sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Quando a vergonha não atrapalha

Muitas das nossas acções são condicionadas por preconceitos nossos ou a nossa visão da sociedade que nos rodeia. Na nossa cabeça construímos mundos e realidades que por vezes são iguais à realidade e outras nem por isso. Na generalidade das nossas acções, pensamos sempre qual será o juízo de valores que os outros farão e, umas vezes isso afecta-nos e outras não.

A grande vantagem da inocência de criança é que podemos dizer e fazer uma série de coisas e não nos preocupamos com preconceitos ou opiniões. Num mundo cheio de barreiras, é uma fase em que nós não o fazemos a nós próprios.

Estamos a entrar no Carnaval e hoje, será para o Filhão e para os seus amigos um dia de festa, onde os que querem, e esses são a maioria, se mascaram de algo. Uns são pilotos, outros médicos, outros ninjas, outros princesas, etc. Durante um curto período, podem encarnar o seu sonho.

Este ano a fantasia do João é ir de mágico ..... e foi uma maravilha poder ajudar o João a construir a sua fatiota e todos os adereços que a acompanham. É sempre estimulante ver uma ideia ou projecto transformar-se em algo concreto e, ainda mais estimulante e recompensador é quando vemos a felicidade que isso faz nos nossos filhos. Se soubermos e pudermos aproveitar isso, é algo de fabuloso.

É lindo ver os miúdos a chegar mascarados e a divertirem-se. É giro ver a tentativa de quem já está a tentar descobrir quem é o (a) mascarado(a) que chegou. É contagiante toda aquela alegria. É giro o Carnaval.

No caso dos adultos, o que acontece no Carnaval acontece ao longo do resto dos dias e nas situações mais corriqueiras. Perdem-se grandes momentos ou mesmo singelos momentos e afectos por simples vergonha. Como aprecio aquelas pessoas que gostam do Carnaval e de se mascararem e, dando largas a esse gosto, não têm vergonha de se mascarar seja do que for, de mulher a palhaço, de médico a polícia, etc. Pessoalmente deixei de apreciar as máscaras quase na idade do João, mas não deixo de achar giro os que apreciam e se divertem nesse processo.

Quantas vezes não deixamos de fazer ou dizer algo apenas por vergonha?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Pecar por excesso

Após anos de marasmo, o actual governo decidiu empeçar uma autêntica revolução em termos tecnológicos, potenciando uma visão mais global e abrangente num mundo em si perfeitamente global. Mas este “Choque Tecnológico” não pode ser visto como uma “corrida de 100 metros”, o que no calor eleitoralista da primavera me parece estar a acontecer nalgumas situações.

A Vodafone utilizava numa das suas campanhas uma frase que eu aprecio e que utilizo várias vezes ..... “produtividade não é o número de passos que damos mas sim a distância que andamos”. Não se pode querer fazer tudo ao mesmo tempo ou apenas fazer por fazer.

Qual a relevância de ter um site governamental de preços dos combustíveis online para poder fazer comparações? Vão fazer o mesmo para o pão? E para o leite?

Estará o governo a fazer isto porque todos temos a percepção de que a Alta Autoridade para a Concorrência não tem capacidade efectiva no controlo da cartelização dos preços? ..... independentemente de estes serem combinados ou resultado de uma estratégia global de mercado, onde se sabe que as guerras de preço destroem valor às empresas ..... Se assim é, devo realçar que o sector bancário está na mesma situação ..... dava jeito poder comparar spreads e outros custos geralmente encobertos.

A existência deste site apenas realça o que todos já sabíamos, ou seja, as grandes superfícies face à sua capacidade negocial (dimensão) e a sua capacidade de acções comerciais (cross-selling), podem apresentar preços que o Zé Manel que tinha um terreno e construiu uma gasolineira não pode combater. Constatamos também que numa lógica normal de oferta vs procura o valor nas auto-estradas é mais elevado. Quem lucra com isto? É só passar nos postos das grandes superfícies e constatar que as pessoas já sabiam onde o preço é mais barato ..... não é preciso internet ..... o informal passa-a-palavra é suficientemente eficaz.

Para além desta constatação, a outra que se pode tirar é que o Zé Manel tem data e multa (ou coima) se não disponibilizar a informação a tempo e uma Galp ou BP podem invocar dificuldades sem qualquer problema ..... ou multa. Isto para não falar que o Zé Manel ainda se arrisca a ir preso porque deu um carolo no filho que estava na internet a jogar ou no messenger e nunca mais enviada a informação do pai ..... o Zé Manel ainda não sabe mexer muito bem nestas coisas modernas.

