficientes e não ter de aturar aquela fase da nossa vida maioritariamente caracterizada no momento como, “uma grande seca!”. Quando começamos a trabalhar, com tudo de bom que vem associado, também vem a parte má ou no mínimo menos boa ..... responsabilidade ..... compromisso ..... objectivos ..... frustração ..... falta de tempo ..... etc. Não há bela sem senão (expressão popular). Cada um pelo seu motivo, ficamos com saudades dos tempos de estudante.

Para algumas pessoas, nas quais eu estou incluído, a procura de conhecimento e informação é tal que, a nossa actividade profissional não é suficiente para saciar esse querer. A esta razão junta-se o mundo competitivo e elitista onde vivemos, que olha para os nossos diplomas como olha para os nossos carros, casas ou roupa ..... isso pode não acontecer no dia-a-dia mas, numa realidade de procura de novos desafios (leia-se procura de emprego), tem o seu peso. Estes foram os principais motivos, para além da oportunidade, que me levou a voltar a estudar. Sinto-me como o Sherlock Holmes, com a devida reverência ao seu intelecto, em que preciso de uma “droga” capaz de elevar a minha mente para outros patamares. Um momento e um espaço para parar e para pensar.

Comparo um pouco o estudar nesta fase da minha vida e dado o tipo de curso que é, um Programa Avançado de Gestão Empresarial (PAGE) da Universidade Católica, a uma ida a um SPA.

Porquê? – porque é como ir a um local obter o relaxamento que queremos, e em que nos “entregamos” nas mãos de vários profissionais de diferentes valências que tratam de nós e nos melhoram. Saímos de lá com a sensação pretendida e num estado psicologicamente melhor do que quando entrámos. A diferença é somente entre a palavra relaxamento e a excitação do conhecimento. Tudo o resto é semelhante, certo?

Assim sendo, o Notas e Pensamentos irá entrar numa nova era. O facto de todas as semanas ser “forçado” a parar e meditar sobre um assunto, tratado por um profissional ou especialista dessa área, indiscutivelmente terá resultados e produzirá consequências visíveis neste espaço.

Isto representa o “sair da minha área de conforto”, com todo o risco, beleza e recompensa que isso representa. Isto é crescer e aprender ..... tal como os meus pais sempre me ensinaram!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Boa ocasião para estar calada

O meu chefe tem várias frases engraçadas e pertinentes, sendo uma delas a que quando alguém diz que temos um problema, na realidade temos dois. O primeiro é o problema em si que podemos ter ou não, e que por conseguinte podemos ou não resolver. Esse é o nosso primeiro problema. Ultrapassada esta questão, temos um segundo problema ..... a ideia de que a outra pessoa considera que temos um problema. Independentemente de existir ou não o primeiro, ou já o termos resolvido, resta-nos este. Temos de demonstrar à pessoa em causa que já não existe problema.

A Manuela Ferreira Leite está a braços com esta situação. A sociedade toda é unânime em considerar que ela está demasiado calada e, dado o momento político, financeiro e temporal face à apresentação do orçamento, o seu voto de silêncio não pode mais perdurar. A este momento conjuntural junta-se igualmente o arrufo com a sua “voz” até ao momento, que para uns é o seu papagaio de serviço e para outros quem mexe os cordéis quando ela aparece.

A MFL padece igualmente do mesmo problema das grandes empresas em regime de concorrência, que é um problema que não é exclusivamente seu mas de toda a classe política, desde que não esteja no governo, isto é, tem de ter, falar ou acompanhar a concorrência. Nestes casos o objectivo não é fazer nem primeiro nem melhor que os outros, é só acompanhar para não ficar a ideia de que só existem os outros. As chamadas de vídeo no telemóvel não servem para nada ..... mas o que pensam de uma operadora que não as tenha?

Ela tinha que dizer algo ..... mas na minha modesta opinião, depois de falar de tudo o que falou ..... com o passado que tem e principalmente a sua formação e “conhecimentos” ..... perdeu uma boa ocasião para estar calada.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Reduzir para jornal ver

Enquanto todos se preparam para analisar e escalpelizar o Orçamento de Estado para 2009, o Portas voltou à sua formula já por demais gasta. Vamos propor uma medida que fique muito bem nos jornais ..... reduzir o IVA nas cadeiras de bebé.

Como a questão das fraldas já é tema muito impresso, tinha de ser inventada outra coisa. Deixo outras sugestões para pesquisarem o valor do IVA e proporem se fizer sentido: ceroulas (com a particularidade que podem inventar a taxa de IVA sazonal); Meias, luvas e barretes; afrodisíacos para incentivar a natalidade; .....

Sento o dia 14 um marco importante em termos de Orçamento, prevejo que este sentimento de deja vu entre numa semana pródiga, com a CDU a dizer que os trabalhadores e os reformados deviam ser aumentados em 100%, o BE a dizer o mesmo por outras palavras porque não pode usar as mesmas, etc, etc, etc.

Vão ser tempos difíceis e, apesar de achar que o governo devia ir muito mais longe do que foi ..... muito mais longe ..... a verdade é que reconhecidamente não é a melhor altura mas, o emagrecimento do estado não pode parar. A filosofia terá de continuar a ser o ênfase na redução do peso do estado na nossa economia e a redução do desperdício e funcionários públicos.

Conjunturalmente este é o melhor cenário para o governo. Pode ser em alguns aspectos austero porque os tempos assim o obrigam e, por outro lado, pode tomar determinadas medidas que serão sempre vistas como apoio estatal em tempo de crise e não como populismo eleitoral, típico da nossa cultura democrática. É um momento péssimo para nós mas, não posso deixar de considerar que é o ideal para o PS em ano de eleições.

