quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Efeito dominó

Estamos a viver um período financeiramente conturbado. Por um lado temos a nossa crise interna de perca efectiva de poder de compra, que já dura há muito tempo, por outro temos a pressão do subprime nos states.

Se a primeira considero que se deve ao acumular de vários anos de incompetência política, que começou com o Cavaco e acabou no Durão, relembrando para os menos atentos, PSD, seguido de PS e PSD/CDS ..... não especificamente por esta ordem ..... mais vulgarmente conhecido como populismo fácil, a segunda era perfeitamente previsível. O que se passou assemelha-se muito a um sistema de falcatrua em pirâmide ..... um dia não há pedras suficientes para construir um novo nível na base ..... a ruína é evidente. E que mais vêm aí? ..... isto é um acidente ou um iceberg?

Os bancos vão aceitando as várias dívidas, pensando no plano de pagamentos e, por segurança, vendendo os créditos a outros, que por sua vez vendem a outros, minimizando assim os seus próprios riscos ..... e tudo funciona enquanto os pagamentos entram ..... mas quando a nascente seca, e isso acontece ao mesmo tempo nas várias nascentes e cursos de água de um rio, o que acham que acontece ao rio propriamente dito? ..... pode chover um pouco, escondendo o problema, mas isso é só uma questão temporal ..... para mim, este é o problema actual nos states e, por consequência, no mundo ..... a América espirra e algures no mundo algum país apanha uma valente constipação ..... em termos médicos, vulgarmente conhecido como globalização ..... Os problemas não são resolvidos, apenas adiados ..... alguém tem dúvidas que tudo que tem um começo tem um fim?

Hoje ouvi uma outra analogia engraçada, que envolvia Poker ..... tudo funciona enquanto os adversários “estão em jogo”, mas cai como um baralho de cartas quando acontece uma de duas situações (novamente o dois): um dos adversários “calls our bluf” ou, o jogo chega a um impasse que é preciso mostrar as cartas que temos ..... como um amigo meu diria, “o preço é o mesmo” ..... BUM!

Há tempos li uma reportagem na “Sábado” sobre as apostas de risco, em que alguém perdeu 4 mil milhões de euros num dia e, com um Ferrari na garagem, estava a descansar um pouco para montar uma nova empresa ..... quase parecia que estava a ler uma história do Second Live onde tudo é virtual. Se quando ganhamos retiramos o dinheiro e quando perdemos não pomos nada, o que acham que vai acontecer? ..... o discurso do Bush que passou em directo deve ser considerado capitalismo (sua protecção) ou é comunismo?

Pensando agora em termos da nossa realidade, existem várias dúvidas que me assolam o pensamento ..... eu explico ..... por um lado considero que as pessoas não podem ser “controladas” ao ponto da exaustão em termos do crédito que podem pedir, pois considero isso uma ofensa à nossa liberdade e modo de vida, por outro lado, as pessoas precisam de alguém que lhe imponha alguns limites, se não de vida pelo menos financeiros ..... que forçosamente terá de ser o estado ..... e que as controle para não caírem no “buraco” dos americanos. Esta é a fase que lembro que Portugal e um país de 10 milhões de habitantes, o que inclui velhos e crianças e, possui a módica quantia de 15 milhões de números móveis atribuídos ..... que não é o mesmo que em uso, mas, mesmo assim, 15 são sempre mais que 10! ..... é preciso haver um arbitro ..... ou um juiz, se bem que não gosto de usar esta ultima expressão pois não os considero uma classe idónea, isenta e justa .....

Para onde estamos a caminhar em termos financeiros? (atenção que finanças e economia são duas coisas distintas!)

A fronteira não é fácil ..... cada caso é um caso ..... se eu pensar que a taxa de endividamento que um banco considera razoável é de 30% e a aplicar ao meu caso particular, fico feliz que é algum dinheiro, porém, esta taxa de referência é sobre o ordenado bruto, pelo que teremos de verificar qual o valor real que temos, vulgarmente designado de líquido ..... no meu caso particular, tenho de somar as restantes responsabilidades que o Banco de Portugal desconhece, nomeadamente um colégio Particular para o filhão, a empregada doméstica, etc, etc, etc, ..... o meu potencial (tipicamente 30%) e claramente distinto do meu real disponível..... é como a anedota da teoria e a realidade ..... na teoria posso pedir um empréstimo particular qualquer ..... na prática se o pedir, estou lixado com F grande ..... posso pensar nas sandes que vou comer para o pagar ..... usando uma frase que gosto muito ..... percepção e realidade.

Este é talvez o nosso maior problema ..... todos vamos andando para a frente ..... até quando? Devido ao Divino castigo que se abateu sobre a nossa vida, tive de cortar no supérfluo ..... tinha a ideia que os resultados práticos destas medidas só se iram ver ao fim de 2 meses ..... e tinha razão ..... deixo a pergunta: Quantos Portugueses pensam nestes problemas atempadamente?

Outro exemplo:

Quando foi preciso mostrar à Europa o famoso número de 3%, vários e vários créditos foram vendidos pelo nosso estado ..... quem é que realmente vai pagar a factura dos incobráveis? ..... alguém deixará de pagar e, ou esse alguém pode suportar isso, mas nunca de forma generalizada, ou tudo termina num dia. Podemos não ter o caso tão dramático como do outro lado do oceano, mas estamos aos poucos a caminhar para lá ..... qual a nossa real diferença para os states?

..... o maior cego é o que não quer ver (ditado popular)