Parece-me mais um pretexto de futura publicidade eleitoralista que uma necessidade ou vantagem. Num depósito de 60 litros, a diferença entre o valor mais elevado e o mais baixo é de aproximadamente 11,00 € ..... é efectivamente dinheiro, mas talvez numa relação custo/beneficio isso não seja relevante, até porque não me parece plausível que a maioria das pessoas ande constantemente a consultar a informação. Será utilizado pelos automobilistas quando detectam que estão na reserva para decidir onde abastecer?

Já agora, e a bem da nossa economia empresarial, porque não criar um site com os prazos médios de pagamentos a fornecedores dos vários departamentos do estado, câmaras e outras entidades públicas?

Zangam-se as comadres

Uma particularidade engraçada que a política portuguesa tem é a sazonalidade de alguns temas ..... obviamente pura coincidência. Também por pura coincidência, quando aparece um escândalo grande que afecta figuras de um determinado partido, aparece em paralelo outro escândalo para que outros não possam tirar muito partido politico desse facto.

Se olharmos para as páginas dos jornais e alguns blogs, constatamos que a quantidade de notícias que aparecem sobre o Freeport (Sócrates), o BPN (Dias Loureiro) e agora Braga (Mesquita Machado), em muito suplantam as noticias sobre a crise vigente. E quanto mais se aprofunda um determinado processo, mais aparecem documentos sobre outros, alguns mesmo que ainda não tinham sido noticia.

Em relação ao processo de Dias Loureiro, fui muito céptico em relação ao inquérito parlamentar que está a decorrer, uma vez que a responsabilidade política que o mesmo pode apurar não tem qualquer consequência efectiva. O máximo que pode vir a dizer é “até foste um bom menino” ou “o menino portou-se mal”. Mas efectivamente estava errado, uma vez que o mediatismo do caso, atiçado pela informação privilegiada que alguns conseguem obter e passar para a comunicação social, fará com que o adormecimento que está a ser imposto à nossa justiça, que como é a nossa até não necessitava, faça com que as provas não desapareçam na sua totalidade, como parece ter acontecido com o processo Casa Pia.

Coincidência ou não, a velocidade com que figuras como o Dias Loureiro, Mário Louro (chefe da Divisão do Planeamento Urbanístico na Câmara de Braga) e similares enriquecem é notável. Se em Portugal houvesse um globo para a economia, seriam claramente candidatos. Gostava de uma forma honesta ter a capacidade que estes têm de gerar um património tão significativo em poucos anos. Gostava mesmo.

E a memória selectiva para alguns eventos é tão conveniente. É caso para não esquecer o ditado ..... zangam-se as comadres .....

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A arbitrariedade dos sistemas de avaliação de desempenho

Este é um tema cada vez mais actual nas nossas empresas, ou pelo menos, começa-o a ser em várias, com especial incidência em multinacionais e grandes empresas. Mas sendo um tema novo e em que a definição pode ser sempre subjectiva, existem perguntas para as quais não consigo formular uma ideia de certo/errado.

Por desempenho estamos a avaliar o que era esperado pela pessoa ou a superação dos objectivos. E o que é superar objectivos? E os que assumidamente não são quantificáveis?

Nas recentes aulas do PAGE falámos na importância dos objectivos serem claros, bem definidos no tempo e serem quantificáveis. Até aqui tudo bem. O que para mim não é linear é na componente não passível de ser quantificada. Eu dou um exemplo. Se o meu objectivo for a execução de um determinado projecto ou tarefa, o que é um bom desempenho? É cumprir os prazos e as estimativas? ..... mas isso é o que já é esperado de um profissional. Se for acabar antes ou abaixo do custo estimado, isso foi por ter sido eficiente, por alteração de âmbito ou paradigma, por erro de avaliação inicial ou por factores em que pouco ou nada interferi? Mas enquanto profissional qualificado isso não é um requisito esperado? Se sou bom, não é isso que eu devo naturalmente fazer? Pagam-me o salário ou honorário pela minha capacidade e desempenho ou por um valor padrão pela qual uma pessoa mediana (funcionária) seria remunerada?