Sendo um momento ideal para a linha de Orçamentos do PS, esperemos que seja positivo para Portugal.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Hoje é segunda-feira

O ser humano é um animal de hábitos. Toda a nossa vida é basicamente caracterizada por momentos, não necessariamente por esta ordem:

- nascemos;
- vamos para a escola;
- começamos a trabalhar;
- casamos;
- temos filhos;
- ficamos viúvos;
- morremos.

Tal como estas datas, temos tendência a apontar eventos para marcos:

- na próxima semana, vou por a minha vida em ordem;
- na segunda começo a fazer dieta;
- na segunda deixo de fumar;
- na segunda vou falar com ela/e.
- na próxima semana começo a procurar outro emprego.

E como estes existem vários exemplos. Existe uma marca de cafés que começou por colocar nos pacotes de açúcar, várias frases com a particularidade da parte inferior ser sempre a mesma: “Hoje é esse dia

Sendo hoje segunda-feira, boa semana para todos e que façam com que ..... hoje seja esse dia ..... e
Olhem sempre para o lado FIXE da vida!

sábado, 11 de outubro de 2008

Estou estarrecido

Fui procurar a descrição da palavra crise nos dicionários (online). No meio de tantos resultados, o que vou apresentar é extraído da Wikipedia, na definição associada à Teoria Sistémica:

A crise não é necessariamente evolutiva. Define-se como a perturbação temporária dos mecanismos de regulação de um sistema, de um indivíduo ou de um grupo. Esta perturbação tem origem em causas externas e internas.”

Esta última frase é por demais evidente ..... causas externas e internas. Podemos aplicar ao mundo, à Europa, a Portugal, à economia, às finanças, à nossa empresa, etc, etc, etc. Podemos aplicar às famílias Portuguesas. Podemos explicar as dificuldades por motivos de conjuntura, porém, isso não justifica a forma como os orçamentos familiares são elaborados e realizados (gastos).

Gosto das crónicas do António Barreto pois considero que faz uma leitura muito boa do que fomos e somos enquanto sociedade e, se ele fosse fazer uma apreciação dos dias actuais, claramente demonstraria um quadro parecido à situação que irei descrever mais adiante e se torna cada vez mais comum: as nossas famílias que vivem acima das suas possibilidades, não se privando do supérfluo como telemóveis ou andar de carro, e quando o ordenado é depositado, serve para com sorte repor a conta a 0 (isso mesmo, zero) porque a autorização de saque a descoberto já foi utilizada. Como não há poupanças, muito menos rigor e inexplicavelmente uma noção da realidade, quando pretendem comprar algo, recorrem a uma das várias empresas que emprestam sem perguntar muito ..... eu disse uma mas podia muito bem dizer várias. As últimas tendências é falarmos na consolidação de créditos ..... esta era previsível.

Como gosto de analisar e pensar nestes aspectos, sendo uma realidade comum na nossa sociedade actual, de vez em quando dou-me ao trabalho de fazer contas. Acabei de simular num determinada empresa, uma Grande Emprestadora de dinheiro (Money) e, se pedisse 15.000,00 € a 96 meses (8 anos), acabaria por pagar 27.628,80 €, ou seja, quase o dobro. Colocando em números e esquecendo as correcções monetárias de um período de 8 anos, estamos a falar em pagar a mais 12.628,80 € (84,2%). A matemática é uma ciência exacta.

Não consigo perceber como, à luz da realidade de hoje, as famílias são na sua generalidade incapazes de estabelecer para si um orçamento. Claro que existem várias que não o necessitam de fazer, mas essas não são a maioria. É preciso que as pessoas saibam viver dentro das suas possibilidades ou, estejam preparadas para sofrer as consequências. E as contas têm de ser feitas rapidamente pois se há despesas que podem ser cortadas de imediato, outras há que desaparecem mas a factura ainda perdura 1 ou 2 meses. Ao ter sido barbaramente Espoliado do meu amor, isso obviamente também se reflectiu em termos monetários e, como tenho um filho para sustentar e educar a opção foi simples: cortar com o que não faz falta, reduzir ao máximo os empréstimos, definir um novo plano de poupança mais ajustado à nova realidade e, na medida do possível, manter alguns extras como jantar fora com os amigos ou comprar uma revista ou prenda para o João. Na medida do possível. Investi muitas horas a fazer contas e simulações.

É a regra básica de economia. Não posso gastar mais do que ganho, ou seja, ou passo a ganhar mais ou altero as minhas despesas para serem menores, cortando o que não for essencial. Num local de guerra, alguém pensa em construir uma explanada com piscina?

Acabei de transferir 1.000,00 € para uma pessoa que estava aflita. Não vou prejudicar em nada o meu filho, mas vai-me fazer falta. O pedido era até à próxima semana mas, enviei de seguida um SMS a estender o prazo até ao próximo ordenado. Porquê? Garanto que não é por querer ser a Madre Teresa de Calcutá, é porque sei que a pessoa em causa para me pagar para a próxima semana teria de pedir emprestado a outro ou recorrer (e ela recorre) a uma dessas empresas de créditos.

Sabendo o que está do outro lado da linha, não consigo deixar de pensar como foi possível bater no fundo e não ter a cabeça suficiente para largar as grilhetas que prendem ao fundo ..... estou estarrecido.

Temos de assumir a nossa incompetência

Quem ouve esta frase, seja em que contexto for, tem sempre pelo menos 1 segundo de retracção. Quando esta frase é proferida num ambiente de trabalho, o seu impacto é claramente superior. É uma boa frase para reflexão.

