Uma sociedade sem
valores é o resultado não da ação ou mentalidade de uma geração, mas sim o resultado
do caminho trilhado por várias. A nossa, infelizmente, caminha e continua a
caminhar para um abismo típico de um país de 3º mundo, em que dentro de alguns
anos atingiremos o estadio dos piores, onde uma vida vale tanto quanto um
pacote de bolachas.
Uma sociedade saudável
tem de basear em alguns pilares fundamentais, como é o caso da família, justiça,
ética, civismo, solidariedade, entre outros. Infelizmente por cá, estamos cada
vez mais a assistir a uma crise de valores. É notório e amplamente discutido,
porém, apesar do muito que é discutido e escalpelizado, não se nota uma
inversão mas sim um agravamento.
Os recentes casos na
política espelham bem o quão mal vamos. Tivemos um primeiro ministro que foi
clara e deliberadamente mentir para a sede da nossa democracia, o Parlamento.
Sei que poderia estar a falar de vários ou mesmo quase todos, mas referia-me especificamente
ao Sócrates que iniciou um novo patamar ….. achar-se superior ao próprio Parlamento.
E tem tido seguidores. Gastamos milhares
de euros em comissões parlamentares e o que vemos é vários agentes políticos a
mentir descaradamente, a serem expostos e confrontados e mesmo assim, não se
passa nada. Só para dar dois casos mais recente, alguém tem dúvidas que a agora
ministra Maria Luis assinou de cruz contratos swap e que tinha perfeita noção que
mentiu quando refutou os ataques da oposição, alegando desconhecer o tema? Ou
que o ministro dos negócios estrangeiros não sabia que tinha ações da sociedade
à qual estava estatutariamente ligado e em cargos de relevo?
O mesmo ministro vai a
um país estrangeiro, faz “tábua rasa” da separação de poderes entre política e
justiça, procede afirmações de sobreposição à PGR e ….. isso mesmo, nada. Pior,
o primeiro ministro diz que nunca aceitaria a sua demissão por esses motivos,
ou mesmo pela “incorreção” sobre o seu portfolio financeiro no Parlamento.
Depois destes vários episódios, claramente tudo vale. E quando tudo vale, nada
tem valor.
Claro que ambos continuam
calma e tranquilamente como ministros. Ainda hoje me interrogo o que teria
levado o Sr. Miguel Relvas a pedir a demissão, quando claramente nada se iria
passar com ele.
Mas a crise não é
apenas deste grupo de indivíduos, que não foram importados de um qualquer canto
escudo do planeta, mas sim eleitos entre as fileiras do que somos. Escolhidos
entre nós. Isaltino Morais ou Fátima Felgueiras, entre outros, foram eleitos
pelo povo mesmo depois de demonstrado que roubaram esse mesmo povo. Não podemos
dizer que temos o que não merecemos.
E por referir a Justiça,
falemos um pouco do grande problema que ela é, uma vez que devem ser muito
poucos os que acreditam que ela efetivamente existe. Ou existindo, que é cega a
quem tem de julgar. É Certo que ultimamente tem sido ajudada pela incompetência
e incúria do atual governo, que acha que não podendo mexer em zonas de lobbies
ou onde é complicado, é mais fácil tentar ser inconstitucional e ir agravar os
impostos sempre aos mesmos. Felizmente tem sido travado pela nossa péssima
justiça. Seja porque ainda tem uma réstia de brio seja como resposta a estar a
ser acossada, o que detesta por contestar a sua superioridade na sociedade, acabamos
por ganhar todos ….. mas isto não lhe dá mérito ….. não lhe dá respeito …..
dá-lhe apenas a simpatia popular. Menos mal.
Gostava de ver surgir
na sociedade, um verdadeiro movimento de moralização ….. gostava. E a
comunicação social tem naturalmente um papel fundamental como potenciador desse
movimento. Talvez expondo exaustivamente naquilo em que nos estamos a tornar e
para onde caminhamos, debatendo possíveis caminhos, possamos inverter o trilho
que traçamos. Vali levar gerações, é certo, mas só conseguiremos lá chegar
depois de começar a caminhar para lá, o que ainda não está a acontecer.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um
pode começar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier)