terça-feira, 15 de julho de 2008

A mão Alegre que morde o dono

Para onde caminhas tu, Manuel Alegre?

Olhando para o seu percurso nestes últimos anos, parece-me claramente que está na senda do posicionamento para substituir Cavaco Silva ..... depois da reeleição garantida deste, obviamente.

Há que reconhecer que é um posicionamento Alegremente bem pensado e estruturado ..... depois de uma candidatura de despeito (é a minha opinião), e sabendo que a oposição interna tem um prazo de validade pequeno, muito por via dos jobs para os boys ..... ou a ameaça da sua retirada, por exemplo das listas futuras para a assembleia ou outros órgãos políticos, ele sabia que teria de fazer algo mais para não cair na obscuridade. Aparecer “solto” esporadicamente não é solução ..... faz lembrar um papagaio.

O caminho que muitos analistas apontaram era o mais obvio e evidente ..... o que não quer dizer o mais inteligente ..... mas, aprendendo com o erro do Manuel Monteiro ele resistiu à tentação ..... o seu movimento cívico não virou partido político ..... a pergunta que todos tínhamos na cabeça era ..... e agora?

Um cargo político no governo ou numa câmara estava obviamente vetado, não só por este ter minado a figura historicamente mais relevante do PS, enviando-o praticamente para a sua merecida reforma ..... devia ter sabido sair no momento certo ..... como pela forma de contestação da política do Sócrates ..... acredito no ditado que diz que devemos manter os nossos amigos perto e os inimigos ainda mais perto mas, quando não se tem confiança no cão, não se deixa a mão por perto ..... não é sensato ..... e burrice não é um dos objectivos normalmente utilizados para descrever o Sócrates. O que se seguia?

A posição de comentador é um lugar também de grande notoriedade e visibilidade mas, ou os seus “amigos” não são os correctos para o efeito ou, o desgaste que algumas posições podem causar por via da contestação de outras figuras politicas ou pseudo-intelectuais, podiam-lhe roubar a isenção e “superioridade” que se impõem a um presidente ..... ou candidato a.

A opção de lançar uma revista foi uma jogada muito inteligente. Pode de forma indirecta condicionar toda uma direcção editorial, que iremos com certeza constatar que será paralela à sua doutrina, podendo inclusive com maior ou menor mérito influenciar outras publicações. Aproveitando os momentos chaves, pode falar na 1ª pessoa, tal como o presidente o faz quando acha apropriado. Brilhante!

Este percurso porém, faz-me lembrar um pouco o empresário de sucesso que era um mero funcionário com pouco ou nenhuma iniciativa, quiçá medo, até que, ao ver-se despedido ou “humilhado”, toma coragem para se lançar por conta própria ..... o que teria acontecido se o PS o tivesse escolhido como candidato do partido? Porque esteve calado tantos anos?

Vou acompanhar com interesse este percurso, pois apesar de ter a sensação de que se trata de um posicionamento de despeito de um “conjugue enganado”, estamos perante um cidadão inteligente e mordaz, capaz de com os seus comentários ajudar a melhorar a política e os políticos. Quem não se lembra da inversão do discurso do Jorge Sampaio quando foi caricaturado pelos bonecos do Contra Informação?

Quem vem por bem será sempre bem vindo!