Todos nós temos uma consciência mais ou menos clara das nossas capacidades e limitações nas várias facetas da nossa vida – enquanto filhos, pais, amigos, colegas, empregados, etc. Obviamente que podemos estar equivocados num grau ligeiramente superior ou inferior, mediante o assunto em causa, mas temos uma certa consciência dessas mesmas capacidades. Tendo colegas sul americanos, é comum ouvir a frase “o bom negócio é comprar um Argentino pelo preço que ele realmente vale e vende-lo pelo preço que ele acha que vale”. Pronto, neste caso existe um desfasamento grande, mas vamos considerar esta como a excepção que confirma a regra. O conceito a reter é que todos temos as nossas limitações.

Quando enquadrado num ambiente profissional, fica na generalidade do comum dos mortais a ideia que sendo incompetente, estamos a mais na empresa. A ideia não era extremar a esse nível. O grau desta afirmação é na exacta medida em que o espírito Português é querer saber e perceber de tudo, quando na realidade devemos reconhecer a nossa incompetência. Isso mesmo que escrevi, reconhecer a nossa incompetência. O mundo de hoje, quer a nível tecnológico quer a nível de conceitos, avança a uma velocidade tal que é impossível sabermos tudo de tudo. Reconhecer isso é o primeiro passo para o sucesso.

Podemos ter umas noções sobre a generalidade dos assuntos, mas não podemos ser especialistas em tudo. Quem o tenta ser, invariavelmente acaba sendo medíocre em muito, com excepção na sua realidade argentina da realidade. O mundo de hoje não abranda, não pára e não espera. Evolui à velocidade do engenho do homem. O que hoje sei, amanhã é passado.

Sendo o limite uma forma de barreira, para além desse ponto existe um novo universo que, pelo facto de existir, faz-nos perceber o que não sabemos ou dominamos, o que leva à existência de desconhecimento em certos assuntos.

Desde há muito tempo que sou da opinião que não precisamos de ser os melhores, temos é de nos rodear deles. Trazendo isto para o plano mais mundano, o melhor treinador não é o que é melhor guarda-redes, defesa, médio e ponta-de-lança. O melhor treinador é o que obtém mais vitórias, seu objectivo principal. Para isso não precisa de ser o melhor nos itens atrás referidos. Para isso, precisa de se rodear dos melhores e os orientar, maximizando os seus recursos de forma a que o resultado do todo seja superior à soma individual das partes. Assim é no futebol e assim é nos negócios. A diferença está na nossa qualidade para utilizar os recursos que temos à nossa disposição, intrinsecamente ligado ao facto de serem nessa medida, melhores ou piores. A facilidade do sucesso advém da nossa mestria na sua utilização da forma mais adequada, eficiente e eficaz.

Ao reconhecermos a nossa incompetência, em alguns aspectos concretos, desde que exista humildade para o reconhecer, haverá humildade para procurar ou rodearmo-nos de quem sabe, ou num nível mais primário e directo, procurar saber para perceber. Atenção a uma palavra que está no meio das outras: alguns ..... generalizar esta questão não é incompetência é pura burrice.

Devido à pressão a que estamos sujeitos, à exigência da sociedade de sermos perfeitos, temos tendência a não olhar para as coisas desta forma, menosprezando as nossas próprias limitações. O correcto seria desafiarmos as nossas limitações. Uma boa forma que deixo para consideração, é às vezes pensar assim: Em alguns aspectos, somos incompetentes!

Pergunta: Se o texto ao invés de dizer incompetência disse-se desconhecimento, teria o mesmo impacto? ..... apenas para reflectir.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Os 15 minutos de fama

Andy Warhol escreveu um dia a frase que se tornou celebre e intemporal: “In the future everyone will be famous for fifteen minutes (No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos)”. Tem havido muitas interpretações e utilizações dessa frase, sendo que pessoalmente é a que mais me vem à cabeça quando vejo alguém perfeitamente desconhecido, pelo menos para mim, nas páginas das revistas cor-de-rosa. Outro momento que a frase me ocorre é sempre que penso nos concursos do tipo Big Brother, Quinta das celebridades, e por aí em diante até ao Momento da Verdade.

No caso destes concursos, fica-me sempre a dúvida se os concorrentes vão pelo dinheiro, pela exposição, pelos 15 minutos de fama ou tudo isso junto. Os pioneiros ficaram sempre recordados nos livros de história como pioneiros mas têm um preço a pagar. O pisar onde ainda não havia sido pisado. Quem vem a seguir, pode ou não aprender com quem lhes precedeu, porém, não podem alegar que não sabiam o que poderia acontecer. Quando entram na sua aventura dos 15 minutos de fama, já têm a vantagem de saber os ganhos e os riscos, e o grau de exposição que podem vir a ter. Quando os concorrentes do primeiro Big Brother saíram, tanto eles como Portugal inteiro assistiram a um fenómeno novo, exactamente por isso mesmo, por ser novo. Inegavelmente pagaram um preço que ninguém imaginou ou poderia imaginar.

Como várias coisas na vida, só passado algum tempo podemos analisar com isenção os episódios passados, fazendo uma análise mais ponderada e fundamentada. Essa é a vantagem dos participantes mais recentes neste tipo de programa, pois podem verificar as vantagens e desvantagens dos programas nos seus concorrentes. E como o tempo é um bom conselheiro, podem analisar se a médio ou longo prazo o tipo de exposição é benéfico ou não. Sabem ou estimam o custo dos 15 minutos de fama.