Então a avaliação de desempenho serve para todos ou apenas para aqueles que por norma não fazem um trabalho exemplar? Qual a função e responsabilidade de um trabalhador, ou funcionário, ou subordinado, ou colaborador, ou como lhe chamamos agora, associado? Algo que nunca ninguém me conseguiu explicar ao ponto de eu entender é o que significa superar as expectativas. Onde está a objectividade desta afirmação?

Regra geral, estes sistemas têm maioritariamente uma tradução monetária. E depois de serem implementados, sabendo que as pessoas passam a ter expectativa de receber esses montantes, qual o impacto destes serem retirados?

Se os objectivos forem mal definidos, mais vale dar o dinheiro directamente às pessoas ou, estabelecer que aquele dinheiro será distribuído se a empresa tiver um lucro de X. É mais correcto e simples de implementar, para além de que não oferece dúvidas ou muita contestação.

Outra área que para mim é cinzenta está relacionada com este último parágrafo. Então e se a companhia tiver prejuízo? As pessoas devem ou não poder receber prémios. Se dissermos que sim, na realidade estamos a dizer que o valor para o accionista é ainda mais negativo porque vamos dar dinheiro pelas pessoas não conseguirem gerir uma empresa com vista ao lucro. As empresas existem para gerar valor ao accionista ou manter as pessoas contentes com trabalho e bónus monetários? Mas é justo dar dinheiro que não se tem? Se dissermos que não, então e os profissionais que naquele momento estão a conseguir resultados, melhores que os anteriores porém, negativos porque herdaram uma situação negativa. Não deviam ser recompensados por estarem a levar a empresa na direcção certa? Como definir o que é certo ou errado aqui?

Não vale perguntar aos funcionários de Wall Street ou quadros/administradores em empresas financeiras!

E se estivermos a falar de um grupo empresarial? O lucro é de uma determinada empresa ou unidade ou do grupo como um todo? Porquê penalizar os que geram lucros por causa dos que geram prejuízos? Em contraponto à pergunta anterior, a geração de valor para o accionista deve ser ou não vista na sua globalidade? E como manter os profissionais das unidades rentáveis motivados quando sabem que podem ser do mais eficiente que existe mas, por causa de outros, o seu prémio não irá existir. Qual a sua motivação intrínseca para suplantar os objectivos orçamentais? Qual a perca de valor que isto representa?

Apenas para deixar bem frisado ..... considero que pode ser uma boa ferramenta de gestão de carreiras, desenvolvimento pessoal e profissional por via da detecção de necessidades de formação ou outros factores associados a um sistema deste tipo. Porém, por mais objectivo que um sistema de desempenho seja, ele irá sempre comportar uma subjectividade tremenda e, apesar da harmonização dos princípios dos avaliadores permitir uma avaliação equitativa, nunca conseguirá que não seja subjectiva e daí a sua arbitrariedade.

Com este artigo não pretendo afirmar que o sistema de desempenho é injustificado, pois não é o caso. Apenas para afirmar que associar a sua objectividade ou subjectividade a factores monetários levanta-me sempre dúvidas.

E quando a nossa chefia é igualmente responsável pelo resultado final e não tem a hombridade de o reconhecer pois seria também ela penalizada?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Médicos vs Informática

O problema de generalizar é cometer uma injustiça para quem não se enquadra nessa generalização. Mas se uma determinada classe tem maioritariamente a mesma atitude, podemos sempre generalizar.

É indiscutível que a informática é algo preponderante nos dias que correm, sendo comum ouvir expressões de que quem não perceber de informática, será um inadaptado no futuro.

É prática comum dizermos que os médicos são adversos à informática, porém, isso é essencialmente verdade em Portugal. Se formos à nossa vizinha Espanha, nomeadamente à Clínica de Navarra que eu infelizmente fiquei a conhecer bem, isso já não é verdade. É um hospital que pouco papel gasta mesmo com os médicos.

Então porque são os nossos médicos tão adversos à informática?

Para um médico particular, obviamente quanto mais rápida for a consulta, mais consultas dá ..... e mais dinheiro recebe. Se considerarmos o tempo de espera que os médicos nos fazem esperar, porque chegaram tarde ou marcaram vários clientes com pouco espaçamento, a verdade não andará muito longe desta afirmação.

