Às vezes nas organizações a competência não é sinónimo de muito, para além de uma mera satisfação pessoal. Outras por mais competência que se tenha, o subir na hierarquia não é aconselhável para não dar azo ao ditado “perde-se um bom trabalhador e ganha-se um mau chefe”. Neste processo haverá sempre quem se sente injustiçado e quem se sente reconhecido. Uma organização é será sempre assim.
Esta semana falei com
um ex-colega que foi friamente preterido por uma questão de amizades internas,
ou se quisermos dizer de uma forma mais direta, de promoção de amigos em
detrimento de qualquer outro fator de decisão, e, coincidentemente, a minha mãe
colocava-me uma questão em tudo semelhante. E pensei em mim e no último ano que
tive do ponto de vista profissional.
A questão resume-se de
uma forma simples ….. terá valido a troca profissional dado que neste último
ano trabalhei muito, mas mesmo muito mais? ….. se na minha mente a resposta era
obvia e imediata, à pergunta da minha mãe foi o meu filhão a responder ….. Claro
avó, o meu pai mesmo cansado tem muito mais tempo e paciência para mim. Estamos
muito melhor! ….. dinheiro algum paga este comentário ….. apeteceu-me parar
o carro e dar-lhe um beijo ….. depois de limpar uma lágrima no canto do olho,
naturalmente.
Antes da mudança, tal
como acontece hoje em dia a esse ex-colega, o levantar para trabalhar era já um
sacrifício dantesco, apenas possível de conseguir por uma obrigação monetária.
Aqui contradiz-se o título, ou seja, o dinheiro pode não ser tudo mas é
fundamental, e a sua falta é um problema e uma tragédia ….. e naturalmente a
paciência para a família vai ficando cada vez menor ….. e todos “pagam” em casa
pelo que acontece fora de casa ….. mesmo com um esforço grande de bloqueio
destes “infernos”, é sempre impossível não haver repercussões das nossas frustrações
profissionais a nível pessoal ….. somos humanos.
Quando me surgiu uma
boa oportunidade, fiz exatamente o que sugeri a esse ex-colega ….. mergulhei de
cabeça. Sem medo da mudança ….. de poder vir a falhar, até porque acredito nas
minhas capacidades ….. sem medo de trocar o certo pelo incerto ….. mesmo
perdendo regalias e tempo de descanso, num desafio que me iria obrigar a
trabalhar mais, não hesitei um segundo que fosse ….. fui!
O futuro será o que
for, mas a verdade é que neste último ano ganhei anos de vida ….. e algo que o
dinheiro não compra ….. o sorriso de um filho e a cumplicidade que apenas a
dedicação de uma relação permite obter ….. ganhei ….. se perdi dinheiro e horas
de sono? ….. irrelevante face aos ganhos.
Se a semana passada dizia
que ganhei uma vida nova, especialmente no que ao meu filhão dizia respeito, e achava que era sentido e que não era “fita”,
aquela afirmação dele foi perentória ….. foi das melhores decisões que já tomei
nos últimos tempos ….. o futuro a Deus pertence, mas este último ano de vida e
relação com o meu filhão já ninguém
me tira.
Desde sempre me lembro
de dizer que infelizmente a generalidade das pessoas só dá valor ao que tem
quando o perde ….. se bem que para alguns a perda é consciente e infelizmente
desejada ….. felizmente acho que sempre valorizei o que tinha e enquanto tinha …..
quero acreditar que sim ….. aquele comentário do filhão reforça a minha ideia que sim …..