O último invento nesta linha de programas tem para mim uma particularidade curiosa. Enquanto nos primeiros, a quem assistia era permitido ver a vida exterior da pessoa, onde ela consciente ou inconscientemente mostra o que pretende e permite mostrar, este último já não é assim. O formato do programa mostra o interior da pessoa. Expõem-na perante os seus convidados, o público e o resto do mundo.

O pouco que vi, quer do programa Português quer do Americano, deixou-me algo perplexo. Não o fiquei com nenhum dos segredos revelados, pois nos tempos que correm não estranho se alguém é ou foi capaz de roubar ou virar homosexual por dinheiro. Se está junto de outra pessoa sem amor, pois várias são as que apenas não querem ficar sozinhas ou têm medo de parecer falhadas para a sociedade por o estarem. Quem vê as estatísticas dos divórcios ou da percentagem de relações extra-conjugais dos nossos tempos, não pode estranhar o que se diz ..... o que eu estranho e não percebo, é o momento e a forma que estas pessoas escolhem para “se revelarem” ..... porquê nos 15 minutos de fama? Se sabem o que disseram, porque continuam? Porque não avisam antes?

De alguma forma acredito que para muitos seja o click que precisam para desabafar e se revelarem, aproveitando o que daí podem ganhar monetariamente. Talvez por ser uma pessoa muito fechada nos meus sentimentos, olho com muita estranheza para este fenómeno. Talvez. Mas não percebo como podem esconder algumas coisas dos seus parceiros, família ou amigos e, acima de tudo, não percebo como esse é o preço que estão dispostos a pagar. Essa é para mim a pergunta mais intrigante ..... porquê?
Talvez para um psicólogo ou sociólogo este fenómeno seja perfeitamente claro e perceptível ..... para mim é que não.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Pai, um menino pode ter tudo o que quer?

Uma das características que sempre admirei nas crianças foi o seu espírito questionador. Começam cedo com a idade dos porquês, na sua descoberta do que é o mundo que os rodeia e, com sorte, nunca deixam de questionar. Existem perguntas simples e perguntas complicadas, como qualquer pai que esteja a ler este texto bem saberá. Algumas perguntas são fáceis de responder e outras muito complicadas, mas todas devem sempre merecer uma resposta o mais honesta possível. Esta é uma das principais formas de aprendizagem que sempre existiu e mostra o grau de confiança que as crianças têm nos seus progenitores.

Um dos episódios mais engraçados do filhão neste aspecto foi uma vez que saímos para passear e, como estava muito vento (frio), disse-lhe para irmos depressa para dentro do carro para não apanharmos vento. Uma frase corriqueira que se diz naturalmente, sem que seja questionada na sua essência, excepto pelo espírito curioso e sagaz de uma criança ..... “Ó pai, o que quer dizer apanhar vento? Como se apanha o vento?”. Imaginem-se com uma criança de 4 anos e pensem numa resposta imediata ..... como fui apanhado desprevenido, tentei o melhor que sabia explicar o que era uma força de expressão, isto obviamente tendo em conta a idade do petiz e, achava que até não me estaria a sair mal até ouvir aquela frase em suspiro ..... “pronto pai, esquece!” ..... uma mãe a rir e um filho resignado ..... priceless!

A pergunta de hoje, aos 9 anos, continua a ser fácil de explicar a um adulto e complicada para uma criança ..... “Ó pai, um menino pode ter tudo o que quer?

Ao ouvir a pergunta, relembrei-me da minha infância e de como era estranho que eu tivesse algumas coisas mas os outros meninos tinham tantas coisas que eu gostaria de ter. Porque razão não podia eu ter tudo o que gostava? Nunca me tendo faltado nada do que verdadeiramente era essencial em termos materiais, a verdade era que os tempos não eram fáceis e o supérfluo nunca abundou. Até ganharmos consciência do valor do dinheiro, acho que todos nos questionamos da mesma forma, independentemente de termos um pouco mais ou um pouco menos. E se podermos ter essa sorte, agradecemos o que tivemos e reconhecemos os esforços a quem nos deu, com mais ou menos sacrifício. Eu dou, agradeço e espero um dia poder retribuir ..... num mundo cada vez mais individualista, fica ao critério de cada um as suas acções.

Depois de uma ou duas perguntas para perceber o contexto que o tinha levado a fazer tal pergunta, comecei por lhe explicar que ele estava inserido numa escola privada, o que de si já o coloca a um nível de crianças que não passam propriamente necessidades. Também lhe expliquei que naturalmente à pais que fazem mais esforços para isso e outros que não precisam de se esforçar e, como tal, podem dar aos filhos, se o quiserem, muitas e muitas coisas. Depois disto, expliquei-lhe que era preciso também perceber a realidade de cada criança e como é de alguma forma natural que filhos de pais separados tenham um pouco mais que os outros. Percebendo a dificuldade desta afirmação, expliquei-lhe que era uma forma de os pais tentarem compensar os filhos pela situação que obviamente não é a que eles gostariam ou, noutros casos, uma forma de um pai/mãe tentar agradar mais que o outro.

Passada a questão mais materialista, seguimos para a questão de princípios e, a explicação do porque ele próprio não tinha mais coisas. Foi uma excelente oportunidade para lhe transmitir que o valor que damos às coisas é grande parte da luta ou esforço com que as obtivemos, dando-lhe exemplos concretos nossos e dele. Sou (e éramos) da opinião que uma criança que tudo tem, a pouco ou nada dá valor e, se tudo for assim tão simples e ao alcance de um Quero!, quando chegarem à vida adulta vão ter mais dificuldades em encarar a privação ou o ouvir de um não ..... que raio, se sempre tive o que quis, porque razão agora não é assim ..... que faço? ..... uma birra ainda funcionará? ..... alguns acham que sim!

