terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Hoje é mesmo porquê?

Uma das grandes tentações das pessoas e das empresas é classificar todos os seus problemas como urgentes, na esperança que assim sejam tratados mais depressa. O problema é que quando só há questões urgentes para resolver, o conceito de urgência desaparece, o que torna muito mais difícil a resolução atempada dos problemas realmente importantes e/ou urgentes.

Socialmente vivemos um clima semelhante e com tendência a se agravar. No espaço dos últimos anos temos assistido ao uso e abuso das greves por todos os motivos e mais alguns. Se numa semana é porque só ganham 800 €, na semana seguinte os mesmos fazem greve porque os salários acima de 1.500 € serão reduzidos, etc, etc, etc.

Temos uma produtividade de realização de greves tão grande que honestamente acho que sem ser os próprios, os sindicalistas e os políticos, já mais ninguém sabe quem está em greve e porquê. Chegámos ao ponto dos próprios serviços mínimos já não serem cumpridos e ninguém estar preocupado ….. a nossa justiça é juridicamente irrelevante (leia-se inoperante).

A semana passada estávamos vários a conversar e metade tinha descoberto que havia uma greve nesse dia por causa do trânsito. De referir também que apenas metade sabia o motivo e a totalidade já não dava qualquer importância ao facto, lamentando apenas o transtorno. Tal como lamentam um qualquer resultado de um qualquer jogo de futebol ….. banalidades.

A trivialidade com que se marcam greves tornou o próprio conceito da greve inútil. Naturalmente que em teoria é uma arma de desgaste do governo e, como o nosso actual já está moribundo, a frequência com que este fenómeno acontecerá nos próximos tempos tem tendência a aumentar ….. mas tal como disse, já ninguém saberá o porquê. Já ninguém honestamente se importa.