sábado, 26 de julho de 2008

Lá longe na linha do horizonte

Afirmação: A linha que separa a tristeza da depressão é muito ténue!

Desde que ouvi esta afirmação, não mais consegui parar de pensar nessa fronteira, não só pelo debate filosoficamente muito estimulante como pela aplicação prática que ela comporta ..... a minha realidade.

A frase surgiu no decorrer da conversa com a minha psicóloga, que muito me tem ajudado e a quem agradeço pessoalmente, neste meu espaço público de divulgação restrita. E como sei que ela irá ler este blog, fica aqui o meu Muito Obrigado!

A nossa discussão, filosófica e profilática, centrou-se nos vários tipos de depressão e se um estado desses que dure mais de 6 meses se tratava apenas de um estado de alma, perpetuado no tempo, ou uma forma de depressão.

Estou de luto e, a própria definição de luto aponta para a depressibilidade ao invés da depressão, porém, a minha dúvida é a mesma do princípio do texto ..... onde está a linha de separação e como sabemos que a passámos ..... qual o ponto do horizonte onde entram os cogumelos mágicos?

Associo a depressão efectivamente a estados mórbidos e claramente autodestrutivos, porém, fiquei a saber que isso não é exclusivo. Habituado a ver familiares e amigos em estados negativos, fiquei sempre com a ideia que isso sim era depressão ..... há mais por detrás do horizonte .....

Seremos obrigados a não poder estar ou ficar tristes? Se sim, isso será por razões médicas, sociais, de convencionalismos ou apenas porque é eticamente correcto?

Mantendo todas as minhas restantes capacidades e sentimentos intactos ..... acho eu ..... dei o exemplo da constipação e de como mesmo a comida não tendo qualquer sabor, vamos comendo porque sabemos que temos de nos alimentar ..... como psicóloga logo veio o argumento de que quando a constipação dura muito tempo, pode ser algo maior ..... acho que escolhi mal o exemplo! ..... agora que tive tempo para pensar no contraditório, posso sempre argumentar de que muitas pessoas vivem e/ou sobrevivem sem alguns dos sentidos, como a visão, a audição ou qualquer outro sentido, mas continuam a viver ..... já perdi o timming pois é tarde para o efeito da conversa, mas, mesmo assim, acho que é uma boa argumentação ..... fica aqui o registo.

Voltemos à frase. Continuando a levar a vida para a frente, porque não o sei fazer de outra forma e a Ana assim o queria ..... uma realidade e um tributo num dois em um .... como saber se não estamos já a passar a linha? ..... mas se tudo o resto estiver a decorrer “normalmente”, isso fará alguma diferença? ..... temos de estar felizes? ..... sendo um sentimento e uma interiorização que apenas o meu “grilo falante” tem a perfeita consciência da sua extensão ..... como a língua portuguesa ajuda os paradoxos ..... será isso muito relevante?

Como até agora esta tristeza não tem ultrapassado a casca da melancia, estou tranquilamente alerta, profilaticamente atento mas muito intrigado ..... qual a relevância? ..... qual o impacto?

Pesquisei na internet ..... como doente internet positivo que sou ..... e encontrei esta definição na Infopedia:

Quando a pessoa está triste consegue manter algum humor positivo, ter alguma esperança e ver o lado positivo das coisas, ao passo que o deprimido não o consegue fazer, nem consegue ter uma vida normal.

Gosto desta definição ..... faz sentido ..... dá-me jeito ..... em tudo faz-me lembrar o Olhem sempre para o lado FIXE da vida do meu amor ..... como tenho saudades dela .....

..... e a relatividade do tempo entra em acção ..... nunca encontrei nenhum padrão temporal da duração de um luto ..... tique ..... taque ..... tique ..... taque .....

Qual a conclusão deste texto ou ensaio sobre tristeza, depressão e luto? ..... não sei ..... mas é uma boa reflexão .....