Esta explicação sociológica pode ser muito bonita e filosoficamente correcta, mas no banco de trás vão apenas 9 anos de consciência social e, como tal, puxei da arma secreta que já estava preparada para uma boa ocasião. Esta justificava!

No decorrer do mês de Julho, durante aproximadamente 2 semanas, sempre que o João pedia algo e sem que ele se apercebesse, tomava nota do pedido, da data e do preço. Ao fim deste tempo, tinha uma lista de várias linhas em que o preço ia desde os 5/10 € até aos 2.300 €. Depois de achar que ele tinha percebido a importância de saber que não podemos ter tudo o que queremos e que devemos viver dentro das nossas possibilidades, falei-lhe desta lista e comecei a ler por dia, os pedidos e o seu valor. No final, perguntei-lhe se algum daqueles itens lhe tinha feito mesmo falta e se ele era mais infeliz por não os ter tido e, já tendo alguma percepção do que é o dinheiro, se ele teria utilizado muitas vezes o item de 2.300 € ..... fiquei muito satisfeito com a resposta ..... “Não”.

Sinceramente acho que a evidência do seu próprio exemplo foi importante para perceber o que lhe tinha explicado. Efectivamente um menino pode, dentro do razoável, ter tudo o que quer, porém, isso não faz sentido como exemplo de vida nem será mais feliz por isso. Fim de explicação.

Tal como todas as crianças, o João é um consumista nato, em muito ajudado por muitas e muitas horas de anúncios de brinquedos na televisão. Tal como muitas crianças, sempre que vai a uma loja quer muitas coisas. E como muitas crianças dos nossos dias, tem tantas coisas que o interesse do que recebe dura 1 ou 2 dias, porque é apenas mais uma. Para orgulho dos pais, percebe que não pode ter tudo e que nem tudo faz sentido, e, como tal, não insiste nem faz birras.

Sempre foi e continua a ser um orgulho de filho. Não por esta razão mas também por esta razão.

domingo, 5 de outubro de 2008

O ontem foi há seis meses

Já passou da meia-noite ..... tal como a vida perdeu grande parte do seu significado, o tempo tornou-se apenas um ponteiro que passa repetidamente pelos pontos de um qualquer relógio ..... parece que foi ontem que te tornas-te numa bela estrela que lá no alto do firmamento, olha por nós cá em baixo ..... mas a realidade é que faz hoje seis meses ..... seis meses ..... cento e oitenta dias ..... mais de quatro mil horas ..... uma eternidade ..... um enorme grande vazio ..... o ontem foi há seis meses.

Não consigo escrever muito mais hoje ..... deixo-te a letra da música “Have You Ever Really Loved A Woman” do Bryan Adams, a quem agradeço as palavras:

To really love a woman
to understand her
you’ve got to know what deep inside
hear every thought see every dream
and give her wings when she wants to fly
and when you find yourself lying helpless in her arms
You know you really love a woman

When you love a woman
you tell her that she’s really woman
When you love a woman
you tell her that she’s the one
She needs somebody
to tell her that it’s gonna last forever
So tell me have you ever really
really, reallly
ever loved a woman?

To really love a woman
to let her hold you
till you know how she needs to be touched
you’ve gotta breath her
and really taste her
until you can feel her in your blood
when you can see your unborn children in her eyes
You know you really love a woman

When you love a woman
you tell her that she’s really woman
When you love a woman
you tell that she’s the one
She needs somebody
to tell her that you’ll always be together
so tell me have you’ve ever really,
really, really ever loved a woman?

You’ve got to give her some faith
hold her tight
a little tenderness
you’ve gotta treat her right
she will be there foryou
taking good care of you
(you’ve really gotta love your woman) (yeah)
and when you find yourself lying helpless in her arms
you know you really love a woman

When you love a woman
you tell her that she’s really woman
When you love a woman
you tell her that she’s the one
She needs somebody
to tell her that it’s gonna last forever
So tell me have you ever, really
really, really, ever loved a woman?
Just tell me have you ever really,
really, really, ever loved a woman?
Just tell me have you ever really,
really, really, ever loved a woman?

Como eu gostava de te cantar esta música no carro, enquanto passeávamos, dando-te muitos mimos e beijinhos na mão ..... como me fazes falta, meu amor ....

Amo-te muito, meu amor ….. minha soulmate ….. tenho muitas saudades tuas, linda ..... tantas .....

Quem se encosta a quem

Cavaco Silva discursou hoje na Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), referindo-se a falta de autonomia de alguns empresários que se colam ao estado, porém, este tem um peso tão grande na economia que não sei quem se cola a quem.

Se o estado cumprisse o seu papel de legislador e regulador, ao invés de intervencionista, estaria a enviar uma mensagem de isenção. Se os nossos empresários soubessem que o estado não se imiscuía, controlava e sofria de uma subversão de valores à conta do clientelismo amigo-partidário, será que teriam tendência a se encostar?

No caso do Hospital Amadora-Sintra, depois de 10 anos de gestão privada, o estado decidiu que queria controlar. Por acaso as contas são melhores que as restantes EPE’s ..... quem se cola a quem?

Talvez se o estado não passasse tanto a mensagem de clientelismo, os empresários não se colassem tanto a este ..... talvez.

sábado, 4 de outubro de 2008

Mensagem nº 56

Esta será a mensagem nº 56 que coloco neste blog. Este é também o número de mensagens que a Ana colocou no seu http://oquepassanaprassa.blogspot.com/.