Se num consultório particular é perfeitamente irrelevante se os dados dos clientes são perceptíveis ou não, numa clínica ou hospital isso já não é verdade ..... excepto para os médicos que consideram os doentes como sua propriedade. Quando um cliente vai a um médico nestas situações, ele espera ir a uma das componentes de uma organização, o que pressupõem por si só a partilha de informação. Ele espera que um médico qualquer que ele seja consegue ler e perceber as notas dos outros médicos e como tal perceber o seu historial clínico.

O paradigma que ainda se vive em Portugal é se a informação pertence ao cliente ou ao médico. E para os médicos que consideram os seus dados como propriedade intelectual, relembro que os clientes pagam essa mesma propriedade. Se acham que ela vale mais do que efectivamente vale, tipo Argentino, experimentem a aumentar os preços das consultas.

Se todos consideram que o processo clínico do doente é tanto melhor, quanto mais informação ele contiver, e sabendo que estes possuem já hoje em dia as várias consultas que a pessoa fez, assim como análises efectuadas, já para não falar de outras informações em sistemas mais evoluídos, porque será que os médicos insistem em deixar de fora a sua informação?

Será com medo de perderem a sua fonte de rendimento? ..... perdão, queria dizer doente? ..... ou será por terem medo de que outro médico possa perceber as suas notas e emitir juízos de valor sobre o seu diagnóstico? Um médico com sobrenome reconhecido no meio dizia a semana que finda que o assustava o erro médico .....

Felizmente vamos já assistindo a algumas alterações desta realidade, muito graças aos hospitais públicos, onde efectivamente os médicos são funcionários e como tal se lhes pode ser exigido o registo da sua actividade, mas estamos apenas no início desta viagem.

A principal razão que tem vindo a ser apontada pelos médicos é que se fizerem as consultas recorrendo a papel, a relação torna-se mais humana e as consultas mais rápidas ..... não notei qualquer diferença em Navarra ..... mas se calhar todos os outros médicos estão errados excepto os Portugueses.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Para a minha eterna namorada

Meu amor, hoje seria mais um dos nossos dias preferidos ..... o dia de S. Valentim ..... continuo a achar o mesmo que ambos achávamos em conjunto ..... sempre fomos namorados ..... principalmente namorados ..... o resto foram eventos que vieram engrandecer e amadurecer esse facto ..... sempre e acima de tudo fomos namorados.

Como eu ainda te amo tanto hoje, como quando descobri que te amava ..... como é tão forte este sentimento que resiste a tudo e todos, incluindo a própria morte ..... o casamento pode ser cumprido aquelas palavras “..... na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte vos separe” ..... mas o nosso amor não terminou aí ..... EU CONTINUO A AMAR-TE !!!!!

Tento muitas vezes descrever ao nosso filhão o que foi o nosso namoro para que seja para ele uma referência..... como espero que ele viva no mínimo tudo aquilo de bom que nós vivemos ..... espero que ele encontre alguém na vida dele como tu ..... amo-te tanto, meu amor.

Volto a publicar o postal que diz tudo o que sempre representaste e continuas a representar para mim, e que sempre que tive oportunidade te disse ..... não encontraria melhores palavras neste momento .....


To the one person I consider to be ...
My Soul-Mate

I am so glad that you are part of my life. It is a privilege to know you, to share myself with you, and to walk together on the paths that take us in so many beautiful directions.

I had hear of “soul-mates” before, but I never knew such a person could exist until I met you …

To My Soul-Mate

Somehow, out of all the twists and turns our lives could have taken, and out of all the chances we might have missed, it almost seems like we were given a meant-to-be moment ~ to meet, to get to know one another, and to set the stage for a special togetherness.

When I am with you, I know that I am in the presence of someone who makes my life more complete than I ever dreamed it could be. I turn to you for trust, and you give it openly. I look to you for inspiration, for answers, and for encouragement, and ~ not only do you never let me down ~ you lift my spirit up and take my thoughts to places where my troubles seem so much farther away and my joys feel like they’re going to stay in my life forever.

I hope you’ll stay forever, too. I feel like you’re my soul-mate. And I want you to know that my world is reassured by you, my tomorrows need to have you near, so many of my smiles depend on you, and my heart is so thankful that you’re here.”

- Carey Martin in a “Blue Mountain Arts” greeting card -


Pelos teus olhos vi o céu, pelo teu sorriso conheci o paraíso, pela tua alegria recebi o meu oxigénio ..... ao pé de ti descobri o que é viver ..... foram indiscutivelmente os melhores anos da minha vida.

