Esta semana fui colocar um post no blogue de um amigo respondendo a esta pergunta. No caso dele, as categorias eram a nível internacional, nacional e local (politiquices). Fez-me pensar.
Tal como acontece nos óscares, a nossa memória de todo um ano tende a resumir-se acima de tudo ao segundo semestre. A vida é tão intensa que o princípio do ano já é um passado velho demais quase para recordar. Isto é tão válido nestas áreas como nas nossas avaliações anuais de objectivos para efeitos de prémios nas empresas. E a minha escolha foi respeitando esse quase dogma das avaliações ….. o passado recente.
A nível internacional a minha escolha foi para o Assange e a sua coragem para enfrentar o poder americano via WikiLeaks. Na última década marcada pela informação, o que ele conseguiu foi efectivamente algo notável. Apesar da generalidade do que lá aparece não ser novidade e não ter consequência, veio revelar a hipocrisia em que todos vivemos e aceitamos. Tenho um chefe Colombiano que pergunta como é que o povo português é tão passivo ….. o mundo em geral padece do mesmo mal.
Obviamente que não é novidade que o ataque Americano ao Iraque foi por todos os motivos menos os internacionalmente alegados. Que a vassalagem Inglesa foi total e absoluta. Que a opinião entre pares que se expressa não é a que se pensa. Que os direitos humanos apenas são aplicáveis aos não poderosos, ou seja, a bitola da nossa justiça a uma escala planetária. Dizemos mal de Portugal e dos Portugueses ….. diferente do resto do mundo? Não me parece.
A probabilidade do Assange ser preso e morto, ou como aconteceu noutros casos no passado, envenenado ou infectado com HIV ou parecido é imensa. Não nos próximos dias, mas a breve prazo. Que deve ser o homem mais vigiado por todos os serviços secretos. E mesmo assim a WikiLeaks continua activa e a desmascarar a nossa hipocrisia.
O que foi feito terá retrocesso ….. Não
O Bush será julgado pelo genocídio que provocou ….. Não
As torturas irão deixar de existir ….. Não
Os presos de Guantanamo serão libertados ….. Não
O mundo tal como o conhecemos não sofrerá por certo uma mudança radical, mas acredito que sejamos doravante mais honestos em muito do que acontece. E essa honestidade poderá levar a uma sociedade melhor.
Para mim, efectivamente o Assange foi a figura do ano.