Este espaço surgiu como refugio pessoal e forma de escape, tal como o descrevi na primeira mensagem que coloquei (http://notasepensamentos.blogspot.com/2008/05/razo-de-ser-deste-blog.html ). Quando o iniciei tinha várias dúvidas existenciais, que começavam nas minhas capacidade de escrita, seguidas do medo de tornar o blog num recanto de lágrimas e sentimentos deprimentes, até ao maior receio de todos, que era a exposição do meu “eu” na blogosfera. Sentia-me e sinto como a melancia, ou seja, munido de uma mais ou menos dura carapaça que dá um aspecto exterior e esconde um aspecto (e sentimentos) totalmente diferente no seu interior. Depois de muito pesar esta última parte, decidi começar a escrever com três finalidades muito claras: manter o blog da Ana activo (os textos são todos assinados pelo utilizador dela), servir de escape ao meu isolamento (fiquei sem metade de mim) e, por último, deixar um espaço e uma mensagem que mais tarde o João possa ler para perceber melhor o pai e pelo que ele passou.

Tenho tido uma preocupação grande de que o texto de topo seja uma Nota ou Pensamento generalista e não pessoal, se bem que há dias que a necessidade deste espaço expansivo é superior a essa ideia. Tenho também evitado escrever muito sobre política, o que não é fácil porque tema é coisa que não falta e, acima de tudo, continuo sem vontade de escrever sobre futebol. No computo geral, acho que tenho aproveitado bem o espaço e homenageado aquela que foi, é e será sempre o meu amor, a Ana.

Tudo começou no dia 29 de Abril de 2007 como uma brincadeira, em que a Ana escreveu pela primeira vez um pequeno texto, intitulado Crónica da Treta e começou a enviar por mail para um grupo restrito de colegas e amigos na Sucursal de Colaboradores (millenniumbcp). Era um pequeno texto, composto por três partes distintas, sendo uma a apreciação dos acontecimentos da semana ou temas actuais, outra o tempo previsto para o fim-de-semana, com indicação do nome dos santos desses dias e, com uma pequena componente de propostas para o fim-de-semana. Este foi o primeiro de muitos e, com o passar do tempo e recebendo cada vez mais e melhores criticas e aceitação, o seu número de leitores e assinantes foi crescendo, ultrapassando os biombos da sucursal. Esse crescendo foi dificultando o envio por mail devido à limitação da autorização de envio (conta gratuita), fazendo com que a divulgação fosse feita por grupos e enviada de hora a hora para poder contornar essas mesmas limitações. Começava a ficar complicado e havia sempre alguém que não tinha recebido.

No seguimento de conversas com um amigo nosso, que possui um blog, surgiu-lhe a ideia de entrar na blogosfera e, desde Setembro de 2007 o http://oquepassanaprassa.blogspot.com/ foi para “o ar”. Quase todas as quintas-feiras a Ana escrevia a sua Crónica da Treta, mais tarde rebaptizada de Crónica da Praça, quando foi internada no IPO, que fica situado ao pé da Praça de Espanha. Ao todo, foram criadas e publicadas 56 mensagens.

Á medida que ia escrevendo e colocando as minhas mensagens, o seu número ia subindo e aproximando-se cada vez mais depressa deste marco ..... a mensagem nº 56. Este é esse marco, o qual durante muito tempo tive dúvidas que o atingisse. Este é o número em que a torneira editorial do meu amor foi Brutamente interrompida.

Esta mensagem é acima de tudo uma homenagem a essa mulher, mãe e amante fenomenal que deixou o nosso mundo mais pobre quando partiu, mas que nos deixou uma mensagem e marca que perdurará para sempre em nós.

Para ti, meu amor ..... foi uma honra e um privilégio ..... foste, és e serás sempre o meu amor ..... Amo-te muito!

Sempre foi assim

Em todos os casos e histórias, desde o tempo da mensagem escrita ou transmitida, existe sempre a figura do bode expiatório. Aquele que é tão culpado como os outros, mas, por algum critério que ninguém percebe muito bem, aparece sempre como “O Culpado”.

Tem sido assim em vários casos; o arbitro que é condenado por corrupção sem que exista ou pelo menos seja conhecido o corruptor; o pedófilo que irá pagar as culpas de todos, se bem que este caso ainda não teve desfecho, este seja já vaticinado por todos, face ao obvio poder dos restantes arguidos e o sentimento de que em Portugal a justiça pode ser muita coisa, mas cega não é um dos adjectivos utilizados para a descrever. São vários e vários os casos, tal como estes e, o último, é o linchamento público do Santana Lopes, por acaso numa altura em que aparece como possível candidato à CML ..... que coincidência.

Quem ouve os vários presidentes e detentores de altos cargos da Câmara Municipal de Lisboa, acha estranho como todos são peremptórios a afirmar com o maior das descontracções que a câmara sempre deu, a seu belo prazer, casas com base não (só) nas necessidades dos seus munícipes mas sim com outro critério muito enraizado na cultura Portuguesa ..... a cunha. Que estes casos apareçam não é de estranhar porque sabemos a forma de funcionamento baseado no clientelismo que é prática corrente em Portugal, porém, o mais chocante é a naturalidade com que este assunto é assumido. Acho chocante.

Numa câmara que tem um endividamento tal que não sei como ainda não declarou falência, o que poderá fazer invocando para si um plano semelhante ao plano Paulson, Fica a dica. Nenhum critério está devidamente definido, ou pelo menos assim nos é transmitido, num sector que para além da vertente social, poderá constituir-se como uma fonte de receitas, até porque vários imóveis são detentores de uma localização privilegiada. Outro factor estranho é o valor das rendas, que claramente nada tem a ver com o real valor de mercado.