Tantas e tantas vezes te disse que te amava e que agora parecem ter sido tão poucas ..... tantos e tantos beijos e carícias te dei e agora gostava de continuar a dar ..... mesmo que fosse só um ..... um só .....

Por ti tudo faria e a ti não te pude dar o que mais queria ..... dava tudo para te ter aqui ..... ao pé de mim ..... a viver tudo o que poderíamos estar a viver ..... a ser felizes como fomos ..... a amar e ser amados.

Amo-te muito, meu amor ..... obrigado por tudo o que vivemos enquanto namorados ..... amo-te muito ..... feliz Dia de S. Valentim

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Como ensinar responsabilidade

Na realidade este título é no meu entender uma impossibilidade. A responsabilidade não se compra, não se aluga, não se ensina ..... potencia-se. Acho que geneticamente temos mais ou menos apetência para ser responsáveis. Mas tal como os nossos sentidos, tudo em nós pode ser melhorado. Pode e deve ser potenciado.

Este é um dos principais dilemas enquanto pais. Como ajudar os nossos filhos a ser mais responsáveis?

O João aparentemente perdeu um relógio que gostava muito. Apesar de ter ido avisado várias vezes, tendo mesmo numa delas lhe “salvo” o relógio de ficar esquecido no restaurante, acabou por o perder. Era previsível.

Será a perca do relógio castigo suficiente? Como fazer com que este episódio lhe sirva de lição, potenciando assim a sua responsabilidade em relação a estas situações?

Não sendo o custo do relógio mensurável para o João na mesma escala de valores que o é para mim, ou para outro qualquer adulto, não é fácil fazer-lhe perceber o valor da perda. Era um relógio de valor considerável, o que agrava a situação. Para ele era apenas um relógio, que gostava mas que, numa sociedade descartável de consumo como a nossa, é apenas mais um dos inúmeros objectos que ele possui. Este é o dilema.

A juntar à festa, apenas na véspera de ir a uma visita de estudo é que se lembrou que tem o pai tem um papel para assinar ..... outra falta de sentido de responsabilidade ..... a meu ver, obviamente ..... não se preocupou. Neste caso em concreto estou a ponderar seriamente não o deixar ir à visita de estudo para que ele sinta o custo do seu esquecimento ..... será correcto priva-lo dessa experiência, especialmente porque todos os colegas vão? Fará essa privação que no futuro tenha mais atenção, ou por outras palavras, mais responsabilidade? Será a sua tristeza de não ir ainda pior, pelo facto de se sentir excluído dos amigos?

Como em tudo na educação dos nossos filhos, gostávamos de saber o que é certo e o que é errado ..... mas não existe nenhuma bola de cristal ..... é pena ..... dava muito jeito!

Uma coisa tenho a certeza, e essa é de que não posso pura e simplesmente passar-lhe a mão na cabeça e dizer “coitadinho do menino ..... é um bom menino” ..... essa é uma atitude que não vai potenciar nada.

Vai ser uma longa noite de pensamentos .....

Estamos metidos num buraco

Esta não é uma frase metafórica. Esta é uma constatação baseada na observação. Estou a falar das estradas de Lisboa e arredores.

Não sei se esta chuva é diferente das outras chuvas de outros tempos, porém, estas foram as que acabaram por criar o buraco em que temos de circular. É impressionante que excepção feita às estradas principais e auto-estradas, tudo mais esteja minado de crateras. As nossas estradas parecem autênticos campos de batalha.

Esta pode ser o resultado de uma péssima política de manutenção das infra-estruturas rodoviárias, uma tentativa de poupar nesta rubrica ou a materialização da falta de dinheiro das câmaras, nomeadamente no que se refere ao pagamento aos seus fornecedores o que os levou a cortar nos serviços.
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Não sei qual é a causa, mas constato a consequência. Não há estrada em Lisboa e arredores sem buracos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Quando tudo termina

Depois de uma batalha legal de 10 anos, o pai da Eluana conseguiu que as máquinas que a prendia à vida fossem desligadas. Eluana estava em coma vegetativo desde um acidente de viação aos 19 anos.

Este é um dos assuntos do momento em Itália e lamento que não o seja cá também.

Podemos discutir a forma de como tudo aconteceu, nomeadamente a terem deixado morrer à fome e sede, e a humanidade dessa opção médica, porém, para mim, a questão é a discussão do direito ou não de alguém sem esperança de vida de terminar o seu sofrimento mais cedo.

