Embora o título seja
um dos nossos monumentos nacionais, porventura o mais falado e comentado nas
últimas semanas, este texto não é sobre o monumento em si ou se o Eusébio devia
ou não ir para lá. A minha dúvida existencial é sobre critérios ….. quais os
critérios para ir para lá?
Esta semana como seria
de esperar o nosso Parlamento decidiu votar de acordo com “a voz do povo”. Como
seria de esperar face ao movimento cívico amplamente difundido pela comunicação
social, os nossos políticos limitaram-se a seguir o populismo de “ir com a
corrente”, ou mais concretamente, não ficarem vistos como aqueles que votaram
contra. Independentemente de concordarem ou não, acho que nenhum poderia para
seu futuro político votar de outra forma. O “peso” e o carinho dos Portugueses
não permitiam que fosse de outra forma.
O que não se ouviu falar
foi sobre quais os critérios que levam alguém a poder fazer parte de tão famoso
monumento. Lá encontramos acima de tudo antigos presidentes e escritores, porém, não
temos por exemplo nenhum dos nossos prémios Nobel. O que leva então a que sejam consideradas
estas figuras e não outras com feitos dignos de realce e distinção?
Estabelecer critérios
torna-se fundamental para clarificar e apoiar as decisões. Quando existem
regras ou critérios, todos sabem com o que podem contar, como devem “jogar” ou
o que podem ambicionar. Se quando os critérios são os apropriados, nomeadamente
nas empresas, os resultados são sempre melhores, potenciando a criação de valor
ou a excelência dos resultados. Quando isso não acontece, o clientelismos ou
interesses desviantes produzem resultados desastrosos. É muitas vezes a opção
entre a ordem e o caos.
Voltando entretanto ao
Panteão e aos critérios inexistentes ou não comunicados. Como alguém me dizia
recentemente, se fosse apenas por levar o nome de Portugal além fronteiras, devíamos
desde já guardar lugar para o Cristiano Ronaldo, para o Carlos Lopes e para a
Rosa Mota ….. ou seja, desportistas. Se formos por este princípio, e na linha
de quem lá está, teremos de considerar o Mário Soares, o Durão Barroso e o
António Guterres. Onde definir a fronteira?
Já que estamos a falar
da ida para tal monumento, algumas notas sobre o mesmo. Para além da beleza arquitetónica
do edifício, do que mais se tem falado é do relevo que é dado a algumas personalidades,
algumas delas os seus restos mortais encontram-se lá, outras nem por isso. Entre
estes últimos, vamos encontrar Camões, Vasco da Gama, D. Nuno Álvares Pereira,
Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e o Infante D. Henrique. Destas
figuras podemos vislumbrar cenotáfios (ou seja, monumentos fúnebres sem a
presença dos restos mortais).
Entre os que para além
da referência efetivamente repousam lá, vamos encontrar antigos presidentes
(Manuel de Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Pais e Teófilo Braga), escritores
(Almeida Garrett, Guerra Junqueiro, João de Deus e a última aquisição Aquilino
Ribeiro), sendo os wild card a Amália
Rodrigues e o Humberto Delgado.
Qual o critério que
distingue estes dos demais Portugueses de relevo na nossa história? Porquê
estes e porque não outros?
Uma curiosidade. O tumulo
mais visitado encontra-se em más condições, num cemitério em França mas quem lá
está não é nenhuma figura da sua história. O túmulo mais visitado do mundo pertence
a Jim Morrison.