Outro fenómeno engraçado em Portugal é a explicação apressada e nervosa, genuinamente estúpida, diga-se. Nos JO tivemos a frase “de manhã só na caminha” e, agora temos a “se me divorciar novamente, tenho de ter uma casa”. Será que essa é a razão de aumento dos divórcios em Portugal ..... uma forma de ganhar um apartamento da CML?

Ficamos a saber que desde o principio dos tempos são atribuídas casas a pedido de todos que têm algum poder ou influência em Portugal, e, como várias pessoas já o referiram, este é um fenómeno que vai da esquerda à direita ..... a “riqueza” é tanta que dá para todos. E isso é tão natural que ninguém tem poejos de falar, como se algo que sempre foi feito assim, deixou de ser judicialmente ou moralmente reprovável por esse mesmo motivo ..... sempre foi assim!

E se sempre foi assim, porque razão apenas um pequeno grupo está a ser constituído arguido? Porque razão os anteriores não o são? Porque razão os actuais também não o são?

E este fenómeno, tipicamente característico e revelador da nossa sociedade, é único na CML? E as restantes câmaras do país? De repente, vem-me à cabeças as câmaras de Oeiras, Gondomar, Porto e Felgueiras ..... como será este fenómeno por lá?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Um católico confuso

O Papa Bento XVI reiterou hoje a posição discordante da igreja à generalidade dos métodos contraceptivos, tendo proferido para o efeito a seguinte afirmação:

Excluir a possibilidade de dar a vida através de uma acção destinada a impedir a procriação significa negar a verdade íntima do amor conjugal

Apesar de católico, muito pouco frequentador da missa aos domingos, diga-se, tenho sempre um sentimento de angústia interna com estes temas. Uma parte cristã em mim tende a questionar a sua própria fé ao ter uma corrente de pensamento tão díspar da Igreja, outra, questiona-se até que ponto essa é a interpretação correcta do que está Escrito e, por último, existe ainda outra parte que questiona como pode a Igreja Católica estar tão distante da generalidade da natureza humana e da realidade em que se insere?

Como este tema para além de polémico pode ser muito extenso, deixo aqui de forma sintética as minhas dúvidas mais existenciais:

1. A procriação constitui juntamente com o instinto de sobrevivência as funções mais básicas de qualquer animal, incluindo o ser humano. O acto de procriação está enraizado na nossa mente e, mesmo em momentos de libido inexistente, não deixa de passar por lá, e isso não quer dizer que queiramos procriar;
2. A capacidade económica, para não falar de contextos sócio-económicos ou profissionais, podem levar a que, por muita vontade que um casal tenha de procriar, tal não seja em consciência a decisão mais sensata;
3. O mundo de hoje está cheio de grandes flagelos, onde se incluem obviamente as doenças sexualmente transmissíveis. O preservativo não pode ser visto apenas como meio contraceptivo ..... o seu paradigma já passou por aí mas não parou aí;
4. Da frase fica-me desde logo a seguinte dúvida: E o amor extra-conjugal? Negar a sua existência nos dias de hoje é como negar que existem padres com filhos ou práticas sexuais (incluindo pedofilia). É pura utopia.

Não posso escrever esta última frase sem obviamente escrever que acredito que estes casos constituam uma excepção à regra e não o todo. Quem tiver o privilégio de conhecer e privar com o Padre José Cruz, tem obviamente a certeza que o bem existe. Ele personifica toda a figura mental que fazemos de um Padre, com uma alma pura e bondosa e, com um discurso e tom de voz capaz de serenar o mais inquieto dos espíritos. Assistam a uma das suas missas e constatem por vós mesmo ..... hospitalcuf descobertas na Expo, aos domingos às 19 horas.

As questões teológicas acompanham-nos desde que o homem é homem e nunca terão uma resposta clara e directa. A medicina em si, é também na sua essência um facto semelhante, pois estamos pela mão do homem a atrasar a morte que deve ser aceite, de acordo com a Igreja, como o destino Escolhido. E como estes, vários outros temas que fariam com que este texto se aproxima-se do número de linhas de um livro.

Como nota final, apenas de referir que quando escrevo estas linhas estou a barrar da minha cabeça a enorme raiva que sinto pela partida da Ana, que não consigo perceber ou aceitar. Já antes tinha estas dúvidas e penso que sempre as terei. Acredito que tudo tem um motivo ..... apenas não O consigo perceber.

Será que daqui a muitos anos haverá uma posição em relação aos preservativos semelhante ao pedido de desculpas a Darwin?

Para um católico, que acredita acima de tudo nos princípios adjacentes à sua fé e na mensagem que recebe e retém das homilias que assiste, estes temas e a sua posição discordante são sempre motivos de confusão espiritual e intelectual.

Perdoai-nos, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido .....

Como não pagar

O caso que vos vou contar não é único e deve estar para ser repetido em breve. Recentemente recebi uma carta do SMAS em como tinha um saldo a meu favor. O primeiro pensamento enquanto os meus olhos se dirigiam para a linha que dizia total foi obviamente de satisfação, porém, rapidamente essa expressão passou a pequeno esboço de riso. Tinha a receber a módica quantia de 3,42 €! Mas dinheiro é dinheiro e prefiro sempre receber a pagar!

Depois do primeiro pensamento de satisfação, os seguintes foram de cariz predominantemente económico. Qual o custo de envio desta carta face ao montante a receber? Porque tal montante não veio a descontar na próxima factura? Como posso receber este dinheiro?