Podemos ter ideias pré concebidas sobre o assunto, ponderando as nossas convicções baseadas na noção de humanidade ou religião, que no meu caso até é católica. Podemos ponderar muitos factores, porém, só quem acompanhou alguém que ama num processo de desfecho irreversível, assistindo à dor a ao sofrimento de quem ama sem nada mais poder fazer que dar todo o seu amor e entrega, sabe dar valor à vida.

Uma decisão destas não é algo que seja tomada pelo próprio de animo leve, especialmente se tiver um amor grande à vida. É uma decisão difícil ..... muito difícil.

Quando o inevitável é mesmo inevitável, porque razão temos de sofrer até ao fim? Será mais digno sofrer ou poder descansar, optando pelo momento da partida?

Amo-te muito, meu amor ..... descansa em paz

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A doce inocência virginal

“Havia um padre numa paróquia que decidiu que o sermão dominical seria sobre o inocência. Depois de meia hora empolgante, decidiu terminar lançando um teatral repto à sua paróquia: E quem nunca pecou, se levante neste instante!

Instalou-se um silêncio de surdina, apenas interrompido por uma jovem que a meio da sala se levantou com a filha ao colo.

Tu!!! – gritou o padre – Como podes tu te levantar, mulher de profissão duvidosa (para quem tinha dúvidas, obviamente), e ainda por cima mãe solteira! Como te atreves tu a levantar-te?

- A minha filha tem apenas 6 meses e não o pode fazer sozinha! .....”

Terminou este fim-de-semana a VI Convenção do Bloco de Esquerda. Nesta sua breve história já conseguimos assistir a quase tudo. Desde um discurso de esperança, a um discurso próprio de um partido com esperança de governar. De boas propostas a propostas puramente demagógicas, até mesmo a propostas bonitas para velhinha assistir, como esta última de proibir o que já é proibido, neste caso o despedimento. Já vimos de tudo e, quanto mais assistimos, mais concluímos que passaram a ser iguais aos outros que tanto criticavam.

Foi com agrado pessoal que os vi dar um chuto no rabo ao José Sá Fernandes, politico de noticiário e que espero que apodreça no perfeito esquecimento. Ponham-lhe um bando de jornalistas à frente e ele defende a paragem de uma obra inevitável, apenas por um pormenor técnico que sabe poder ser ultrapassado com facilidade ..... e enquanto durar o seu tempo de antena, consegue atrapalhar a vida a milhares de pessoas e onerar o erário público em milhões ..... é um tempo de antena um pouco caro ..... agora quando as más decisões são decretadas por ele, (link), isso já não conta. Como disse, não consigo deixar de ficar feliz por o ver a ser escorraçado por todos ..... pode não ser muito católico, mas não consigo de deixar de ficar feliz.

Foi com alguma estranheza que os vi afastar a Joana Amaral Dias. Depois de tanto terem capitalizado com a sua postura, foi escorraçada sem uma única explicação à própria. E as públicas não convenceram. Por muito que o neguem, ninguém acredita que não tenha sido por delito de opinião devido ao seu apoio a Mário Soares nas últimas presidenciais. Lamentável, especialmente depois de todo o discurso que fizeram em relação a outras figuras de outros partidos ..... foram iguais aos que sempre criticaram.

No que concerne às questões económicas, é impressionante a falta de sentido de estado que demonstram, já para não falar na insistência de ideias absurdas. E o mais esclarecedor desta afirmação é lembrar que todas as propostas são sempre feitas pela cúpula do partido, uma vez que nenhum economista que se preze e que não queira ser a chacota da classe tem coragem de dizer tamanhas barbaridades em público. Neste capítulo até a sua piada foi infeliz. Para demonstrar o seu ponto de vista, fizeram uma parábola sobre a procriação de coelhos, segundo a série de Fibonacci, porém, e pensarmos como defendem os casamentos homosexuais, os seus coelhos procriadores podiam ser gays ..... ops! ..... lá se vai o crescimento da nossa economia.
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Infelizmente estão a perder a sua inocência.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Porto seguro

Por mais psicologicamente forte que sejamos, momentos há em que sentimos por demais as agruras do dia-a-dia ou algum episódio esporádico que nos abala. Nesses momentos é quando precisamos do nosso porto seguro. Aquele sitio ou alguém especial que nos faz sentir em segurança.

