sábado, 11 de outubro de 2008

Temos de assumir a nossa incompetência

Quem ouve esta frase, seja em que contexto for, tem sempre pelo menos 1 segundo de retracção. Quando esta frase é proferida num ambiente de trabalho, o seu impacto é claramente superior. É uma boa frase para reflexão.

Todos nós temos uma consciência mais ou menos clara das nossas capacidades e limitações nas várias facetas da nossa vida – enquanto filhos, pais, amigos, colegas, empregados, etc. Obviamente que podemos estar equivocados num grau ligeiramente superior ou inferior, mediante o assunto em causa, mas temos uma certa consciência dessas mesmas capacidades. Tendo colegas sul americanos, é comum ouvir a frase “o bom negócio é comprar um Argentino pelo preço que ele realmente vale e vende-lo pelo preço que ele acha que vale”. Pronto, neste caso existe um desfasamento grande, mas vamos considerar esta como a excepção que confirma a regra. O conceito a reter é que todos temos as nossas limitações.

Quando enquadrado num ambiente profissional, fica na generalidade do comum dos mortais a ideia que sendo incompetente, estamos a mais na empresa. A ideia não era extremar a esse nível. O grau desta afirmação é na exacta medida em que o espírito Português é querer saber e perceber de tudo, quando na realidade devemos reconhecer a nossa incompetência. Isso mesmo que escrevi, reconhecer a nossa incompetência. O mundo de hoje, quer a nível tecnológico quer a nível de conceitos, avança a uma velocidade tal que é impossível sabermos tudo de tudo. Reconhecer isso é o primeiro passo para o sucesso.

Podemos ter umas noções sobre a generalidade dos assuntos, mas não podemos ser especialistas em tudo. Quem o tenta ser, invariavelmente acaba sendo medíocre em muito, com excepção na sua realidade argentina da realidade. O mundo de hoje não abranda, não pára e não espera. Evolui à velocidade do engenho do homem. O que hoje sei, amanhã é passado.

Sendo o limite uma forma de barreira, para além desse ponto existe um novo universo que, pelo facto de existir, faz-nos perceber o que não sabemos ou dominamos, o que leva à existência de desconhecimento em certos assuntos.

Desde há muito tempo que sou da opinião que não precisamos de ser os melhores, temos é de nos rodear deles. Trazendo isto para o plano mais mundano, o melhor treinador não é o que é melhor guarda-redes, defesa, médio e ponta-de-lança. O melhor treinador é o que obtém mais vitórias, seu objectivo principal. Para isso não precisa de ser o melhor nos itens atrás referidos. Para isso, precisa de se rodear dos melhores e os orientar, maximizando os seus recursos de forma a que o resultado do todo seja superior à soma individual das partes. Assim é no futebol e assim é nos negócios. A diferença está na nossa qualidade para utilizar os recursos que temos à nossa disposição, intrinsecamente ligado ao facto de serem nessa medida, melhores ou piores. A facilidade do sucesso advém da nossa mestria na sua utilização da forma mais adequada, eficiente e eficaz.

Ao reconhecermos a nossa incompetência, em alguns aspectos concretos, desde que exista humildade para o reconhecer, haverá humildade para procurar ou rodearmo-nos de quem sabe, ou num nível mais primário e directo, procurar saber para perceber. Atenção a uma palavra que está no meio das outras: alguns ..... generalizar esta questão não é incompetência é pura burrice.

Devido à pressão a que estamos sujeitos, à exigência da sociedade de sermos perfeitos, temos tendência a não olhar para as coisas desta forma, menosprezando as nossas próprias limitações. O correcto seria desafiarmos as nossas limitações. Uma boa forma que deixo para consideração, é às vezes pensar assim: Em alguns aspectos, somos incompetentes!

Pergunta: Se o texto ao invés de dizer incompetência disse-se desconhecimento, teria o mesmo impacto? ..... apenas para reflectir.