domingo, 21 de setembro de 2008

Esgotamos os nossos minutos

Hoje é um dos dias mais tristes da minha vida, mas não pode deixar de ser um dia muito feliz, pois celebra um dia e um amor lindo ..... amo-te muito, meu amor.

Tirando os longos tristes dias que definiram o desfecho da tua doença, este é um dia extremamente triste ..... não posso estar a teu lado ..... dizer-te ao ouvido o quanto te amo. Ao ir levar-te uma rosa vermelha, lembrei-me do teu lindo sorriso sempre que te oferecia uma flor ..... como era lindo o teu sorriso ..... como aquela alegria de alguém apaixonado que recebe um presente valia mais que qualquer coisa na vida ..... que saudades que tenho de ti, meu amor ..... que saudades .....

Esta semana pensei em ir passar este dia a jogar golf, que sempre me incentivas-te a ir mas, devido ao cansaço físico, tive de alterar os planos e decidir passar o dia lendo um livro. Sem ter um título que tivesse especial interesse, decidir ver o teu perfil no blog e escolher um dos teus favoritos, para poder continuar a conhecer-te melhor. Tendo já lido um, decidir ler “A Segunda Dama”, porém, por algum motivo que não sei explicar, ao procurar na biblioteca acabei com outro livro na mão e que tinhas lido e comentado, os “Onze Minutos” do Paulo Coelho ..... passei o dia nesse lugar a que tanto gostávamos de ir e que tu adoravas, na Casa da Guia, infelizmente sem poder apreciar a vista espectacular por causa do nevoeiro ..... como me senti pequenino no universo, olhando para o céu à procura de ti .....

Quanto mais lia o livro, mais certezas tinha da vida espectacular que tivemos e do amor que vivemos. Como em qualquer livro, somos levados a concordar e discordar com o seu autor ou, simplesmente, a meditar sobre o que lemos e sobre a vida que levamos ou levámos, seja por comparação, seja apenas porque a nossa mente nos leva a isso. No livro, que recomendo, existe a seguinte passagem do diário que aqui transcrevo:

“..... . Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém.
Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo, sem a possuir.”

Concordo com a frase final e discordo com a inicial. Continuo a achar, e já o escrevi antes, que acho que um dos segredos da nossa felicidade, para além de sermos soul-mates, foi o amor e respeito mutuo, e o querer sempre melhorar não para nós mas para o outro ..... sempre o nós antes do eu ..... tal como no dia em que casamos, a frase “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença” ..... dar tudo ao outro sem esperar nada em troca ..... mas obtendo tanto ..... mas não posso deixar de achar que te perdi ..... perdi o teu sorriso ..... perdi a tua alegria ..... perdi o contacto da tua pele ..... perdi o teu cheiro ..... do ponto de vista físico e material, perdi-te ..... perdi quase tudo ..... perdi a alegria da vida ..... perdemos.

Fazendo uma retrospectiva destes 16 anos de namoro e (seriam) 12 de casamento, sei que fomos muito felizes. Como tudo na vida, se o tempo voltasse atrás obviamente que faria algumas coisas ligeiramente diferentes para te tentar fazer mais feliz, porém, independentemente do resultado, não trocava a vida que tivemos por riqueza alguma no mundo ..... mostraste-me o que é o céu sem sair da terra ..... como num mundo de egoísmo e falsidade se pode ser feliz e verdadeiro ..... como o amor é lindo e belo ..... este tempo que estivemos juntos foi uma dádiva do céu ..... infelizmente não percebo porque tão curta, mas uma dádiva ..... como me sinto honrado de me teres escolhido para partilhar tudo o que partilhamos ..... sem falsas modéstias continuo a pensar o mesmo: de entre tantos logo eu ..... obrigado meu amor ..... obrigado por todo o amor e felicidade que me deste ..... obrigado por cada dia que estivemos juntos ..... obrigado por teres sido assim ..... tão especial .....

Continuo a amar-te tanto hoje como há 12 anos atrás ..... Amo-te mais que tudo na vida, meu amor ..... amo-te muito ..... amo-te ..... e vou-te amar para sempre.

O Daniel costuma dizer que o casamento era uma quantidade de minutos, que se gastam mais depressa ou mais devagar ..... podemos ter gasto os nossos muito rapidamente, meu amor, mas foram vividos e saboriados todos na plenitude ..... mas foram tão bons e poucos ..... tão poucos .....

Até um dia, meu amor .....