segunda-feira, 19 de abril de 2010

Na sombra da vaidade

Desde os primórdios da civilização que a fama, o poder e o dinheiro sempre foram os melhores afrodisíacos que existem. A presença de pelo menos um deles e em grande quantidade transforma qualquer pessoa num outro ser muito mais interessante. Sempre assim foi, e sempre assim será.

Em todas as organizações existem sempre os chamados “puxa saco”, que ganham um sorriso de orelha a orelha na presença de alguns elementos ….. detentores obviamente de poder ou capacidade de influência do poder. São figuras que se assemelham aqueles bonecos que se colocavam nos carros e que abanavam a cabeça com os solavancos da estrada. Sempre os houve, e sempre os haverá.

Tenho assistido a duas figuras que tendo na sua génese este modo de operar, o fazem de formas completamente diferentes, obtendo resultados também eles diferentes. Existe um que é tão evidentemente bajulador que essa sua vontade de agradar se acaba por virar contra si, uma vez que me parece que deixa de ser levado a sério. Por mais bem intencionado que seja, é difícil que não acabe por chatear os próprios elementos que tenta impressionar.

A outra figura é mais subtil e focalizada no alvo da “graxa”, sabendo exactamente a quem deve dirigir e centrar a sua atenção ….. ou graxa. Para além de constantes pequenos comentários abonatórios às decisões e opiniões do visado, apoia o mesmo em relação aos demais pares de ambos, granjeando assim alguma “impunidade” ou displicência sobre o resultado do seu trabalho. Magistral.

Obviamente que as pessoas inteligentes que ocupam estes cargos são perfeitamente capazes de detectar os primeiros, porém, o facto de serem em si mesmos inteligentes acaba por os iludir em relação aos segundos, uma vez que a sua própria vaidade sobre as suas capacidades será suficiente para encobrir o evidente. Sempre assim foi e sempre assim o será.

A vaidade do ser humano impede-o de conseguir aperceber-se de algumas evidências á sua volta ….. umas vezes inofensivas e outras nem por isso ..... sempre assim foi, e sempre assim o será.

Na vida das organizações, o poder funciona como um estímulo que tanto pode ser muito benéfico como pernicioso. Cabe a cada organização ganhar a sua maturidade e imunidade a esta inevitabilidade, a fim de poder usufruir dos aspectos positivos que este facto acarreta.