Ouvi esta semana esta
frase de uma amiga. Depois de a dizer, elaborou-a um pouco mais, referindo-me a
sua beleza de outros tempos, desvalorizando o seu eu atual, utilizando o lugar
comum das alterações do seu corpo desde jovem, a bela da lei da gravidade. Lembrei-me
logo da descrição magistral que o Paulo Coelho fez das mulheres.
Realcei a estupidez do
seu comentário, dado que é uma mulher muito bonita, com um corpo de gerar
paletes de inveja alheia ….. ou dito em linguagem feminina, de ter poucas
amigas e muitas invejosas ….. complementada com um cara gira, de sorriso
simples e gostoso. Não lhe disse desta vez mas tenho-lhe dito noutras ocasiões
que a considero muito inteligente, ao ponto de assustar muitos homens, mas não
me iria adiantar muito, pois a sua frase estava feita e proferida ….. havias de me ver antes da gravidade!
O problema dela, que é
o meu e da generalidade da população não é o que ela realmente é ….. é o que
ela acha que é ….. o que acha que os outros veem nela. Os nossos receios do que
achamos ser os nossos defeitos são o nosso maior problema ….. e achamos que os
outros veem em nós o mesmo que vemos quando nos olhamos ao espelho. Os nossos
medos, receios e suposições são efetivamente o nosso maior inimigo. Não
interessa se se é homem ou mulher, neste aspeto somos todos muito parecidos.
Somos vítimas dos nossos próprios preconceitos.
Enquanto pensava na
conversa que tivemos, li uma frase do Papa Francisco proferida no dia dos
namorados numa alusão ao tema ….. “não há
namoradas e mulheres perfeitas ….. nem sogras perfeitas”. Com todo o
respeito ao Papa, não concordo. Eu tive a sorte e o prazer de partilhar vários
anos com uma mulher dessas ….. perfeita e fabulosa ….. mas, o mesmo Deus que o
Papa tanto venera, levou-a de mim, sem dó nem piedade ….. existem pessoas
perfeitas, sim ….. a perfeição é um utopia e não sendo quantificável é baseada
na nossa interpretação da perfeição. Não
interessa se são perfeitas aos olhos de um júri qualquer, interessa é o que são
aos nossos olhos. Não os próprios mas sim os nossos.
Ao longo da minha
vida, tenho visto e vivido o que a auto-interpretação das perfeições e
imperfeições provoca na vida à sua volta. E não apenas em questões de beleza.
Casais que deixam de viver uma série de bons momentos porque um deles pode
pagar e o outro não ultrapassa esse complexo ….. casais com ambientes pesados
porque um é profissionalmente mais bem sucedido que o outro, especialmente se o
bem sucedido for a mulher pois vai contra o conceito tradicional ….. de amuos
por pequenos nadas que um dos membros do casal considera ser um defeito seu e
para o outro é uma característica tão relevante como uma gordura ou ruga ….. ou
uma peça de roupa fora do lugar.
Quando gostamos e
estamos com alguém o relevante não é o que a pessoa acha de si. Obviamente que
a auto-estima é fundamental para o equilíbrio próprio e o conseguir desfrutar
do que se pode, ou como o anuncio dizia “se
não gostar de mim, quem gostará?”. Uma namorada/mulher/companheira é mais
do que se vê ….. uma relação é mais o que proporcionamos do que o que nos é proporcionado
….. sempre o achei e sempre o vou achar, mesmo não fazendo tenções de ter mais
qualquer outra relação. É acima de tudo o que nos faz sentir ….. do mimo e
compreensão que existe entre ambos ….. do saber que nos podemos entregar sem
receios e que não iremos sofrer no futuro ….. a gravidade é combatida com a
beleza da idade, ou dito por outras palavras, a mulher é como o vinho do Porto, refina com a idade.
Aguardo o dia que essa
amiga me diga que arranjou um novo namorado ….. sinal que ultrapassou os seus
medos, receios e inseguranças ….. ela merece.
Ia terminar com um
desabafo pessoal, mas como acho que já coloquei um cunho pessoal grande demais
no texto, termino com a frase de um quadro que comprei para a minha
sala de leitura e com a frase com que a Ana terminava os seus post:
Life isn’t about
waiting for the storm to pass. It’s about learning to dance in the rain!
Olhem sempre para o lado FIXE da vida!