sábado, 15 de março de 2014

As opções da nossa vida

 
Todas as ações e decisões da nossa vida têm consequências. Umas no imediato, outras no futuro. Na prática, reduzindo tudo ao infinito, apenas existem boas e más opções ….. umas pensadas e outras resultantes do momento certo ….. umas com consequências à nossa volta outras apenas com consequências para nós próprios. Todas as opções acarretam consequências.
 
Muito se continua ainda a falar sobre o Fernando Tordo, devido à sua ida para o Brasil e pela carta do seu filho. Muitos têm defendido a família ou se aliado ao protesto, outros têm aproveitado para maldizer o artista e a dedicatória do filho. Depois de muita informação, vamos recapitular. Um artista que ultimamente pouco produzia de novo, num estilo já passado teve uma oportunidade de emprego pela experiencia que tem e aceitou. Por acaso a proposta era para o Brasil ….. e depois?
 
A queixa do próprio era que a reforma é muito pequena e que Portugal não lhe dá o devido valor que ele acha que tem. Vamos então por partes:
 
1.       As reformas são baixas para quem trabalha a vida toda, e com isto estou a falar de quem iniciava o trabalho de manhã e terminava à noite, muitas vezes em parcas medidas de segurança. O artista em causa deverá ter tido em termos de trabalho e horário uma vida privilegiada, mesmo considerando as várias situações de sobrecarga de espetáculos.
 
2.       A reforma atribuída é calculada com base nos descontos que são feitos ao logo da vida e, todos sabemos que os artistas enquanto profissionais liberais, descontam o mínimo para não pagar impostos. Se não descontou para o estado, porque deverá agora o estado pagar-lhe algo? A Marina Mota anda às voltas com as Finanças pelo que não descontou e como ela, são vários a correr pagar impostos para poder receber o que lhes é devido, pois não o podem fazer com dívidas fiscais declaradas. E ainda bem que assim é.
 
3.       Ele por gosto e jeito escolheu a vida de artista. Não foi Portugal que lhe pediu para não ser empresário ou assalariado. Ninguém lhe pediu para levar a vida que levou. Foi uma escolha pessoal.
 
4.       A sua carreira é efetivamente de monta e teve inúmeros êxitos de venda. O seu legado ficará na história de Portugal, mas a isso nunca esteve nem está associado uma garantia de reforma ou sustento.
 
5.       Ao contrário de um Gérard Depardieu que decidiu sair de França em protesto pelo excesso de impostos que lhe seriam aplicados, ele teve uma oportunidade de emprego e aceitou. Por acaso era no Brasil. Se tivesse sido em Trás-os-Montes não tinha dado tanto ruído.

O Fernando Tordo não pode agora exigir a Portugal o que Portugal não lhe pediu. Ele escolheu um caminho e uma vida, fez as suas opções ao longo dela e agora está na situação que está. Para efeitos do texto, não é boa nem é má, é a que é. Tem de viver com ela, pois é o resultado de todas as suas opções e contingências momentâneas ao longo dessa mesma vida.
 
É a vida!
 
Quando minha escolha é consciente, nenhuma repercussão me assusta. Quando não é, qualquer comentário me balança” – José Eustáquio