Esta última questão é a mais ridícula e ao mesmo tempo interessante. O que faria sentido obviamente, era uma menção de que a importância em crédito seria aplicada na próxima factura, como qualquer ser minimamente prático pensaria, porém, tal obviamente não é o pensamento da máquina pública e como tal nenhuma frase minimamente parecida está lá. Utilizo aqui o termo máquina pois não quero pensar que é obra de um ser mas sim de uma entidade não material, que em última instância se materializa sempre em alguém, obviamente, mas pronto, chamemos-lhe apenas de Mau Funcionalismo Público. No final da carta vem o lindo texto “A receber apenas nos balcões dos SMAS OER/AMD”, com o respectivo quadro legal de assinatura de notas de crédito, obviamente.

Esta simples frase esconde atrás de si uma deslocação a um destes sítios, independentemente de morarmos ou trabalharmos próximos; independentemente do custo da deslocação seja qual for o meio de transporte que, no caso de viatura própria ao valor do combustível terá de ser incrementado o custo do parquímetro; independentemente do horário de funcionamento destes locais que colide com a generalidade dos trabalhadores por conta de outrem, e, por fim, independentemente do custo em termos de tempo que se perde nestes locais face à quantidade de outros utentes e velocidade ou produtividade dos seus funcionários. Valerá isso os 3,42 €?

É claro que este modo de funcionamento não é inocente, é claro! Tal como eu, milhares de outros utentes não vão ter um custo enorme para reclamar um proveito ínfimo, e assim, a empresa arrecadará milhares e milhares de euros de forma indevida. É como jogar num casino. A casa ganha sempre e indirectamente a máquina fiscal do estado também.

Este modo de funcionamento não foi inventado hoje nem é exclusivo do SMAS ou do estado. Os bancos estão já preparados para o fazer com a questão dos arredondamentos que, apesar de serem ilegais e terem indicação de que os terão de devolver, não o farão de livre vontade. Quem quiser que faça contas e vá pedir o seu dinheiro de volta.

Este é um excelente artificio legalmente simples de não pagar ..... simples e dá milhões.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Informação ou preconceito

Somos muitas vezes vitimas dos nossos próprios preconceitos.

Pertenço a uma geração que sabe utilizar muito do que o avanço tecnológico nos possibilita, neste caso a internet e, pertenço a uma empresa que assina várias publicações diárias, como o Diário Económico e o Público, entre outras, ficando estas numa bancada de livre acesso a todos os funcionários. Tenho assim à minha disposição vários meios distintos de me manter informado sobre os mais diversos temas, podendo assim analisar as notícias por mais que uma perspectiva. Apesar de todas estas formas e fontes, tenho sempre uma dúvida existencial quando as estou a consultar em horário normal de expediente:

Ao manter-me informado, estou a beneficiar a minha empresa de forma directa ou indirecta pelo facto de ter mais informação para tomar decisões, ou estou a “gastar” tempo útil do meu contrato de trabalho?

Em consciência acho que quanto mais informado sobre Portugal e o mundo, os avanços e recuos da economia e da ciência, mais estarei consciente nas acções ou omissões que tomo, com beneficio para a minha entidade patronal pois, em última instância, essas decisões são tomadas no exercício das minhas funções. Noticias ou artigos de opinião diversos servem para continuar a formar a minha cultura geral ou materializar com argumentações as minhas próprias opiniões. Dito isto, falta apenas acrescentar que não deixo de ver também as páginas que nada têm a ver com o que escrevi anteriormente, como são as páginas de desporto. A verdade é que sempre que faço uma pausa para café e fico a ler um jornal, não deixo de pensar no que os outros estarão a pensar quando me vêm a fazer isto, e em como eu acho que devem pensar que não tenho mais nada para fazer. Considerando-me uma pessoa minimamente inteligente, é um sentimento estranho pois, quanto mais explano a minha opinião neste artigo, mais acho que não devo ter problemas de consciência em ler os jornais e, em última instância, acaba por ser um investimento da própria empresa. Esta dúvida está relacionada pelo próprio facto de não ter a certeza absoluta de que esta informação é em si mesma essencial ao desempenho das minhas funções, e quando digo as minhas digo igualmente as dos meus pares.

A informação hoje em dia é não só escrita em papel como está disponível em formato electrónico. A internet é uma fonte inesgotável de informação, e nalguns casos desinformação, incluindo o universo de publicações diárias e semanais se bem que de forma suscita. Neste capítulo sou da mesma opinião de muitos que consideram que esta abertura levou a um maior interesse pelas notícias, acabando assim por fomentar a procura da imprensa escrita (e paga). Embora muitos sites sejam claramente informativos, sou linearmente favorável ao bloqueio de sites que claramente nada têm de informativo ou importante para a actividade de uma empresa, tais como sites pornográficos, desportivos ou de apostas, excepção feita obviamente para empresas do ramo.

A consulta de locais como o Diário Digital, por outro lado, possibilita uma maior informação e uma escolha mais rápida por temas ou categorias de informação mas, apesar de tudo, não é fácil definir a fronteira entre a informação e a improdutividade. Esta dúvida já não se coloca com a pesquisa no âmbito de um trabalho, apresentação ou simples recolha de informação. Esta questão coloca-se essencialmente na imprensa diária e semanal, pois claramente a relação com a nossa actividade não é uma relação de causa-efeito. A realidade é que poucos são os postos de trabalho que têm estes sites abertos sem que esteja lá o seu ocupante ou quando este recebe alguém que não estava à espera.

Ficará sempre ao critério de cada um onde acaba a informação e começa o preconceito (da improdutividade). Dito isto, vou ler as notícias enquanto bebo o meu café!