Ontem durante o dia do pijama, eu e o filhão estivemos a ver um filme com umas gémeas que haviam perdido a mãe ..... e como uma delas se sentia responsável em relação à outra ..... são aquelas situações em não podem ser evitadas e que “abalam” o filhão.

Por mais que o filhão não demonstre, conheço-o suficiente bem para reconhecer os sinais de intranquilidade que certos acontecimentos lhe geram. E como tal, nessa noite, fiquei um pouco mais com ele depois de lhe contar a história. Como ele não adormecia profundamente, dei-lhe um beijo e disse-lhe para me chamar se houvesse algum problema. E tal como previa, não demorou meia hora até ele aparecer ao pé da minha cama.

Depois de ele dizer que não conseguia adormecer e precisava que eu ficasse um pouco mais de tempo com ele, disse-lhe para ir buscar as almofadas e se deitar na minha cama. Apenas foi preciso aninhar-se e em 10 segundos ele dormia profundamente.

Estava no seu porto seguro.

Como sinto a tua falta, meu amor ..... amo-te muito!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Para que serve uma J?

Este texto começou com outro título, mais sarcástico, que era “Brincando de criança”. Depois de alguma meditação, optei por este. Mas tal era a proximidade entre eles, que numa corrida teria de recorrer ao foto-finish para descortinar qual seria o título vencedor.

A juventude é irreverente e contestatária por natureza, porém, um animal de mais de 70 Kg e perto dos 30 anos não deve ser visto como uma criança, excepção feita talvez ao seu intelecto. Regra geral é isso que temos à frente das J’s do nosso país, como é um bom (mau) exemplo actual a JSD.

É verdade que cantores brejeiros como o Saul e o Quim Barreiros têm sucesso, especialmente devido à sua brejeirice, porém, a politica deveria ser feita com um pouco mais de elevação.

Acho perfeitamente licito a critica aos péssimos resultados do nosso governo, isto apesar da crise reinante. Não seria em 6 meses de mandato, mesmo sem crise, que o PS iria cumprir as propostas eleitorais que todos sabíamos serem pura demagogia. Já para não falar nos descalabros ministeriais como a Saúde, Educação e Justiça. Como é possível uma ministra em consenso definir politicas para os alunos e depois ter medo de as aplicar por causa da possível contestação? Governar não é tomar apenas as medidas populares, é ter coragem para tomar as não populares ..... mas espera-se que estas sejam pensadas, obviamente ..... se não tem mais coragem, ceda o seu lugar pois já não trás valor acrescentado.

Se as J’s são apenas lugares para crianças crescidas com cunhas, que dizem as maiores parvoíces, então para que servem? Para colocar um cartaz de um PM com uma frase brejeira? Para pintar paredes privadas que por acaso é proibido? ..... em relação a esta última pergunta, será que alguém dos partidos dos crescidos, lhe pode explicar de uma vez por todas que liberdade de expressão e vandalismo de propriedade privada são coisas diferentes ..... o que não faltam por aí é espaços publicitários para alugar.

Se estes são os futuros lideres políticos que estamos a formar, muito mal irá ficar no futuro a política Portuguesa. Cresçam e apareçam!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Buy American

Podia ser uma frase de puro nacionalismo americano, apregoado por um recém empossado presidente, porém, quando o mesmo tinha proferido dias antes criticas a outros países sobre proteccionismo ..... bem ..... a constatação é simples ..... até o homem mais poderoso do mundo pode perder boas ocasiões para estar calado.

Esta é uma atitude que os americanos na realidade têm noutros países, privilegiando efectivamente empresas suas congéneres. Toda a recuperação de países em que eles têm participado tem funcionado assim.

Numa época de crise e desemprego, o presidente limitou-se a importar a sua política externa. Mas aquele lugar exige coerência ..... bem ..... o seu antecessor devia ser das pessoas menos dotadas intelectualmente, mas isso é passado ..... e num espírito de coerência tal sentimento não pode e não deve existir.

Esta é uma patologia de ricos. As classes mais pobres e desprotegidas sabem que é na ajuda mutua que todos conseguem algo melhor. Só sabendo dar valor ao receber ajuda, especialmente de quem pouco ou quase nada tem, que se dá o devido valor ao dar.

Já que esta crise mundial foi lá criada, não me parece a atitude correcta ..... mas a verdade é que os americanos só têm a atitude correcta quando ela lhes convém.

