sábado, 12 de outubro de 2013

Sociedade em quebra de valores

 
 
Uma sociedade sem valores é o resultado não da ação ou mentalidade de uma geração, mas sim o resultado do caminho trilhado por várias. A nossa, infelizmente, caminha e continua a caminhar para um abismo típico de um país de 3º mundo, em que dentro de alguns anos atingiremos o estadio dos piores, onde uma vida vale tanto quanto um pacote de bolachas.
 
Uma sociedade saudável tem de basear em alguns pilares fundamentais, como é o caso da família, justiça, ética, civismo, solidariedade, entre outros. Infelizmente por cá, estamos cada vez mais a assistir a uma crise de valores. É notório e amplamente discutido, porém, apesar do muito que é discutido e escalpelizado, não se nota uma inversão mas sim um agravamento.
 
Os recentes casos na política espelham bem o quão mal vamos. Tivemos um primeiro ministro que foi clara e deliberadamente mentir para a sede da nossa democracia, o Parlamento. Sei que poderia estar a falar de vários ou mesmo quase todos, mas referia-me especificamente ao Sócrates que iniciou um novo patamar ….. achar-se superior ao próprio Parlamento.  E tem tido seguidores. Gastamos milhares de euros em comissões parlamentares e o que vemos é vários agentes políticos a mentir descaradamente, a serem expostos e confrontados e mesmo assim, não se passa nada. Só para dar dois casos mais recente, alguém tem dúvidas que a agora ministra Maria Luis assinou de cruz contratos swap e que tinha perfeita noção que mentiu quando refutou os ataques da oposição, alegando desconhecer o tema? Ou que o ministro dos negócios estrangeiros não sabia que tinha ações da sociedade à qual estava estatutariamente ligado e em cargos de relevo?
 
O mesmo ministro vai a um país estrangeiro, faz “tábua rasa” da separação de poderes entre política e justiça, procede afirmações de sobreposição à PGR e ….. isso mesmo, nada. Pior, o primeiro ministro diz que nunca aceitaria a sua demissão por esses motivos, ou mesmo pela “incorreção” sobre o seu portfolio financeiro no Parlamento. Depois destes vários episódios, claramente tudo vale. E quando tudo vale, nada tem valor.
 
Claro que ambos continuam calma e tranquilamente como ministros. Ainda hoje me interrogo o que teria levado o Sr. Miguel Relvas a pedir a demissão, quando claramente nada se iria passar com ele.
 
Mas a crise não é apenas deste grupo de indivíduos, que não foram importados de um qualquer canto escudo do planeta, mas sim eleitos entre as fileiras do que somos. Escolhidos entre nós. Isaltino Morais ou Fátima Felgueiras, entre outros, foram eleitos pelo povo mesmo depois de demonstrado que roubaram esse mesmo povo. Não podemos dizer que temos o que não merecemos.
 
E por referir a Justiça, falemos um pouco do grande problema que ela é, uma vez que devem ser muito poucos os que acreditam que ela efetivamente existe. Ou existindo, que é cega a quem tem de julgar. É Certo que ultimamente tem sido ajudada pela incompetência e incúria do atual governo, que acha que não podendo mexer em zonas de lobbies ou onde é complicado, é mais fácil tentar ser inconstitucional e ir agravar os impostos sempre aos mesmos. Felizmente tem sido travado pela nossa péssima justiça. Seja porque ainda tem uma réstia de brio seja como resposta a estar a ser acossada, o que detesta por contestar a sua superioridade na sociedade, acabamos por ganhar todos ….. mas isto não lhe dá mérito ….. não lhe dá respeito ….. dá-lhe apenas a simpatia popular. Menos mal.
 
Gostava de ver surgir na sociedade, um verdadeiro movimento de moralização ….. gostava. E a comunicação social tem naturalmente um papel fundamental como potenciador desse movimento. Talvez expondo exaustivamente naquilo em que nos estamos a tornar e para onde caminhamos, debatendo possíveis caminhos, possamos inverter o trilho que traçamos. Vali levar gerações, é certo, mas só conseguiremos lá chegar depois de começar a caminhar para lá, o que ainda não está a acontecer.
 
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier)