A nossa vida é uma sequência imensa de eventos, uns felizes e outros nem por isso, traduzindo-se numa reunião de uma vastidão de experiências passadas. Acabamos muitas vezes por interiorizar pequenas metas ou etapas que percorremos e, quando essas etapas terminam, independentemente do estado final, partimos para outras, ou apenas o patamar seguinte. Muitas vezes pura e simplesmente seguimos.
Na maioria dos casos, arrumamos as experiências, emoções e aprendizagens passadas e seguimos ….. uma próxima luta ….. um próximo desafio ….. e não pensamos muito no que passou. Não é que não se pense de todo, mas apenas não paramos e fazemos algumas perguntas chave ….. o que efetivamente fiz para conduzir a este resultado? O que poderia ter feito diferente? O que aprendi e que não sabia antes? Se soubesse isso no início, teria feito algo diferente, apenas diferente ou muito diferente? O resultado teria sido o mesmo? Que poderia ter feito em consciência para que tudo tivesse corrido melhor? E seria mesmo melhor? Qual o preço que cada um que também esteve envolvido “pagou” nesta “viagem”?
São muitas perguntas,
algumas delas incómodas, mas se queremos fazer melhor, ou pelo menos, se
queremos pessoalmente ser melhores, precisamos de as fazer.
Os americanos para os
grandes cargos gostam de ter alguém com sucesso, mas que já tenha falhado em
algum momento profissional da sua vida. A razão disso é clara, largamente
analisada e debatida ….. esses são os momentos em que aprendemos mais. Num dos
clientes que tive no meu período de consultor, tive um administrador que me
disse o seguinte sobre um diretor que havia mudado para outra empresa – “há dois tipos de incompetentes, os que têm
sorte e os que não têm” – independentemente de partilharmos ou não essa
opinião implícita sobre a pessoa em questão, o cerne está lá …..
As experiências
negativas são um grande foco de aprendizagem, mas as positivas também. Mais do
que o sucesso em si e a estratégia, são os fatores associados que apoiaram ou
conduziram e esse sucesso. O que indiretamente contribuiu para o resultado
final, muitas vezes não percetível numa primeira abordagem.
Apoiante como sou dos
pequenos pormenores secundários, do trabalho muitas vezes feito na sombra, são
esses pequenos pormenores que me fazem meditar mais. A importância dos vários
pequenos eventos discretos que foram sendo efetuados ao longo da jornada. Certa
vez discuti com um consultor comportamental se isso constituía ou não
manipulação e se isso era ou não positivo. Nunca chegámos a uma conclusão
porque nunca conseguimos passar a discussão inicial, focada na componente ética
….. é um mundo de discussão e um tema empolgante de debate. Mas numa coisa estávamos
de acordo, é que os pequenos pormenores são muitas vezes fundamentais no
sucesso global, algo do género de o resultado
final é mais que a mera soma das partes. Quando se pensa sobre algo, é
preciso ver o “big picture”, mas é
preciso conseguir ver além dele.
Parar para pensar é uma característica humana fabulosa
mas que nem sempre a usamos ….. é um exercício benéfico e recompensador, mesmo
que ás vezes doloroso ….. vale a pena.