terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pressão

Recentemente a France Telecom afastou o seu “numero dois” devido ao elevado número de suicídios nos últimos meses. Para ser mais concreto, na FT houve 24 funcionários que tomaram esta opção nos últimos 18 meses. Qualquer coisa como 1,3 colaboradores por mês. Faz-nos pensar.

A pressão a que estamos sujeitos nos empregos e a responsabilidade financeira em casa são “fardos” que têm de ser carregados. Faz parte da vida. A verdade é que nos tempos difíceis que vivemos, cada vez a pressão é maior. Cada ano que passa por esta altura é preciso fazer o orçamento para o ano seguinte e a indicação (ou expectativa) do accionista é sempre a mesma: mais receita e menos custos.

Mas ao sistematicamente se reduzirem custos, entramos numa zona em que é muito complicado fazê-lo. Por outro lado, depois de se passarem anos a reduzir, a expectativa é essa mesma e se tal não for verificado o veredicto é quase sempre rápido e directo: este já deu o que tinha a dar ..... temos de ir buscar outro.

Do lado da receita é em tudo parecido. Existe a pressão para que se verifique um crescimento preferencialmente a dois dígitos. Que se consiga fazer ainda mais com menos pessoas, elo sempre mais fraco nestes casos, apesar de naturalmente todas as empresas terem nos seus valores frases do tipo “os nossos melhores recursos são os nossos recursos humanos”.

O exemplo das grandes multinacionais onde os seus directores ganham grandes prémios e anos mais tarde se percebe como, quase sempre com prejuízo para a empresa, é sempre visto como os problemas do dia-a-dia ..... só acontece aos outros. As empresas tornam-se máquinas de devorar recursos que depois vão para outros locais e nova “carne” irremediavelmente aparece. É o ciclo da vida.

A pressão é portanto algo tão natural como o pc para trabalhar ou o carro para nos deslocarmos. É por natureza positiva, pois faz com que demos o nosso melhor, muitas vezes para além do “ir fazendo”, porém, quando passa o limite do eticamente correcto, pode destruir pessoas e famílias ..... destrói indivíduos onde eles são facilmente substituíveis.

O director-geral adjunto da FT encarregue das operações em França foi afastado ..... A diferença no EBITA e nas acções resultado desta pressão justifica este preço? Será que ele consegue dormir tranquilo?