Pessoalmente gostaria que o nosso povo tivesse uma atitude semelhante, assumindo idêntica qualidade e preço, obviamente. Temos vindo a melhorar o nosso “software mental” ao longo dos tempos, tendo deixado para trás a atitude de recusar o que é Português, felizmente, mas ainda estamos longe desta atitude.

Esta vai saber bem dizer ..... O que é nacional é bom!!! ..... Comprem Português!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quando a culpa é sempre dos outros

Quando as coisas correm bem, nunca falta quem queira recolher os louros, porém, quando os resultados são o inverso, poucos são os que têm a capacidade de reconhecer os seus erros, e desses, não será a totalidade que é capaz de assumir a sua culpa no resultado constatado. Muitos sabem que têm uma responsabilidade individual ou colectiva, porém, também os há que não querem ou não conseguem chegar ás constatações mais obvias ..... pelo menos o que é obvio para todos que não o próprio.

Se estivesse a falar dos recentes casos políticos ou financeiros, este texto assentava como uma luva na nossa actualidade mas, por acaso até nem o estou. E se estivesse, que volto a frisar, não estou, é que assentava mesmo que nem uma luva. Isto é mesmo giro!

Continuando .....

Uma das razões que a meu ver as pessoas fogem um pouco dos psiquiatras ou psicólogos, e a Patricia que me desculpe, é que estes têm a tendência de nos casos de inaptidão pessoal, de culpabilizar o pai, a mãe, os dois, os irmãos, o canário ou o piriquito da vizinha. De várias pessoas com alguns problemas com que falei e que recorreram a estes médicos, estas constatações são quase sempre o resultado das primeiras conversas. É um padrão. E a responsabilidade do próprio?

É uma verdade indiscutível que os pais têm um papel fundamental nas nossas bases e desenvolvimento, porém, quando começamos a pensar, ou como se diz na gíria, começamos a ser “gente”, é sobre nós que recai toda a responsabilidade do que somos ou seremos. Não é preciso ser arquitecto para saber que as bases são fundamentais, porém, somos sempre nós que construímos o que somos ou seremos. Várias são as facilidades ou condicionantes com que nos deparamos ao longo da nossa vida, mas a nossa atitude é preponderante no resultado final.

Tudo o que aprendemos e apreendemos na nossa célula familiar é fundamental ao que seremos, mas volto a frisar o que é a minha opinião. O que seremos dependerá sempre do que quisermos ser.

Enquanto pai, digo muitas vezes ao filhão que sei que farei algumas asneiras ..... poucas espero ..... mas ele terá de fazer o mesmo que eu fiz, ou seja, aprender e melhorar o que considerar os bons exemplos e não repetir os que considerar maus ou inapropriados. O melhor que eu e a Ana podemos fazer enquanto pais é dar-lhe amor e carinho, bases, valores, exemplo e proporcionar os melhores estudos possíveis ..... o resto será sempre com ele. Foi isso que eu e a Ana sempre tentámos fazer. E como temos orgulho na pessoa que o filhão se tem vindo a transformar!

A vida quase nunca é como esperamos e, como descobri da pior forma, nem sempre os nossos sonhos de vida se concretizam ..... dói muito, mas é um facto ..... porém, a vida é o que é.

Infelizmente tenho presenciado de perto o que é culpar todos menos o próprio do insucesso da vida. É triste e faz pena pela pessoa, pelos filhos que sofrem as consequências (e esses não têm mesmo culpa), os pais ou outros entes queridos que acabam sempre por ser os culpados aos olhos de quem não vê o que é mais que obvio ..... é tão fácil quando a pessoa pode por as culpas nos outros ..... é tão difícil reconhecer a sua culpa ..... como é mais fácil ficar a lamentar-se que tomar uma atitude .....

Como dói ver as pessoas à volta a tentarem dar o seu melhor para ajudar, e levarem “coices” a torto e a direito ..... e quando sabemos, e essas pessoas claramente sabem, que estes podem cometer erros ou omissões mas não o fazem de propósito ou por mal ..... é um cenário terrivelmente dantesco .....

Num inquérito recente feito aos condutores Portugueses, 60% considera que os outros são maus condutores. Por coincidência das coincidências, o universo da análise pode ter apanhado apenas os 40% que sabem conduzir ..... pode ter acontecido ..... mas o mais provável é os nossos condutores partilhem desta ideia de que a culpa é sempre dos outros. É tão mais fácil .....

Por a mão na consciência nem sempre é fácil, mas eventualmente terá de acontecer .....