quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Informação ou preconceito

Somos muitas vezes vitimas dos nossos próprios preconceitos.

Pertenço a uma geração que sabe utilizar muito do que o avanço tecnológico nos possibilita, neste caso a internet e, pertenço a uma empresa que assina várias publicações diárias, como o Diário Económico e o Público, entre outras, ficando estas numa bancada de livre acesso a todos os funcionários. Tenho assim à minha disposição vários meios distintos de me manter informado sobre os mais diversos temas, podendo assim analisar as notícias por mais que uma perspectiva. Apesar de todas estas formas e fontes, tenho sempre uma dúvida existencial quando as estou a consultar em horário normal de expediente:

Ao manter-me informado, estou a beneficiar a minha empresa de forma directa ou indirecta pelo facto de ter mais informação para tomar decisões, ou estou a “gastar” tempo útil do meu contrato de trabalho?

Em consciência acho que quanto mais informado sobre Portugal e o mundo, os avanços e recuos da economia e da ciência, mais estarei consciente nas acções ou omissões que tomo, com beneficio para a minha entidade patronal pois, em última instância, essas decisões são tomadas no exercício das minhas funções. Noticias ou artigos de opinião diversos servem para continuar a formar a minha cultura geral ou materializar com argumentações as minhas próprias opiniões. Dito isto, falta apenas acrescentar que não deixo de ver também as páginas que nada têm a ver com o que escrevi anteriormente, como são as páginas de desporto. A verdade é que sempre que faço uma pausa para café e fico a ler um jornal, não deixo de pensar no que os outros estarão a pensar quando me vêm a fazer isto, e em como eu acho que devem pensar que não tenho mais nada para fazer. Considerando-me uma pessoa minimamente inteligente, é um sentimento estranho pois, quanto mais explano a minha opinião neste artigo, mais acho que não devo ter problemas de consciência em ler os jornais e, em última instância, acaba por ser um investimento da própria empresa. Esta dúvida está relacionada pelo próprio facto de não ter a certeza absoluta de que esta informação é em si mesma essencial ao desempenho das minhas funções, e quando digo as minhas digo igualmente as dos meus pares.

A informação hoje em dia é não só escrita em papel como está disponível em formato electrónico. A internet é uma fonte inesgotável de informação, e nalguns casos desinformação, incluindo o universo de publicações diárias e semanais se bem que de forma suscita. Neste capítulo sou da mesma opinião de muitos que consideram que esta abertura levou a um maior interesse pelas notícias, acabando assim por fomentar a procura da imprensa escrita (e paga). Embora muitos sites sejam claramente informativos, sou linearmente favorável ao bloqueio de sites que claramente nada têm de informativo ou importante para a actividade de uma empresa, tais como sites pornográficos, desportivos ou de apostas, excepção feita obviamente para empresas do ramo.

A consulta de locais como o Diário Digital, por outro lado, possibilita uma maior informação e uma escolha mais rápida por temas ou categorias de informação mas, apesar de tudo, não é fácil definir a fronteira entre a informação e a improdutividade. Esta dúvida já não se coloca com a pesquisa no âmbito de um trabalho, apresentação ou simples recolha de informação. Esta questão coloca-se essencialmente na imprensa diária e semanal, pois claramente a relação com a nossa actividade não é uma relação de causa-efeito. A realidade é que poucos são os postos de trabalho que têm estes sites abertos sem que esteja lá o seu ocupante ou quando este recebe alguém que não estava à espera.

Ficará sempre ao critério de cada um onde acaba a informação e começa o preconceito (da improdutividade). Dito isto, vou ler as notícias enquanto bebo o meu café!